domingo, 28 de outubro de 2012

Israel vs Palestina: História de um conflito XXII (03 2002)

No dia primeiro de março de 2002, a IDF continou a atacar os campos de Jenin e Balata.
A razão evocada foi o atentado frustrado da bomba-suicida na barragem. 
O resultado foi a morte de mais oito palestinos e cerca de cem feridos graves.
No dia dois, outro bomba-suicida explodiu em Jerusalém ocidental levando consigo onze israelenses.
E no dia seguinte, um resistente do Tanzim matou sete soldados e três colonos em uma operação militar em barragens próximas da invasão de Ofra, na Cisjordânia.
A IDF não esperou nem um dia para investir outro campo de refugiados. Perdeu um soldado, matou 15 palestinos e deixou dezenas de pessoas em estado crítico.
No dia anterior, a Arábia Saudita apresentara às Nações Unidas seu plano de paz em que condicionava a regularização de relações diplomáticas e econômicas à retirada israelense - civil e militar - dos Territórios Ocupados. Conforme às fronteiras de 1967.
Enquanto os árabes tentavam sensibilizar Sharon com petro-dólares, os ataques da IDF continuavam.
Mais 17 palestinos perderam a vida em uma escalada militar de mau presságio.
Três foram mortos em Rafah, na Faixa de Gaza e 13 na Cisjordânia, em Jenin, Nablus e Ramallah. Onde no campo de refugiados Amari, seis pessoas perderam a vida em um atentado contra Hussein Abu Kawaik.
O míssil que atingiu o carro deste membro eminente do Hamas, matou sua esposa, seus três filhos e um casal que estava nas proximidades.
Abu Kawaik perdeu a família, mas "só" saiu ferido e com o coração partido.
Enquanto isto em Jenin várias mulheres perdiam a vida no quinto dia de bombardeio consecutivo.
No dia 05, a IDF torpedeou ainda mais certas áreas urbanas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Helicópteros Apache e caças F-16 sobrevoavam os territórios palestinos semeando destruição, morte, sofrimento, se revezando nos ataques aéreos.
Não ficou pedra sobre pedra nos escritórios da Autoridade Palestina em Khan Yunis, no sul da Faixa. O belo Khan, ou Caravanserai medieval - intato na foto ao lado - não representa a realidade após a matracagem aérea.
Marwan Barghuti, chefe do Fatah na Cisjordânia, vendo a hecatombe à sua volta, lançou um apelo oficial aos compatriotas - que atacassem todas as barrangens da IDF, em apoio às operações militares do Tanzim, que ele liderava.
A iminência de uma insurreição mais danosa para seus soldados não fez Sharon recuar e sim reforçar o bombardeamento cego que organizara. Do alto. Bem do alto.
No dia 06, declarou estado de guerra. Na fala e no ato. Ordenou o bombardeio da Mukata'a de Arafat em Ramallah e, concomitantemente, o centro de Belém - a cidade que abriga a Basílica da Natividade foi escolhida como alvo em desafio aos padres que davam assistência à população local e em outras localidades, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.  Era só a introdução do que seria feito um pouco mais tarde, durante o sítio da Natividade.
Em Ramallah, Arafat escapou de novo, por um fio, mas perdeu seis compatriotas.
Um deles era Khalil Suleiman, médico do Crescente Vermelho. A ambulância em que estava foi bombardeada perto de Jenin ferindo mais três para-médicos que tentavam exercer seu ofício de salvar quem pudesse ser salvo.
Dezessete pessoas tinham sido mortas nos ataques e as ambulâncias corriam de um lado para o outro recolhendo ou tratando dos feridos mais graves. E como sempre, eram bloqueadas em chechpoints que a IDF improvisava no intuito de atrasar os socorros. Quando não, simplesmente para eliminar a assistência médica aos bombardeados.

