domingo, 26 de maio de 2013

Israel vs Palestina: História de um conflito XXXIV (agosto de 2003)


Em agosto de 2003, Israel quebrou a trégua de seis semanas no dia 14.
Prosseguindo a campanha de assassinatos de líderes do Fatah e do Hamas, tropas da IDF mataram mais um deles em Hebron.
A notícia chegou em Ramallah como um fósforo aceso a dois dedos de um mato cheio de capim seco.
Yasser Arafat entendeu que seria quase impossível conseguir convencer o Hamas a engolir o sapo e manter a trégua unilateral que vinha mantendo.
Dito e feito.
No dia 20, um bomba-suicida explodiu um ônibus em Jerusalém ocidental levando consigo dezoito israelenses e ferindo o triplo.
O atentado foi reivindicado e justificado como resposta à política de assassinatos que desde 2000 o Shin Bet levava a cabo. Primeiro sob ordens de Ehud Barak e depois sob ordens de Ariel Sharon.

A reação do primeiro ministro palestino Mahmoud Abbas foi conciliatória ao extremo. O importante para ele então era prosseguir as negociações de paz e para isto cortou contato com o Hamas, com o Jihad Islâmico e ordenou a busca e a prisão imediata dos organizadores do atentado.
Talvez tivesse obtido resultado dissuasivo, pelo menos a curto prazo, até a paz ser definitivamente negociada (sonhava).
Porém, Ariel Sharon não deu folga na campanha de extermínio "cirúrgico" dos líderes palestinos. Embora esta campanha de assassinatos já tivesse provocado "efeitos colaterais" tanto na Palestina, com as centenas de feridos circunstanciais, quanto em Israel, com aleatórias operações suicidas de reciprocidade.
Nessa lógica da violência rotatória, a punição da IDF chegou logo.
No dia seguinte voltou a investir Jenin causando danos humanos e materiais na cidade que ainda cambaleava.
A devastação causada pela Operação Defensive Shield em abril ainda era visível em toda parte - dezenas de famílias ainda estavam de luto fechado pelos parentes assassinados e o vácuo deixado pela destruição das casas ainda não fora remediado.
Os pais de família viram o novo assalto como uma fatalidade que só servia para traumatizar ainda mais os filhos já traumatizados.
Os estrangeiros que lá estavam, viam a consequência desta tortura intermitente na tristeza revoltada dos meninos desamparados. Cada bombardeio, cada demolição, cada humilhação despertava novas vocações para a resistência e para mártir que as invasões civis cimentavam.
Enquanto batalhões israelenses cutucavam a onça com vara curta na Cisjordânia, em Gaza, no mesmo dia, os Apaches voaram para torpedear  as negociações de paz. Desta vez assassinaram Ismail Abu Shanab, um dos fundadores do Hamas.
Por que Ismail Abu Shanab?
Porque era na época a imagem pública do Hamas. E como se não bastasse, era uma das vozes moderadas de Gaza.
Com Abu Shanab vivo, havia perspectiva de paz.
Seu assassinato foi o golpe que faltava para o Hamas descartar sem remorso a trégua e, consequentemente, as negociações do Road Map se fragilizarem mais.

Ismail Abu Shanab era o terceiro na hierarquia do Hamas.
E era a voz e a mentalidade progressista do "triunvirato".
Nesse dia fatídico, os Apaches lançaram 5 mísseis em seu carro, no bairro de Rimal, em Gaza.
Ele tinha 53 anos. Deixou mulher e onze filhos.
Uma testemunha, Talat al-Rayes, conta que ouviu o primeiro míssil "hit the car just outside his house in Gaza City. There were three people trying to get out of the car. The doors were opening when three more rockets hit. I didn't know who was in the car until people dragged the bodies out and we saw it was Abu Shanab."
Os dois guarda-costas de Abu Shanab morreram no ataque.
Muitos passantes foram feridos.
Mas ao ouvir a notícia, era difícil pensar apeans nos três homens. Pois era claro que a maior vítima do atentado israelense era a paz. Portanto, as populações de lá e de cá da Linha Verde.
O funeral de Abu Shanab foi seguido por mais de cem mil pessoas. Muitas clamavam vingança e os líderes que ficavam ostentavam posturas graves.
Abu Shanab representava a ala pragmática que ponderava e insistia na importância das negociações para que os palestinos parassem de viver em sobressalto, pudessem baixar a guarda e as novas gerações desfrutarem da perspectiva de cidadania da qual foram despojados na Naqba.
Entretanto, apesar de seu comedimento, respeitava a ideologia do partido e a liderança do Sheikh Ahmed Yassine sem questioná-lo.
Mas dos três líderes máximos, ele era o único que defendia um cessar-fogo a longo prazo e a solução dos dois Estados. E advogava também por decisões conjuntas em vez de individuais, "mesmo o indivíduo estando certo", dizia.
No enterro, um membro do Hamas gritou em um alto-falante o que Sharon talvez estivesse esperando ouvir: "The road map is being buried, only martyrdom operations will remain," referindo-se à perspectiva da recrudescência de bombas-suicidas.
Abdel-Aziz al-Rantissi, um dos líderes que ficaram, e que sobrevivera em junho a um atentado do mesmo tipo, declarou que mesmo que Israel matasse mais dez líderes do Hamas, "another leadership will arise and continue the fight until victory".
O jovem Hamza, filho de Abu Shanab, por seu lado, adotou o discurso comedido do pai quando lembrou que o morto "was trying to unite the Palestinian people and the ceasefire was uniting people."
E por isso foi morto?
A pergunta ficou no ar.

Não dá para dizer com certeza que os assassinatos arquitetados por Ariel Sharon fossem calculados apenas para obstacular a paz, mas era o que se suspeitava.
Embora nem os jornalistas mais empedernidos quisessem acreditar que sabendo que cada execução acarretava represálias inevitáveis, seu ódio pelos donos da terra que cobiçava levassem o Primeiro Ministro de Israel a pôr em risco a vida de seus próprios concidadãos para "justificar" a ocupação milita e agilizar o processo de expansão das invasões civis com a limpeza étnica que estava acontecendo na Cisjordânia.
Entretanto, tudo levava a crer que seu objetivo principal era agredir, provocar, ocupar com mais sofreguidão até conseguir confiscar toda a terra palestina a médio prazo.
Nada explicava o perigo ao qual expunha seus compatriotas com o extermínio de lideranças moderadas que seriam imediatamente substituídas por companheiros com sede de vingança, intratáveis.
Como aconteceria com a execução de Abu Shanab, que merece uma palavrinha para que se entenda como chegou ao primeiro escalão do Hamas.

