domingo, 27 de novembro de 2016

A Dios, Fidel.

Hasta la victoria, siempre!
Na noite de 25 de julho de 1953, reunido com seus companheiros revolucionários, Fidel sentenciou: "Compañeros: podrán vencer dentro de unas horas o ser vencidos; pero de todas maneras, ¡óiganlo bien, compañeros!, de todas maneras el movimiento triunfará. Si vencemos mañana, se hará más pronto lo que aspiró Martí. Si ocurriera lo contrario, el gesto servirá de ejemplo al pueblo de Cuba, a tomar la bandera y seguir adelante.
El pueblo nos respaldará en Oriente y en toda la isla. ¡Jóvenes del Centenario del Apóstol! Como en el 68 y en el 95, aquí en Oriente damos el primer grito de libertad o muerte! Ya conocen ustedes los objetivos del plan.
Sin duda alguna es peligroso y todo el que salga conmigo de aquí esta noche debe hacerlo por su absoluta voluntad. Aún están a tiempo para decidirse. De todos modos, algunos tendrán que quedarse por falta de armas. Los que estén determinados a ir, den un paso al frente. La consigna es no matar sino por última necesidad".
 "No disparen, las ideas no se matan".
Fidel foi derrotado nesta primeira tentativa e foi preso; solto, anos mais tarde, foi para o México, encontrou o Che, voltaram para Cuba juntos e mudaram a História - de Cuba e da América - em 1959. 
"Um revolucionário pode perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral".
Fidel é morto.
Sensação esquisita esta, de saber que uma pessoa querida definhava de maneira inexorável e mesmo assim, quando chega a notícia da morte, o choque é incontrolável e dolorido. Porque é Fidel. Fidel parecia invencível, até em seus últimos meses de vida. Fisicamente estava acabado, diminuído; mas na mente, na determinação, no humanismo, combatia, sempre.
Fidel fez história. Já era história vivo. Como será julgado daqui a 50 anos? Vendo a emoção à flor da pele dos cubanos, tenho certeza que o balanço será mais do que positivo.    
Não sei o que as televisões do mundo estão mostrando nem o que os jornais estão publicando, mas o povo cubano está aos prantos.
Neste ano de 2016 perdi varias pessoas públicas que marcaram minha época, minha vida e me inspiraram durante o meu percurso humano e jornalístico.
Mas talvez a perda maior de todas tenha sido a do companheiro do Che. 
Fidel, para os latino-americanos da minha geração, representava a esperança de, um dia, nossos países - tão maiores, tão mais ricos e tão mais poderosos do que a Ilha! - também sairem do jugo dos Estados Unidos, da exploração do capitalismo, e ter voz ativa, escola de qualidade e livre; assistência médica e social de dar inveja a países ditos do primeiro mundo; cultura democrática e viva; não ter menino de rua; ter a segurança de deixar a porta da casa aberta, caminhar de madrugada sem calafrio e saber que não tem inimigos - tirando o Pentágono, a CIA e um bando em Miami, cidade que aloja a escória da Ilha.