Em 17 meses esta Intifada já contava 1442 mortos (majoritariamente palestinos). Mais do que os 1420 da Primeira Intifada de 1987 a 1993.
Este dia terminou com mais oito mortos e noventa feridos graves.
Não bastaram.
O pior foi na Faixa de Gaza. No campo de refugiados super-populado de Jabaliya, ao qual Sharon enviou um batalhão com dois mil soldados dentro de tanques e caterpillars armados.
Fazia três meses que Yasser Arafat estava confinado em prisão domiciliar cercado de tanques e soldados.  Enquanto isso Sharon enchia os presídios israelenses de palestinos de todas as idades.
Na iminência da visita de Anthony Zinni, o general afrouxou as garras que prendiam Arafat e disse que "autorizaria" que circulasse. Contanto que fosse apenas nos Territórios Ocupados. Ir ao exterior ou encontrar enviados estrangeiros que não viesem dos EUA, nem pensar.
Confiando na impunidade, no mesmo dia, um grupo para-militar israelense jogou uma bomba no patio de uma escola palestina em Jerusalém ferindo vários alunos.
As autoridades israelenses nem tomaram conhecimento e ninguém foi punido pelo trauma, ferimento e desmembramento dos meninos. 
O PFLP retaliou na Cisjordânia, na invasão da colônia de Ariel. Deixaram onze feridos.
Ariel Sharon solidarizou-se imediatamente com os colonos atingidos e fez do dia 08 de março o mais sangrento desta campanha - a que estava por vir seria ainda mais carniceira.
Atacaram para ferir os nativos no que lhes era sagrado.
Não podendo bombardear Jerusalém sem atingir israelenses, já que a cidade antiga é dividida em três partes - cristã, judia, muçulmana - voltaram a atacar Belém.  
Ao pôr do sol, os palestinos contavam 40 mortos e a IDF perdera seis soldados na investida.
A perda dos soldados deveu-se à resistência ferrenha do Tanzim que defendeu a cidade com unhas, dentes e seu arsenal precário aproveitado ao máximo.
Até Ariel Sharon ficou apertado quando seus compatriotas viram os seis caixões de seus jovens compatriotas enfileirados. Então disse que estava pronto para negociar um cessar-fogo.
Entretanto, continuou a atacar.
A conversa fiada só fez piorar a situação que já periclitava.
No dia 09 dois bombas-suicidas do Hamas explodiram concomitantemente em Netanya e em Jerusalém ocidental - em um bar próximo da casa de Ariel Sharon, matando 11 israelenses nos dois atentados.Sharon não deixou por menos. Bombardeou a sede da Autoridade Palestina em Ramallah, de onde Arafat despachava.
Mas isto foi só o começo.
Reocupou Ramallah com todo seu materiel bélico.
Os tanques avançaram cuspindo fogo e deixaram no caminho 27 mortos.
No dia seguinte tropas do exército, com apoio aéreo dos F-16 e Apaches, fizeram um limpa de homens, adolescentes e crianças em várias cidades e casas da Cisjordânia - para atingir o máximo de famílias.
Os presídios já estavam cheios de prisioneiros políticos. Do dia 9 ao dia 12, mais de dois mil palestinos se encontraram atrás das grades ou em salas de tortura. O mais novo tinha 12 anos o mais velho nos sessenta.
No dia 12, Israel lançou sua maior ofensiva em 20 anos com 20.000 soldados e mais de 150 tanques marchando sobre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Mais da metade usados em Ramallah.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reagiu apresentando a Resolução 1397 que mencionava pela primeira vez a perspectiva de dois Estados "Israel e Palestina, convivendo lado a lado dentro de fronteiras reconhecidas e seguras".
A Síria desaprovou por considerar a Resolução inútil, já que não delimitava fronteiras e nem desocupava nem um metro do território ocupado, mas os argumentos de seu embaixador foram irrelevados.
Com o sítio de Ramallah a liberdade provisória de Yasser Arafat foi revogada e vinte e três palestinos perderam a vida nessa empreitada militar.
No dia 13, enquanto Anthony Zinni não chegava dos EUA, Sharon reforçou o toque de recolher e aproveitou para continuar a bombardear de madrugada. De longe. A salvo.
Foi nesse dia 13 fatídico que em uma investida terrestre a IDF matou um colega jornalista a sangue frio. Um veterano de 42 anos que sobrevivera ao Kosovo e ao Afeganistão sem um arranhãozinho.
Rafaelle Ciriello era um fotógrafo italiano free lance que estava na Palestina pelo Corriere della Sera.
Foi assassinado em Ramallah.
Amadeo Ricucci, um colega da RAI Uno que estava com Rafaelle quando foi assassinado, contou que os dois estavam seguindo um grupo do Tanzim em uma área tranquila (aliás, todas as cidades palestinas em estado de sítio pareciam cidades fantasmas em que não se via viv'alma, tirando os grupos de resistência esporádicos, e os tanques da IDF) próxima de um campo de refugiados que estava sendo atacado pela IDF e defendida por um punhado de resistentes do Fatah.
Os dois estavam com outro jornalista em uma viela, dentro de um prédio. De repente apareceu um tanque na entrada da viela, Rafaelle deixou os colegas e saiu para fazer a que viera, ou seja, fotografar.
Foi baleado ao aproximar-se do tanque para fazer a foto. Não levou apenas um, dois, três,... levou seis tiros. "Por acaso". Morreu no hospital no mesmo dia.
O tanque bateu em retirada, o governo italiano pediu satisfação, o porta-voz da IDF alegou ignorância da presença de jornalistas em Ramallah (!) - área vedada, segundo os oficiais - e completou que os repórteres que trabalhassem nos lugares em que a IDF estivesse em operações militares (isto é, em toda a Palestina ocupada) estavam "pondo a própria vida em risco".
Em poucas palavras, o público só podia aceder a imagens e comunicados fornecidos pelos órgãos oficiais de Tel Aviv e de Washington.
A IDF se outorgava o direito de atirar nos profissionais da imprensa internacional que ousassem cumprir com a obrigação de informar, em vez de veicular apenas a versão que o governo de Israel divulgava.
No mesmo dia um repórter francês foi ferido em outro "acidente". E também ficou por isso.
O sinal "PRESS" respeitado em todos os lugares e normalmente bem-vindo, a partir deste dia, viraria alvo. Sujeito a tiro.
(No mesmo ano, em agosto, a IDF anunciaria a conclusão da investigação do "acidente" das seis balas que causaram a morte de Rafaelle. Dizia, "Não há nenhuma evidência e nenhum conhecimento de uma força (armada) ter atirado na direção do fotógrafo." Ponto final.)
O assassinato de Rafaelle jamais seria punido. Desde então, Israel é o único país que se diz "democrático" em que os jornalistas estrangeiros correm risco de vida pelo simples fato de exercerem seu ofício.
No mesmo dia 13 em que Rafaelle foi assassinado, pela primeira vez o Conselho de Segurança da ONU, ou seja, os Estados Unidos, concordaram com um Estado da Palestina.
Não é que Zinni fosse simpatizante da justa-causa.
Era, mas era mais ainda um bom oficial cansado de guerra, que fora encarregado da missão de patrocinar a paz. Que garantisse a segurança de Israel, nota bene implícita no encargo.
Com inteligência e perspicácia, deve ter entendido que para ser bem sucedido, tinha de conceder aos palestinos o direito de Estado; assim acalmá-los e consequentemente, proteger Israel dos efeitos dramáticos que a ocupação gerava.
No dia 15, as Nações Unidas em peso apoiaram a Resolução do Estado da Palestina, finalmente autorizada pelos EUA.
O embaixador da Síria voltou a argumentar que esta Resolução era frágil demais por não atingir o cerne do conflito, que era a ocupação do território palestino.
De fato, o Estado era empírico, pois deixava de estipular o principal - extensão territorial e fronteira bem marcada, com garantia militaro-logística da ONU.
A Síria dizia que tinha de começar pelo fim da ocupação do território estabelecido nas fronteiras de 1967, e depois declarar os territórios desocupados um Estado livre e soberano. Sem tal medida, argumentavam os sírios, a noção de Estado era vaga demais para ser efetivada. E que a ONU tinha de ligar ato a palavra senão esta Resolução não passaria de uma a mais, na longa lista de Resoluções que Israel não respeitava.
As Nações Unidas anotaram, e ficaram de deliberar mais tarde.
No dia 14 Anthony Zinni chegou a Jerusalém para negociar uma diminuição da violência e com otimismo, um cessar-fogo, após o fracasso das tentativas anteriores.
No dia 17 foi a vez da Europa manifestar-se.
A União Europeia resolveu pronunciar-se a respeito da Intifada condenando os atentados palestinos e lamentando as vítimas civis israelenses. Sem mencionar nem uma vez o número multiplicado de civis palestinos vítimas dos bombardeios e sem condenar as investidas da IDF.
No tocante ao conflito propriamente dito, "o objetivo é duplo: criar um Estado palestino democrático viável e independente pondo fim à ocupação que data de 1967 e assegurar o direito de Israel viver com segurança dentro de suas fronteiras garantidas pelo engajamento internacional e particularmente dos países árabes".
Concluíram com a consideração óbvia que "A União Europeia continua convencida que a paz no Oriente Médio só pode ser global se incluir a Síria e o Líbano".
Sem no entanto precisar a ocupação israelense dos Golan sírio e do sul do Líbano.
Os palestinos entenderam que estavam mesmo sozinhos.

