domingo, 27 de abril de 2014

Fatah & Hamas fazem as pazes; Israel bombardeia


Fazia meses que conversas informais se seguiam, mas a reconciliação entre o Fatah e o Hamas foi agilizada em abril de 2014. Mês histórico. Desde o dia 23 em que o pacto foi assinado que o processo está sendo efetivado dia a dia com o objetivo de formar um governo com ministros dos dois partidos. Este governo pluripartidário conforme o desejo dos palestinos que assim votaram em 2006 será um governo transitório até o novo pleito no qual Marwan Barghouti, ainda preso, terá certamente voz bastante ativa.
A Palestina estava partida, além de geograficamente, políticamente desde 2006 quando da vitória do Hamas nas eleições legislativas. Na época o presidente Mahmoud Abbas (Abu Mazen) cedeu às pressões sufocantes de Israel e dos EUA e declarou guerra aos seus compatriotas do Hamas apostando na promessa de paz e soberania que os estrangeiros lhe ofereciam. Deu com os burros n'água.
A divisão foi sangrenta e radical. Briga fratricida que dividiu famílias e enfraqueceu a causa comum de obter um Estado soberano uno, ao contrário do que havia sido prometido a Abbas.
Mas como Deus age certo por linhas tortas, a re-união do Fatah e do Hamas aconteceu por razões externas contingentes que tinham o propósito totalmente distinto da volta dos filhos pródigos ao lar da mãe Palestina.
A intenção de Israel com seus ardis para levar vantagem com a cumplicidade dos Estados Unidos e do Egito era aniquilar a determinação de ambos partidos e não de promover esta aproximação que os deixa esperneando como cirança mimada que não está acostumada a ser contrariada.

Tudo começou com as demandas israelenses impossíveis durante as tais Peace Talks - Deixar as colônias e aumentá-las em vez de pô-las abaixo? Como assim! Além do mais, prometeram, prometeram, inclusive soltar prisioneiros políticos e roeram a corda na última hora, como era de se esperar. Ou melhor, só John Kerry esperava que cumprissem a palavra. Como se o governo israelense tivesse alguma integridade e há décadas não fizesse barbaridades para derrubar obstáculos legais e morais à sua expansão territorial. A Casa Branca é desmemoriada.
Do lado do Fatah, a gota d'água foi a recusa israelense de soltar (apenas) 26 prisioneiros políticos que prometera.
Do lado do Hamas, foi a asfixia a que o ditador do Egito sob as ordens de Washington e Tel Aviv condenou a Faixa de Gaza desde o ano passado (Blog .
O general Sissi procedeu a uma caça às bruxas dos palestinos refugiados no Egito com a qual nem Mubarak havia concordado em seu regime. Os túneis foram sistematicamente destruídos e a Faixa, sem este comércio "clandestino" ficou à míngua. Literalmente. E o Hamas cortado de seus simpatizantes, de seus militantes externos, enfim, do resto do mundo.
"The court [Supremo Tribunal egípcio] has ordered the banning of Hamas work and activities in Egypt," disse um dos juízes na época pedindo anonimato.
Israel apostava em um rompante do Hamas que justificasse uma outra leva de bombardeios maciços. Entretanto, em vez de apelar para a ignorância das armas como Israel faz todo dia no terreno na Cisjordânia e do ar quase todas as semanas na Faixa, a liderança do Hamas pôs a cabeça pra funcionar e resolveu aceitar a mão que o Fatah vem estendendo há seis meses. Mas só depois de Abu Mazen criar vergonha na cara, abandonar as negociações que legitimizam as demandas impossíveis de Israel e obter a adesão a todos os organismos internacionais que permitem que a Palestina vire paulatinamente uma Nação.
Mahmoud Abbas fez demanda inclusive da Convenção de Genebra que legisla sobre as leis de guerra.
Treze das Convenções e Tratados abaixo foram entregues à Organização das Nações Unidas, um em Genebra e outra na Holanda.
The Fourth Geneva Conventions do dia 12 de agosto de 1949 e o Primeiro Protocolo Adicional
The International Convention sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid
The International Covenant sobre os Direitos Cívicos e Políticos
The International Covenant sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
The Convention sobre os Direitos da Criança e o Protocolo Opcional à Convenção dos Direitos da Criança (envolvimento de criança em conflito armado)
The Convention contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Punições Crueis, Desumanas ou Degradantes
The Convention sobre a Prevenção e Punição de Crime de Genocídio
The UN Convention contra a Corrupção
The Vienna Convention de Relações Diplomáticas
The Vienna Convention sobre Serviços Consulares
The Convention de Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
The Hague Convention (IV) respectiva às Leis e Costumes de Guerra no tocante à terra e seus anexos que regulamentam Leis e Costumes de guerra e território
The Convention sobre os Direitos dos Deficientes Físicos e Mentais
The Vienna Convention na Lei de Tratados
The International Convention sobre a Eliminação de Todas as formas de Discriminação Racial.
Os 15 Tratados e Convenções reforçam a construção de instituições sólidas na Palestina.
Mahmoud Abbas foi recebido pelo secretário geral Ban Ki-Moon no dia 10 de abril para oficializar tudo e no dia 11 o Secretário Geral tinha informado as 193 Nações Unidas que os registros haviam sido feitos "in due and proper form".

Randa Siniora, Diretora Geral da Comissão Independente de Direitos Humanos  (ICHR) na Palestina, explicou que "We [Palestinians] have not only signed these [agreements], but we have become officially bound by them now. We must ensure compliance with their clauses and must report back regularly to the overseeing bodies. We welcome this step, but it needs to be translated on the ground and it entails a lot of work."
"The issue is how to implement these treaties with the absence of the Palestinian Legislative Council," acrescentou Randa referindo-se ao fato do Parlamento Palestino (Palestinian parliament - PLC) estar paralisado desde 2007 quando Israel sequestrou e prendeu muitos deputados, e também por causa das divisões internas que desde o dia 23 estão sendo remendadas. Ou melhor, segundo os participantes de ambos os lados, devidamente costuradas com linha robusta, duradoura e solidária. 
Várias mudanças são necessárias para a implementação dos Tratados. Mas considerando que o PLC está extinto, de imediato será preciso um decreto presidencial para estatuar que os instrumentos internacionais suplantam a legislação nacional.
Porém, nenhuma das Convenções terá impacto imediato direto em Israel nem na ocupação. Para isso a Palestina tem de ratificar o Estatuto de Roma e outras Convenções que permitam que processem Israel por seus crimes de guerra e de ocupação.
A Palestine Liberation Organization (PLO) - Organização pela Libertação da Palestina - OLP, responsável pelas negociações e assinatura de Acordos com Israel disse que recorreu às instâncias internacionais, embora tivesse se comprometido a não tomar nenhuma iniciativa unilateral, porque Israel não cumpriu a palavra de libertar os prisioneiros combinados e por sentir que as negociações haviam voltado ao impasse.
A adesão aos Tratados é apenas uma proteção e "does not mean that [the] negotiations process is over. Indeed, the PLO remains committed to this nine-month process [of talks], which ends on April 29".