Ismail Abu Shanab nasceu em 1950, no campo de refugiados Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.
Seus pais e ancestrais eram de Al Jayyeh, uma cidadezinha próxima de Ashkelon, uma das cinco metrópoles do extinto império Filistino.
Sua família foi expulsa de casa em 1948, ano da criação unilateral do Estado de Israel, e da Naqba, e a cidadezinha foi posta abaixo.
Foi um bom aluno, focado como todos os meninos palestinos (vale lembrar que a Palestina detém o recorde de jovens que chegam à universidade - 90% - apesar de todos os pesares e dificuldades), foi admitido na recém-criada Universidade Bir Zeit de Ramallah, em 1966.
Em 1967, a Guerra dos Seis Dias e a Ocupação subsequente  impediram que frequentasse esta universidade laica de ensino bilingue árabe-inglês e de alta-qualidade internacional  (http://www.birzeit.edu/). 
Por incrível que pareça, era mais fácil sair da Faixa de Gaza para o Egito do que para a Cisjordânia - embora seja a mesma nação de terra descontínuas - e ele foi admitido na Universidade Mansoura do Cairo (http://www.mans.edu.eg/en).
Formou-se em Engenharia civil, retornou a Gaza, trabalhou alguns meses no conselho municipal da cidade e em 1977 trabalhou para as Nações Unidas na Faixa.
Mas seu sonho era aperfeiçoar-se e acabou conseguindo uma vaga nos Estados Unidos, na Universidade do Colorado.
Quando voltou para casa com o Mestrado debaixo do braço, foi contratado para dar aula no curso de Engenharia da Universidade Islâmica de Gaza (http://www.iugaza.edu.ps/en/) .
Lá conheceu Ahmed Yassine, Ibrahim Magadmeh e o fundador do Jihad islâmico Fathi Shiqaqi.
Envolveu-se na criação do Hamas, então organização humanitária, e por isso foi preso em 1989.
Ficou detido até 1996 sob alegação que participara do sequestro e morte do soldado israelense Ilan Sa'adon.
Quaisquer que fossem as razões verdadeiras, foi na cadeia que ficou religioso de verdade.
Em 1998 a Autoridade Palestina o deteve junto com outros líderes do Hamas. Inclusive Mahmoud al Zahar (membro fundador e tido como eminência parda do Hamas até hoje).
Em seguida Abu Shanab foi, concomitante ou sucessivamente, representante do Hamas na OLP (Organização de Libertação da Palestina, liderada por Yasser Arafat) e porta-voz da ala política do Hamas na Faixa de Gaza. Era nele que todos os holofotes e câmeras da mídia ocidental estavam focados.
Passava a imagem de uma pessoa bem articulada e ponderada.
Em dezembro de 2001 voltou a ser detido pela Autoridade Palestina na leva de demonstração de "boa-vontade" de Yasser Arafat para conter os atentados.
Foi participante ativo das negociações de paz em 2002 e 2003 como representante do Hamas e era o intermediário entre seu partido e Mahmoud Abbas. Quando o Primeiro Ministro tentava convencer o Hamas a parar os ataques.
Ele foi fundamental no cessar-fogo aceito e declarado pelo Hamas e o Jihad Islâmico no dia 29 de junho de 2003. Seus esforços foram imensos para persuadir seus companheiros a estabelecer o hudna, como os palestinos chamaram esta medida pacificadora unilateral.
Quando foi assassinado pelo Shin Bet, era o terceiro homem na hierarquia do Hamas, em que o sheik Ahmed Yassine era ainda a maior autoridade. Os dois homens que estavam acima eram Abdulaziz Rantissi e Mahmud Zahar.
Abu Shanab estava acima de Ismail Haniyeh. Seu substituto óbvio e atual líder do Hamas na Faixa de Gaza.

Seu filho mais velho, Hassan, estava estudando Engenharia de computação nos Estados Unidos. O caçula, Mesk, tinha dois anos.
Seu filho Hamza Abu Shanab, então com 19 anos e hoje com 31, dirige a ONG "Assembleia Palestina de apoio à Revolução Síria".
No dia 22 de agosto de 2003, estava na cerimônia religiosa na mesquita Omari e no imenso cortejo funerário que encheu as ruas de Gaza em homenagem ao pai.
Uma das lembranças fortes que os jornalistas guardam de Abu Shanab é a de um fato que revelou sua personalidade.
Ao ser escolhido para liderar a chapa do Hamas na disputa pelo importante Conselho da Associação de Engenharia da Faixa de Gaza, conquistou 8 dos 11 assentos disputados no pleito. Para grande pesar de Yasser Arafat pelos meros três representantes que o Fatah assegurara.
Nessa hora em que podia fazer proselitismo político e aumentar a divisão entre os dois partidos, optou pela conciliação diplomática. Negou que a vitória dos oito membros do Hamas fosse um sucesso político dizendo que os juizes haviam julgado os candidatos conforme suas competências profissionais. E acrescentou uma frase que o poria na história e que adiantou bastante sua ascenção política: since the Oslo accords Hamas had acquired freedom to organise and has no need to score political points in elections to professional bodies. 
A própria imprensa israelense sublinhou seu ser e dizer inusitados. O Jerusalem Post, quotidiano em inglês na linha do Haaretz de Tel Aviv, publicou na época "For a leading Hamas activist, Abu Shanab has just done two strange things. He declined to exploit an election win as a major Hamas victory, and he complimented Oslo's contribution to freedom."
Ele declarara anteriormente ao mesmo jornal: "Let's be frank, we cannot destroy Israel. The practical solution is for us to have a state alongside Israel. When we build a Palestinian state, we will not need these militias. All the needs for attack will stop. Everything will change into a civil life."
Talvez tenha sido por isso, pela vontade de paz e a dos dois Estados que ele tenha sido assassinado.
A outros jornalistas declarou: "Nobody likes and nobody supports killing innocent people. But the Palestinian position is in a self-defense position, that of Palestinians who suffer from Israeli occupation and from Israeli military forces - who kill and massacre and destroy all of our infrastructure - and all of their improprieties."

Ele afirmava que não incentivava nenhum bomba-suicida. "They do it by their own initiative, but impressed and incited by Sharon's plan to kill more Palestinians and by Sharon's soldiers and tanks and airplanes, who kill more Palestinians." E ao lhe perguntarem se apoiava os atentados contra civis israelenses, disse: "We support one thing: Israeli full withdrawal from our land. If this is achieved, we support any plan which can get this Israeli occupation."

A consequência imediata do assassinato de Ismail Abu Shanab foi levada a público no dia seguinte ao seu funeral.
O Hamas, o Jihad Islâmico e as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa - próximas do Fatah) declararam em uníssono que punham fim à promessa feita no dia 29 de junho de cessar-fogo unilateral.
A consequência mediata foi a violência que continuaria de ambos os lados, na qual Ariel Sharon nadaria de braçada. Pois continuaria a encher os territórios ocupados de "colonos" importados da África do Sul, Argentina e Rússia para popular as invasões-assentamentos na Cisjordânia provocando mais danos materiais e morais na Palestina.
Agosto de 2003 foi um mês cinzento.
Esperava-se que os seguintes, que fechariam o ano, fossem melhores, mas as possibilidades reais que esperanças positivas virassem realidade eram mínimas. 



Reservista da IDF, forças israelenses de ocupação, Shovrim Shtika - Breaking the Silence 

"On your first arrest mission, you’re sure it’s a big deal, and it’s actually bullshit. You enter the Abu Sneina (Hebron) neighborhood and pick up three children. After that whole briefing, you’re there with your bulletproof vest and helmet and stuck with that ridiculous mission of separating women and children. It’s all taken so seriously and then what you end up with is a bunch of kids, you blindfold and shackle them and
drive them to the police station at Givat Ha’avot. That’s it, it goes on for months and you eventually stop thinking there are any terrorists out there, you stop believing there’s an enemy, it’s always some children or adolescents or some doctor we took out. You never know their names, you never talk with them, they always cry, shit in their pants.
Was there a case of someone shitting in his pants?
I remember once. Always that crying. There are those annoying moments when you’re on an arrest mission, and there’s no room in the police station, so you just take the kid back with you to the army post, blindfold him, put him in a room and wait for the police to come pick him up in the morning. He sits there like a dog… We did try to be nice and find a mattress for them, some water, sometimes some food, and they’d sit there blindfolded and shackled, left like that until morning. Those were the instructions. That, or just to leave them in the war-room. That was also standard procedure. Until morning, until someone came to pick them up."
Unidade militar: Nahal Brigade. Patente: First Sergeant. Hebron 2010.