No dia 20 de março um bomba-suicida explodiu um ônibus no norte de Israel levando consigo sete locais. No dia seguinte, outro explodiu na Jerusalém ocidental ocupada, levando consigo três pessoas e deixando várias feridas.  Retaliações pesadas seguiram.
No dia 24, cerca de 350 mil pessoas, ou seja, dez por cento da população libanesa, participaram de uma passeata de solidariedade com a Intifada e de recusa de todo compromisso com Israel.
Em Damasco, milhares de sírios cobriram as ruas om a mesma finalidade, exigindo que Assad não permitisse a limpeza étnica anunciada.
Nos dias 27 e 28, em reunião de cúpula em Beirute, os países árabes, pressionados pelas ruas de suas capitais, discutiram então a oferta de paz feita a Israel. Cinquenta por cento dos presidentes estavam ausentes. Inclusive o principal interessado. Yasser Arafat continuava em prisão domiciliar em Ramallah.
No primeiro dia do encontro, no dia 27, dia de Pessah - páscoa judia- em represália à violência das Forças de ocupação e à execução de Ra'ed Karmi, um alto dirigente do Fatah de Tulkarm, um bomba-suicida do Hamas explodiu em um hotel de Netanya, em Israel. Levou consigo 29 pessoas e deixou mais de cem feridos.
Isto aconteceu em um momento em que os eleitores de Ariel Sharon também já reclamavam do seu estilo de governo. Cobravam as promessas eleitorais de acabar com os efeitos colaterais da Intifada dentro de seu território. Pois desde que assumira o poder, em vez das perdas israelenses diminuirem, tinham sido multiplicadas por seis. Haviam passado de 50 no dia de sua posse a 400 até o fim de março - civis e militares.
O número de mortos palestinos era quase o quáduplo, mas estas mortes ficavam longe dos noticiários.
Aproveitando o ataque de Netanya e a reação horrorizada dos compatriotas e da opinião pública internacional - servida com imagens copiosas das vítimas israelenses ensanguentadas - no dia 29 de março, Ariel Sharon deu o golpe fatal à trégua que Zinni negociava.
Em vez de pisar no freio da violência, lançou a ofensiva mais mortífera de sua era.
O nome da operação militar - Defensive shield "Escudo Defensivo" - era uma ironia. Ou eufemismo para Fogo Ilimitado.
  
A "Operação Defensive Shield" - ODS - seria a operação materialmente mais destrutiva e a maior chacina humana empreendida por Israel desde a Naqba.
No dia 30 de março, vendo a amplitude da investida, os danos e a censura de informação da IDF que impedia o trabalho dos jornalistas, dos enviados da ONU e das ONGs médicas humanitárias, o Conselho de Segurança da ONU adotou a Resolução 1402 exigindo a retirada das tropas israelenses de Ramallah.
Esta tentativa de intervenção seria vã pelas mesmas razões de sempre.

Os EUA apoiavam Ariel Sharon e o deixaram levar a cabo seu delírio sanguinário.
No dominó da ODS, depois de Ramallah, nos dias 1°, 2 e 3 de abril, as forças de ocupação investiriam Tulkarm (ao lado) e Qalquilya - também com apoio aéreo dos helicópteros e aviões de combate.
Belém, Nablus e Jenin seriam as próximas vítimas.
Em quatro dias, seis das principais cidades palestinas, cidadezinhas e campos de refugiados vizinhos seriam assediados e estariam sob fogo cerrado.
Nas próximas etapas, veremos o pesadelo de cada um desses locais sitiados.

"IDF soldiers and officers have been given clear orders: to enter cities and villages which have become havens for terrorists; to catch and arrest terrorists and, primarily, their dispatchers and those who finance and support them; to confiscate weapons intended to be used against Israeli citizens; to expose and destroy terrorist facilities and explosives, laboratories, weapons production factories and secret installations. The orders are clear: target and paralyse anyone who takes up weapons and tries to oppose our troops, resists them or endangers them - and to avoid harming the civilian population."
Primeiro ministro Ariel Sharon diante do Knesset no dia 8 de abril de 2002

  
Entrevista de Jon Elmer com Uri Avnery. 3
Jon Elmer: According to the United States and Israel, it is the Palestinians--more specifically, Arafat--who must take the initiative in ending the "cycle of violence." Edward Said once said: "Since when does a militarily occupied people have responsibility for a peace movement?" Is it the responsibility of the Palestinians to end the violence?
Uri Avnery: Violence is part of the resistance to occupation. The basic fact is not the violence; the basic fact is the occupation. Violence is a symptom; the occupation is the disease--a mortal disease for everybody concerned, the occupied and the occupiers. Therefore, the first responsibility is to put an end to the occupation. And in order to put an end to the occupation, you must make peace between the Israeli and Palestinian people. This is the real aim, this is the real task.

Shadia Mansour raps for Palestine
  

Reservista da IDF, sargento do Armored Corps, Breaking the Silence.
"How did the fact that you were armored corps find expression?
There are tank posts that do surveillance.
And if a tank-post is fired at?
Depends on when, depends on the commander. There were all kinds of open-fire instructions. Some were strict, some less strict. Sometimes they were authorized by the brigade commander, sometimes by the company commander, sometimes by an officer. Sometimes people would simply fire and report about that they were firing, hey, all's well. With us it didn't happen often, but I saw people around us doing it, all kinds of other corps.
You saw people around you shot at and return accurate fire?
Not necessarily shot at. They just fired, no reason, then reported it like it was a proper thing. Hey, if the firing is a proper thing, then it's a proper thing."