Sei que os europeus vão hastear a bandeira hipócrita dos Direitos Humanos, os franceses vão esquecer os deslizes de sua própria Revolução, e vão focar sobretudo nos excessos de zelo de Fidel no processo revolucionário, em vez de focar no sucesso da igualdade, real, e da fraternidade.
"Dentro de la revolución todo, contra la revolución nada", foi uma de suas frases mais polêmicas. Talvez este fosse seu defeito, a inflexibilidade. Mas quem sou eu para julgar Fidel, que abandonou o conforto de uma família abastada para lutar pela emancipação social, moral e física de seus compatriotas desfavorecidos? Ele tinha todos os privilégios a perder. A ganhar, apenas trabalho.
"Fue estudiando el capitalismo que me volví comunista". Foi outra de suas frases mais quotadas. Na verdade, ele dizia que foi testemunhando os crimes do capitalismo que abraçara o comunismo.
Fidel cometeu erros. Fidel não era perfeito. Porém, trabalhou incansavelmente por seu povo. Isto em si, já é  um mérito imenso comparado aos dirigentes de nossos países que se preocupam mais com o poder em benefício próprio do que em melhorar as condições de vida de seus governados e diminuir as desigualdades.
Fidel cercava-se de seu povo e de superdotados intelectualmente e em humanidade. Um deles foi o grande Gabriel García Marquez. Outro, foi do continente de onde vieram todos nossos imigrantes forçados negros, Nelson Mandela.
Diego Maradona foi salvo do vício da droga nos quatro anos que passou em Cuba, ajudado por Fidel, paciente e atento à recuperação do astro argentino. Outra grande mente latino-americana gozava de sua amizade, o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel. O nosso gênio musical Chico Buarque também desfrutou mais de uma vez da hospitalidade da Ilha. Nosso outro gênio, da arquitetura, Oscar Niemeyer, recebeu Fidel em seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro. Pois Fidel era simples, sem cerimônia e sem cerimonial.
Fidel era culto e cultivava a educação de seu povo como uma flor preciosíssima. Para ele, o conhecimento era o único caminho que levava à liberdade e à independência. Foi por isso que sua primeira medida foi o programa de alfabetização
Era um leitor compulsivo e seleivo. Apreciava obras literárias de qualidade erudita e conteúdo humano-social. Na prisão devorou tudo de Tolstói e Dostoiéviski, mas seu livro preferido era For whom the bells toll, de Ernest Hemingway. Tnha a impressão que conhecia o livro quase de cor. Citava sempre passagens que o inspiraram em sua luta:"¿Por qué nacimos si no es para ayudar a otros?"... "Yo soy tú y tú eres yo y todo el uno es el otro". Como bien es característico el humanismo en Fidel, él también vio en "Por quién doblan las campanas” lecciones de cómo mantener una guerrilla en combate.: "De los autores estadounidenses, Hemingway es uno de mis favoritos.Yo leí 'Por quién doblan las campanas' cuando era un estudiante... Hemingway habló sobre diferenciar un grupo combatiente guerrillero de un ejército convencional... la novela fue una de los trabajos que me ayudó a trazar estrategias para pelear contra el ejército de Batista", dizia.