Estava, já que os Estados Unidos ficaram despeitados e decidiram parar as tais Peace Talks.
O interessante é que a maioria dos 26 prisioneiros a serem soltos no fim de março (parte de um acordo de libertação de mais de uma centena) são palestinos cidadãos de Israel.
Binyamin Netanyahu, como sempre, culpou os palestinos pela crise e disse que "the PA was quick to unilaterally request to join the treaties, and had substantially violated the understandings that were reached with American involvement". A última frase foi para liberar os estadunidenses de sua mediação partidária.
Esqueceu de mencionar que Tel Aviv gelou em seus bancos os impostos de renda e alfandegários coletados em uma contravenção flagrante do Proctocolo de Paris que Isarael assinou em 1994 com a OLP. Ato que Sa'eb Erekat, o negociador palestino oficial, chamou, sem papas na língua, de "piracy" e "theft".
E Israel é recidivista. Há pouco tempo, em 2012, procedeu à mesma pirataria quando os palestinos conseguiram ser recebidos na ONU como non-member state.
No ano anterior fizera o mesmo quando a UNESCO acolheu a Palestina em seu seio parisiense.
Em 2008, também atrasou bastante a transferência de fundos após o ex-primeiro ministro Salam Fayyed pedir para a União Europeia e a Organisation for Economic Cooperation and Development (OECD) não estreitarem suas relações com Israel.
Esta chantagem financeira de Israel com a Autoridade Palestina já virou corriqueira, pois Tel Aviv sabe que este terrorismo financeiro não tem nenhuma consequência. Para eles. Se fosse outro país, sanções e reclamações teriam chovido copiosamente; e se fosse outro país que estivesse ocupando outro durante tanto tempo, a OTAM já o teria bombardeado várias vezes e os soldados da ONU já estariam nas fronteiras para estabelecer a lei internacional. Porém, ...   
Os palestinos andam dizendo que Israel está usando esta última leva de prisioneiros a serem libertados (centenas mais continuarão detidos de qualquer jeito por tempo indeterminado) para extrarir mais concessões. "Israel has refused to release the last tranche because they wanted a trade-off. Sometimes it's 'prisoners for [more] settlements'; now it's 'prisoners for talks' and recently it's been 'prisoners for [incarcerated US spy Jonathan] Pollard'. They want to use the last group [of prisoners] for blackmail."
E quem vive sequestrando gente, terra, água e dinheiro, está acostumado a fazer chantagem e acha que é um processo normal. Como os bandidos que no Brasil fazer os tais sequestros relâmpagos como se fossem a um caixa eletrônico sacar dinheiro deles e não alheio e como se aterrorizar a vítima não fosse um ato de covardia e sim um passeio.

Enquanto isso em Jerusalém grupos ultra-sionistas que há meses vêm ganhando terreno no complexo Al-Haram al-Sharif  - "Esplanada das mesquitas", em árabe, (que abriga a mesquita al-Aqsa construída sobre uma rocha - daí o nome Cúpula da Rocha dado por Israel - em que supõe-se eram realizados sacrifícios contra os quais Jesus se rebelou e que foram extintos com o cristianismo), ocuparam o recinto sob as barbas dos soldados da IDF indignando até o rei da Jordânia, que é normalmente passivo no que se relaciona à ocupação - promesse feita aos Estados Unidos com quem seu país tem estreitas relações.
Só pra lembrar, estima-se a fundação de Jerusalém a 4.000 anos Antes de Cristo. É importante para as três religiões monoteístas: Judaismo, Cristianismo e Islamismo. Atualmente a cidade antiga é dividida em quatro bairros (cristão, armênio, judeu, muçulmano) e é cercada de um muro com onze portões dos quais apenas sete continuam acessíveis.
Dentro da cidade há um grande complexo que desde 691 DC abriga a mesquita e dependências consideradas o terceiro lugar sagrado islâmico. Antes da invasão Otomana era um complexo cristão com uma basílica dedicada a Nossa Senhora, escola e hospital, como todas as contruções cristãs tradicionais. E antes disso foi o templo isaelita do rei Herodes (construído nas ruínas do templo de Salomão) destruído pelos romanos no fim do I° Século da era cristã.
De vez em quando Israel, aleatoriamente, só admite a entrada na mesquita de homens de menos de 50 ou 40 anos.
O pátio do complexo é aberto a visita de pessoas de todas as religiões. Entretanto, há uma parte reservada apenas aos cultos muçulmanos. É lá que grupos sionistas de extrema-direita têm penetrado sem consideração.
Aliás, há poucas semanas um funcionário da União Europeia alertou para os problemas vindouros em um relatório interno que vazou na imprensa israelense. "There remains a significant risk that incidents at this highly sensitive site, or perceived threats to the status quo, may spark extreme reactions locally as well as across the Arab and Muslim world."
O rei da Jordânia interveio talvez para evitar que Israel imponha uma divisão de controle do complexo al-Haram al-Sharif e exija acesso a judeus no recinto sagrado. Possibilidade real e que incendiaria os países árabes. Pois seria um repeteco do que aconteceu em Hebron com a tomada da mesquita Ibrahimi e a ocupação israelense do que os judeus chamam de Túmulo dos Patriarcas. Lugar em que no dia 25 de fevereiro de 1994 o terrorista sionista Baruch Goldstein matou 29 palestinos e feriu 125 que estavam orando.
O rei da Jordânia não está nada satisfeito com as manobras israelenses e já reclamou em altos brados por vias diplomáticas das "grave violations of international and humanitarian law, as well as a threat to the peace agreement between Jordan and Israel." Ora, a Jordânia tem um acordo com a Autoridade Palestina de conservação dos sítios sagrados na Jerusalém ocupada e já não gosta nada de Israel ficar com todo o fruto do turismo sendo eles que mantêm os sítios arrumados.
Vamos seguir este assunto de perto porque ainda vai dar pano pra manga, com Netanyahu e Lieberman no comando.

Finalizando com a reconciliação do Fatah e do Hamas, o invasor mor Binyamin Netanyahu ousou vociferar que "He [Abu Mazen] has to choose. Does he want peace with Hamas or peace with Israel? You can have one but not the other. I hope he chooses peace, so far he hasn't done so."
E logo cancelou as reuniões de Peace Talks previstas e ordenou um bombardeio no norte da Faixa de Gaza matando e ferindo doze pessoas inclusive crianças.
Abu Mazen por sua vez afirma que o pacto assinado com Ismail Haniyeh não contradiz em nada as negociações de paz e sim as legitimizam, já que agora deverão envolver todas as partes interessadas e as decisões tomadas serão finalmente implementadas sem vozes dissonantes.
Negociar sem o Hamas é negociar no vazio hipotético que não leva a nada porque aliena uma grande parte dos palestinos.
Para demonstrar que os palestinos unidos estão com boa vontade, já anunciou que o novo governo vai admitir a existência do Estado de Israel. O que é um passo larguíssimo que deixa Tel Aviv sem argumentos contra o Hamas, pois era nesta tecla que batia sem parar.
Quanto a Ismail Haniyeh, o chefe do Hamas na Faixa de Gaza, estava rindo para as paredes ao anunciar "This is the good news we have to tell the people: the era of discord is ended!"
Desta vez parece que estão fazendo as pazes de verdade.
A data das eleições será anunciada logo que a diplomacia resolver os detalhes com a ONU e a União Europeia.
Em um mundo menos desigual, as Nações Unidas aproveitariam a deixa para impor as leis internacionais e finalmente tomar providência para livrar-nos desta vergonha mundial que é a ocupação e a limpeza étnica da Palestina.
Não custa nada sonhar.
Enquanto quem tem o poder para tal não age de maneira moral, o cidadão comum continua com o recurso pacífico de exprimir seu desacordo boicotando e divulgando o status quo infame.