Reservista da IDF, Forças israelenses de ocupação
Shovrim Shtika - Breaking the Silence 1
 
 
 
 
Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/


domingo, 21 de outubro de 2012

Voto na Cisjordânia e pirataria da IDF em Gaza


Esta semana foi agitada no Oriente Médio.
O atentado sangrento em Beirute foi destaque e vai ser abordado neste blog quando, para mim, o  quem e o porquê estiverem mais claros, e minhas fontes jorrarem informações categóricas.
Para não chover no molhado ou especular sem base, prefiro abordar neste domingo o navio sueco com bandeira finlandesa que a IDF investiu enquanto as atenções internacionais estavam desviadas.

Entrada proibida pela Lei de Israel, e não da Háguia
Às 06.15 da manhã deste sábado, soldados da IDF (Forças Armadas israelenses) encapuzados, investiram o navio Estelle em águas internacionais.
O Estelle estava tentando quebrar o bloqueio e ir à Faixa de Gaza levar coisas tão perigosas quanto material de construção, bolas, instrumentos musicais e víveres básicos.
O Estelle tinha cerca de trinta passageiros de oito países ocidentais. Armados apenas de indignação e boa vontade.
Os soldados mascarados e armados para combate letal, forçaram o navio a desviar a rota de Gaza para o porto israelense de Ashdod. Onde se encontram no momento em que estou escrevendo. 
Desta vez, o navio da Flotilha da Liberdade evitou portos da Grécia, cúmplice direta e indireta da sabotagem israelense de navios humanitários, e atracaram na Itália. Luigi de Magistris, o prefeito de Nápole, permitiu o reabastecimento e "benzeu" a empreitada encontrando pessoalmente a tripulação e os passageiros do Estelle.
A "diplomacia" israelense o pressionara tanto quanto as autoridades de Alicante, Barcelona e La Spezia, para que fechassem os portos ao Estelle.
O que não é novidade, pois é o que vêm fazendo abertamente para bloquear a Flotilha da Liberdade. Cada vez que um navio se aproxima das águas territoriais de Gaza.
Porém, os prefeitos das cidades espanholas e italianas resistiram e seguiram sua consciência em vez de se deixarem intimidar.
Biniamin Netanyahu e Ehud Barak já haviam apelado até para a ONU. À qual seu embaixador, Ron Prosor, ousara solicitar que parasse o navio e um dos ativistas a bordo do Estelle respondeu logo: "Se isto significar que Israel decidiu ceder o controle das águas palestinas às nações Unidas, será realmente um passo adiante". 
Mas não era, é claro.
Tanto que o Primeiro Ministro e o Ministro da Defesa israelense deram um passo atrás rapidinho quando viram o erro tático. E resolveram usar as forças armadas da IDF para fazer o trabalho sujo que só a Grécia, que está mendigando até migalha envenenada, concordou em efetuar.
Os passageiros do Estelle são parlamentares europeus, personalidades conhecidas em seus respectivos países - Canadá, EUA, Noruega, e até de Israel.
O pacifista israelense a bordo do navio humanitário é Yonatan Shapira.
Yonatan foi piloto da IDF. E como tal, recusou-se a participar do bombardeio de cidades palestinas.
Cedo  a palavra a Yonatan e a outros refuzeniks para que expliquem o porquê de porem a ética e a consciência na frente da obediência cega.

Refusenik Yonatan Shapira

Flotilha da Liberdade

Shministim, Omer Goldman - refusenik quando o pai era diretor do Mossad

Vale lembrar que o bloqueio da Faixa de Gaza, além de desumano, é considerado ilegal por todas as instâncias jurídicas internacionais e pelas Nações Unidas, que, apesar disso, cruza os braços e deixa Israel à vontade.