Ignácio de Loyola Brandão publicou em 1978 um livro que marcou época e desafiou os milicos que oprimiam a população brasileira e que destruíram o ensino publico brasileiro de qualidade - Cuba de Fidel. O livro é bom, mas o título deveria ser "Fidel de Cuba". O Comandante pertence à ilha mil vez mais do que a ilha a ele.
Os europeus gostam de dar lições de moral, e não querem entender o que Fidel representou na América Latina. Nossa terra cujas veias foram abertas em 1492, 1500,... indefinidamente. Pois os europeus viam-no, como veem tudo e todos, com a ótica estadunidense que contra-informa e transforma o mundo em uma imensa farsa que beneficia um punhado e sempre prejudica a verdade e nossos países.
Os europeus não entendem nosso orgulho da galhardia da Ilha, pequenininha, enfrentar e resistir ao nosso onipotente vizinho do Norte que para manter o way of life de uma minoria de privilegiados, pilha os demais.
A CIA gringa, tentou matar Fidel dezenas de vezes - 638 atentados. Mais do que o Mossad israelense tentou matar Khaled Meshaal. Aliás, Fidel era simpatizante da causa palestina (como não seria? Cuba conhece o crime do embargo e Fidel repudiava com veemência o genocídio que Israel pratica na Palestina). Acho que Fidel e Khaled sofreram o maior número de tentativas de assassinato no planeta - com exceção do Che - que pereceu em uma das traiçoeiras armadilhas. 
Fidel morreu em seu leito. A CIA não deu conta dele. El Comandante poderá cantar vitória até nisso - partiu com 90 anos, levado por Deus.   
Fidel não precisou pôr seu nome em nenhuma rua, praça, e nunca erigiu monumento a si mesmo. Nunca precisou desse tipo de reconhecimento. Seu prazer, seu orgulho, sua alegria, era passear pelas ruas a pé, sem guarda-costas, e ser assediado por onde passasse - não de aclamações lisongeiras, e sim de cumprimentos e saudações amigáveis, carinhosas, tapinhas nas costas como se ele fosse um membro da família, um amigo, um ente querido. Fidel era alegre, otimista, um poço de reflexões memoráveis em um mundo de políticos pobres de cultura e de espírito.
El Jeve Máximo era um workaholic mico-manager, como brincava um companheiro em inglês - lingua que diga-se de passagem, Fidel dominava. E um homem que transitava entre o presente e o futuro em uma rapidez impressionante. Era também um visionário. Previu várias coisas no mundo. Uma delas, que a reaproximação dos EUA e Cuba só se faria com um presidente negro na Casa Branca e um papa latino-americano no Vaticano.
Cuba aproximou-se do Vaticano em 2010. Com a idade, Fidel voltou a dar ouvidos às suas origens católicas - ao Novo Testamento que influenciou tanto seus valores éticos e morais que ditaram sua luta desprendida por seu povo. Primeiro veio Bento. Depois Francisco, o latino-americano que intermediou o reatamento dos laços entre a Havana e Washington, sem dominância dos norte-americanos.
O encontro entre os dois bons ex-alunos dos Jesuítas foi emocionante e quase uma bênção ao revolucionário que estava visivelmente prestes a deixar este mundo e seu povo aos cuidados de Raúl, o caçula do grupo que seguia o Che passo a passo e que hoje, tem a responsabilidade de não trair os Comandantes que nacionalizaram as torres das multinacionais, transformaram o suntuoso palácio do governo em museu da revolução, transformaram e formaram tanto a vida da população que, como mesmo mortos, é impossível apagar suas marcas e apagá-los da memória.
Quando Fidel e o Che lideraram o povo cubano à liberdade em 1959, ninguém acreditava no futuro que ambos anunciavam e representavam.
Ninguém acreditava que os dois conseguissem tirar a ilha da miséria econômica e moral em que o ditador Fulgencio Batista - com o apoio da Casa Branca -  a levara, em cumplicidade com mafiosos gringos que só queriam aterrorizá-la e sugar suas riquezas e sua energia.
A Ilha tem poucos recursos naturais, portanto a penúria é grande e lamentável, muito por causa do bloqueio injusto estabelecido pelos Estados Unidos. Porém, graças à qualidade do sistema de saúde e educacional, Cuba bate todos os recordes de alfabetização e de qualidade de assitência médica.
E que país no mundo tem comitê de leitura para operários na fábrica e na obra em que trabalham?
Camilo Guevara, filho do Che, garante que os gringos não conseguirão desfazer as conquistas, dobrar um povo que conheceu a independência e o respeito humano, mas eu estou/sou cética.
A força dos Estados Unidos; a mensagem lacônica de Donald Trump: Fidel Castro is dead:; significa mais do que essas quatro palavras. Significa, a porta está aberta para entrarmos, usarmos e abusarmos. Será que Raúl deixará?
Quero acreditar que o caçula terá forças para resistir.
Hoje, só quero olhar esta cidade em que o tempo para, os carros antigos que desfilam solenes desafiando a teconlogia moderna, celebrando a vida no que ela tem de essencial, e desfrutar da beleza das casas, da simplicidade no trato, da sinceridade de um povo que ainda não foi contaminado pelos sonhos inacessíveis da nossa sociedade capitalista que exclui os menos ambiciosos e os mais fracos.
Que os Comandantes Che e Fidel, lá do alto, protejam seu povo e roguem a Deus por nós todos.

"Nowhere in the world, in no act of genocide, in no war, are so many people killed per minute, per hour and per day as those that are killed by hunger, thirst and poverty on our planet".

