domingo, 30 de outubro de 2016

Israel vs Palestina: Operações Militares XIII (2008-09)

The children walking over the bricks of their destroyed homes, their mother putting up a tent, their father in jail... in tears and confusion looking at the tanks coming down the street, the soldiers and settlers holding metre-long machine guns... they stare... need I say more ...just imagine how it would feel to be a Palestinian....”  Reservista da IDF Breaking the Silence sobre operação militar israelense.
Reservista da IDF explica armamento "convencional"
2008
Fevereiro: Operation Warm Winter - Mivtza Horef Ham
Operação militar israelense na Banda de Gaza  do dia 28 de fevereiro a 3 de março de 2008.
Objetivo: punição coletiva pela eleição do Hamas.
Justificativa: foguetes da Brigada Qassam contra Israel.

No dia 27 de fevereiro, o Hamas, o Jihad e os comitês de resistência palestina em Gaza, decidiram responder aos ataques sistemáticos da IDF jogando uma penca de foguetes em Sderot, perto da Faixa. Uma meia dúzia de habitantes da cidade sofreu ferimentos leves, mas foi o bastante para Ehud Olmert, em plena crise política, aproveitar a oportunidade e fazer o que os primeiros ministros israelenses sempre fazem nesses casos - uma operação militar tonitruante para ganhar popularidade. Desta vez, voltando a bombardear Gaza.
O porta-voz da IDF declarou: "The operation is aimed at disrupting terrorist infrastructure in the Gaza Strip". Para reforçar a hasbara, um dos primeiros alvos foi o escritório de Ismail Haniyeh, primeiro ministro palestino eleito.
A Força Aérea da IDF bombardeou a Faixa durante 4 dias sem parar.
O dia 1° de março foi considerado o mais sangrento que os palestinos viveram desde o fim da Segunda Intifada.
No dia 2, começou a operação terrestre. Dois mil soldados da IDF invadiram a Faixa e ocuparam Jabalia e Shujaiya. Encontraram resistência armada  e perderam 2 homens.
Estas duas baixas na infantaria bastaram para a população reclamar, pois os israelenses são como os estadunidenses, a caixões alheios, olham de esgueio; caixões seus, pranteiam copiosamente.
Portanto, no dia seguinte, sentindo a incapacidade de controlar as perdas e temendo que sua popularidade caísse em vez de aumentar, Olmert ordenou que a IDF batesse em retirada 'estratégica', após destruir fábricas, armazéns, residências e prédios administrativos.
A retirada da infantaria foi noturna.
Em seguida, o primeiro ministro israelense anunciou o fim desta operação, mas prometeu que a IDF voltaria logo. E que nesse ínterim, os bombardeios intermitentes continuariam.
No fim da operation Warm Winter, mais de 120 palestinos estavam mortos. Segundo a B'Tselem, ONG israelense de direitos humanos, 54 deles eram civis - inclusive mulheres e crianças - 25. Por isso a B'Tselem exprimiu preocupação pelo "large number of children and other uninvolved Palestinian civilians among those killed and wounded in the Gaza Strip". Mais de 350 palestinos foram feridos.
Além dos mortos em Gaza, um menino palestino de 13 anos foi assassinado na Cisjordânia por soldados da IDF em passeata pacífica de apoio aos compatriotas gazauís. Dezenas de jovens foram feridos.
Do lado de Israel, três pessoas morreram: dois soldados e um civil. Oito ficaram feridos.
No dia 29, o ministro israelense da Defesa Matan Vilnai, pronunciou uma frase que chocou o mundo inteiro: "As the rocket fire grows, and the range increases... they [Palestinians] are bringing upon themselves a greater 'Shoah' because we will use all our strength in every way we deem appropriate..." "...os palestinos estão buscando para si mesmos uma shoah maior porque usaremos toda nossa potência e todos os meios que julgarmos apropriados...".
Alguns dias mais tarde, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a resolução 33-1 que expressava "shock at the Israeli bombardment of Palestinian homes and the killing of civilians ... inflicting collective punishment against the civilian population." It also called "for the immediate cessation of all Israeli military attacks throughout the occupied Palestinian territory..."
Apesar de a resolução proposta pelo Paquistão condenar também "the firing of crude rockets ... which resulted in the loss of two civilian lives and some injuries in southern Israel," os países europeus se abstiveram na votação;  EUA e Canadá votaram contra; Rússia, China, India, Brasil, a favor.