Enquanto a IDF voltava a atacar e os israelenses estão em plena campanha eleitoral, os palestinos votavam em 93 vilarejos e cidades da Cisjordânia.
Os cisjordanianos foram às urnas escolher seus representantes municipais.
O Hamas está ausente. Mas este "boicote" não é assim tão grave. Grave seria se fossem eleições legislativas e presidenciais. Aí, sim, seria uma cisão nacional.
O Fatah respondeu presente em todos os lugares, menos em Ramallah, onde um partido independente, mas próximo, foi vitorioso no pleito.
Os resultados gerais ainda não foram divulgados, mas já se sabe que o Fatah garantiu as prefeituras de Hebron, Tulkarm, e Belém - que terá Vera Baboun, à direita, como prefeita. A primeira mulher a obter um cargo executivo importante na Palestina.
O Fatah perdeu em Nablus e Jenin para candidatos independentes da OLP que são ex-membros. Que se desligaram ou foram desligados do partido e provaram que seus concidadãos estão com eles.
A campanha eleitoral tinha sido mediatizada por as eleições terem sido adiadas duas vezes e por causa da alta porcentagem de candidatAS. Vinte e cinco por cento dos 4.700 candidatos a vereador eram mulheres.
A participação feminina na política legislativa e administrativa não é fato novo na Palestina.
O governo conta com seis mulheres nos 24 ministérios, e o Parlamento de 132 deputados, com 17 vozes femininas. Dentre elas Hanan Ashrawi que é um de seus expoentes.
O que foi novo, foi a reunião de mulheres em partidos independentes fora do Fatah.  
Um partido chamado All Female Party.
Em Hebron, ele foi liderado por Maysoun Qawasmi, de 43 anos, com um otimismo negado nas urnas. Acabou não elegendo nenhuma candidata, mas plantou semente. Por enquanto, os eleitores preferiram apoiar o Fatah, que é um valor seguro em tempos de ocupação.
Aliás, a lei eleitoral palestina obriga a presença de no mínimo três mulheres nas chapas dos partidos, embora as mulheres ainda estejam majoritariamente confinadas às "prendas do lar" - apenas 16% das mulheres palestinas são formalmente empregadas.
A criação do Partido de Todas as Mulheres foi bastante admirada. Até pelos machistas das duas cidades em que apresentaram chapa.
Pois a presença feminina é visível na Palestina.
As mulheres sempre tiveram papel importante no dia dia dos municípios, na administração da família e no plano político.
Foram formigas anônimas diligentíssimas de ambas Intifadas.
Sem elas, nada seria possível.
Sem elas, não daria para a Palestina preservar a história, a dignidade, a herança e o desejo de paz que transmitem aos filhos. Junto com a perseverança necessária à conquista da liberdade.
Por incrível que pareça, o movimento político feminino começou em um vilarejo chamado Saffa. Espremido entre muros israelenses, pertinho da Linha Verde.  
Lá, Ibtisam Mansour, uma senhora de olhar vivo e de sabedoria contagiante, abriu as portas de sua casa - uma construção tradicional rodeada de vinhedos, oliveiras e cacti - à camapnha política feminina, a pedido de Ilham Sami. Uma mulher dinâmica e eloquente, de 48 anos.
Tal mãe, tal filha, a de Ibtisam, Suheir, estilista, logo aderiu à proposta feminino-política. E com Iman, professora, e Fida, mãe de família, formaram o grupo das cinco. Elas se reuniram durante dois anos uma vez por semana para pensar e discutir sobre vários temas concretos que pudessem melhorar a vida dos moradores da região.
Foram elas que inspiraram vocações em Hebron.
Embora as mulheres sempre tenham participado do processo político institucional na Palestina, sua participação, na maioria das vezes, tem sido em um patamar de conciliações familiares em substituição aos homens interditados pela ocupação.
Este partido feminino, não. Elas concorreram com programa próprio e falaram em seu próprio nome.
Seu enfoque foi em planejamento urbano, saneamento, reabilitação de ruas e estradas e força jovem em movimento.
"Consideramos a Câmara de Vereadores um mini-governo. Pretendemos focar nossas atividades em educação, saúde, infraestutura, agricultura, ajudar os marginalizados, como os inúmeros deficientes físicos, que perderam algum membro, ficaram paralisados ou traumatizados com ações da ocupação." Disse a anciã.
A campanha destas cinco candidatas foi séria e movimentada. "Formamos o grupo Mulheres da Cidade em 2010 para mostrar que queríamos que os homens parassem de tomar decisões para nós".
As hebronitas lideradas por  Maysoun pensavam a mesma coisa. Foram derrotadas, mas vão perseverar.
Há décadas que os hebronitas vivem um calvário permanente. Literalmente. E se não fossem as mulheres e sua determinação em ficar custe o que custar, o êxodo seria bem maior do que o presente, o derramamento de sangue seria permanente, e os jovens de hoje teriam crescido com um ódio visceral dos ocupantes que os humilham diariamente.
Não é que as mães, irmãs e filhas sejam medrosas e visceralmente conciliatórias.
É que elas são corajosas e transmitem aos parentes masculinos força, quando fraquejam; medida, quando se exaltam esterilmente; coragem, quando o agressor os tolhe e os põe de joelhos; e o bálsamo curador, quando são presos, humilhados, torturados, estuprados e voltam para casa abatidos e alquebrados.
Sem as mulheres, a Palestina seria um caso perdido.
Com elas, as novas gerações são bem-educadas, mobilizadas e o país progride.
Elas, como sempre, responderam presente, e a eleição de Vera Baboun à prefeitura de Belém representa um avanço considerável.
Sua vitória estava quase assegurada. E não pelo Fatah, e sim por ela.
Vera é professora universitária e ativa em ONGs humanitárias importantes em sua cidade. É conhecida, respeitada e seu programa é esmerado.
Pretende incrementar o turismo na cidade para garantir divisas e progresso.
Para isto, precisa da ajuda de todos os cristãos que seguem os passos de Jesus Cristo até Belém.
Portanto, volto a pedir encarecidamente. Quando for ou souber de alguém que vá peregrinar pelos sítios cristãos na Cisjordânia, insista com o agente de viagens que o circuito local seja organizado ou pela Green Olives - se quiser fazer também um turismo informativo, ou por uma agência de turismo palestina - cujos guias conhecem realmente os sítios dos quais são nativos.


Centro Palestino de Turismo: http://travelpalestine.ps/
Agência de Turismo Green Olives: http://www.toursinenglish.com/
Reservista da IDF, Forças de ocupação israelense, breaking the silence:
"....I recall we were in Hebron and we had a whole collection of car keys in our jeep. And IDs. Guys would take IDs from Palestinians and not give them back.
Were there instances at the checkpoints of bribery, like cigarettes, food, money, humiliation, tasks?
That happened all the time. People would receive things, from cigarettes and food… There was a checkpoint in Hebron. I forgot which. Some little checkpoint in Hebron, don't remember where.
In town or outside?
Outside. There were lots of commercial vehicles. The soldiers in the platoon would compete who manages to squeeze the most out of people. Starting with Coke trucks… They would make them stand there until… harass them until the Arab would realize he had to take down something. At the post above the checkpoint there were 5 soldiers. There was a platoon that would man the post and checkpoint and they were the only ones who did the checkpoint. At that post there were whole cases of Coke and Arab snacks, and this got out to the platoon commander, like he knew it was happening. But okay… No, why shouldn't the soldiers get snacks, any car that was carrying stuff, 85-90% certainty the driver would give the soldiers something. Drinks, food, stuff like that."

domingo, 14 de outubro de 2012

Israel vs Palestina: História de um conflito XXI (02 2002)