Telesur : Fidel aos 90 anos
The Secret histoy of how Fidel helped to end apartheid in South Africa
Saul Landau: Fidel  (1971)
FIDEL provides a unique view of Cuba's controversial and most polarizing leader. In 1968, Fidel Castro took filmmaker and activist Saul Landau on a weeklong jeep ride through the eastern mountains. The film contains rare archive footage of the Bay of Pigs invasion and scenes of Che Guevara alongside interviews with political prisoners.
 Documentary Channel 4: 638 ways to kill Castro
 
TeleSUR en Vivo
 teleSUR English
 La ceremonia de homenaje a Fidel Castro en la Plaza de la Revolución de La Habana
 


domingo, 20 de novembro de 2016

Paz e Justiça são inseparáveis e indivisíveis. Is the ICC bias?

Na semana passada, a ICC - International Criminal Court - publicou um relatório acusando a Rússia de crime de anexação da Crimea - que a Ucrânia quer recuperar após tê-la anexado contra a vontade da população, no fim da União Soviética.
No dia seguinte, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a retirada de seu país da Corte internacional. Segundo Vladimir Putin, o Tribunal da Háguia não cumpre devidamente seu mandato.
A atitude de Putin levou África do Sul, Burundi e Gâmbia a ousar retirar-se e teme-se uma debandada em média escala. Sobretudo nos países africanos, que são, no fundo, os mais visados e os únicos que sofrem punição real.
O ICC condenou a Rússia, não Vladimir Putin pessoalmente, como faz com os criminosos de guerra africanos.
Vale lembrar que há países que cometem crimes de guerra diariamente - tais como Israel - que se recusaram desde o início a assinar o protocolo do ICC. Ou seja, desde sua criação, os crimes de Israel são premeditados até nisso - exonerar-se de sua responsabilidade jurídicamente.
Putin reagiu mal ao ICC por duas razões.
A primeira, deveu-se à rapidez do processo e do veredito contundente - normalmente os processos demoram anos. Como por exemplo, Israel bombardeou Gaza em 2014 e até hoje os palestinos não conseguiram nem que as investigações às suas denúncias - com provas universais na mídia - começassem.
A segunda razão é a parcialidade que o ICC vem demonstrando há anos. Até a Rússia ser prejudicada, Moscou fazia vistas grossas à impunidade dos criminosos de guerra israelenses e ocidentais achando que também gozaria do mesmo privilégio, mas não.E Putin sentiu-se humilhado ao ser relegado ao rol dos puníveis, do Terceiro Mundo.
Enquanto as únicas vítimas eram os países subdesenvolvidos africanos e réus sérvios préviamente demonizados pela mídia internacional, tudo bem. Mas não mexam comigo! Deve ter pensado e ruminado Putin entre-dentes rangendo.
Aí a atitude do Kremlin provocou pânico nas instâncias diplomáticas internacionais.
Temendo a estigmatização do ICC e da África, o homem que viabilizou o ICC veio em defesa de sua criação - Kofi Annan, sétimo secretário geral da Organização das Nações Unidas - do dia 01 de janeiro 1997 a 31 de dezembro de 2006.
Kofi Annan é boa gente. Bem intencionado e íntegro. Mas é africano, de Gana. Fez pós-graduação no M.I.T., nos Estados Unidos, mas continuou africano. Sua origem está na pele e no sotaque. Por mais inteligente que seja e por mais que seja diplomado, a nacionalidade de Kofi Annan já o deixa em posição de inferioridade, de cara.
O problema com os africanos é que por mais que sejam preparados e viajados, o ranço de colonizado dita seus atos e fica colado em suas costas como um alvo.