Journeyman: Cleansing Gaza. Operação Cast Lead 2008/09 (14')
Following the reaction to this shocking documentary, Israel promised internal probe.It would never be implemented. https://youtu.be/cKHaowFEOsw
DezembroOperation Cast Lead.
Operação militar israelense em larga escala na Banda de Gaza. Durou do dia 27 de dezembro de 2008 a 18 de fevereiro de 2009.
Objetivo:  punição coletiva pela resistência.
Justificativa: foguetes da Brigada Qassam contra Israel.
A OCL começou no fim da manhã de sábado, às 11:30, encurralando os habitantes em sua faixa exígua.
Em um fim de semana no qual o ocidente cristão inteiro está de folga, desarmado e distraído com as festas natalinas e o reveillon. Inclusive a Palestina, já que sua população é constituída de muçulmanos e cristãos (proibidos de ir à missa do galo e de aceder às igrejas, mas a fé continua a mesma).
80 aviões de combate invadiram o espaço aéreo de Gaza e despejaram mais de 100 toneladas de explosivos na Faixa de cima abaixo nas delegacias, repartições da secretaria de segurança e outras repartições públicas. Sem nenhuma preocupação com os funcionários que estavam trabalhando ou com os prédios residenciais vizinhos.
Este primeiro ataque durou só 5 minutos. Mas foi devastador. Devido à organização, à força e armamento usados, e ao horário. É nessa hora que os meninos saem das escolas e estão brincando nos pátios ou voltando para casa. Vários foram mortos e dezenas foram feridos já nesse dia.
Cumprido este  objetivo, Israel isolou a Faixa do resto do mundo. Todos os postos de fronteira com Israel e Egito foram bloqueados aos jornalistas estrangeiros durante os 22 dias em que os cerca de 20 mil soldados de infantaria com sua pesada artilharia, a aeronáutica e a marinha israelense praticaram o genocídio.
No fim, quando os jornalistas foram autorizados a entrar para fazer seu trabalho de informar, encontraram casas, quando não em pedaços, esburacadas e vandalizadas de todas as maneiras inimagináveis, inclusive com insultos escritos nas paredes pelos soldados com seus escrementos. 
Pior, só em Sabra e Shatila, em 1982.
1.410 palestinos foram assassinados. Dentres eles, 949 civis, inclusive 356 crianças e 113 mulheres. Dos homens não civis, 231 eram policiais, servidores públicos, mortos nas delegacias onde trabalhavam.
5303 palestinos sofreram ferimentos graves. A IDF levou consigo 120 homens presos.
11.157 residências foram totalmente destruídas. 8.511 foram parcialmente destruídas. Mais de 30 mil casas foram "apenas" danificadas.
612 escolas, postos de saúde, repartições públicas foram mais ou menos danificados e o mesmo aconteceu com cerca de 700 fábricas, 710 comércios, o sistema de saneamento e esgoto, 24 mesquitas,  cerca de 50 prédios da ONU - escolares e de saúde, e 643 veículos, reduzidos a sucata.
Grande parte das culturas agrícolas foram pulverizadas. Além das perdas humanas e das doenças que suas armas 'convencionais' e químicas provocariam nos anos seguintes.
Este ataque deixou mais de 2 bilhões de dólares de prejuízo para os palestinos que já vivem à míngua.
As estatísticas não representam o horror do espetáculo tenebroso que a IDF deixou ao bater em retirada. Retirou-se por causa da resistência encontrada e pela perda de três civis e dez soldados - um deles, por fogo amigo. 336 soldados israelenses foram feridos pela resistência e 182 civis sofreram ferimentos, na maioria, leves, provocados pelos foguetes Qassam ou por pânico.
The great deceiver Mark Regev já estava na ativa em 2008, mentindo como hoje. Só que na época, a censura na BBC ainda não era totalmente castradora como em 2014. Veja abaixo.
Tirando os Estados Unidos, Israel foi condenado verbal-unanimamente pelos seguintes crimes:
. Punição coletiva
Familias inteiras dizimadas, como a do médico gazauí formado em Harward, Izzeldin Abuleiash, que trabalhava inclusive em hospital israelense.
 
. Uso de força desproporcional e aleatória.
. Obstáculo a socorro.
. Uso de civis, na maioria, meninos, como escudo humano.
. Uso de armas 'convencionais' desumanas.
. Uso de explosivo de metal denso inerte (cancerígeno)
. Uso de arma química, - fósforo branco.
. Uso de drones contra civis.

. Abusos físicos e psicológicos cometidos pela infantaria.
. Ataques a veículos e pessoal de saúde.
. Ataque de estruturas  das Nações Unidas.
John Ging, alto funcionário das Nações Unidas, reclamou na mídia no dia 6 de Janeiro. Mas o horror só terminaria após a posse de Barack Obama e um acordo de cúpula para que ele desse uma de bonzinho, adiando a carnificina.
Apesar da investigação da ONU que seguiria, ficaria por isso.
Os depoimentos visuais abaixo revelam melhor o acontecido.
Os únicos jornalistas presentes eram os correspondentes locais. A Al Jazeera é a única mídia internacional que tinha dois bons repórteres experientes na Faixa durante a OCL. Por acaso. O trabalho deles resultou no ótimo documentário THE WAR AROUND US.
As outras testemunhas foram estrangeiros voluntários, tais como o jornalista free-lancer italiano Vittorio Arrigoni, grande cara, morto em Gaza mais tarde. Da coragem deles, nasceu este documentário: ERASED, wiped off the map. Em tempo real.
 
pa
Outro : To shoot an elephantIs an eye witness of Operation Cast Lead in Gaza.
Equipe de voluntários internacionais, em Gaza durante a OCL, documentaram o caos. O título To shoot an elephant é inspirado do livro de George Owell Shooting an Elephant, que  critica a política colonial britânica. 
VO with English subtitles
pa
Nero AS production: Tears of Gaza.
Produced by Tere kristianson and directed by Vibeke Lekkeberg.
In a rough style, by way of unique footage, the brutal consequences of modern wars are exposed.
The film follows three children through Operation Cast Lead and the period after the ceasefire.'
.
pal
The 22 days war documentary - Gaza Strip (Sameh Habeeb)
Part I (14')
Part II: GS2: https://youtu.be/CDC9FCqPGfY (16')
pal
Interview with IDF soldiers in Israeli TV:  Interview about Cast Lead Testimonies
Reservistas da IDF, forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence 
https://youtu.be/8nLYGLnAq7k
https://youtu.be/EDZmRqx4cpQ
https://youtu.be/8nLYGLnAq7k
https://youtu.be/HjjWU6ZRyLQ
https://youtu.be/cNHq55CQJdM
https://youtu.be/oVQ8zAY5Ug4
https://youtu.be/4wKJFHBS7Fo
https://youtu.be/wL1s2op2QI0
https://youtu.be/VxNOhS158Yw
https://youtu.be/EW46A-mmwnA
 NEWS

The biggest news of the week was this: Russia lost its seat on UN human rights council. "Human rights leaders" Saudi Arabia and China were re-elected. The moral of this story is that the USA is still in total control of the United Nations. Untill when?
A notícia internacional mais importante da semana foi esta: A Rússia perdeu seu assento no Conselho de direitos humanos da ONU. Os campeões de direitos humanos China e Arábia Saudita foram reeleitos. A moral desta história é que os EUA continuam controlando o destino da ONU. Até quando? 