Reservista da IDF, forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence - 1


Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/

domingo, 19 de maio de 2013

Baía de Guantánamo: Rogue prison


No dia 17 de maio, ativistas estadunidenses marcaram o aniversário de 100 dias de greve de fome na prisão de Guantánamo com um ato público em Washington.
Vestidos de macacão laranjado e capuz preto, característicos dos prisioneiros, entregaram à Casa Branca um abaixo-assinado com 370 mil assinaturas pedindo o fechamento do centro de detenção "immoral, illegal, ineffective."
O ato público teve mais peso porque quem entregou o abaixo-assinado foi o coronel Morris Davis, ex-promotor militar em Guantánamo.

Dos 166 prisioneiros detidos na Baía, 102 estão em greve de fome e 30 estão sendo alimentados à força por tubos na Behavioral Health Unit.
A alimentação forçada seguiu o alarde da mídia sobre a greve e a situação periclitante dos grevistas.
Barack Obama viu-se então obrigado a voltar a tapar o sol com a peneira retomando o discurso do fechamento i/mediato do presídio - que é uma (das pedras) em seu sápato desde janeiro de 2009.  
Durante a campanha presidencial de Barack Obama em 2008, uma de suas mais repetidas promessas foi de fechar o centro de detenção, interrogatório e torturas físicas, morais e psicológicas que os Estados Unidos abrira na Guantanamo Bay Naval Base.

Esta baía é um enclave estadunidense desde 1903, quando o primeiro presidente de Cuba, Tomás Estrada Palma, assinou o Cuban-American Treaty com o presidente dos EUA Theodore Roosevelt.
Nesse tratado, Cuba cedia em forma de leasing aos Estados Unidos o usufruto da Baía de Guantánamo e águas adjacentes por um aluguel mensal de US$2.000 em moedas de ouro. O Tratado não estipula prazo e só pode ser quebrado unilateralmente por iniciativa de Whashington.
O contrato foi ligeiramente retificado em 1934, mas foi mantido com os mesmos privilégios que os EUA gozavam.
Após a Revolução de 1959, os Estados Unidos continuaram a mandar os cheques pontualmente e Fidel Castro os engavetou todo mês sistematicamente. Tem uma mesa no Palácio presidencial em Havana cheia.
Cuba tentou todas as instâncias internacionais para desfazer este tratado que interfere em sua soberania territorial - navios cubanos têm de provar que são mercantis para passar - mas o peso dos EUA tem sido mais forte, embora alguns dos argumentos de Fidel sejam válidos.
O argumento mais convincente é o uso deturpado da Base, há anos transformada em centro de detenção que funciona em toda ilegalidade constitucional. Tanto internacional quanto dos EUA.
O Artigo II do Tratado estipula que os Estados Unidos podem "generally to do any and all things necessary to fit the premises for use as coaling or naval stations only, and for no other purpose."
Ou seja, o uso da base como prisão é mais do que discutível, mas mesmo assim Cuba não tem conseguido romper o contrato nos tribunais internacionais.
Nesse ínterim Guantánamo virou símbolo de prisão arbitrária, tortura e espelho das inquidades da Guerra contra o Terrorismo que substituiu a Guerra Fria.


O centro de detenção controvertido data de 2002. 
Foi criado durante a presidência de Gorge W. Bush para" alojar" unlwaful combatants capturados no Afeganistão, no Iraque, e, subsequentemente, em qualquer lugar do mundo em que a Operação Rendition fosse acionada pela CIA. Inclusive em países ocidentais.
Desde então as ONGs de Direitos Humanos não pararam de criticar as condições de detenção, torturas e o desacato quotidiano à Convenção de Genebra que garante o respeito de prisioneiros de guerra.
Guantánamo é o resultado de uma política pós-ataque das Torres Gêmeas de Nova Iorque pelo Al-Qaeda em setembro de 2001.
No dia 17 de setembro, com Manhattan ainda sob emoção da tragédia e com o Pentágono ainda atordoado, George W. Bush, pasmado, sucumbiu aos chefes da CIA e assinou um documento (ainda arquivado classified) no qual autorizava autoridade letal à Agency
No início de janeiro 2002, o diretor de contraterrorismo da CIA, J. Cofer Back pronunciaria a célebre frase "The gloves come off". Ou seja, daí por diante, todos os golpes (baixos) eram permitidos.
Começou então uma campanha de assassinatos que visava inicialmente os membros do Al-qaeda. 
Com os anos e a criação dos drones (aeronaves teleguiadas) armados, a campanha expandiu-se a todos os suspeitos ou personae non gratae aos EUA.
O programa de targeted killings era e é conduzida sem supervisão jurídica nem judiciária, sem consulta pública, e vem sendo combatida por correntes humanistas da sociedade estadunidense. 
Quanto a Guantánamo, foi criada para os "sobreviventes". Isto é, as pessoas que capturavam e queriam interrogar longe do território nacional onde teriam de respeitar os direitos do cidadão a defesa e julgamento.
A política de drones vem sendo criticada pelas mesmas pessoas que há anos criticam Guantánamo e esperavam que esta falha no sistema estadunidense fosse corrigida por Obama.

Ora, como disse acima, na campanha para o primeiro mandato, Barack Obama repetia a quem perguntasse que fechar a prisão de Guantánamo fazia parte de suas prioridades, junto com retirada do Iraque e do Afeganistão.
"I have said repeatedly that I intend to close Guantanamo, and I will follow through on that," disse em 2008.
Ao ser eleito, assinou uma Ordem Executiva que estipulou o prazo de um ano para que a prisão fosse fechada. 
"The detention facilities at Guantanamo for individuals covered by this order shall be closed as soon as practicable, and no later than one year from the date of this order,"  dizia na declaração assinada em janeiro de 2009.
No mesmo ano o comitê de seleção do Prêmio Nobel deixou influenciar-se por sua cor, por suas palavras, por seu entusiasmo ou por algum lobby com agenda própria, e deu ao Presidente dos Estados Unidos o Prêmio da Paz surpreendendo (e constrangindo) até o premiado.
Os Estados Unidos continuavam atolados no Iraque e no Afeganistão, Guantánamo continuava na ativa, Rendition seguia de vento em popa, o programa dos drones espiões e assassinos estava se expandindo,  Obama voltara atrás na decisão de convencer Israel de para a colonização e a limpeza étnica da Palestina, enfim, como aceitar um Prêmio Nobel da Paz quando se está até o pescoço na areia movediça belicista?
Ele foi a Estocolmo, visivelmente de "saia justa", e resolver enaltecer seu país em vez de si mesmo. Entre outras coisas, ousou proclamar que os EUA eram "a standard bearer in the conduct of war"... e era isto   "what makes us different from those whom we fight..." "That is why I prohibited torture. That is why I ordered the prison at Guantanamo Bay closed."
Sem falar nas outras não-verdades sobre o padrão ético da CIA e do Exército US, nas campanhas de execução, inclusive de Ossama Ben Laden que correspondeu exatamente aos padrãos do criador do Al-Qaeda, faz mais de quatro anos que este discurso foi pronunciado e mais de três que a tal Ordem Executiva de fechamento de Guantánamo foi assinada.
E até hoje a prisão continua lá, operando com as mesmas funções de antes.