O africano sente uma necessidade incontrolável de ser aceito no clube das potências mundiais que o colonizaram e o controlam sem nem precisar falar alto. Apenas com tapinhas nas costas e cochichos de falsa camaradagem - falsa porque o africano jamais será admitido no círculo dos grandes deste mundo de igual para igual. Jamais. Contudo, ele se ilude e na tentativa de igualar-se acaba fazendo o jogo das potências mundiais que exploram seu terceiro-mundismo.
O africano serve as potências mundiais não por ambição, não por compartilhar sua cobiça e sua indiferença pelos mais fracos, não. Serve para ser aceito no círculo fechado que, ao seu entender, eleva seu status humano e social.
(É por isso que a família do ditador corrupto de Angola, Agostinho dos Santos, usa o dinheiro público como privado para comprar tudo o que pode em Portugal, no nome de seus familiares. Não é uma revanche como poderia ser uma tupniquim, nossa. Não. É para dar-se a ilusão que o dinheiro do povo angolano pode levar esta família corrupta à ascenção ao hemifério norte; à sensação de pertencer ao clube fechado branco que transmitiu-lhe seus costumes sem dar-lhe a chave que abre as portas de seu mundo vedado ao continente negro, desprezado.)
Voltando ao padrinho do ICC, Kofi Annan, a atitude de Putin e a eleição de Donald Trump com o perigo extremista wasp que o novo presidente dos Estados Unidos representa, o levou a assumir a defesa de seu continente e da ICC em artigo recentemente publicado no Guardian. Neste, tentava reanimar o Tribunal da Háguia, provar sua necessidade e negar as acusações de parcialidade. Baseando sua defesa no porquê de ter sido criado.
O problema é que o ICC é quase indefensável.
Não seus princípios, é claro. Nem sua existência. E sim sua utilização segundo os interesses políticos dos países da OTAN e de seus aliados circunstanciais.
Aliás os primeiros tribunais internacionais - de Nuremberg e Tokyo war crimes tribunals of Axis já foram parciais.
O único juiz que ousou na época denunciar a pantomina foi Radhabinod Pal. O juiz da Índia não economizou críticas. Para ele, Nuremberg e Axis foram an imperialistic “victor’s charter em que os Aliados excluíram seus próprios crimes, tais como o bombardeio premeditado de civis (os EUA  bombardearam bairros residenciais exclusivamente de madeira em Tóquio) exterminando dezenas de famílias - as bombas atômicas jogadas em Hirozhima e Nagazaki, nem falar.
Por outro lado, os EUA pouparam o imperador Hirohito, embora este estivesse pronto para pagar pelas atrocidades do Japão, assim como oficiais em comando dos campos de prisioneiros militares onde os australianos foram tratados de forma bestial e padeciam diariamente.
(Aliás, os EUA continuam a proceder do mesmo jeito protegendo os ditadores árabes seus aliados e seus crimes contra a humanidade check out o Empire Files da Abby Martin:  Inside Saudi Arabia: Butchery, Slavery & History of Revolt. 
No fim da Segunda Guerra, a caça seletiva às bruxas foi tão flagrante (apesar dos livros de história terem apagado esta parte), que até o senador US Robert Taft disse:"About this whole judgment, there is the spirit of vengeance. And vengeance is seldom justice".
Por este e outros exemplos, criada nos moldes dos dois tribunais que sucederam a Segunda Guerra Mundial, a Corte Penal Internacional estava fadada ao fracasso da justiça. Estava fadada à parcialidade.