Russia may lose patience over Syria accusations ....


p
a.  PALESTINA
BDS:Will your city or organization join the HP Week of Action? pa
Electronic Intifada: The video below shows Israeli soldiers in the occupied West Bank throwing stones at Palestinian schoolchildren in the village of al-Tuwani on 25 October.
According to the video’s captions, the Israeli soldiers are supposed to protect the children from attacks by Israeli settlers in the area.
But instead, as the video shows, the soldiers lob stones towards the children, including with a slingshot.
The soldiers also failed to come to the designated point to meet the children, according to the video, and “checked one child’s bag and stopped another one without a clear reason.”
Al-Tuwani is a village in the South Hebron Hills area of the occupied West Bank, where thousands of Palestinians living in dozens of small communities are resisting expulsion or the loss of their land from encroaching Israeli settlements.
Settlers from the nearby colony of Havat Maon habitually attack Palestinians.
In one such incident last November, masked, rock-throwing Israelis injured a 6-year-old Palestinian girl in the head.
The Israeli human rights group B’Tselem has regularly documented settler attacks, including a days-long rampage in Hebron a year ago while Israeli forces looked on and did nothing.
In other cases, Israeli occupation soldiers have been filmed protecting and assisting settlers as they attack Palestinians.
While Israeli soldiers and settlers enjoy near-total impunity for violence against Palestinians, Israel has recently toughened penalties for Palestinians, including children, accused of throwing stones.
Five Palestinian youths from the village of Hares are currently serving 15-year sentences imposed by Israeli military courts on accusations of stone-throwing that they deny. All five were children when they were arrested in 2013.

OCHA 

Electronic IntifadaEU recognizes right to boycott Israel.

No ano passado, na mesma época, a perseguição nos EUA a posição anti-ocupação e anti-limpeza étnica da Palestina, ia de vento em popa. Continua. Na França, idem.pa
BRASIL


domingo, 23 de outubro de 2016

Erosão da Convenção de Genebra

 
A Batalha de Solferino, no dia 24 de junho de 1859, não foi a mais carniceira da história do século XIX, marcado pelas guerras expansionistas de Napoleão e os dois outros Bonapartes.
Porém, este combate entre o exército francês e sardo contra a Áustria, na Segunda guerra de independência da Itália, ficou para a história por causa de um ser humano extra-ordinário. O humanista Jean-Henri Dunant. Este viajante suiço ajudou no socorro dos que tombaram - cerca de 40 mil dos 300 mil soldados envolvidos no combate. Ainda sob o choque, escreveu um livro - Memória de Solferino  - descrevendo os horrores que testemunhara.
Seu depoimento levou à criação da Cruz Vermelha e da Convenção de Genebra, assinada pelas potências européias em 1864, e posteriormente, por 196 países.
Valeu-lhe também o primeiro prêmio Nobel da Paz, em 1901. (Depois dele, infelizmente, até Shimon Peres e Barack Obama receberam e este perdeu muito de seu prestígio humanitário.)
Foi a descrição que Henri Dunant fez da dificuldade do tratamento dos feridos que levou ao artigo da Convenção que determina que instalações médicas e pessoal médico sejam alvos ilegítimos em situação de conflito armado.
Hoje, imagens de hospitais, supostamente bombarbeados por aviões russos na Síria, chocam como se fossem exceções à regra. Mas não são desde a Primeira Intifada.
Sem contar que faz mais de um ano que a Arábia Saudita - com a bênção de Washington - tem bombardeado postos de saúde no Yêmen sem que a grande mídia dê um pio.
E os Estados Unidos têm feito o mesmo no Afeganistão. Aliás, ao bombardear o hospital de Kunduz, mantido pelos Médecins Sans Frontières - MSF, a Fora Aérea estadunidense procedeu como no Iraque - abateu a tiros todos os sobreviventes que tentaram escapar do bombardeio. No final das contas, 42 médicos, enfermeiros e pacientes morreram.
Sem falar no fato de os Estados Unidos terem inaugurado o uso de armas químicas no Vietnã, e desde então, não parar. (Falando em Monsanto, vale lembrar a lei de Barack Obama proibindo processar a Monsanto pelos danos causados por seus agro-tóxicos - nos produtos químicos que fabrica para Israel e os EUA matarem, nem se fala).  
Portanto, brandir a Convenção de Genebra sobre os acontecimentos na Síria, é uma hipocrisia. 
O desrespeito à Convenção de Genebra foi banalizado desde que Israel e os Estados Unidos deixaram de aplicar suas regras em zonas que atuam sem restrição alguma.
Aliás, quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas - França, Estados Unidos, Inglaterra, Rússia - participam de coalizões militares envolvidas em ataques de instalações médicas. Só salva a China, que não ataca hospitais com armas, mas está causando calamidades na África por outros meios não menos condenáveis, sob silêncio geral.
Em março deste ano, houve um movimento da Cruz Vermelha  de reanimação da Convenção de Genebra. Mas sem adesão dos países que pilotaram sua destruição, a iniciativa não tem sentido.
Quem e o quê provocou a erosão da Convenção de Genebra?
Por um lado, os drones - veículos militares teleguiados - e as tais "forças especiais". Ou seja, soldados treinados para matar sem piedade. (Soldados robôs já estão sendo fabricados e se/quando forem usados, não haverá nenhum espaço para ética e moral).
Por outro lado, o fato de os Estados Unidos e Israel terem banalizado este tipo de ataque sem nenhum respeito a instalações da ONU, do Crescente Vermelho ou da Cruz Vermelha.
Aliás, a Cruz Vermelha foi criada como um movimento humanitário global que prestava socorro a todo mundo no mundo todo, sem selecionar seus pacientes e atendendo inclusive em hospitais militares - contanto que o exército destes respeitasse a Convenção de Genebra.
Mas isto foi em uma época em que as guerras eram entre nações ditas "civilizadas", ou seja, país contra país oficialmente reconhecido e legitimado pelas grandes potências ocidentais.
A fragmentação da Iugoslávia, o genocídio em Ruanda, a limpeza étnica sistemática da Palestina e a emergência de organizações para-militares étnicas e religiosas fez o discurso mudar, e com sua mudança, a ética foi detonada.
"We, the normal folk, against an inhuman, alien and irrational foe", como diz um médico de Médecins Sans Frontières. Diga-se de passagem, 21 de seus postos de atendimento na Síria e no Yêmen já foram atacados.
Ora o que destrói realmente a Convenção de Genebra é a desumanização do inimigo.
Como Israel faz chamando os palestinos de "animais", reduzindo-os à condição de bichos e objetos inanimados aos olhos dos recrutas da IDF, em suma, desumanizando totalmente o povo cujo território ocupa e espolia sem que a "comunidade internacional" puna o ocupante por seus visíveis crimes de guerra.
Digo que a desumanização do inimigo é o fator preponderante na infração à Convenção de Genebra porque quando se pensa no inimigo como uma pessoa de carne, osso e sentimento como os próprios, não dá para atirar ao alvo e executar sumariamente como fazem os soldados israelenses, os Seals dos EUA, e outros militares que têm irmãos, pais, uma família como o rapaz, a moça, a criança que ele ataca.
Trocando em miúdos, para a Cruz Vermelha obter resultado positivo em sua campanha para resgatar o comportamento moral definido na Convenção de Genebra, tem primeiro de convencer os dois responsáveis por sua demolição a respeitá-la.
Primeiro Israel, que trata os palestinos como sub-gente, infringe todas as leis internacionais inclusive usando meninos como escudo, e procede à sua limpeza étnica como se as leis internacionais só existissem para os demais 195 assinantes da Convenção de Genebra.
Segundo, os Estados Unidos, que desde a emergência do Al Qaeda na década de 90, invadiu o Afeganistão e O Iraque sem nenhuma restrição militar, detonou as leis institucionalizando o sequestro de cidadãos estrangeiros no exterior, a prática de tortura (não apenas em Guantánamo), a violência sexual nos prisioneiros, e "extra-judicial killings", "legitimando" os crimes israelenses na Palestina e estabelecendo exemplos criminosos de comportamento à Arábia Saudita, Rússia, Síria, Turquia, e os países da OTAN de maneira geral.
Concluindo, acho que a mídia também é responsável pela implosão da Convenção de Genebra.
Os jornalistas têm de cumprir sua missão de informar sem deixar-se manipular por comunicados de imprensa das grandes potências e organizações suspeitas tais como os Capacetes Brancos.
Os jornais, as televisões têm de mostrar a realidade de uma guerra - os corpos desmembrados, o sangue jorrando, o desespero do ferido, ambulâncias sendo bombardeadas, pessoas desarmadas sendo executadas - para que um movimento cidadão internacional diga: Basta! Recuperemos nossa humanidade!