Democracy Now: Inside Guantánamo

Desde que Obama assumiu o governo, 48 prisioneiros foram designados para detenção indefinida sem julgamento, segundo o inglês Andy Worthington, autor do livro The Guantanamo Files: The Stories of the 774 Detainees in America's Illegal Prison.
Andy, que é o jornalista mais bem informado sobre este tipo de infração político-penitenciária aos Direitos Humanos, diz que desde 2004, quando o Comitê Internacional da Cruz Vermelha exprimiu preocupação com os efeitos sobre a saúde mental no tipo de detenção aplica em Guantánamo, tudo continua do mesmo jeito.
"That hasn't changed," diz Andy. "If they were worried bout their mental health eight years ago, what state are they in now?"
Quanto aos grevistas de fome, Andy afirma que eles vêm sendo submetidos a alimentação forçada e mandou um recado para Obama: "Don't pretend you are not a vile regime that puts people away forever. Adnan Latif , a Yemeni with mental health issues, died there recently. He'd been approved for transfer over and over and over again, yet at the cost of $700,000 per year, the US has been holding a man for eight years, and eventually he died. How would the American people feel if an American was captured by a foreign power and then told he would be released, then wasn't, and eventually died? It's not going to go down well, is it?"

Para Andy, Guantánamo não passa de uma instituição de tortura e detenção indefinida.
De fato, em sua recente campanha à reeleição, Obama não disse uma palavra sobre Guantánamo e outras prisões estadunidenses semelhantes espalhadas por países cúmplices - só na semana passada lembrou-se da promessa, sem mencioná-la, e retomou o discurso do fechamento.
David Nevin, um dos advogados de um dos prisioneiros, diz que a prisão não dá sinais de estar sendo fechada. "It's currently being expanded. They've just spent $730,000 on a new soccer field for the detainees, millions are to be spent on upgrading the internet, there is new home construction everywhere. You go down there and walk around and you don't get any impression that this place is going to close anytime soon. It looks for all the world like a prison that will go on indefinitely."
Segundo advogados e pesquisadores da história de Guantánamo, desde 2002 a prisão deteve 779 prisioneiros de nacionalidades diversas, inclusive europeias.
Durante o governo de George W. Bush, 532 foram soltos. 
Advogados, oficiais de carreira, especialistas do governo, consideram que 86 dos 166 homens detidos em Guantánamo são inocentes.
Durante o governo de Barack Obama, até agora, apenas 70 recuperaram a liberdade.
(A disparidade nos números acima é devida a mortes sob tortura e suicídio.)

Como se Guantánamo não bastasse, ou para tirá-la da luz dos holofotes mediáticos, ou para facilitar transporte e anonimato, Barack Obama inaugurou em 2009 um outro centro de detenção do mesmo gênero.
Desta vez no Afeganistão, na Base militar dos EUA na cidade de Bagram. 
O Parwan Detention Facility começou com George W. Bush mas foi completado no governo de Obama. 
Aliás, a prisão de Bagram já existia e era conhecida pelos jornalistas, sobretudo após a morte de dois detentos sob tortura em dezembro de 2002.
A prisão, inclusive esta versão modernizada - na estrutura, mas não nas práticas medievais de tortura - é vedada a representantes de ONGs de Direitos Humanos e a jornalistas.
A Cruz Vermelha tem acesso esporádico e seus inspetores ressaltaram em 2009 que os detentos não tinham direito a conselho jurídico.
Vários oficiais e soldados interrogados após a morte dos dois detentos que chamaram um pouquinho da atenção da mídia, disseram que de maneira geral os prisioneiros eram bem tardados. Porém, admitiram que alguns interrogadores constumavam aplicar maus tratamentos. Tais como surras, privação de sono, humilhação sexual, ameaças com cachorros, sacudir o teto (de grade, aberto), etc.
Enfim, os mesmos tipos de tortura praticadas em Guantánamo e em outros lugares.
Em 2005, havia 450 detentos na antiga prisão de Bagram.
A festa da tortura corria solta até que um dos prisioneiros conseguiu escapar e botou a boca no trombone. Suas denúncias das torturas de toda índole chegaram aos ouvidos da ONU, interessaram a mídia ocidental, e foi aí que a construção vetusta foi abandonada e a Nova Parwan Detention Facility foi erguida em Bagram. Com todas as medidas de segurança que a teconologia possibilita e com o mesmo princípio de privacidade e tolerância reduzidas ao mínimo. 
Em 2011, mais de 3 mil afegãos e estrangeiros suspeitos de terrorismo estavam detidos em Bagram.
Dezoito vezes mais do que em Guantánamo.
O número de prisioneiros, em vez de diminuir, quintuplicou desde que Barack Obama assumiu a presidência em 2009.
Dentro do Afeganistão, o escândalo da prisão estadunidense de Bagram era tão grande e foi atingindo tamanha proporção entre a população, inclusive os que não apoiam os Talibã, que o presidente Hamid Karzai teve de tomar uma providência.
Solicitou que os EUA transferissem a administração (oficial) da prisão à ANSF (Forças Afegãs de Segurança).
A cerimônia de transferência ocorreu em setembro de 2012. Porém, em março de 2013 ainda havia prisioneiros que os Estados Unidos relutavam em deixar nas mãos dos afegãos.
Concluindo, cedo a palavra a um militante de Direitos Humanos que sugeriu que os EUA levassem para lá todos os "terroristas" que se encontram em centros de detenção como Guantánamo, Bagram, e os demais espalhados pelos países cúmplices do programa de Renditon.
"E lá, no "país da liberdade", os EUA deixarem o sistema do qual tanto se orgulham funcionar também para seus adversários. Não é que muitos dos presos não mereçam estar presos. Merecem. Mas outros não. O sistema judiciário foi criado justamente para que um juiz/júri separe o joio do trigo sem preconceitos. E a tortura, qualquer que seja, é inadmissível em um mundo que se diz civilizado. Qualquer que seja o crime. É a aplicação do sistema de justiça que nos diferencia dos extremistas."

Andy Worthington em ação em Langley, na frente da CIA 

Trailer do filme do cineasta sul-africano Gavin Hood: Rendition

Filme do cineasta inglês Michael Winterbotton: The Road to Guantanamo

domingo, 12 de maio de 2013

Israel vs Palestina: História de um conflito XXXIII (05-07 de 2003)


No Oriente Médio, maio, o mês das noivas brasileiras, começou no dia 1°. Com uma operação militar israelense em Gaza.
A IDF matou doze gazauís, derrubou casas, feriu vários.
Mas não agiu só lá. Visou um militante do Hamas e o explodiu perto de Nablus, na Cisjordânia.
Para Ariel Sharon, esta operação não passava de uma continuação da campanha de assassinatos inaugurada por Ehud Barak em 2000.
Para o Hamas era mais uma agressão, mais uma provocação e um morto a mais a ser chorado junto com os doze há pouco enterrados.
Achavam que tinham de dar o troco e não se deixar intimidar.
No olho por olho, o troco foi dado por etapas entre os dias 17 e 19.
Cinco bombas-suicidas explodiram em Afula, Hebron, Jerusalém e na Faixa de Gaza. Causaram, nos cinco atentados, além de si mesmos, doze mortos. O mesmo número da operação da IDF, mas um a menos do que os corpos velados nos primeiros dias de maio.
No dia 21, bastou o rumor de uma visita de George W. Bush ao Oriente Médio para os tanques "cruéis" da IDF forçarem Mahmoud Abbas, então Primeiro Ministro da Palestina, a encurtar visita à Faixa de Gaza.
O "incidente" confirmou as suspeitas dos palestinos que Yasser Arafat fora forçado a nomear Abu Mazem para Israel dispor de um homem mais maleável.
Irritado, o Hamas quis mostrar quem mandava na Faixa e uma bomba estourou perto de um ônibus que servia colonos israelenses. Quatro passageiros foram feridos. A IDF nem se deu ao trabalho de retaliar com uma operação militar específica. Apenas continuou suas atividades repressivas corriqueiras na Faixa. Perseguições diárias e derrubadas de residências.
No dia 25, Ariel Sharon "concordou" com o princípio do  Road Map. Entretanto, emitiu "14 reservas"  a serem apresentadas na reunião de cúpula patrocinada pelos Estados Unidos na Jordânia.
Nesta perspectiva, Mahmoud Abbas, pressionado pelo Quarteto (Estados Unidos, União Europeia, Rússia,   ONU), pediu para o Hamas suspender os ataques a Israel pelo menos na semana das negociações tripartite.