Enquanto isso, a opressão e a repressão israelense continuam na Cisjordânia


domingo, 20 de abril de 2014

Israel vs Palestina: História de um conflito LIV (02-06/2006)


O mês de fevereiro de 2006 começou com um atrito entre os invasores civis e militares instalados na Cisjordânia.
No dia 01, um batalhão da tropa de choque da polícia israelense teve de enfrentar compatriotas de uma colônia-pirata para evacuá-los na marra.
(De vez em quando israelenses ainda mais espertinhos do que os imigrantes e os empresários autorizados a usurpar terreno - os primeiros, para ter casa de graça; os segundos, para pagar menos imposto - se juntam e invadem mais terra na Cisjordânia espontaneamente, sem autorização de Tel Aviv; como se as lavouras alheias fossem lotes gratuitos à disposição de qualquer estrangeiro espertinho. Aí a ilegalidade da invasão é dupla. Tanto nas leis internacionais quanto nas dos próprios ocupantes. E de vez em quando os palestinos conseguem a expulsão destes.
Na maioria absoluta dos casos, os moradores indesejados só são transferidos para invasões "oficializadas pelo governo" ocupante, onde continuam a ocupar terra palestina, mas, sempre criam caso como se fossem eles que estivessem sido despojados injustamente de domicílios ancestrais.)

No dia 03, o conflito voltou ao que é. Entre ocupante e ocupado.
O Hamas reiterou que não reconhecia o Estado de Israel, mas que estava pronto a negociar uma trégua e tentar entender-se com quem quisesse conversar com eles.
Falou no vazio, pois em Tel Aviv e em Washington ninguém deu crédito à mão que o novo partido dominante na Palestina estendia, mesmo. Os que não se calaram foram sarcásticos e fecharam qualquer possibilidade de entendimento.
Aí no dia 07, para que ficasse claro que não havia outra saída, um dos líderes do Hamas declarou que era bem provável que um deles fosse o novo primeiro ministro, já que constituíam maioria.
O que fazia bastante sentido, conforme as regras de democracia, vale ressaltar, até então, respeitadas na íntegra pela Autoridade Palestina. O processo democrático corria como se o país fosse um Estado cheio de cidadãos com cidadania. Por isso no dia 18 de fevereiro o novo parlamento dominado pelo Hamas foi empossado em um clima de entusiasmo.
Entusiasmo logo abafado.
No dia seguinte os novos parlamentares e os antigos acordaram com uma notícia de arrasar qualquer moral.
Israel parara, nesse dia, de transferir à Autoridade Palestina os impostos coletados em seu benefício assim como suas devidas taxas alfandegárias dos produtos importados que transitam forçosamente por Tel Aviv. Já que nada nem ninguém entra na Palestina diretamente sem ser revistado e sem pagar as taxas de praxe. Pagar taxas não ao país que visita, com o qual comercializa, e sim ao ocupante que capitaliza, capitaliza, e usa a grana da nação ocupada para fazer chantagem.
Graças aos famigerados Acordos de Oslo. Que no final das contas, só servem um lado.
Apesar desta ameaça concreta à economia, no dia 21 de fevereiro Abu Mazen (Mahmoud Abbas) continuou a acatar a vontade da maioria afirmando que encarregaria Ismail Haniyeh, líder do Hamas na Faixa de Gaza, de constituir um novo ministério. Aproveitou também o breve espaço na mídia para explicar que o novo governo prosseguiria as negociações já iniciadas, embora o Hamas achasse que tais discussões fossem perda de tempo, pois "não levarão a nada".
Porém, apesar da boa vontade, o bloqueio do dinheiro continuou e gerou problemas graves imediatos que aumentavam as dificuldades.
A tal ponto que no dia 27 o enviado internacional James Wolfensohn declarar que face à suspensão da ajuda financeira internacional (detida nos bancos de Israel onde rendia lucros que Tel Aviv apreciava) e com o corte israelense do repassamento dos impostos de renda e alfandegários (também rendendo um bom lucro aos bancos israelenses) a Autoridade Palestina estava à beira de um colapso. O prazo que o europeu deu para o país ficar à míngua foi de duas semanas, no máximo.
Preocupante para quem se preocupa com a justiça, mas os padrinhos de Israel só pensavam em como safar-se do que consideravam um "problema" que eles mesmos haviam criado apoiando as eleições e garantindo sua regularidade para que se seguisse as normas e o resultado fosse conforme as regras democráticas de seus respectivos países. Onde, diga-se de passagem, se respeita a vontade da maioria. Mesmo quando esta tem cheiro de fraude, como a de George W. Bush sobre Al Gore no ano 2000.
Por incrível que pareça, apesar de todos os indícios que a população que não aguentava mais as pressões da panela de pressão da ocupação se voltaria para o Hamas em um explode coração! (já dizia nosso poeta Gonzaguinha que se estivesse vivo estaria certamente defendendo esta causa palestina), os aliados de Israel, sobretudo o padrinho gringo, não previram o final do filme cujo enredo estava mais do que nítido.  

Por causa disto, o mês de março começaria com perspectivas sombrias.
No dia 09 de março, o novo primeiro ministro interino de Israel, Ehud Olmert, deu outro golpe nos palestinos que já estavam quase nocauteados após cumprir seu dever democrático de votar apesar de todas as dificuldades impostas pelo general Bulldozer, ainda acamado.
Ariel Sharon estava incapacitado, mas o aprendiz de feiticeiro, ou seja, o ex-prefeito de Jerusalém (que durante o mandato banhou em negócios ilícitos de tráfico de influência e corrupção) que ocupava sua cadeira e nela ficaria representando seu partido Kadima, anunciou que pretendia impor unilateralmente fronteiras permanentes entre Israel e a Cisjordânia. Não as legais de 1967 e sim as que favorizassem Israel. Disse também que se o Hamas "reconhecer Israel e renunciar [sozinho] à violência" retiraria algumas colônias judias da Cisjordânia.
Uma esmola por um grande terreno político e geográfico.
O substituto de Ariel Sharon nem se deu ao trabalho de precisar quais colônias e nem se a ocupação civil e militar também terminariam a curto, médio e longo prazo. Queria que o Hamas assinasse um cheque em branco a um governo que desde 1948 não parava de enganar seu povo e surrupiar seu território inexoravelmente.
A cúpula do Hamas ouviu as bases e nem se dignou a responder a proposta irrisória. Entendeu que o único intuito de Olmert era induzir a opinião internacional a acreditar, uma vez mais, que Israel estava cheio de boa vontade e que o Hamas era intransigente.