 In two cables from '67 and '68, Foreign Ministry officials admit violations of Geneva Conventions, instruct diplomats how to evade need for compliance by eschewing use of the word ‘occupation.

Há duas semanas abordei aqui os capacetes brancos na Síria e suas relações e atitudes ambíguas.
Hoje é a vez de chamar a atenção para outra personagem que a grande mídia tem adulado como herói, o sírio-finlandês Rami Adham, pai de seis filhos que, segundo a grande mídia, "arrisca a vida para levar brinquedos para os meninos sírios sitiados em Aleppo".
Sua estória, como a dos white helmets, era bonita demais para ser verdade. Então,
Na Síria, como em outros lugares, a fronteira entre ficção e realidade, desprendimento e interesses escusos, é tênue e perigosa.
BDS:Will your city or organization join the HP Week of Action?
PALESTINA
Na longa lista de arbitrariedades do governo de Israel contra os palestinos e contra seus próprios cidadãos judeus que condenam a ocupação, há de acrescentar-se a da recente tentativa de revogar a nacionalidade de Hagai El-Ad, presidente da ONG israelense de Direitos Humanos B'Tselem.
A B'Tselem contra-atacou com com uma campanha e um abaixo assinado que não para de ganhar adeptos: Support us against silencing attempt of Israeli PM and other politicians. Add your name today & RT!

Na semana passada, o chefe do departamento arqueológico israelense comparou a UNESCO com o Estado Islâmico.
A que deveu-se tal rompante?
Ao fato da  UNESCO ser o único organismo internacional a reconhecer oficialmente os crimes de Israel. No caso, culturais, que são do seu domínio.    
Ora, além de roubar ostensivamente o patrimônio histórico-cultural palestino, que não deixa de ser nosso, Israel agora está pressionando a UNESCO para tirar Jerusalém da lista de sítios arqueológicos em perigo.
Por quê?
Para poder continuar a destruir o patrimônio cristão impunemente, pilhar a Palestina de sua, nossa, história, e judeneizar nossos sítios arqueológicos.
Will UN bless Israel's destruction of Jerusalem's heritage?

Ben WhiteTraders, patients & UN staff have all been affected - but why is Israel tightening the Gaza blockade? Why is Israel tightening the Gaza blockade? and nobody does nothing?
Mondoweiss: .
+972 Mag:

Outro vídeo de soldados israelenses executando palestinos imobilizados vazou na semana passada. Desta vez é uma mulher que foi assassinada friamente em um checkpoint na Cisjordânia ocupada. Vale lembrar que  no último ano a IDF e colonos judeus já mataram 234 palestinos.
Israeli soldiers have already killed 234 Palestinians since October 2015. Last week came out the disturbing video below. It shows Israeli soldiers carrying out another on an immobile Palestinian woman at occupied West Bank checkpoint.
BRASIL