A reunião de cúpula para o lançamento do Road Map reuniu George W. Bush, Ariel Sharon e Mahmoud Abbas no dia 04 de junho em Aqaba, na Jordânia.
Yasser Arafat ficara em casa. Ostracizado na Mukata'a em Ramallah.
O povo palestino não se conformava com o afastamento compulsório do líder, os grupos de resistência do Fatah engoliam bem que mal o sapo, mas o Hamas não estava disposto a engolir o que julgava um acinte.
No dia 05, enquanto os três homens trocavam amabilidades forçadas em Aqaba, o presidente da Autoridade palestina abriu a boca em Ramallah para dizer a verdade que incomodava.

"Os israelenses não oferecem nada tangível".
O Road Map parecia a Arafat inaceitável. Recortava a Cisjordânia de tal forma que, caso fosse implementado, a soberania, em terras contínuas, seria para sempre descartada.
No dia seguinte o Hamas declarou que cortava naquele dia as discussões com o primeiro ministro Mahmoud Abbas "por não defender os interesses palestinos e em vez disso obtemperar". E por causa da falta de confiança, revogava a promessa de interrupção das ações militares contra Israel.
O primeiro ministro Mahmoud Abbas desesperou, incorporou de novo sua identidade Abu Mazem, de militante do Fatah, de companheiro de Arafat na OLP - enfim, de tudo do qual se afastava para caber na nova casaca de promessas ilusórias - para explicar que não estava cedendo e sim ponderando para conseguir a paz.
"Não ao preço da liberdade, autonomia e um Estado", disseram as vozes dissidentes inconformadas com a Nação retalhada.

O Hamas quebrou o cessar-fogo no dia 09, em palavras.
Em atos, foi o Shin Bet e a IDF que o quebraram de fato. No dia 10. Quando Israel atacou Gaza com a intenção declarada de assassinar Abdel Aziz al-Rantissi, líder e co-fundador do Hamas.
Um Apache lançou mísseis no carro que transportava Rantissi causando grande estrago.
Ele sobreviveu com ferimentos leves, um de seus guarda-costas e uma passante morreram no ato.
Seu filho foi ferido junto com 25 pessoas que estavam nas imediações sofreram ferimentos mais ou menos graves.
O Embaixador (Observador) palestino na ONU, entregou ao Secretário Geral uma carta (anexada abaixo), mas ela foi arquivada sem a mídia divulgá-la.
Todavia, a operação da IDF surtiu o efeito de provocar a reação esperada.

No dia seguinte, no dia 11, um bomba-suicida explodiu na Jerusalém Ocidental ocupada levando consigo 16 pessoas.
Aí o Hamas foi acusado de quebrar o cessar-fogo. O ataque da IDF que Gaza sofreu na véspera não foi relevado.
Mais uma vez a mídia engoliu os comunicados de imprensa de Tel Aviv e a "má-vontade" foi posta nas costas dos resistentes.
Enquanto a IDF batia e escondia o braço o Hamas, no dia 12, assumiu o atentado. E a Organização aconselhou os estrangeiros a deixarem Israel se quisessem estar a salvo. Pois os atentados continuariam até que fossem propostas negociações aceitáveis e que Israel parasse de demolir suas residências e bombardeá-los, disse um dos dirigentes.
No dia 13, o governo de Israel prometeu uma "war to the bitter end" contra o Hamas.
Porém, uma pesquisa de opinião demonstrou que a maioria dos israelenses condenava as operações de assassinato dos militantes palestinos, inclusive do Hamas.

Enquanto Ariel Sharon continuava procurando um jeito de livrar-se de Yasser Arafat, grupos palestinos de resistência se reuniram sob mediação egípcia para pesar um cessar-fogo a fim de dar uma chance às negociações.
No dia 16, declararam a meia-voz que concordavam.
Porém, após toda a dificuldade de alcançarem um denominador comum entre as facções extremistas e moderadas, um dos israelenses que participavam das negociações tripartite jogou-lhes um balde de água gelada.
Era um general da IDF. Declarou-se contrário a qualquer trégua temporária com o Hamas, pois "iria contra os esforços do Road Map para a paz" patrocinado pelos EUA.
Passando ao ato e desconsiderando o esforço de trégua que os resistentes palestinos faziam, no dia 25 a IDF assassinou dois militantes do Hamas na Faixa de Gaza. Justamente quando Mahmoud Abbas se esforçava para incrementar um plano de paz.
Apesar disso, Yasser Arafat, nos bastidores, tentava acalmar o Hamas e até declarou, no dia 26, a manutenção da hudna. Trégua precária e unilateral.
No dia seguinte a IDF assassinou mais três militantes do Hamas e um rapaz que passava por lá. "Efeito colateral".
Na de bater e soprar, Israel permitiu que os palestinos recuperassem o controle da estrada principal da Faixa de Gaza. Fazia 30 meses que durava o bloqueio.
A possibilidade de usar a estrada por mais de dois anos interditada aos nativos devolveu um sorriso esperançoso aos lábios dos gazauís. Mas o Hamas queria também que os assassinatos parassem. Se eles não tivessem sossego, os israelenses também viveriam em sobressalto. Era o que transpirava.
Apesar das provocações não pararem, Yasser Arafat conseguiria, do seu lado, manter a hudna durante sete semanas.

No dia dois de julho, dando seguimento à mão estendida, a IDF retirou suas tropas de Belém, na Cisjordânia, a fim de facilitar as negociações.
No dia 04, os palestinos insistiram na libertação das centenas de prisioneiros políticos detidos em Israel, argumentando que este passo era vital para o sucesso de um plano de paz.
No dia 29, o chefe da IDF declarou que temia que a trégua palestina não durasse e conseguiu semear dúvida ca cabeça dos estrangeiros.
Sentindo o perigo da estratégia de cutucar o Hamas com vara curta, Yasser Arafat pressionou Mahmoud Abbas para que instasse os Estados Unidos a convencer Tel Aviv a implementarum plano de paz de verdade, em vez de pôr lenha na fogueira.
Estava cada vez mais difícil para Yasser Arafat acalmar os ânimos dos mais exaltados que desconfiavam das intenções de Ariel Sharon. E sobretudo dos que viam o Road Map para a paz como uma tentativa disfarçada de ocupação permanente legalizada.
O traçado do Plano do quarteto parecia aos palestinos e a observadores das ONGs humanitárias longe do plano bem intencionado de proporcionar aos palestinos a emancipação que almejavam desde a Naqba.
Desde a planta que as estradas do Road Map pareciam intrincadas e esburacadas.