No dia primeiro de fevereiro uma pesquisa de opinião feita em Israel, revelou a primeira queda de popularidade do primeiro ministro. 48% de opiniões favoráveis e 43% desfavoráveis.
Ariel Sharon não viu a porcentagem como um veto, mas sim com a ótica que o caracterizava - endureceu o tom e a força das armas.
Três dias depois mandou matar mais quatro resistentes da FDLP (Frente Democrática para a Libertação da Palestina). Subiu então para oitenta, o número de dirigentes palestinos vítimas da política de assassinatos que, em novembro de 2001, o general Ehud Barak iniciara.
No dia 07, o primeiro ministro israelense fez sua quarta visita a George W. Bush - Yasser Arafat ainda não recebera nenhum convite para ir a Washington. Ninguém parecia interessado em escutar a versão palestina dos fatos.
Sharon e Bush desfilaram sorridentes e na Palestina os sorrisos das fotos atingiram o povo como uma punhalada nas costas.
No dia 08 de fevereiro um ativista entrou em uma invasão judia armado e matou um soldado. Escondeu-se em uma casa e na troca de tiros a ocupante da casa foi morta com a filha.
Embora o palestino não fosse diretamente responsável pela morte das duas colonas judias, a IDF voltou ao ataque com seus F-16 no dia seguinte.
O alvo escolhido para os mísseis foi o presídio do complexo administrativo da Autoridade Palestina em Nablus, usado para os presos político-militares.
O ataque resultou em onze feridos graves, os palestinos ferveram de raiva, mas a paciência de muitos israelenses também chegara ao limite. Ariel Sharon estava longe de ser apoiado em massa.
Foi o que cerca de dez mil pessoas demonstraram no dia 09 de fevereiro quando responderam presente ao apelo de uma coalição de movimentos pacifistas encabeçada pelo jornalista Uri Avnery, da ONG Gush Shalom.
A passeata contou com a participação de objetores de consciência e de movimentos árabes israelenses, parou Tel Aviv e mostrou ao primeiro ministro onde estavam os 43% que estavam fartos de sua campanha de ocupação e violência.
A mensagem foi firme e clara, mas as centenas de israelenses não conseguiram dissuadir Sharon de continuar sua empreitada assassina e suicidária.
As investidas da IDF continuaram.
E os movimentos de resistência reagiram com um dos golpes esporádicos que punham em ptrática.
No dia 11, dois resistentes saltaram do carro na frente de um quartel israelense no sul de Beersheba e  atiraram nos soldados que estavam de guarda. Mataram dois, feriram cinco e perderam a vida na troca de balas.
Aí os aviões de combate da IDF voltaram ao ar para "retaliar" a morte dos soldados.
Os mísseis foram lançados bem do alto para não correrem nenhum risco no confronto corporal. Visaram um complexo de segurança próximo do escritório de Yasser Arafat na área de Jabalya, na Faixa de Gaza.
O massacre foi evitado pelo reflexo que os funcionários tiveram de esvaziar os prédios quando os aviões sobrevoaram para localizar o alvo.
As bombas caíram nos edifícios desertados e os reduziram a pedaços. Os caças aproveitaram para terminar de destruir uma fábrica de ferro já atingida em campanhas anteriores.

No dia 12 a IDF investiu uma cidadezinha com tropas e caterpillars armados.
Após cinco horas de terror e demolição desvairada, foram embora deixando um morto e vários feridos.
No dia seguinte, Tel Aviv ameaçou estabelecer mais "zonas de segurança" na Faixa de Gaza para isolar os gazauís e proteger os colonos judeus e os habitantes das cidades isralenses vizinhas.
A operação em que cinco policiais palestinos foram assassinados incluiu o bombardeio de Deir al-Balah, Beit Hanun e Beit Lahiya.
À imprensa, a investida foi apresentada como uma retaliação a dois foguetes lançados pelo Hamas na véspera, sem prejuízo.
No dia 14, em uma operação militar, os palestinos explodiram um tanque em Gaza matando os três soldados que o ocupavam.
Em retaliação, a IDF bombardeou uma cidadezinha na Cisjordânia matando um senhor e deixando vários feridos graves.
Ariel Sharon parecia incontrolável.
Portanto, no dia 17 as ONGs pacifistas voltaram às ruas de Tel Aviv a fim de tentar sacudi-lo com palavras.
Milhares de pessoas expuseram, através de slogans e cartazes, seu desacordo com a ocupação e a violência nos territórios palestinos - a pesquisa que seguiu a passeata revelou que a popularidade de Sharon caíra mais ainda. Passara a 35% de satisfeitos contra 60% de insatisfeitos.
No mesmo dia; o príncipe saudita Abdallah revelou ao New York Times uma oferta de paz que previa "uma normalização total do mundo árabe com Israel em troca da retirada completa da IDF de todos os territórios palestinos ocupados incluindo Jerusalém, em acordo com as resoluções das Nações Unidas".
Esta iniciativa suplantava a do plano do rei Rahd de 1981 - este se limitava a reivindicar "o reconhecimento de direito de todos os Estados da região de viver em paz".
À barganha econômica, o príncipe saudita uniu no dia seguinte uma proposta de normalizar, pela primeira vez na história dos dois países, as relações diplomáticas com Israel. Caso Ariel Sharon procedesse à retirada total dos territórios ocupados.
Shimon Peres foi tentado, já que o domínio econômico regional de Israel era o que o motivara a aderir ao processo de paz nos Acordo de Oslo. Entretanto, não conseguiu tentar o primeiro ministro com a perspectiva de milhões de dólares petroleiros entrando no caixa de Tel Aviv.
Ou talvez Sharon já soubesse ou suspeitasse que mais cedo ou mais tarde os EUA conseguiriam o que o príncipe prometia, sem ele ter de parar sua limpeza étnica e expansão territorial.
Diante da irredutibilidade do primeiro ministro, dois bombas-suicidas explodiram junto com quatro israelenses e a IDF esbaldou-se em um bombardeio que deixou onze palestinos mortos e um monte de feridos espalhados nas calçadas.
No dia 19 chegou um troco acanhado, considerando o número de vítimas que os palestinos recolheram das calçadas.
Um colono foi morto em Belém. A cidade foi sitiada, maltratada, mas enquanto isto, o Tanzim atacava em outra parte. Em uma barreira da IDF perto de Ramallah, seis soldados morreram em uma operação defensiva da ala militar do Fatah.
Poucas horas depois as Forças de ocupação reagiram com toda potência bélica. Varreram as ruas com bombas, balas e em poucas horas os palestinos já contavam 28 mortos e os feridos iam sendo cuidados na medida do possível, já que não havia lugar onde se estivesse a salvo.

No dia 20 as tropas invasoras investiram uma cidadezinha dando cabo de um homem em retaliação a uma bomba que destruiu um de seus tanques em Gaza matando três soldados.
Os ataques da IDF que seguiram fizeram 28 vítimas fatais e deixaram vários feridos.
No dia 21 Ariel Sharon fechou o cerco anunciando que ia estabelecer zonas de segurança ao longo da Linha Verde, além das cercas de arame farpado que concentram os gazauís na Faixa.
A Comissão de Direitos Humanos entendeu o perigo e a ONU preconizou o envio urgente de observadores internacionais aos territórios ocupados. Desta vez, para proteger os palestinos confrontados "ao uso excessivo" de força do exército e da polícia israelense.
Yasser Arafat, em sinal de boa vontade, mandou prender em Ramallah dois suspeitos do assassinato do ministro israelense de turismo, morto em outubro de 2001. Mas não bastava.
Em vez de acalmar-se, Sharon voltou à carga retomando o assunto das zonas de segurança ao longo da Linha Verde, ou seja, as barreiras de arame farpado eletrificado e muros de concreto armado.
E proibiu Arafat de deixar Ramallah.
No dia 23, um resistente palestino matou seis soldados em uma barragem na Cisjordânia e poucas horas depois Ariel Sharon voltou a mostrar do que era capaz.