No dia 14, em plena crise política, um batalhão de elite da IDF invadiu a prisão de Jericó, na Cisjordânia. O objetivo era sequestrar os resistentes palestinos acusados do assassinato de Rehavam Ze'evi em 2001 - então ministro israelense do turismo.
Um deles era o chefe do PFLP (Frente Popular pela Liberação da Palestina), Ahmad Sa'adat. Segundo acordos internacionais, os quatro presos estavam sob a guarda de estadunidenses e britânicos que haviam se comprometido a garantir-lhes detenção ao mesmo tempo que segurança.
Porém, pretextanto desentendimento com as autoridades penitenciárias, os guardiães internacionais abandonaram seus postos e como por acaso chegou a tropa da IDF em Jericó para efetuar a operação chamada Operation Bringing Home the Goods.
Os prisioneiros resistiram ao sítio durante 10 horas até se renderem ao sequestro e serem levados para Israel deflagrando uma comoção geral na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Tudo levava a crer que mais uma vez o governo israelense abusava dos palestinos por motivos eleitoreiros. Acusações, na maioria anônimas, choveram: "Ehud Olmert usou esta operação para propósitos irresponsáveis de propaganda".
Pois a campanha eleitoral estava da pesada e ele queria eleger-se custasse o que custasse.
Os Estados Unidos de George W. Bush e a Inglaterra de Tony Blair foram criticados, na surdina, pois ficou claro que a retirada dos monitores que garantiam a segurança dos prisioneiros palestinos em território autônomo fora feita em coordenação com Israel, extamente para viabilizar o assalto da IDF.
Estava claro, mas a invasão da prisão palestina e o sequestro dos prisioneiros ocupou pouco tempo das autoridades estrangeiras e poucas linhas de jornal, apesar do assalto militar inclusive descreditar Mahmoud Abbas aos olhos de seus compatriotas já fartos de sua passividade.
A abordagem do presídio foi feita da seguinte maneira. 
De manhãzinha os tais monitores ingleses e estadunidenses disseram ao diretor da prisão que iam levar o carro para consertar. Da prisão foram direto para o checkpoint israelense na entrada de Jericó. Lá chegaram por volta das 9 horas onde os soldados anotaram sua passagem. Logo depois as Forças Especiais da IDF invadiram a cidade e com o apoio de tanques cercaram o prédio. Por volta das 9h30 cerca de 100 soldados sitiavam o local. No fim do sítio que durou mais do que o esperado, cerca de mil soldados da divisão armada já se encontravam nas proximidades, em apoio. Cerca de cinquenta "crueis" (como os veículos militares da IDF são carinhosamente chamados), três tanques e uns tantos caterpillars armados. Dois helicópteros sobrevoaram o edifício para intimidar os sitiados - 200 prisioneiros e guardas - que resistiam estoicamente ao ataque - antes de começar o bombardeio.
Um oficial israelense graduado disse aos jornalistas que chegaram apressados:  "We want to take them out alive, but if they threaten us, we won't hesitate to kill them. We won't agree to any change in Saadat's prison status".
E a IDF usou todos os meios que sua força bélica lhe proporciona.
Cercaram o edifício com todo o aparato citado, os caterpillars derrubaram paredes vizinhas e os helicópteros lançaram mísseis com a intenção de transformar a prisão, segundo as palavras dos oficiais, em uma "pressure cooker" - panela de pressão. Literalmente.
E o local ferveu mesmo e com a pressão muitos sitiados se renderam, sobretudo os guardas e prisioneiros comuns. Saíram de mãos levantadas e apenas de cueca, conforme as ordens que os auto-falantes lançavam.
Quanto a Sa'adat, arrumou um telefone e disse à TV Al Jazeera: "Our choice is to fight or to die. We will not surrender. We are not going to give up, we are going to face our destiny with courage".
Contudo, ao anoitecer, sem água, sem energia, bombardeado e esfumaçado, o resistente palestino acabou ordenando a seus camaradas que se rendessem. Logo depois das 19 horas o major da IDF Yair Naveh anunciou a "vitória".
E a vitória não bastava. Os seis resistentes saíram humilhados e foram "interrogados" de cueca na prisão mesmo. Daí em diante eles desapareceram. Com os seis alvos principais a IDF sequestrou mais sessenta e sete palestinos que foram levados para presídios do outro lado da Linha Verde para interrogatório e coisas mais.
Enquanto os sitiados resistiam dentro do presídio, de fora, meninos jogavam pedra nos crueis e nos soldados que bloqueavam vários bairros da vizinhança para atuar à vontade.
No final da Operação Bringing Home the Goods dois meninos estavam feridos, dois guardas da prisão estavam mortos e havia mais 28 palestinos vítimas de "dano colateral". A IDF não sofreu nenhuma perda. Um terço do edifício estava destruído. 182 dos sitiados foram interrogados ou simplesmente detidos. Alguns, até hoje, como centenas de outros. Sem julgamento nem acusação formal.
A Faixa de Gaza e a Cisjordânia pegaram fogo e se transformaram em lugares inóspitos para os cidadãos estadunidenses e britânicos. As Brigadas Al-Aqsa, o braço armado do Fatah, logo disseram para estes irem embora porque corriam perigo. E de fato. A população estava chocada com o assalto e sentia-se um certo desejo de vingança.
Na Faixa de Gaza muitos comerciantes fecharam as portas em protesto e de repente Gaza estava em greve e as ruas cheias de gente em passeata.
Por incrível que pareça, todas as organizações palestinas de resistência lançaram manifestos com ameaças, menos as Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas. A circunspecção de Ismail Haniyeh não podia ser mais clara quanto às suas vãs intenções de conciliar. 
Em Nablus, os manifestantes cantaram vários slogans contra Mahmoud Abbas por ter ficado "de braços cruzados".
Nem tanto. Abu Mazen (Abbas) reclamou. Chamou o ataque de "crime imperdoável" e acusou os Estados Unidos e a Inglaterra de cumplicidade. E disse irritado,  "I'm giving the facts. They [the monitors] left at 9.20 am and the Israelis came in at 9.30am. How can we explain that?".
Saeb Erekat, o representante do Fatah encarregado das negociações estava desolado. "This was a severe blow to the Palestinian Authority and to Abu Mazen [Abbas] personally".
Quanto a Ismail Haniyeh, declarou durante o sítio que "The occupation forces' operation is a serious escalation and blatant violation of agreements on Palestinian prisoners with Israel. We warn against any harm to Sa'adat and we see the Israeli operation as part of the elections in Israel. This is unacceptable to us and the Palestinian people. These operations will not scare the Palestinian people and won't dictate surrender to the occupiers. We call on all sides to act responsibly to stop this operation in Jericho and prevent further deterioration".
Sufian Abu Zaida, responsável pelo sistema penitenciário palestino, talvez tenha sido o mais claro. "The operation", disse, "was designed to show the Palestinians what the Israelis can do, and to show the Hamas government what will happen -- no agreements, no cooperation, no coordination, only force".
Mahmoud Zahar, da ala militar do Hamas, também acertou em cheio: "It seems like nobody can win the election among the Israelis without dipping his hands in the blood of the Palestinians".
Khalida Jarrar, uma deputadada da PFLP que Sa'adat liderara, fez uma declaração na mesma linha. Sa'adat was the winning card for Olmert in the elections. We demand of the international community to fulfill its obligations and responsibilities towards the Palestinian people against the crimes of the occupation"
E um dos membros da ala armada da PFLP foi explícito quanto às consequências previsíveis do assalto eleitoreiro. "We will respond, and we will respond harshly, whether Saadat is harmed or not".

No dia 16 de março, na leva, a IDF voltou a atacar a já sofrida Jenine, na Cisjordânia. Em busca, segundo o oficial encarregado da operação, "de terroristas que atiraram em dois colonos nas proximidades de um assentamento judeu  na vizinhança". E a coisa só fez piorar.
No dia 22, Khaled Meshaal, líder do Hamas em exílio, declarou que diante das operações militares constantes de Israel, não havia como os grupos de resistência palestinos pararem de defender seu povo e sua terra. Que a luta contra Israel continuaria. E avisou de novo os Estados Unidos que sua política no Oriente Médio punha lenha na fogueira da violência ao invés de apagar o fogo dos ânimos exaltados.
Pois é, mas Bush pouco ligava. Ou melhor, ligava, mas só para um lado e sem querer entender que a ocupação era O Mal absoluto sem nenhuma relatividade que provocava sofrimento de ambos os lados.