A prova disso é incontestável. Todos os 36 criminosos de guerra processados pela Háguia são africanos. Com os demais, a investigação se arrasta indefinidamente. Vide o caso dos crimes de Israel.
Esta estatística basta para mostrar a seleção injusta ou/e a um neocolonialismo indiscutível.
O ICC é questionado também nos planos econômico e prático. Apesar de seu orçamento crescente (superior a US$150 milhões anuais), a Corte só obteve sucesso na condenação de dois réus. Sem contar os fiascos com o líder keniano Uhuru Kenyatta, e com Omar al-Bashir por crimes contra a humanidade em Darfur - o presidente sudanês (desde 1993) continua a circular normalmente pela África apesar da ordem de prisão do ICC.
Por que os resultados do ICC são tão baixos?
Segundo o professor inglês Duncan McCargo, é por o ICC ser fundado no conceito de "transitional justice" que é "rooted in an ideology of 'legalism,' which regards justice as superior to politics — as somehow suprapolitical and even beyond criticism. This can be a counter-productive basis for the pursuit of war criminals, as it suggests that politics has no role in solving what are often inherently political problems. Transitional justice does not, as a rule, pay much attention to the messy particularities of history, which undermines its capacity to provide peaceful solutions to violence, while arguably exposing it to political manipulation."
Manipulação política é o que mais há na Háguia. Desde que a Palestina entrou com um processo contra Israel e seus crimes de guerra, Tel Aviv começou uma campanha escandalosa de isolamento da Corte. O ministro das relações exteriores de Israel, o neo-fascista fora-da-lei Avigdor Lieberman (que mora em uma colônia ilegal na Cisjordânia e transita pelo mundo afora impunemente) vem fazendo um lobbying violento nos países que realmente contam para que a Corte seja extinta antes que atinja os dirigentes israelenses - todos culpados de crimes hediondos sujeitos a punições masos.
A meu ver o ICC é necessário, desde que funcione direito.
Por enquanto, a meu ver, o ICC está funcionando de maneira errada. Por isso, provoca mais crises do que resolve problemas. Por isso deixa tantos criminosos em liberdade e na maioria das vezes, a situação interna do país que pretende melhorar, piora.
O ICC não deveria julgar, na Háguia, crimes cometidos por líderes contra seu próprio povo como um todo ou contra uma comunidade nacional - que é o que acontece majoritariamente na África. Acho que no tocante a este tipo de crime intra-nação, o ICC deveria viabilizar a criação de tribunais nacionais, com juizes locais que sigam a constituição e as leis vigentes. Só assim, com um julgamento nacional, independente, os criminosos seriam processados de maneira justa (segundo a concepção do país e não em moldes impostos por estrangeiros) e permanente. Só assim o orgulho e as suscetibilidades patrióticas não são feridas, as sequelas diminuem e uma possibilidade de reconciliação é viável. Como aconteceu na África do Sul e em Ruanda, sob iniciativa de Nelson Mandela e Desmond Tutu.
Por outro lado, a ICC, na Háguia, deveria julgar os crimes contra a humanidade inter-nações. Cometidos contra um outro país, contra um outro povo. (Estes dos quais Israel está tentando safar-se).
Aí sim, a Corte internacional adquiriria legitimidade e respeitabilidade.
Aí sim, TODOS os crimes contra a humanidade cometidos, seriam punidos - inclusive os dos membros da OTAN, Estados Unidos no topo da lista, e de seus protegidos - Israel seria o primeiro.
Aí sim, a ICC teria moral e autoridade para processar a Rússia. 
Que Kofi Annan me perdoe, mas a International Criminal Court só cumprirá sua função e será respeitada quando criminosos como Tony Blair, George W. Bush, Hillary Clinton, Barack Obama, Binyamin Netanyahu e sua corja, estiverem no banco dos réus, e em seguida, atrás das grades.
Antes disso, atacar a Rússia é um golpe baixo, irrelevante, e irresponsável. Só demonstra a parcialidade da ICC, dobrada de uma cegueira geopolítica a curto, médio e longo prazo.
 A não ser que o golpe tenha sido premeditado. Mais uma manipulação nociva do lobby israelense. Sabiam que Putin reagiria mal e provocaram, conscientemente, um efeito dominó que serve os interesses de Israel; como sempre, indiretamente.
Paranóia?
Seria, se Israel não tivesse a influência que tem em Washington, Paris, Amsterdã e em tantas outras capitais europeias; até Berlin, onde a hasbara joga despudoradamente com a chantagem do holocausto que é um poço de lamentações, justificadas, mas hipócritas e inesgotáveis.
BRASIL