"In less than a week’s time since the convening of the Summit at Aqaba, Jordan, concerning implementation of the Quartet’s road map, the Israeli occupying forces have committed two more extrajudicial executions. While efforts are being exerted to bring a halt to the cycle of violence and the grave deterioration of the situation on the ground in the Occupied Palestinian Territory, Israel, the occupying Power, has chosen instead to continue committing war crimes, State terrorism and systematic human rights violations against the Palestinian people. The ongoing military assaults, the extensive destruction and home demolitions as well as the assassination attempts being carried out by the Israeli occupying forces are seriously undermining the current peace initiative and the efforts of the Palestinian Authority to uphold its obligations as defined by the road map. In fact, since my last letter to you, the Israeli occupying forces have killed at least 41 Palestinians, 15 of them killed in just the past six days since the Summit. Just today, the Israeli occupying forces attempted to kill one of the political leaders of the Palestinian group Hamas, Abdel Aziz Al-Rantisi, in a helicopter gunship missile attack in Gaza City. In that attack, two Israeli helicopter ships fired missiles targeting a jeep in which Dr. Rantisi was travelling. The gunships fired a total of seven missiles in the attack, which killed two people, a bodyguard of Dr. Rantisi and a woman who was walking nearby, and wounded at least 25 others, including Dr. Rantisi and his teenage son. Israeli officials have acknowledged that Dr. Rantisi was indeed the target of this attack, making it the second extrajudicial killing operation carried out by the Israeli occupying forces in less than a week. This was preceded by the extrajudicial killings of two Palestinian men, Adel Mohammed Hadaiydeh and Hani Ahmed Kharyoush, in Tulkarem on 5 June 2003, the very next day after the Summit.
At the same time, on 5 June, the Palestinian people somberly marked the thirty-sixth anniversary of Israel’s occupation of the West Bank, including East Jerusalem, and the Gaza Strip in June of 1967. For 36 years the Palestinian people have been living under this brutal and bloody military occupation of their land, suffering innumerable hardships and violations of their human rights at the hands of the occupying Power. Throughout these nearly four decades, Israel, the occupying Power, has committed countless violations of international humanitarian law, including the Fourth Geneva Convention relative to the Protection of Civilian Persons in Time of War, inflicting mounting losses upon the Palestinian people, inter alia, killing and wounding them, imprisoning, detaining and torturing them, confiscating and colonizing their land, destroying their homes and properties, exploiting their natural resources, devastating their livelihoods and subjecting them to constant restrictions on their movement and harassment and humiliation.
Over the years, any and all efforts to address the situation and bring an end to the Israeli occupation have been undermined by Israel’s intransigence and relentless pursuit of illegal policies and practices against the Palestinian people. Israeli actions during the past week since the Summit at Aqaba have been no exception. Indeed, in the days leading up to the Summit and thereafter, Israeli occupying forces continued to kill, abduct and detain Palestinians and to destroy properties and demolish homes. Moreover, the illegal Israeli settlers in the Occupied Palestinian Territory, including East Jerusalem, have continued to harass the Palestinian people, commit acts of violence against them and steal Palestinian land. In fact, while the Israeli occupying forces began dismantling some of the “unauthorized settlement outposts” this week, as called for by the road map, Israeli settlers began rebuilding an outpost that had been dismantled and settler leaders declared their intentions to “do everything we can to torpedo, obstruct and to prolong” this process.
The international community must condemn and reject any such Israeli actions aimed at undermining or sabotaging the peace process. Israel, the occupying Power, must adhere to international law, including international humanitarian law, and must take serious measures to implement the relevant provisions of the road map towards creating a qualitative change in the situation on the ground and the living conditions of the Palestinian people in the Occupied Palestinian Territory and promoting an environment conducive to the success of the current peace initiative.
This letter is in follow-up to our previous 165 letters to you regarding the ongoing crisis in the Occupied Palestinian Territory, including East Jerusalem, since 28 September 2000. These letters, dated from 29 September 2000 (A/55/432-S/2000/921) to 16 May 2003 (A/ES-10/226-S/2003/548), constitute a basic record of the crimes committed by the Israeli occupying forces against the Palestinian people since September 2000. For all of these war crimes, State terrorism and systematic human rights violations committed against the Palestinian people, Israel, the occupying Power, must be held accountable and the Perpetrators must be brought to justice.
Accordingly, in follow-up to the above-mentioned letters, it is my deep regret to inform you that, since my last letter, at least 41 Palestinians, including children, have been killed by the Israeli occupying forces, raising the total number of martyrs to 2,440 Palestinians. (The names of the martyrs that have been identified thus far are contained in the annex to the present letter.)
I would be grateful if you would arrange to have the present letter and its annex distributed as a document of the tenth emergency special session of the General Assembly, under agenda item 5, and of the Security Council."
Nasser Al-Kidwa, Embaixador da Palestina na ONU.
Carta enviada no dia 10 de junho de 2003 ao Secretário Geral das Nações Unidas.
Lista das vítimas:
Saturday, 17 May 2003: 1. Khaled Ibrahim Suleiman Alzaq, 2. Taher Mahmoud Abdo;
Sunday, 18 May 2003: 1. Ali Mohammed Abu Namoos (18 years old), 2. Khaled Ziad Nasr (13 years old), 3. Mustafa Said Nizal;
Wednesday, 21 May 2003: 1. Ramez Ayed Khalil Arar (17 years old), 2. Rasmiya Hamadallah Arar (38-year-old mother of 8 children);
Saturday, 24 May 2003: 1. Ghasan Mohammed Abu Sharkh, 2. Hamdi Attiyeh Abu Khooseh;
Monday, 26 May 2003: 1. Rafik Joma’an Al-Bansh, 2. Tamer Nizar Fathi Arar (11 years old);
Tuesday, 27 May 2003: 1. Mohammed Nasim Amin Awad (16 years old), 2. Kamal Amjad Nawahdeh (14 years old);
Wednesday, 28 May 2003: 1. Mohammed Shaher Kayed Tameezi, 2. Mohammed Fathi Hassan Ziad;
Thursday, 29 May 2003: 1. Mohammed Jihad Al-Qudrah, 2. Saned Mohammed Fahmawi (18 years old), 3. Mohammed Abed Bu Sibitan (16 years old);
Friday, 30 May 2003: 1. Ahmed Khaled Jad Al-Haq;
Saturday, 31 May 2003 1. Sami Adel Abu Ali (died from wounds sustained on 25 May), 2. Mohammed Abdelkarim Hamamreh, 3. Hisham Ibrahim Tafesh (17 years old) (died from wounds sustained on 29 May);
Monday, 2 June 2003: 1. Mahmoud Ahmed Abu Omreh;
Tuesday, 3 June 2003: 1. Amir Khalil Abdellatif (17 years old) (died from wounds sustained on 22 May), 2. Salem Suleiman Abdelmasdr (died from wounds sustained on 6 April), 3. Nasser Abdelqader Bakr;
Thursday, 5 June 2003: 1. Ibrahim Abdelfatah Abu Wahid (15 years old), 2. Adel Mohammed Hadaiydeh, 3. Hani Ahmed Kharyoush, 4. Mohammed Mohammed Hassan Haniyeh;
Saturday, 7 June 2003: 1. Ala’a Abdelmuneim Al-Fakhouri, 2. Waleed Hijazi Abeedo;
Tuesday, 10 June 2003: 1. Imad Rasheed Al-Sheikh Ibrahim, 2. Mohammed Muin Al-Askafi, 3. Tarik Adel Al-Masri, 4. Khadra Yussef Abu Hamada, 5. Mustafa Abdelrihim Saleh, 6. Jasser Jabr Hassanein, 7. Hamouda Faraj Abed Rabbo, 8. Mohammed Fayez Ahmed Abed Rabbo, 9. Mariam Rajab Ibrahim Abed Rabbo (6 years old).
The total number of Palestinian killed by Israeli occupying forces since 28 September 2000 is 2,440.