 
PS. Prêmio Nobel de Literatura para Bob Dylan! Incrível.
Os juizes do Prêmio Nobel estão cada vez mais influenciados por lobbies e por forças descompromissadas com a realidade e a história.
Cresci admirando o Bob Dylan contestador, um ar fresco na opressão em que a Ditadura militar brasileira condenou minha geração e os mais velhos que eu.
Porém, enquanto o Brasil se abria à Nova República, Bob Dylan virava um sionista reacionário incompreensível. Ao ponto de em 1983 lançar o álbum Infidels que chocou o mundo pensante. Fazia a apologia de Israel e seus métodos expansionistas no momento em que a IDF invadia o Líbano.
Em 2011, o que poderia ser considerado acidente de percurso - sua ligação com grupos sionistas extremistas de extrema-direita tais a Jewish Defense League de Meir Kahane, e do partido racista Kach -  consolidou-se em posição política quando deu show em Israel apesar das demandas reiteradas de boicote feitas por compositores engajados como Roger Waters, do Pink Floyd .
Se fosse para dar um Nobel de Literatura a um compositor, Bruce Springsteen e o nosso Chico Buarque merecem bem mais do que Bob Dylan. Pelo menos são morais, coerentes, e já escreveram livros. No caso do compositior tupiniquim, de alta qualidade literária.

domingo, 16 de outubro de 2016

Israel vs Palestina: História de um conflito LXXXI (12/2008)

Jerusalem riots 04/12
O mês de dezembro de 2008 começou com um apelo de Filippo Grandi, do UNRWA (Alto comissariado da ONU para refugiados): "More than 50 percent of Gaza families are living below the poverty line and unemployment has reached 42 percent, one of the highest rates in the world, because of Israeli blockade. There is a humanitarian crisis. Security and military reasons cannot prohibit an entire population's access to aid."
Por seu lado, Maxwell Gaylard, coordenador humanitário das Nações Unidas nos territórios palestinos ocupados, enfatizou, preocupado: "This is an assault on human dignity with seere humanitarian implications. Many people, especially in the Gaza Strip, are paying a heavy price, struggling daily to hav enough food and water to feed and wash their children."
Ora, os hospitais gazauís estavam desabastecidos e quase sem combustível. "Fifty percent of hospital equipment at al-Shifa has stopped functioning due to the lack of electricity and spare parts since this more than 20-day blockade started and 95 basic medications are out of stock", segundo Hamam Nasman, porta-voz da secretária da saúde da Faixa de Gaza.
Os recursos hídricos também periclitavam, "20% of well are not functional and 60 percent are only partially functional. Furthermore, malfunctioning sewage systems have raised concerns about possible flooding and leakage during the forthcoming rainy season," declarara o responsável.
Navi Pillay, alta comissária das Nações Unidas, dera-se conta disso e fizera uma demanda em novembro para o fim do bloqueio "that breaches international and humanitarian law," porém, as denúncias dos três funcionários internacionais não surtira o menor efeito. O lobby sionista contra-atacou com hasbara (propaganda), ameaças e soltando grana à vontade.  Desde que quebrara a trégua no início de novembro que Israel não parava de impôr medidas cada vez mais draconianas contra os palestinos da Faixa, mas as denúncias não davam em nada. O clima estava pesado, e em Tel Aviv, sentia-se crescer a confiança na impunidade que a nova equipe governamental garantiria até mais (se possivel) do que a de George W. Bush & Condoleeza Rice. Pois a nova Secretary of State seria Hillary Clinton, que, ao ver de Helen Freedman, diretora executiva da liga ultra-sionista Americans for a Safe Israel, became an ardent defender of Israel once she began running for office herself, and she now gets strong backing, including financial support, from pro-Israel organizations and individuals. After Clinton appeared at a pro-Israel rally in July 2006 and expressed strong support for Israel’s highly destructive war against Lebanon. I thought her remarks were very good." Leia-se, boas para o primeiro ministro israelense Ehud Olmert.
Hebron clashes 02/12
 