domingo, 13 de novembro de 2016

Trump, Putin; White House, Кремль: Quem governa o mundo?

Enquanto Donald Trump celebra sua vitória e Vladimir Putin o cumprimenta de maneira sóbria, o primeiro ministro da Rússia, Dimitri Medvedev foi encarregado de uma tarefa político-estratégica de sabotagem da hegemonia US no Oriente Médio - reanimar as Peace Talks entre Israel e Palestina.
Com esta iniciativa diplomática que era exclusivamente gringa até uma semana atrás, o Presidente da Rússia manda um recado à OTAN e a Washington: Doravante, sou eu que dou as cartas na Terra. Washington vai ser um contra-peso e não mais um peso pesado.
Dimitri chegou em Jericó ontem para, segundo o comunicado oficial: "talks with Palestinian leader Mahmoud Abbas. The pair are expected to sign a number of agreements and treaties as part of the trip." Após passar por Tel Aviv e dizer a Binyamin Netanyahu, sem rodeios, a que veio.
No plano policial, a Rússia também galgou grandes degraus. O major russo Aleksandr Prokopchuk que dirigia a Interpol em Moscou, acabou de ser eleito vice-presidente da organização internacional com 127 votos a favor, 10 contra e 8 abstenções. A Interpol só opera no combate internacional de crimes comuns - não interfere no combate de crimes políticos, religiosos e militares - mas é eficiente e prestigiosa.
Ouve-se em Moscou que o grande vitorioso nas eleições dos EUA não é Trump e sim Putin. 
Não que o presidente da Rússia tenha influenciado o resultado (embora os vazamentos de wikileaks tenham saído na hora certa da reta final).
Não que o Kremlin veja o novo ocupante da Casa Branca como um aliado (embora seja mais fácil Trump ser pragmático do que a Clinton, que apóia todas as loucuras de Israel, é uma warlady e anti-Putin primária).
E sim porque a vitória desse palhaço mostra, segundo analistas russos, que o "american establishement" está descontrolado e fraco.
Com Donald Trump em Washington, Putin está pronto para sentar-se no trono do reino mundial.
Mas como o presidente da Rússia é gato escaldado e não confia em estadunidense nem com documento assinado, deve esperar Trump dar o primeiro passo. Ou seja, que mostre sua verdadeira cara (se tiver algo atrás da máscara) e mostre suas cartas no baralho da política internacional.
Na Síria, por exemplo, pode ser que, ao contrário de Obama, Trump apóie Putin em vez de minar o terreno ainda mais.
A questão iraniana dependerá do grau de subserviência de Washington a Tel Aviv ser maior do que a pressão das coorporations gringas que estão lucrando com a abertura restrita à sua exploração do mercado do país.  
A Palestina ainda é um enigma porque embora tenha ido à AIPAC e embolsado dinheiro sionista, Trump é menos comprometido com o lobby israelo-militar-ocupacionista do que a Clinton. Apesar de um de seus "patrocinadores" ser Sheldon Adelson, um dos maiores investidores nas colônias judias ilegais na Cisjorânia. Binyamin Netanyahu espera que Trump apóie sua limpeza étnica da Palestina sem dar um pio.
Dito isso, faço conjecturas vazias, pois, de fato, a presidência de Trump é a mais imprevisível da história dos Estados Unidos.
Não conheço ninguém, nenhum analista fiável, que possa e saiba dizer hoje o que esse cara realmente pensa e pretende.
Não que os presidentes anteriores fossem mais previsíveis - Barack Obama provou que há distância entre intenção, promessa e gesto concreto. E sim porque seu programa é um grande vazio e ele representava um papel que talvez mude, ao chegar ao governo.
Aliás, tenho ouvido que a vitória de Trump foi a do ódio, da exclusão, do racismo, do neo-fascismo, etcétera e tal.
Eu discordo.
Acho que a chegada de Trump à Casa Branca deve-se ao rumo que o partido Democrata tomou ao escolher a Clinton como candidata em detrimento de Bernie Sanders.