15 de maio - 65 anos de NAQBA:
http://mariangelaberquo.blogspot.fr/2011/05/naqba-catastrofe.html
Reservista da IDF, Forças israelenses de ocupação, Breaking the Silence
When there’s a "disturbance of the peace" the unit commander is authorized to ask the battalion commander for permission to shoot the leader in the leg.
What is a leader?
These are kids. Everyone participating is a kid. No older than 16. At most, 18. Usually when we come in, they don’t go to school. We’re the attraction and they come out to 'play'. I even remember once we put on music for them through some cellular phone.
We also got used to this. We were relatively sane, took things fairly in proportion.
We’d get… cement blocks and crazy things thrown at our vehicle and you… at first you use some rubber ammo and then realize, it’s silly. Once... there’s this PA system we have (a sound system for addressing a large public), so we put on music from a cell phone and everyone started dancing.
The kids?
Yes, it was huge. We put on music and suddenly they all stopped throwing stones and began to dance. It was eastern music so they were dancing with their hands. 
Then the song ended and they went on throwing stones. It was really serious. You realize who you’re dealing with here. These are kids. Chances are I’d do exactly as they do if I were in their shoes. There was a case of a unit commander who decided to shoot a guy in the leg because he runs the show, and it happened.
Live ammunition?
Yes. Live, not rubber. You know, from the point of view of the commander, they would have stopped throwing anyway.
When you begin getting hit with stones, you get out of the jeep?
No.
You shoot the rubber ammo from inside the jeep?
You shoot through the loophole.
Where do you aim? Do you choose some kid at random?
Yes. Choose someone, aim at his body.
Body?
Center of mass.
10 meters' range at the center of mass?
I remember one time we put a kid down. We didn’t kill him but someone hit the kid in the chest and he fell and probably lost consciousness, or at least, it was pretty close. About 10 meters'.
Were you instructed as to how to use rubber ammo?
No. It’s like… There are rules. They tell you to shoot four. There’s this cluster of rubber bullets, pieces with four parts, packed in a kind of nylon. You can break it in two, so it’s stronger and flies further. As soon as it’s four it’s less strong and flies less far. We’d usually break it in half.
Is this something you were told to do? That if you want to achieve a longer range you break it in half?
No, we figured it out ourselves. It’s something that’s common knowledge in the army. People know about this. It’s not… When you use a weapon, you get to know it pretty well, I guess.
Just so you know, as soon as this pack is broken in half, it becomes lethal.
Really? Well, that’s what we did.
We did, too. As soon as the 'tampons' are separated, they’re lethal. The nylon must not be removed.
Not removed?!
No. We barely fired a whole cluster, I mean four. It’s like you want to save ammo, too."
Unidade militar: Paratroopers Brigade. First Sergeant. Nablus 2006-2007

Reservista da IDF Breaking the Silence - 2


Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/


domingo, 5 de maio de 2013

Bush-Obama, Iraque-Síria, e a hi/estória de armas químicas



Israel bombardeou a Síria, em território desta, na semana passada. 
O comunicado israelense disse que era para bloquear um comboio de armas para o Hezbollah.
Nenhuma palavra sobre o bombardeio de domingo, testemunhado por moradores de Damasco.
Em janeiro a IDF já se dera ao direito de invadir o espaço aéreo sírio para bombardear o mesmo local - o centro de pesquisas de Jamraya.
A provocação israelense é clara, espera que Assad revide e dê motivos para a IDF usar seu arsenal e começar uma Guerra Mundial a partir do Oriente Médio. 
Acho que todo mundo no Planeta entendeu que faz meses que Obama prepara o terreno para convencer os estadunidenses incautos e estrangeiros com memória falha que Bashar el-Assad usou arma química na Síria.
Na guerra paralela da contra-informação, da "Inteligência" burra, era de se esperar que acabasse chegando ao ponto de afirmar "com certeza" que Assad está usando armas químicas em seus compatriotas.
Quem viu as armas serem usadas?
Quem viu vítimas sem ser em fotos facilmente adulteradas?
Daqui a pouco completa dois anos que começou a revolta. Que aos poucos se transformou em guerra civil do governo contra várias facções rebeldes díspares e disparates, salafistas integristas, estrangeiros extremistas. 
Hoje, no terreno, a população não sabe quem é o Mocinho quem é o Bandido. Só sabe na última hora, quando sobrevive a uma passagem de tropas "rebeldes" ou regulares e as mulheres da casa não são estupradas.
Já se viu armas leves, pesadas, facões, facas, tanques, helicópteros, mas armas químicas só se ouviu falar de casos isolados do uso do gás sarim, em curta escala, em Aleppo, Homs e Damasco.
Mas não se sabe de onde vem e nem por quem foi usado.