No dia 28 foi a vez dos israelenses irem às urnas, mas para um plebiscito sobre as colônias. Não para erradicá-las e sim para aprovar um faz de conta de fechar umas, aumentar outras duas vezes mais, e aprovar o plano de Ehud Olmert de impor fronteiras definitivas conforme seu agrado e em infração às leis internacionais.
No dia 29, o mesmo Olmert começou conchavos internos para formar uma coalizão após a vitória eleitoral do dia anterior.
No dia 30 de março, uma quinta-feira, as Brigadas al-Aqsa reivindicaram o atentado a bomba-suicida na entrada da colônia judia Kedumim. O bomba-suicida, disfarçado em caroneiro judeu ortodoxo entrou em um carro e explodiu perto da entrada da invasão, perto de um posto de gasolina. Levou consigo quatro israelenses.
No dia 31 de março um carro explodiu na porta de uma mesquita em Gaza matando um resistente palestino proeminente na cidade.
Alguém duvida que foi de propósito?
Conforme o que os provocadores esperavam, Ismail Haniyeh reagiu logo. Também conforme o desejado pelos autores do atentado, descartou então publicamente qualquer possibilidade de reconhecer Israel ou de abandonar a luta contra o ocupante até este retirar-se definitivamente da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
"A ocupação era a origem de todos os males", disse então um professor da Universidade Islâmica de Gaza.
A ocupação e o comportamento devastador do ocupante.

Em abril, em resposta ao ataque à prisão e ao sequestro de Ahmad Sa'adat que traumatizara Jericó e a Palestina inteira, um bomba suicida explodiu em Tel Aviv.
Desta vez foi uma operação do Jihad. Fora da Cisjordânia. As Brigadas Al-Aqsa só agem, enfim, agiam (já foi desmilitarizada), dentro das fronteiras delimitadas pela Linha Verde. 
Foi em uma segunda-feira, dia 17 de abril de 2006. Por volta das 13h30 um rapaz carregado de explosivo aproximou-se de um restaurante fast food perto da rodoviária de Tel Aviv, no sul do bairro Neve Shaanan.
O bomba-suicida explodiu quando um segurança se aproximou para verificar sua sacola. Levou consigo onze pessoas e feriu cerca de setenta.
Como sempre, foi identificado, a casa de sua família foi demolida pela IDF e sofreu represálias.
Quanto a Ehud Olmert, obteve o que queria. Mostrar que o general Ariel Sharon e o general Ehud Barak não eram os únicos a sujar as mãs de sangue para eleger-se. Um civil também podia.
A ambição pelo poder é cega em qualquer país. Em Tel Aviv ela é também fulminante e sanguinária. O preço é sempre o mesmo, vidas de israelenses e palestinos. E de maneira mais do que desproporcional. Assim continuaria no mês de maio. O de junho, veremos.

Documentário de Shinon Dotan: Hot House
Em V.O. http://youtu.be/PeWpbl5tMns
Em espanhol

Influência do lobby israelense para os EUA considerar Hamas "organização terrorista"


Reservista da IDF, forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence 

"If one wants to understand what the Palestinians did on election day, one has to see the film "Paradise Now", which has been nomitaded for and Oscar for the best foreign film, after collecting several prestigious international prizes. It explains better than a million words.
The two main characters, Sa'id and Khaled, are suicide bombers. The film addresses a question that is troubling everyone in Israel, and perhaps throughout the world: Why do they do it? What makes a person get up in the morning and decide to blow himself up in the middle of a crowd of people in Jerusalem or Tel Aviv? 
And some of the people also ask: Who are they? What is their background? How did they come to be like that?
Today, a long time after it was made, the film also answers another question: Why did the great majority of the Palestinians elect the very group that sent these people to blow themselves up?
The film answers these questions. Not with slogans, not with propaganda speeches, nor with an academic report. It does not preach, praise or get mad. It tells a story. The story says everything...
...I studied the faces of the people leaving the Tel-Aviv cinematheque after the performance. They were silent and thoughtful. For the first time in their life they have seen the terrorists who are killing us, who blow themselves up among children, men and women. They see ordinary youngsters, who behave and react as ordinary people. They see the occupation from the other side, the underside.
I sat in the dark cinema, and found myself in a situation of total dissonance: we, the intended victims, who could easily have been sitting on that bus, see everything through the eyes of our murderer. A thought strikes us: that force will not help here. If we kill those two, two others will take their place. The fence will hold up some of them, but not all of them. The Security Service, with the help of collaborators, will prevent some of the attacks, but cannot prevent all of them - and the children of the collaborators will come to avenge. When there are people like that, who grow up in these conditions, some of them will always reach their targets.
The film does not provide solutions. It does not even pretend to be balanced. It exposes us to the face of a reality that we do not know, from an angle that we are not used to - and tortures us with the tension of conflicting emotion.
And perhaps also prompts us to think about a solution that will cause Sa'id and Khaled to turn in a different direction. A solution that will put an end to the humiliation, to the crushing of personal and national dignity, to the destitution and hopelessness.
A few days later, I saw another film that was nominated for Oscars, the much-praised film of Steven Spielberg, "Munich". As it so happens, I saw it in Germany, not so far from Munich itself.
On leaving the cinema, my German host wanted to know what I thought of it. Spontaneously, without thinking, I said what I had felt throughout: "Disgusting!"
Only later did I have time to sort out the impressions that I had accumulated during this very long film. What had disgusted me so much?
First of all, the Spielberg style, a combination of the highest cinematic technique and the lowest cultural content. It has pretensions to profundity, with new and revealing insights, but basically it is nothing but another American Western, where the good guys slaughter the bad guys and the blood flows like water.

Some Jewish politicians protested against the film for equating the "terrorists" with the "avengers". And indeed, in several places in the film the "terrorists" were allowed to declaim some sentences in their defense, about the injustice done to them by the Jews and their right to a homeland. But that is only lip-service, a pretense, in order to give an impression of balance. But in the portrayal of the Munich attack - fragments of which are dispersed throughout the film - the Arabs appear as miserable, ugly, unkempt, cowardly creatures, the very opposite of Avner, the Israeli avenger, who is handsome and decent, brave and well turned-out - in short, the younger brother of Ari Ben Canaan, the superman of "Exodus". The Arabs have no qualms of conscience, but the Israelis have scruples in every interval between murders. They hesitate every time when they blow up / shoot / cut down one of their "targets"- which they do, of course, only after ensuring the safety of the wife and children of the victim. They are not just killers, they are Jewish killers. As an Israeli satirical slogan goes: "Shoot and weep."
The presentation of the affair itself is highly manipulative. It withholds from the viewer some very relevant facts. For example: 
. That the post-mortems showed that nine of the 11 Israeli athletes were killed by the bullets of the pathetically untrained German policemen. (The post-mortem reports are kept secret until this very day, both in Israel and Germany. But a powerful person like Spielberg should know about them.)
. That it was Golda Meir and her German colleagues - great heroes, every one of them - who sealed the fate of the hostages, when they rejected the kidnappers' demand to take them to an Arab country, where they would have surely been traded for Palestinian prisoners held in Israel.
. That the Palestinians, who were killed in revenge for Munich, had nothing to do with the affair. The Mossad was looking for easy targets and chose PLO diplomats posted to European capitals, who were quite unprotected.
The film [Munich]contributes nothing to an understanding of the conflict. It is basically a routine gangster film, which Spielberg centered on the Israeli-Palestinian conflict in order to garner the longed-for Oscars that have eluded him until now."
Uri Avnery. 04/02/2006