Foi uma falência moral. O partido apoiou uma candidata corrupta até a alma sabendo do risco que corria. Ou melhor, menosprezando o eleitorado e ignorando o princípio básico da política: a diversidade. A possibilidade do eleitor escolher entre dois lados distintos e claros. 
Com Trump e Clinton, os estadunidenses se encontraram diante do mesmo perfil inconfiável. Tinham a escolha entre a foice e o punhal. Escolheram a foice porque o punhal é uma arma dissimulável que pode ferir, matar, de surpresa.
Trump cuspiu um monte de mentiras a seus eleitores e lançou uma tonelada de acusações verdadeiras contra a candidata Democrata. Esta, não tinha moral para rebater e foi se atolando na lama em que vive há décadas. A única chance que os Democratas tinham contra Trump era Benie Sanders. Pois havia uma escolha clara entre a fabulação e a verdade, entre discurso oco e argumentos político-econômico-sociais embasados.
Os Democratas, em vez de escolherem um candidato idôneo, embarcaram no barco furado da Clinton e hoje os EUA estão como a Inglaterra com o Brexit - de ressaca e isolados.
Do que adianta passeatas quando a democracia é exercida e dá errado? (Apesar do sistema eleitoral dos EUA ser tudo, menos democrático a cem por cento, é o vigente).
O cara foi eleito, agora tem de deixá-lo governar. É o princípio democrático. Que tem de ser respeitado com uma oposição ferrenha a medidas anti-democráticas.
O partido Democrata hoje é como o Partido Socialista na França e como o Partido Trabalhista na Inglaterra antes de Jeremy Corbyn. Distanciado de suas bases. Desvinculado dos princípios em que foi criado. Dominado por uma elite que culpa tudo e todos, menos a si mesma, ao ser merecidamente derrotada.
Não foram apenas racistas, homofóbicos, misóginos, fascistas que elegeram Trump. Clinton sofreu suas maiores derrotas em zonas "brancas" em que Obama estava firmemente implantado.
O voto dado a Trump não foi majoritariamente radico-sectário, foi de raiva. De protesto à mundialização protagonizada pelos 1% que condenam seus compatriotas ao desemprego e à precariedade ao "deslocalizarem" suas fábricas para países que empregam mão-de-obra semi-escrava.
No Brasil é o mesmo. Lula e Dilma estabeleceram regimes de proteção de emprego e boas condições de trabalho ao operário, ao funcionário, e a "elite" financeira golpista levou suas fábricas para a China e passou a reunir-se em Shangai nos hotéis 5 estrelas com filtro anti-poluição nos quartos.
(Aliás, o casal Temer e Trump se assemelham tanto!)
A mondialisação foi criada pelos magnatas financeiros para servir apenas seus interesses.
Qualquer que seja o país, esses 1 por cento não têm partido, não têm ideologia, não têm nenhum espírito cívico ou humanista. Só querem lucrar, cada vez mais, com o trabalho alheio.
A Clinton representava essa elite indiferente e ávida de dinheiro.
Não foi o palhaço neo-fascista que ganhou. Foi a ogra corrupta que perdeu.
O ponto positivo é que, desta vez, estamos livres dela para sempre.
Noam Chomsky on Trump's election
Inside Story on Trump's election
PALESTINA
Empire Files: The Untold History of Palestine & Israel - october 2016
OCHA 
 
Quotidiano sob ocupação: soldados da IDF invadiram o vilarejo de Zabubah, na Cisjordânia à caça de meninos. Encontraram uma turminha brincando e ao atacarem a meninada, um deles, de 11 anos, imobilizou-se de pânico e foi atacado pelo "valente" soldado. Fato banal nos territórios palestinos ocupados. É assim que os soldados israelenses se distraem. Armados até os dentes, atacam mulheres, meninos e adolescentes indefesos. Dos homens adultos, mantêm distância. Nestes, só atiram de longe.
Daily life Under occupation:On 2 November 2016, soldiers entered the village of Zabubah and ran toward a group of children who had gathered there. The children dispersed, but one of them, an 11-year-old, froze. A security camera installed in the area captured the images of an israeli soldier knocking the boy to the ground.
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