 Só em Israel e nos Eua onde o boato foi espalhado é que "têm certeza" que armas químicas estão sendo usadas.
O fato é que acabaram entendendo que não há fim à vista deste conflito que começou há dois anos e cuja estimativa de mortos já está em 70 mil - número fornecido pela ONU sem nenhuma prova concreta possível do número exato. 
Estima-se também que 3 milhões de sírios estejam ao Deus dará e cerca de um milhão tenha escapado para Turquia, Líbano e Jordânia.
Além da perda de vidas, que é certamente grande, mas impossível de ser calculada no caos atual, há a perda material, que esta sim é visível por toda parte.
A Economia e a infraestrutura do país sofreram um colapso claro.
Em 2010 o PIB da Síria era avaliado a US$57.5 bilhões. Hoje caiu abaixo de US$30b. A libra síria (LS) perdeu a metade do valor. Trocava-se LS47 por um dólar. Hoje troca-se por LS85 no mercado oficial e bem acima de 95 no mercado negro.
E o desmoronamento da arquitetura antiga e dos domicílios é de cortar o coração, em um país tão bonito.
Mas arma química...
O que se ouviu foi a "fiável" "Inteligência Militar" de Israel - que vive contando estórias pra boi dormir e fazendo horrores na Palestina - dizer que o Exército de Bashar el-Assad usou ou talvez tenha usado ou teria usado ou talvez use armas químicas.
Que atualmente são protegidas hermeticamente e por um batalhão de soldados para que não caiam em mãos erradas. Que é preocupação constante de Assad.  
Portanto, nada concreto em escala suspeitável, mas "suspeitas" que Netanyahu adoraria transformar em realidade.  
O que se viu foi o Ministro da Defesa dos EUA Chuck Hagel em Tel Aviv prometendo um suplemento de armamento pesado - além das mais de 200 bombas nucleares que Israel possui por fabricação própria e os US$3 bilhões anuais que recebe para usar nos territórios palestinos ocupados - e trocando figurinhas sobre a "Inteligência" (Serviço Secreto) israelense no uso provável-possível-desejado de armas químicas na Síria.
Aí Chuck Hagel voltou para Washington alimentado de conjeturas pontuadas de pontos de exclamação no lugar de pontos de interrogação e da lenga lenga perisoga.
Foi à Casa Branca e repetiu as palavras, com vírgulas, ao "most powerful man of the world" (como dizem em Hollywood).
Deve ter sido convincente na pontuação e nos tempos verbais usados inadequadamente. Pois o "Chief of the Free World", hoje, Barack Obama (que sabe quão pouco fiável é o Primeiro Ministro de Israel) diz para o Congresso dos Estados Unidos (de cuja autoriação precisa para lançar suas bombas) que a Inteligência dos EUA (talvez as mesmas de Israel já que normalmente trabalham de mãos dadas) têm "varying degrees of confidence" nesta informação de armas químicas.
Aí a senadora Dianne Feinstein, chefe da Comissão de Inteligência do Senado, entrou em cena.
Um parênteses sobre esta mulher e sua história de amor cego sionista. Ela ousou defender Israel até em 1996, logo depois da IDF ter massacrado 105 crianças em Qana, no Líbano.
Pois bem, foi esta fã de Israel que anunciou sobre a Síria que "it is clear that red lines have been crossed and action must be taken to prevent larger-scale use".
Terreno preparado, a Casa Branca solta a famosa frase que vem repetindo intermitentemente em sua richa com o Irã: "All options are on the table."
Em um mundo em que as pessoas tivessem memória, em que se pensasse em vez de acreditar em estórias mal contadas, em que se separasse o joio do trigo e os boatos da realidade, na mesma hora em que se ouvisse Obama falar com a seriedade convincente que o caracteriza (mas que não significa segurança no taco e sim anos de treinamento político) quem viu e ouviu sua fala teria dito "Peraí!"
"Parece que foi isso mesmo que ouvi em 2002 e em janeiro e fevereiro de 2003 até o bombardeio do Iraque no dia 20 de março!"
"Peralá, cara! Antes de bombardear um país soberano cheio de gente dentro e ruínas milenares insusbstituíveis - como fez com as da antiga Mesopotâmia - me mostra aí direitinho vítimas e testemunhas do uso dessas armas químicas para eu acreditar e me explica tintim por tintim o que pretende fazer e quais serão os resultados!"
Mas não.
Embora há meses Obama venha preparando o terreno dizendo à imprensa que "the use of chemical weapons in Syria would be a game changer", a notícia do possível uso de armas químicas foi veiculada pela maioria dos jornalistas sem o sinal de "Aviso: Perigo!"
Aliás, cada vez que Obama repetia e repete esta expressão "game changer" quando se refere aos horrores que estão acontecendo na Síria, me arrepio de indignação com a leviandade frívola da ladainha.
É claro que é melhor ouvir os EUA usarem pelo menos uma palavra que demonstre o que para eles "guerra" significa.
É um game".
Assim banalizam ataques em que pessoas de carne e osso morrem, outras tantas ficam aleijadas, amputadas, traumatizadas, desalojadas, miseráveis humana e materialmente. 
É um game. Um jogo. Um jogo de disparidade astronômica de capacidade dos times e dos jogadores. 
Como se a Seleção de 70 "enfrentasse" um adversário que é lanterninha da Terceira Divisão de um país cujo time nacional nem sonha com um lugar na Copa do Mundo.
A hipocria reina e revolta quem pensa.

Se um jornalista sério for à Síria e perguntar para um agente de Inteligência (sim, eles também têm, e pensam!) se estão usando ou pensam em usar armas químicas, e o agente tiver confiança na integridade do jornalista e estiver à vontade para responder, ele vai dizer o seguinte: "If Syria can cause infinitely worse damage with its MiG bombers (que está usando efetivamente) why would it want to use chemicals?"
E eu acrescento o seguinte, já que tanto Assad quanto seus inimigos têm sido acusados de usar este mesmo tipo de bombas, por que Chuck Hagel não teme os "rebeldes" como teme a ditadura de Assad?
Quem lhe garante que conseguirá controlar estes milhares de pára-militares locais e estrangeiros armados até os dentes de armamento leve e pesado?
Pois vira e mexe Tel Aviv e Washington repetem a mesma lenga lenga infantil: "we fear that the chemical weapons fall into the wrong hands".
Ou seja, nas mãos erradas dos "rebeldes", sobretudo os salafistas, que eles mesmos vêm apoiano junto com os europeus.
É ou não surreal?!

Uma notícia exata é que três crianças sírias foram levadas para um hospital em Trípoli, no norte do Líbano, com queimaduras doloridas no corpo.
Este tipo de ferimento não é estranho a quem cobre guerras sujas ou durty games, se preferir a terminologia gringa.
É o resultado de bomba a Fósforo, proibida pelas leis internacionais e usada bastante por Israel e pelos Estados Unidos de vez em quando.
Isto sim, deveria ser uma preocupação. Que Assad esteja usando esta bomba suja que causa danos na hora e anos após se jogada.
O mesmo tipo de bomba proibida que os Estados Unidos usaram sem vergonha em Fallujah (foto ao lado), no Iraque. Onde, diga-se de passagem, tem havido um número assustador de recém-nascidos com defeitos físicos. Embora as bombas tenham sido jogadas anos atrás.
Portanto, sobre isso Israel e os Estados Unidos nem piam. Quem tem telhado de vidro...
Outro argumento verdadeiro que poderiam usar contra Assad também é a tortura impiedosa praticada nas masmorras de Damasco.
Mas aí também os EUA têm de calar-se e se fazerem de desentendidos. 
Ora, dez anos atrás, em plena aplicação do projeto Rendition, ou seja, em que a CIA sequestrava cidadãos estrangeiros pelo mundo afora para interrogá-los em Guantánamo e em centros de detenções estrangeiros, um destes centros de detenção ficava onde mesmo?
Em Damasco. Onde vários inocentes foram parar para serem horrivelmente torturados. Inclusive um canadense.
De hiprocrisia, basta.
Espero que qualquer que seja o plano arquitetado pela dupla dinâmica Israel-EUA para invadir a Síria, a ONU desta vez não permita o bombardeio de Damasco como cruzou os braços quando os EUA e a GB bombardearam Bagdá com argumentos falsos.
O problema sírio é doméstico. A solução na Síria só pode ser diplomática.
A ONU deveria intervir militarmente é na Palestina a fim de impedir a limpeza étnica que Israel há anos pratica em toda impunidade.
Mas disso ninguém fala. Ninguém cogita, pois o "chief of the free world" vetaria de novo.
Em Israel ninguém tasca.
Mas na Síria, fiquem à vontade.
É a valsa da hipocrisia pragmática.


O célebre cosmologista britânico Stephen Hawking acabou de aderir ao boicote de Israel.
Cancelou sua participação em junho em uma conferência organizada pelo presidente israelense Shimon Peres.
A Universidade de Cambridge onde Hawking é professor primeiro deu a desculpa que era por motivos de saúde, mas o cientista fez questão de precisar que era um boicote contra a ocupação da Palestina.
Há duas semanas foi o escritor escocês Iain Banks que aderiu ao boicote mandando sua editora tirar seus livros das prateleiras de todas as livrarias de Israel.
Antes deles cantores como Elvis Costello, Santana, Steve Wonder, os atores Meg Ryan e Dustin Hoffman e outros já haviam cancelado viagens a Tel Aviv.
Sem contar o líder do Pink Floyd Roger Waters. Que até compôs a música abaixo contra a ocupação e a concentração do milhão e meio de palestinos cercados de muros e arames farpados na Faixa de Gaza, privados de gêneros de primeira necessidade.
LOWKEY