Filme "PARADISE NOW", de Hani Abu-Assad (autor palestino de outro filme excelente - OMAR - em 2013, também indicado aos Oscars 2014).
Paradise Now, Produção franco-germano-holando-palestina de 2005. Não ganhou o Oscar, mas ganhou o Golden Globe, o festival de Berlin, e outros prêmios de prestígio. É um ótimo filme. Ei-lo abaixo. (1h31')


domingo, 13 de abril de 2014

A ONU é das 193 Nações Unidas ou dos Estados Unidos?

n November of last year, the UN General Assembly designated 2014 as the UN International Year of Solidarity with the Palestinian people.
Just three weeks into 2014, the boycott, divestment and sanctions (BDS) movement has again shown that it represents an increasingly effective form of solidarity with the Palestinian struggle for freedom, justice and equality.
In early January, high profile Norwegian singer Moddi announced that he was cancelling his performance in Tel Aviv out of respect for the Palestinian call for a cultural boycott of Israel and following appeals from activists in Gaza.
On January 8, campaigners in the US were celebrating after Veolia lost out on a $4.5 billion contract in Boston following a vigorous campaign denouncing the company’s provision of infrastructure to illegal Israeli settlements.
In a potentially precedent-setting move, Dutch pension fund PGGM announced on January 13 that it is divesting from 5 of Israel’s biggest banks due to their deep involvement in Israeli violations of international law. The fund manages the pensions of 2.5 million people. Media reports now suggest that other European banks are considering similar steps.
On January 17, Villar Focchiardo became the sixth local council in Italy to condemn Pizzarotti for its role in an Israeli railway that passes through occupied Palestinian territory
The start to 2014 has also brought further evidence of the impact of BDS. Israeli politicians have again spoken of their growing fears about the growth of BDS, with Justice Minister Tzipi Livni describing BDS as advancing “exponentially”. Israeli settlers in the Jordan Valley have complained that retailers in western Europe are increasingly unwilling to purchase their products, hurting profitability, and the BDS movement has been featured heavily in mainstream Israeli media outlets in recent days.
These significant developments so early in the year follow a 2013 during which the BDS movement stepped further into the political mainstream and saw major institutions join the boycott, as our round-up of 2013 successes and developments in the BDS movement shows. Some of the most important successes of 2013 included:
-  Security company G4S faced mounting international criticism and lost contracts worth millions of dollars with public bodies in South Africa and across Europe due to its role providing services to Israel’s checkpoints and settlements and prisons where Palestinian political prisoners are held without trial and tortured.
- French multinational Veolia lost contracts worth millions of dollars across the US, UK and in France, and announced that it was pulling out completely of running bus lines for Israeli settlers in occupied Palestinian territory. Veolia still operates the illegal Jerusalem Light Rail project.
- World renowned physicist Stephen Hawking and academic unions and associations across Europe and the US endorsed the academic boycott of Israeli institutions.
- Scores of trade unions, church organisations and student associations across the world endorsed the Palestinian call for BDS and joined our increasingly powerful and effective movement.
- Banks and pension funds in Europe and the US divested from companies that profilt from Israeli apartheid including Veolia and SodaStream.
- The European Union and the Dutch, British and Romanian government adopted some of the long overdue measures which are required from states in order to avoid complicity in Israel’s colonization of  occupied Palestinian land, including measures aimed at stopping the flow of EU funds, foreign labour and business to the illegal Israeli settlement enterprise.
While there remains a long road before us, the Palestinian BDS National Committee is immensely proud of the way in which the BDS movement developed in 2013.
On behalf of our member organisations, we thank the each and every one of the campaigners and organisations whose dedication and skilled and strategic campaigning led to the inspirational continued growth of the BDS movement during 2013.
This year will mark 10 years since the International Court of Justice ruled that Israel’s apartheid wall and colonial settlements are illegal and that countries around the world are legally obliged to hold Israel accountable and not to support Israeli violations of international law.
Most international governments are yet to comply with this ruling and remain active accomplices to Israel’s system of occupation, colonisation and apartheid.  Yet the international grassroots BDS movement is proving increasingly capable of ending international complicity with Israeli apartheid and pushing governments, corporations and institutions to take action.
We look forward to working with campaigners and civil society organisations across the world to continue to develop the BDS movement as a vital tool in the struggle for freedom, justice and equality of the oppressed Palestinian people, including the exiled refugees, Palestinian citizens of Israel and those under Israel’s occupation.
- See more at: http://www.bdsmovement.net/2014/2014-begins-with-boycott-success-11650#sthash.C1u0ErLD.dpuf
n November of last year, the UN General Assembly designated 2014 as the UN International Year of Solidarity with the Palestinian people.
Just three weeks into 2014, the boycott, divestment and sanctions (BDS) movement has again shown that it represents an increasingly effective form of solidarity with the Palestinian struggle for freedom, justice and equality.
In early January, high profile Norwegian singer Moddi announced that he was cancelling his performance in Tel Aviv out of respect for the Palestinian call for a cultural boycott of Israel and following appeals from activists in Gaza.
On January 8, campaigners in the US were celebrating after Veolia lost out on a $4.5 billion contract in Boston following a vigorous campaign denouncing the company’s provision of infrastructure to illegal Israeli settlements.
In a potentially precedent-setting move, Dutch pension fund PGGM announced on January 13 that it is divesting from 5 of Israel’s biggest banks due to their deep involvement in Israeli violations of international law. The fund manages the pensions of 2.5 million people. Media reports now suggest that other European banks are considering similar steps.
On January 17, Villar Focchiardo became the sixth local council in Italy to condemn Pizzarotti for its role in an Israeli railway that passes through occupied Palestinian territory
The start to 2014 has also brought further evidence of the impact of BDS. Israeli politicians have again spoken of their growing fears about the growth of BDS, with Justice Minister Tzipi Livni describing BDS as advancing “exponentially”. Israeli settlers in the Jordan Valley have complained that retailers in western Europe are increasingly unwilling to purchase their products, hurting profitability, and the BDS movement has been featured heavily in mainstream Israeli media outlets in recent days.
These significant developments so early in the year follow a 2013 during which the BDS movement stepped further into the political mainstream and saw major institutions join the boycott, as our round-up of 2013 successes and developments in the BDS movement shows. Some of the most important successes of 2013 included:
-  Security company G4S faced mounting international criticism and lost contracts worth millions of dollars with public bodies in South Africa and across Europe due to its role providing services to Israel’s checkpoints and settlements and prisons where Palestinian political prisoners are held without trial and tortured.
- French multinational Veolia lost contracts worth millions of dollars across the US, UK and in France, and announced that it was pulling out completely of running bus lines for Israeli settlers in occupied Palestinian territory. Veolia still operates the illegal Jerusalem Light Rail project.
- World renowned physicist Stephen Hawking and academic unions and associations across Europe and the US endorsed the academic boycott of Israeli institutions.
- Scores of trade unions, church organisations and student associations across the world endorsed the Palestinian call for BDS and joined our increasingly powerful and effective movement.
- Banks and pension funds in Europe and the US divested from companies that profilt from Israeli apartheid including Veolia and SodaStream.
- The European Union and the Dutch, British and Romanian government adopted some of the long overdue measures which are required from states in order to avoid complicity in Israel’s colonization of  occupied Palestinian land, including measures aimed at stopping the flow of EU funds, foreign labour and business to the illegal Israeli settlement enterprise.
While there remains a long road before us, the Palestinian BDS National Committee is immensely proud of the way in which the BDS movement developed in 2013.
On behalf of our member organisations, we thank the each and every one of the campaigners and organisations whose dedication and skilled and strategic campaigning led to the inspirational continued growth of the BDS movement during 2013.
This year will mark 10 years since the International Court of Justice ruled that Israel’s apartheid wall and colonial settlements are illegal and that countries around the world are legally obliged to hold Israel accountable and not to support Israeli violations of international law.
Most international governments are yet to comply with this ruling and remain active accomplices to Israel’s system of occupation, colonisation and apartheid.  Yet the international grassroots BDS movement is proving increasingly capable of ending international complicity with Israeli apartheid and pushing governments, corporations and institutions to take action.
We look forward to working with campaigners and civil society organisations across the world to continue to develop the BDS movement as a vital tool in the struggle for freedom, justice and equality of the oppressed Palestinian people, including the exiled refugees, Palestinian citizens of Israel and those under Israel’s occupation.
- See more at: http://www.bdsmovement.net/2014/2014-begins-with-boycott-success-11650#sthash.C1u0ErLD.dpuf