Esperando reverter o processo fatídico, no dia 02, o PCHR, fez uma denúncia formal da situação da Faixa: The Palestinian Centre for Human Rights (PCHR) is gravely concerned about the continuing closure of border crossings into the Gaza Strip, which have now been sealed by the Israeli Occupation Forces (IOF) for 27 consecutive days. This current and unprecedented closure of Gaza is inflicting severe collective punishment on the entire civilian population, in total violation of international humanitarian and human rights law. PCHR demands the international community intervene to end these latest acts of collective punishment being imposed on Palestinian civilians by Israel.
The 1.6 million civilians of the Gaza Strip are being denied all their rights to freedom of movement, and are confined inside Gaza, where the humanitarian situation is deteriorating amidst chronic fuel shortages, and shortages of goods, including essential food items. The Gaza power plant has been forced to shut down due to lack of fuel, and Gazans are now totally dependent on electricity generated from Israel, and to a lesser extent, Egypt. There are also chronic severe shortages of domestic cooking gas. Regarding essential food items, IOF have not permitted any consignments of flour to enter the Gaza Strip for one week (this does not apply to the UN agency for Palestine refugees, UNRWA, which has its own flour stocks), and current stocks are sufficient for just less than three days. Five of the six flour mills in the Gaza Strip have been forced to close.
Meanwhile, patients who require urgent medical treatment outside the Gaza Strip are facing immense travel restrictions, with an average of just seventeen patients a day currently permitted to leave Gaza in order to access emergency medical treatment in Israel.
Civilians are enduring power cuts for up to 10 hours a day across the Gaza Strip, which is severely affecting every aspect of life in Gaza. Local emergency health services are teetering on the brink of collapse as they try to respond to critical cases amidst constant and severe shortages of electricity, medication and other vital, life-saving equipment. In addition, many Gaza families are being denied access to drinking water, as there is insufficient fuel for the electric water pumps that supply domestic drinking water. E assim por diante. A lista de crimes israelenses era longa. Segundo o Palestinian Central Bureau of Statistics, a consequência imediata do bloqueio era que "65 percent of households in Gaza struggle to obtain basic needs such as food, clothing and medicine". 
Para completar, o cessar-fogo, negociado no dia 19 de junho, deveria ser renovado oficialmente no dia 19 de dezembro. Cessar-fogo que a IDF já quebrara e continuava quebrando cometendo inclusive assassinatos. Nesse dia foi a vez de dois adolescentes. Dois outros ficaram feridos no ataque que uma testemunha descreveu da seguinte maneira: "At approximately 2:25pm on Tuesday, an Israeli scouting drone fired a missile towards a group of children who were playing near their houses, which are located north to the Gaza International Airport in al-Shouka area, east of Rafah. As a result, two boys were killed: 16-year-old Ramzi Ibrahim al-Dehini and 15-year-old Omar Mosa Abu Udeh. The first was killed by shrapnel wounds to different parts of his body while the latter was blown up into pieces. Another two children were also injured in the same attack: 15-year-old Hani Awwad Abu Ishiban and 15-year-old Khalid Nasser al-Dehini; both sustained critical wounds from shrapnel and are receiving medical care at the Gaza European Hospital in Rafah." O relato foi seguido da mesma denúncia feita pelo PCHR: "This attack comes as the IOF [Israeli Occupation Forces]continue to arbitrarily tighten the strangulating siege of the Gaza Strip for the 28th consecutive day, depriving the population from access to basic needs including food, water, fuel and medical supplies."
Daily life in Gaza 03/12
A carência era tamanha, que na véspera de Eid al-Adha (feriado islâmico de comemoração da intenção de Abrão respeitar a vontade de deus sacrificando seu filho Ismael) os mercados gazauís estavam sem fregueses. Israel não repassara aos palestinos o dinheiro que lhes era devido e os 77 mil funcionários públicos da Faixa estavam sem um tostão. Como sempre, o Banco Mundial alertou para as severas ramificações "from Israel's blockade on banknotes", citando potencial "collapse of the commercial banking system in Gaza and seriou humanitrarian implications". Mas não fez nada para forçar Israel a transferir o dinheiro surrupiado nem para mudar o sistema de repassagem, que deixa a Palestina à mercê dos bancos de Tel Aviv, que lucram com desgraça alheia.
E os problemas de Gaza não paravam na carência alimentar. No dia 10 de dezembro, dia do 60° aniversário do International Human Rights Day, o Gaza Community Mental health Programme divulgou um comunicado sobre o trauma que a ocupação provoca nas crianças. Mas este relatório, nem outros piores, nem depoimentos dos abusos constantes dos hebronitas (comprovadas em vídeos variados) pelos colonos judeus ilegais, impediram a União Européia de "upgrade" suas relações com Israel, apesar de dois meses antes ter decidido adiar a assinatura de um acordo com a Rússia por causa de escaramuças na fronteira com a Georgia.
Foi aí que, aproveitando o Dia Internacional de Direitos Humanos, de Gaza, Ewa Jasiewicz, em nome do Free Gaza Movement, lembrou mais um vez que os palestinos queriam solidariedade e não caridade. Pois, por incrível que pareça, Ramallah é a cidade do mundo com mais ONGs por quilômetro quadrado. De origens e países variados. O que fez um universitário palestino desabafar: "Talvez nós fôssemos mais bem servidos se em vez de atos paleativos de desencargo de consciência, os estrangeiros agissem no sentido de terminar a ocupação que causa todos os nossos males, que sem o ocupante, são facilmente curáveis."
O arcebispo sul-africano Desmond Tutu concordava plenamente, pois no mesmo dia voltou a chamar o bloqueio da Faixa de Gaza uma "abomination, and the international community’s silence and complicity about the crisis in Palestine shames us all.”
E os palestinos não se deixaram iludir nem um minuto pelo "Yes, we can" do candidato Barack Obama. Uma pesquisa revelou que a maioria absoluta achava que sua eleição "will have no impact on the chances of a solution to the occupation".
Em vários lugares do mundo, já se entendia as verdadeiras necessidades palestinas e nos dias 12 e 13 de dezembro, ativistas de direitos humanos protestaram em Londres, Dubai e em cidades da Cisjordânia contra os "businesses' global rights abuses" do bilionário israelense Lev Leviev, um dos principais construtores de colônias judias ilegais na Cisjordânia.
No dia seguinte as manifestações foram locais. Milhares de gazauís se reuniram para celebrar o 21° aniversário de criação do Hamas (foto ao lado).
E no dia 15,o Legal Center for Arab Minority Rights in Israel enviou carta aberta ao ministro do Interior, Meir Shitreet e ao presidente do Supremo Tribunal, solicitando a revocação do banimento do professor Richard Falk, relator da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados.
Richard Falk não foi o primeiro nem o último estrangeiro - jornalista, médico, jurista - a virar persona non grata por dizer a verdade sobre a situação nos TPO. Mas nem o organismo internacional que rege (ou deveria reger os conflitos internacionais) impõem o Direito a Israel. Até então, o único Estado do planeta fora-da-lei.
Sem contar as ameaças que quem denuncia os crimes de Israel recebe. Nem o presidente da ONU, padre Miguel d'Escoto (que em novembro dera uma estocada pungente na ocupação, em plena assembleia geral) foi poupado. Seu porta-voz, Enrique Yeves, chegou a convocar a imprensa para denunciar as "very serious threats" que o Presidente estava recebendo na internete, por causa da alfinetada pertinente dada no Estado Judeu, por não poupar verdades sobre a ocupação e por ter reagido mal à interdição isarelense de entrada de Richard Falk nos territórios palestinos ocupados. Este jurista foi nomeado pelo ONU para investigar, em suas próprias palavras, "the rising humanitarian crisis in the Gaza Strip resulting from the siege of it's 1.6 million population imposed by the occupying power."
O padre Miguel não deixou por menos, disse que "a proibição de entrada do funcionário das Nações Unidas na Palestina "reflects a dangerous decision by individual countries to rebuff UN mandates and UN-appointed mandate holders." E Yeves concluiu que "the two actions concerning Israel - the media attack on d'Escoto and denial of entry to Falk - are not helpful or donducive for the climate of international harmony taht d'EScoto is trying to promote". Por sua vez, o presidente da ONU reiterou que o número de 192 membros da Assembléia Geral deveria ser "inclusive" e não "exclusive", aumentando a ira de Tel Aviv por entender a porta aberta a um novo Estado, o da Palestina.
Hebron clashes 04/12
 