Os Apaches da IDF retornaram ao ar e visaram alvos estratégicos na Cisjordânia. Inclusive a residência de Yasser Arafat, que escapou por pouco de um míssil que visava seu quarto.
O líder palestino saiu ileso do atentado, mas a bomba destruiu o cômodo destinado aos seus seguranças, que também estavam em outras salas.
Contudo, até o fim do dia, o ataque fez treze vítimas fatais. Civis atingidos nas diversas investidas e bombardeios do dia.
A resistência palestina foi ficando cada vez mais preocupada com a segurança de Arafat e sobretudo, revoltada com o ataque pessoal de seu líder.
Quanto ao general Ariel Sharon, mandou batalhões do exército penetrarem pela primeira vez n Faixa de Gaza - durante os 17 meses precedentes as ofensivas tinham sido apenas da alçada da aeronáutica.
Houve uma tentativa de resistência dos militantes do Fatah e do Hamas, um deles morreu no checkpoint, asism como um soldado das Forças de ocupação, e a ira dos atacantes dobrou.
Os tanques e as tropas percorreram a Faixa atirando no que encontravam e no fim da incursão tinha cinco palestinos mortos, mais de cinquenta feridos e o pânico era total nas casas de portas trancadas.
No dia 27 a bomba-suicida de 21 anos, Dareen Abu Aisheh, de Beit Wazan na Cisjordânia explodiu na barragem Maccabim, no caminho de Jerusalém. Espedaçou-se e feriu levemente dois soldados.
No dia 28 a IDF vingou seus feridos lançando assaltos aéreos brutais contra os campos de refugiados de Balata, perto de Nablus, e de Jenin.
O balanço foi de 21 palestinos mortos - os feridos nem foram contados - e a IDF perdeu dois soldados.
Na ONU, no mesmo dia, os Estados Unidos vetaram no Conselho de Segurança a demanda palestina da proteção de uma Força Militar das Nações Unidas.
Mais um vez a Casa Branca fechou a porta da paz ao dar ouvidos à insensatez de seu aliado.


Entrevista de Jon Elmer com Uri Avnery. 2 
Elmer: According to the US-Israel alliance, it is the Palestinians - more specifically, it is Arafat - who must take the initiative in ending the "cycle of violence".
Edward Said has commented: "Since when does a militarily occupied people have responsibility for a peace movement?" Is it the responsibility of the Palestinians to end the violence?
Avnery: Violence is part of the resistance to occupation.  The basic fact is not the violence; the basic fact is the occupation.  Violence is a symptom; the occupation is the disease - a mortal disease for everybody concerned, [both] the occupied and for the occupiers. Therefore, the first responsibility is to put an end to the occupation.  And in order to put an end to the occupation, you must make peace between the Israeli and Palestinian people.  
This is the real aim, this is the real task.

Reservista da IDF, Forças israelenses de ocupação
 Shovrim Shtika - Breaking the Silence 2
Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/


domingo, 7 de outubro de 2012

Nos EUA, miséria pra escanteio. Ao Barça, cartão vermelho


A campanha presidencial estadunidense tem sido "animada", bilionária e baixa. Como de praxe.
Entre insultos, promessas e fábulas, os candidatos têm abordado temas variados. Entretanto, têm evitado um assunto crucial que o declínio, sem a rede da seguridade social, torna dificilmente solucionável.
A miséria.
O empobrecimento.
A precariedade em que cada vez mais estadunidenses caem de maneira inexorável.
Não é que a miséria seja um assunto novo nos EUA. Ela é conhecida. Pessoalmente e em filmes. Basta andar em certos bairros, em centros de cidades, para ver desabrigados surgirem das sombras como almas penadas.
Em um sistema capitalista que aplica a lei do mais forte sem proteger o fraco, é compreensível que a riqueza não seja distribuída. É também compreensível que haja tanta discrepância entre o desenvolvimento dos EUA e das potências europeias no plano social, humano.
Nos EUA, a tecnologia, o descartável e o desperdício imperam.
Na Europa, imperam a moderação nos gastos, as batalhas e conquistas sociais. Lá os cidadãos têm voz ativa e a utilizam para melhorar suas condições de vida.
Nos Eua quem fala grosso é o capital.
Ao abordar Occupy Wall Street no ano passado, falei por alto na pobreza em que os EUA atola. Assim como os nossos "concorrentes" do BRICs, China e India.
Occupy Wall Street foi perdendo o fôlego por causa da repressão às passeatas e a contra-ofensiva dos patrões da mídia. Porém, o problema levantado só tem se agravado, em vez de ser solucionado.
Não é que a economia esteja fora da campanha dos candidatos Democrata e Republicano. Muito pelo contrário. A economia tem se destacado em palanques e debates.
É o empobrecimento da população que tem sido descartado. De ambos os lados.
Pois Romney sabe que se ganhar, também não vai conseguir tirar esta pedrona do sapato.
Aliás, nem quer tirá-la, já que declarou que não se importa com os indigentes e que o programa social de 1960 criou uma 'cultura da pobreza". Seu foco, diz ele, é a criação de emprego.
Segundo estatísticas oficiais, Obama diminuiu o número de desempregados em setembro. Passando a 12.1 milhões de pessoas. Romney promete que fará melhor. Será?
A Economia dos Estados Unidos está amarrada a Wall Street, à especulação, ao grande capital.
E Wall Street sempre foi indiferente aos que não fazem parte do clube dos 1% que controlam a economia e a campanha presidencial.
Obama expandiu o programa de assistência à criança em 2009, focou na reforma do sistema de saúde prometida por Bill Clinton e deixada de lado; expandiu a assistência alimentar; aumentou a ajuda aos estudos e o salário mínimo federal horário. O oficial é de U$7.25 dólares. O estadual varia, o mínimo sendo de U$5.15 - embora centenas de milhares de pessoas declarem receber menos. O mínimo na França é 8.44€=U$12 por hora.
Apesar de todos os melhoramentos internos, Obama continua vulnerável às bravadas de Mitt Romney.
Por quê?
Um relatório recém-divulgado mostra que a distância entre os ricos e os pobres nos EUA só tem aumentado e Romney usa a ignorância dos eleitores para acenar com miragens e milagres.