Na semana passada, a ONU viveu uma experiência inusitada. A Casa Branca negou visto ao embaixador do Irã nos Estados Unidos a fim de vetar sua presença nas Nações Unidas.
O embaixador em questão é Hamid Abutalebi. Formado em Sociologia na Universidade de Teerã; com mestrado em História da Cultura e Civilização Islâmica na mesma universidade e em Sociologia na Sorbonne Nouvelle, em Paris; e em 1999, doutorado na mesma matéria na Katholieke Universiteit Leuven (PUC da Bélgica). Seguiu carreira diplomática e publicou várias obras de relevo sobre temas diversos ligados à diplomacia; o quinto livro de sua pena foi publicado em 2013 e é o primeiro volume de uma reflexão filosófica - Filosofia das Éticas Sociais.
Hamid Abutalebi foi embaixador do Irã na Austrália, na Bélgica, na Itália, na União Europeia e a próxima etapa natural de sua carreira diplomática era a nomeação às Nações Unidas como representante permanente de seu país. Uma escolha lógica de Rohani, coerente com o percurso profissional do nomeado.
Porém, em 1979, ano da Revolução Islâmica que derrubou o Xá ditador do Irã e no qual estudantes invadiram a Embaixada dos EUA sequestrando os funcionários estadunidenses que lá se encontravam, Hamid Abutalebi, então com 22 anos, falava inglês e serviu de intérprete entre os chefes do movimento e os diplomatas.
Os jovens universitários que participaram da chamada crise dos reféns que durou até 1981 eram alunos de um leque de áeras que iam de Ciências Humanas a Tecnológicas e hoje, na maioria, exercem suas profissões com sucesso. O que era previsível porque foi um movimento espontâneo de ativistas idealistas e seus líderes, embora desorientados, eram inteligentes.
Ebrahim Asgharzadeh, membro do grupo organizador, confirmou à BBC que o envolvimento de Hamid Abutalebi foi periférico na tal crise, "Calling him a hostage-taker is simply wrong."
Mas mesmo que Hamid tivesse tido participação ativa no sequestro que durou meses e terminou com a libertação de uns e a fuga de outros mostrada no filme Argo de Ben Affleck, comentado neste blog (03/02/13), o veto dos Estados Unidos não tem fundamento.
Na época, esses jovens faziam parte de uma certa elite em Teerã e era previsível que virassem profissionais com carreiras importantes e visíveis. Como foi o caso de Hamid. Isto faz parte do passado em um contexto revolucionário após décadas de ditadura de um homem, Reza Pahlevi, colocado, literalmente, no "trono" iraniano, pelos Estados Unidos. Os meios dos jovens foram extremos, mas a reação espontânea irrefletida é compreensível. Mas ninguém foi morto e nem ferido. A não ser moralmente, e no orgulho estadunidense.
Portanto, são águas passadas da década de 70 do século XX que não deveriam mover moinhos na década de 10 do Século XXI. Já que a História é de aprender com o passado e tocar a bola pra frente a fim de que a humanidade inteira evolua e se entenda da melhor maneira possível para vivermos em harmonia.
Mas não. No dia 07 de abril o Senado estadunidense aprovou uma lei a toque de caixa e o Congresso idem, no dia 10 deste, e a lei, obtusa, n° 2195, apresentada pelo senador republicano Ted Cruz, que permite que o Presidente dos EUA negue visto a embaixadores das Nações Unidas, foi mandada também in extremis para Barack Obama aprová-la ou rejeitá-la.
Embora a situação estivesse extremamente delicada devido às negociações atuais sobre o Nuclear, Obama preferiu agradar seus eleitores do que fazer a coisa certa segundo as Leis Internacionais. Sancionou a tal lei e com uma simples assinatura substituiu oficialmente a autoridade máxima e imparcial das Nações Unidas pela dele.
Pior ainda, infringiu um Tratado de 1947 no qual os Estados Unidos impuseram que a Organização das Nações Unidas fosse localizada em Nova York, mas que, como todo organismo internacional, seria território neutro, um tipo de No Man's Land mundial cuja autoridade única era a dos, hoje, 193 membros.
A ONU, em princípio, deveria ter sido edificada em um país neutro, na Suíça, mas os Estados Unidos que terminara a II Guerra Mundial por cima, impôs a instalação sob suas vistas e agora, sob seu juízo, e com lucro político e econômico garantido, pois os funcionários das Nações Unidas recebem salários substanciais e moradias que são pagas pelas nações unidas e beneficiam Nova York, que os aloja e onde gastam. E hoje, pelo visto, são também submetidos ao bel prazer do país onde a ONU sedia.
Quaisquer explicações da Casa Branca me parecem irrelevantes.
O relevante neste precedente é a interferência direta, pública e indecente do Presidente dos Estados Unidos em um assunto que só diz respeito à ONU. Com este veto absurdo, Obama se coloca acima do Secretário das Nações Unidas e esta atitude constitui em si um perigo.
Aí é que os Estados Unidos causam tanto dano ao mundo e a si mesmos. Onde não há lei, não há justiça, e fica um vácuo que pode ser perigosamente preenchido.
E como disse Richard Gowan, especialista em Relações Internacionais da Universidade de Nova York, "If the US starts to pick and choose who can represent other countries at the UN, other countries are likely to react angrily. How would Washington feel if Switzerland vetoed its choice for American ambassador to the Human Rights Council in Geneva?" Ou a França na UNESCO, ou a Holanda no Tribunal de Águia, etc. e tal. E os Estados Unidos, como se sabe, tem o rabo mais do que preso.
E Ban Ki-Moon em tudo isso? Bom, o Secretário Geral das Nações Unidas continua dizendo Amém aos Estados Unidos como o seu próprio país faz há anos. Está passando da hora da ONU ter um verdadeiro líder, de pulso, independente e empreendedor que ponha ordem na casa e na Terra. Razão pela qual a Organização foi criada, para evitar as guerras que em vez de acabarem, proliferam.
Aliás, falando em Ban Ki-Moon, quando foi Ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul seu apelido, em coreano, era jusa, em nossa lingua, "burrocrata" "funcionário público". Era visto como uma pessoa sem carisma e subserviente aos superiores. Foi por isso que foi o candidato dos Estados Unidos contra pessoas de peso. Em seu país, os jornalistas o chamam "the slippery eel", por sua "habilidade" de responder perguntas saindo pela tangente, sempre. É o que faz também em seu cargo de Secretário Geral das Nações Unidas, onde é conhecido por seu sorriso fácil e sua fama de "stand-up guy", para os Estados Unidos e seu afilhado e não para as 191 outras nações que posições como estas desunem.