Em um 'gesto de boa vontade', sob pressão dos EUA, Israel libertou 200 presos políticos e os palestinos soltos abriram a boca para denunciar as condições de detenção. "I was beaten very badly when I was arrested by Israeli Defense Forces soldiers. I was kept in the back of a jeep for over four hours in the freezing cold. During detention my head was covered with a foul-smelling dirty sack as I was shackled to a chair with my hands handcuffed behind my back in a stressful position. Periodically, between punches and slaps, the interrogator would suddenly pull me forward causing extreme pain to my wrists and back,” disse Muhammed Razic, de 22 anos, detido dois anos antes.
Como Israel quando estende uma mão sempre bate pesado com a outra, nesse ínterim, seu tribunal militar condenava o deputado palestino Aziz Dweik a três anos de prisão com um ano de sentença suspensa e uma fiança de 6.000 shekels (US$1.500). Azis fora preso no dia 6 de agosto de 2006 durante a campanha israelense de detenção de parlamentares e ministros palestinos - só no dia 29 de junho, a IDF sequestrara oito ministros e 21 deputados. 
Al Mezan condenou a sentença emitida por uma corte militar que não tinha poderes para emitir tal julgamento, considerando que "Dr. Dweik’s arrest and sentence are owed to political reasons, and not criminal", e Al Mezan reiterou "its condemnation of the detention of Palestinian lawmakers and government officials, who, according to the Israeli government, were confined in order to be used as “bargaining chips.” Detenções que provavam, se ainda fosse preciso, a desconsideração total de Israel pelo Direito Internacional. "Al Mezan Center calls on the international community to intervene urgently and effectively to ensure the release of Dr. Dweik and scores of other Palestinian prisoners who are held by Israel contrary to international law. The international community is under an obligation to ensure protection for civilians in accordance with international law and human rights standards."
Mais uma vez, os humanistas falaram no vazio. pois a atenção da ONU e da mídia estavam voltadas para mais uma reunião estéril do Quarteto para o Oriente Médio. Esta última contou com a presença da Secretary of State US Condoleeza Rice, do ministro das relações estrangeiras da Rússia Sergey Lavrov, do chefe de política exterior da União Européia Javier Solana e o vampiro Tony Blair. No final da reunião, repetiram a ladainha de sempre: "The bilateral negotiations process launched at Annapolis are irreversible and must be intensified in order to put an end to the conflict and to establish, as soon as possible, the state of Palestine. A final treaty and a lasting peace will be reached through simultaneously, reinforcing efforts on three-tracks, negotiations, building the Palestinian state, and implementation of the parties’ obligations under the Roadmap.” 
Nada foi dito sobre o comportamento cruel e ilegal do ocupante, mas sobre os ocupados, bastante. Como por exemplo, que os Palestinos tinham de "commit themselves to non-violence and the recognition of Israel." A única menção ao vilão foi uma picadinha de pernilongo. O Quarteto "urged Israel to freeze all settlement activities", não pela amoralidade da desapropriação de terra do ocupado, e sim por as colônias terem “a negative impact on the negotiating environment and on Palestinian economy,” sem fazer nenhuma pressão ou punição para que fossem desmanteladas.
John Dugard, emissário da ONU para Direitos Humanos, tinha razão ao dizer, ao deixar o cargo, que "the Quartet had done nothing to protect the Palestinians".
Aliás, o Quarteto se pronunciou após o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado por 14 votos contra uma abstenção, da Líbia, a Resolução 1850. Esta, como diz com procedência Ali Abunimah da Electronic Intifada, minava a justiça e a autoridade das Nações Unidas de tal maneira, que deixou humanistas e juristas internacionais de queixo caído. Para começar, nem mencionou a interdição de Israel à entrada de Richard Faulk, enviado da própria ONU,  e para terminar, pela primeira vez, nem se deram ao trabalho de dar um tapinha nas mãos de Israel por crimes de ocupação. Só falaram em implementar os Acordos de Annapolis (inúteis desde a assinatura) e exonerar-se da responsabilidade transferindo seu poder ao Quarteto. Foi uma vitória de Ban Ki-Moon, secretário geral monitorado pelos Estados Unidos, sobre o  padre Miguel d'Escoto, que a Casa Branca não queria ver nem pintado de ouro.  
E Israel permaneceu acima das leis internacionais.
Portanto, o mês de dezembro continuou com a IDF lançando mísseis dia sim, dia não, aqui e acolá na Faixa de Gaza. No dia 18 , foi avez de bombardear Jabalyia e Khan Younis causando bastante estrago material, ferindo muitos e matando um arrimo de família de oito pessoas, Salah Oukal, pai de três crianças pequenas.
Porém, no meio de todo esse estrago material e moral, chegou uma boa notícia do BDS e de algumas celebridades.
Primeiro, mais uma universidade, desta vez a University of Western Sydney, anunciou sua adesão ao boicote de instituições israelenses.
E no plano hollywoodiano, a campanha contra Lev Leviev conquistou uma vitória importante. Salma Hayek, Halle Berry, Drew Barrymore, Brooke Shields, Andie MacDowell, Lucy Liu, Whitney Houston e Sharon Stone, após serem contatadas pela ONG Judeus pela Paz, exigiram que suas fotos fossem retiradas do website do joalheiro.
Hebron clashes 05/12
Mas como alegria de povos ocupados é efêmera, no dia 20, guardas de presídios israelenses voltaram a atacar prisioneiros políticos palestinos. Desta vez foi em Ofer, mas a prática era corriqueira. Apesar das denúncias, nenhum organismo internacional interveio para defender o direito dos presos, como nunca interviera e jamais interviria.
Enquanto isso, os dias passavam e na Faixa de Gaza, presídio a céu aberto policiado ininterruptamente por drones, a fome aumentava com a 'dieta' que Tel Aviv impusera a seus milhão e 500 mil habitantes.
Mas isso não era nada, comparado com o que os esperava.
No plano militar, no dia 13 de dezembro, Israel anunciara que concordava com um novo cessar-Fogo (que a IDF quebrara em novembro) se o Hamas acatasse suas condições.
No dia 14, o Hamas afirmara no Cairo que pararia o foguetório se Israel abrisse as fronteiras e prometesse parar os bombardeios esporádicos à Faixa. 
No dia 17, de provocação, a IDF matou um palestino no norte da Faixa, gratuitamente, e o Hamas reagiu jogando vinte foguetes em Israel.   
No dia 21, o chefe do Shin Bet, Yuval Diskin, confirmou a boa vontade do Hamas, "interested in continuing the truce, but wants to improve its terms ... it wants us to lift the siege of Gaza, stop attacks, and extend the truce to include the West Bank."
No dia seguinte, o ministro da Defesa Ehud Barak recusou e a ministra das relações exteriores Tzipi Livni sugeriu "military actions be taken".
Na véspera de Natal, um avião da IDF bombardeou um grupo de resistentes, matando um, ferindo outro, e um cinegrafista.
No dia de Natal, Israel já tinha "wrapped up preparations for a broad offensive" que montara meticulosamente. Durante seis meses coletara dados através de informantes no terreno, de drones espiões, e pusera a hasbara em ação com uma campanha de desinformação para surpreender o Hamas e o Ocidente. Com exceção dos EUA, cúmplice e confidente.
A nova operação militar da IDF era iminente.
No dia 27 de dezembro, enquanto o Ocidente cristão aproveitava o feriado natalino, Israel prosseguiria sua estratégia de limpeza étnica com um novo massacre em Gaza com a Operation Cast Lead.
Várias ONGs de Direitos Humanos reagiram imediatamente, assim como jornalistas locais e testemunhas que se encontravam no enclave vedado à imprensa ocidental.
O BDS também reagiu depressa, esperando que a operação parasse. Porém, ela duraria 22 dias intermináveis.
 Israeli Attacks Kill Over 310 in Gaza in One of Israel's Bloodiest Attacks on Palestinians Since 1948
Israel launches air strikes on Gaza 27/12/2008
 Reservistas da IDF, forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence
How can you impose so many curfews and expect people to live?
. Rank: Sergeant;  Unit: Civil Administration;  Area: Hebron.
Earlier you said a few words about how you could understand some of the complaints. I did. Like what? Not things that happened to me specifically, but things I heard about in the media, things that happened, about delays, that they didn’t want to let a pregnant woman cross—situations which apparently happened. They put up checkpoints all the time, and one of the biggest responsibilities I had there was to understand where all the checkpoints were located. The checkpoints were put up at random, and apparently this was pretty unpleasant, and the complaints were about how they couldn’t get to work. I remember something that bothered me personally—I didn’t understand the whole thing with the curfews. In Hebron there were tons of curfews, I don’t remember the number of days, but I do remember just being in shock at how we set curfews so often and expected people to live like that. I really didn’t understand how they expected people to exist. If you make people’s lives so difficult, how do you think you’ll solve any problems? You’re only creating more people who are going to hate you deep in their hearts for the rest of their lives. I’m sure that if they put me under curfew for 360 days, what would I do? The way I saw it, it just wasn’t realistic, and I remember talking about it and no one understood what I was talking about. They said, “security risk.” Great, security risk, but these are people, and they need to live. Where do they get their food? How do you make money to eat when you’re under curfew? You talked to officers and friends? I’d talk to officers and friends. I did 8/6 [eight days on the base, six at home] and I had a lot of time to forget that I was in the army. The six days when you’re in Israel, you easily forget what you’re doing. The eight days on the base go by quickly because you sleep there.
Rank: Staff Sergeant;  Unit: Givati - Rotem Battalion;  area: Hebron.
I remember that someone once asked me over the radio to do something, so I walked from one post to another in total darkness in Hebron, two minutes walk, and when I got back to the post I thought to myself, you’re simply nuts. Anyone who’d see you out there would kidnap you and end your life. Alone at night in Hebron, with all due respect to weapons and all. And there was this shop we went into. We always used to ask Palestinians there to buy stuff for us. We always bought at this store. Once we went into this Palestinian shop and no one was there, it was totally scary. You go in. Israeli soldiers don’t go in there. You’re afraid and you don’t want to and it’s against all regulations. It’s a really big security risk. On the other hand, if some commander catches you, you’ll go to jail or at least be grounded. I remember being on the post and then one of the guys, someone else, one of the young ones who had no problems, he replaced me at the post. Regulation-wise it’s breaking your guard shift. Because he didn’t go through procedure or anything. So he replaced me and four of us went out to get something from the shop. Because we couldn’t find anyone else to buy for us.
So what did you do?
Yes, mostly the children. “Jib al-hubz” (get bread) and pita bread and stuff like that, and he’d get it for you. They’d always get it.
You’d give him money?
Yes, yes, everything with money. He’d bring back change. They were like messengers. We didn’t pay them extra. I remember that I was really impressed with how nice they were. Years later I realized that they did out of fear. A soldier comes to you and asks you to do something, he was afraid of what you’d do to him if he refused.
Eyal I
NEWS
PALESTINA
 What makes Hewlett Packard an important Boycott target?
Part II: https://youtu.be/J_XPp-AHbNI  
OCHA 
Palestinian Center for Human Rights
International Solidarity Movement – Nonviolence. Justice. Freedom
 
. “The land was purchased from the Palestinian owners”
. Mondoweiss: Necessary transformation -
. Lembrança: No dia 14 de outubro de 1953, a IDF assassinou 69 palestinos, no que ficou para a história como o massacre de Qibya.
Reminder; On October 14, in 1953, the Israeli army killed 69 Palestinian civilians in what became known as the Qibya massacre.

Demonstração de como os soldados israelenses tratam os civis palestinos diariamente
 There is nothing unusual about the violence metered out on an unarmed Palestinian by Israeli soldiers as displayed in this video.
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