Enquanto isso, no Oriente Médio, cansado do vai e vem de John Kerry, fisica e diplomaticamente, e a incapacidade de Binyamin Netanyahu cumprir pelo menos uma palavra dada nem que seja um dia (desta vez foi a não libertação de prisioneiros políticos palestinos que estava prevista para o dia 29 de março nas tais negociações de paz), Mahmmud Abbas resolveu apelar para os organismos internacionais em vez de entregar o destino de seu povo à Casa Branca que defende mais os interesses de Tel Aviv do que a justiça.
Mahmoud Abbas deixou o Secretary of State dos EUA de braços dados com o Primeiro Ministro de Israel e foi buscar apoio e o reconhecimento de todas as organizações internacionais que contam no Planeta.
John Kerry amuou e disse que não entendia como o Presidente da Autoridade Palestina chutava o balde "logo agora" (tem sempre um "logo agora!") que estava tudo indo "tão bem" (para Israel); leia-se "tão mal" para a Palestina (vou voltar aos tais Acordos outro dia) com a expansão das invasões/colônias civis na Cisjordânia e a Faixa de Gaza sitiada e deixada ao Deus dará.
Contrafeito com as iniciativas "unilaterais" de Abbas, Binyamin Netanyahu (que como seu governo inteiro, e os precedentes, nunca se lembra que Israel declarou seu Estado em 1948 unilateralmente desafiando as fronteiras impostas pela ONU) fez o quê?
Fez o que Israel sempre faz quando quer encostar os palestinos na parede: gelou o dinheiro recolhido dos impostos devidos à Autoridade Palestina. Pois, como se sabe, conforme os Acordos de Oslo Israel controla o imposto de renda e de alfândega da Palestina inteira. Enfim, a Faixa de Gaza são outros quinhentos. Mas está à míngua desde 2006 quando começou o bloqueio.
Em Tel Aviv ficou claro que a medida de represália contra a adesão da Palestina a 15 Tratados e Convenções internacionais era a causa de mais este ato de terrorismo israelense.
O anúncio à imprensa foi claro e sucinto: O governo israelense decidiu gelar a transferência de dinheiro coletado por Israel para a Palestina. Indefinidamente.
Decidiu também suspender a participação na exploração de um poço de gás ao longo da Faixa de Gaza adjacente a um israelense. Um projeto que há anos Tony Blair (representante do Quarteto para o Oriente Médio - ONU, EUA, União Europeia e Rússia - mas que é mais embaixador de Israel do que um representante internacional imparcial) vem incrementando.
Além do gelo do dinheiro a que os palestinos têm direito, Tel Aviv anunciou que vai controlar os depósitos bancários palestinos em seus estabelecimentos financeiros (pois é, nem banco os palestinos podem ter...).
E Netanyahu e sua corja são tão desavergonhados que ousaram dizer que fazem isso por causa das "violações flagrantes dos acordos concluídos" recentemente. E para desinformar ainda mais, acrescentaram que "Israel precisa que continuará as negociações mediadas pelos Estados Unidos a fim de ultrapassar esta crise.
Esta última frase foi para levantar a bola de John Kerry e deixar claro que só aceitam participar de negociações que passem por seu padrinho, os Estados Unidos.
Como se a quebra dos acordos fosse dos palestinos e não de Tel Aviv que não libertou os prisioneiros como prometera, que não cede nem um milímetro, e em vez disso continua ocupando terra na Cisjordânia, bombardeando de vez em quando e matando. Tudo isso fora da mídia.
Os impostos em questão giram em torno de 80 milhões de dólares mensais que ficam "dormindo" em bancos israelenses. Esta quantia, para um país como o Brasil, mínima no orçamento, representa mais de dois terços da receita orçamentária da Autoridade Palestina e contribui ao pagamento de 150 mil funcionários públicos e à manutenção dos ministérios e serviços públicos.
Vale lembrar que este é o ano, decretado na ONU, de Solidariedade à Palestina. Portanto, é normal que Mahmoud Abbas tenha ido atrás de soluções paralelas legais, ou seja, à adesão a tratados e convenções internacionais às quais tem direito, justamente porque estimava que as novas exigências de Israel nas negociações, apoiadas por John Kerry, eram inaceitáveis, pois inviabilizam o Estado palestino em terras contínuas na Cisjordânia assim com sua soberania. (Voltarei a isto em detalhes outro dia)
Entre as convenções às quais Abu Mazem (Abbas) está aderindo e que irritam tanto Netanyahu e Obama estão as instâncias judiciárias inernacionais que permitiriam (permitirão?) à Palestina processar Israel por infração às leis internacionais ao proceder à ocupação recorde de seu território, ao apartheid, e à limpeza étnica de seu povo.
Saeb Erakat, o negociador oficial da AP, denunciou "a pirataria israelense e o roubo do dinheiro do povo palestino", acrescentando, oportunamente, que isto representa mais uma violação israelense "do Direito e das leis internacionais".
Mau tempo, bons ventos?

Bricks from the Wall (3')

PS: BDS MOVEMENT
"Dear friend, 
We're writing to ask you to support an important campaign against G4S, the British private security company that helps the Israeli government to run prisons at which Palestinian political prisoners are detained and subjected to torture. 
Right now, there are more than 5,000 Palestinians in Israeli jails, including 183 children. Human rights organisations have documented widespread torture, including of children, and Palestinians are often held without trial indefinitely.
In June 2013, the Bill and Melinda Gates Foundation, the largest private charitable foundation in the world, purchased shares in G4S worth $172m, making it one of the company’s biggest shareholders.
Through its holdings in G4S, the Gates Foundation is legitimising and profiting from Israel’s use of torture, mass incarceration and arbitrary arrest to discourage Palestinians from opposing Israel’s apartheid policies. 
Along with more than 100 organisations from Palestine to Brazil to South Africa, we're campaigning to call on the Bill and Melinda Gates Foundation to divest from G4S in the build up to Palestinian prisoner's day on April 17. Please support the campaign by taking signing the petition and sharing it. You can also support the campaign by taking the following steps: 
1. Share the petition and send a Tweet to the Gates Foundation 
Example Tweet: Tell the @Gatesfoundation to divest from Israel's torture of Palestinians www.addameer.org/gatesdivest#StopG4S via @Addameer
2. Check out our Facebook page and share one of the #StopG4S graphics we've created.
3. Write a message on the Facebook page of the Gates Foundation calling on them to divest from G4S 
Thank you for your support! " Palestinian BDS National Committee

G4S: Securing War crimes (11')