Sem tocar nas palavras pobreza, miséria. O que é quase normal nos EUA. Já que erradicar estes dois câncers sociais nunca foi meta de nenhum governo.
O recenseamento do ano passado indicou que mais 51 milhões de estadunidenses estão se aproximando da linha fatídica que marginaliza.
As Nações Unidas divulgou que o índice de pobreza do gigante é o segundo do mundo ocidental. Após a Romênia. Com 21.9 por cento de menores de 18 anos vivendo na precariedade.
O mutismo dos candidatos surpreende, considerando o número de eleitores potenciais interessados no tema do empobrecimento.
 Segundo pesquisas, 50 por cento dos estadunidenses que vivem abaixo do solo de pobreza são Independentes, 32 por cento Democratas e 15 por cento Republicanos.
O Partido Verde está mirando este alvo. Embora nos EUA a ecologia ainda seja assunto que interessa mais a mídia e certos clarividentes. A grande maioria da população, antes de entrar no banho, ainda deixa a torneira aberta até o banheiro ficar enfumaçado de água quente desperdiçada. Isto em um país que está ficando sem água potável.
No Brasil também a proteção dos recursos naturais, o cuidado com a poluição, com a reciclagem, ainda não preocupam a massa. Pra dizer a verdade, nem muita gente estudada que se dá ares.

Mas ainda não somos os reis do mundo. A estrada para o topo é íngrime e exige muito esforço. 
E para chegarmos lá de cabeça alta, temos de evitar os problemas do decadente EUA.
Temos de construir uma sociedade educada e economicamente equilibrada. Cuja preocupação central seja erradicar a miséria.
E parar de invejar a China e a Índia com seus crescimentos econômicos de fachada.
A Dilma precisaria controlar o crédito que permite que o sujeito gaste adiantado o que não tem certeza de poder pagar mais tarde; diminuir as diferenças salariais - o salário dos altos executivos é de tirar o fôlego e o salário mínimo é de chorar; e continuar os programas que tirem nossa população da miséria. Que todo pai de família tenha emprego, condições para proporcionar roupa, comida e estudos aos filhos. Enfim, que todo brasileiro viva com dignidade.

 Cartão vermelho pro Barça
O Barça é famosíssimo pela beleza do seu jogo. Era também pela ética ligada à história de resistência dos barcelonenses durante a Guerra Civil espanhola e à ditadura do general Franco.
Contudo, há pouco o clube pisou na bola feio.
Por sugestão de um ex-ministro israelense, foi o que se soube, o clube resolveu convidar o reservista israelense Gilad Shalit para o clássico do dia 7 de outubro com o Real Madrid no Camp Nou, na capital catalã.
Shalit é o soldado capturado pelo Hamas em 2006 e solto em 2011 em troca de 1027 presos políticos palestinos - Israel ainda detém cerca de cinco mil prisioneiros.
A desculpa dos cartolas do Barça para recompensar Shalit com uma cadeira na tribuna é que ele "adora futebol".
Os torcedores e jornalistas preocupados com os Direitos Humanos e com as vítimas reais do conflito Israel vs Palestina, ao saberem do convite, botaram a boca no trombone e....
No dia seguinte, de saia justa, os cartolas tentaram remediar o fora convidando três palestinos.
O convidado principal era Mahmoud Sarsak. O jovem jogador que foi preso em julho de 2009 em um checkpoint só por ter um futuro promissor na seleção palestina de futebol. Só foi libertado em julho de 2012 sob pressão de várias personalidades internacionais, sobretudo o ex-jogador da França e do Manchester United, Eric Cantona. http://mariangelaberquo.blogspot.fr/2012/06/requiem-por-um-jogador-de-futebol.html
Os cartolas do Barça talvez não soubessem bem quem era quem na história do conflito. Quem era algoz. Quem era vítima.
Aí alguém explicou que Shalit era um francês que tinha feito a escolha de servir Exército em Israel sabendo do trabalho sujo que faria nos Territórios Ocupados. Foi capturado pelo Hamas por ser um soldado da ocupação que se encontrava dentro de um tanque que mantinha o bloqueio da Faixa de Gaza. Foi tratado de acordo com o que reza a Convenção de Genebra.
E outra pessoa explicou que Sarsak era jogador de futebol talentoso, detido sem razão ao ser transferido de seu clube de Gaza para um clube melhor na Cisjordânia. Um cara que nunca mexera com arma. Só com bola. Que até ser preso, era até bem alienado, como é de praxe no meio esportivo - com raríssimas e abençoadas exceções, é claro.
Pois bem. Sobrou para os cartolas do Barça um diplomata e outro cartola - o embaixador da Palestina na Espanha e o  presidente da Federação nacional de futebol aceitaram o convite de última hora.
"Era pedir demais que Mahmoud Sarsak se sentasse na mesma Tribuna que Shalit. O israelense representa a ocupação, as agressões, os sequestros, as torturas, a demolição de moradias e cultura; enfim, a concentração do nosso povo dentro de muros e arames farpados. Seria aceitar que o agressor e o agredido fossem postos em pé de igualdade, no mesmo patamar." Foi o comentário de um compatriota do jogador palestino.
Mahmoud Sarsak recusou o convite declarando sucintamente: Estou pronto para encontrar o Barcelona e qualquer outro clube de futebol fora do contexto de um convite comum com Gilad shalit. Vou com prazer se for convidado como um atleta palestino que teve de fazer greve de fome pela liberdade e dignidade.
O pior da estória é que o Barcelona é, ou era, o time mais popular na Palestina, depois da Seleção Brasileira.
A desilusão dos meninos com a notícia era de dar pena.
Os mais cínicos dizem que Uma desilusão a mais ou a menos não faz muita diferença.
Faz, sim.  
Cartão vermelho pro Barça!
Abusos cometidos por soldados da IDF na Palestina
 
Outra ilustração das camisetas usadas pelos jovens sionistas
You've got to run fast, run fast, before it's all over
  
Artigo de Uri Avnery da ONG israelense Gush Shalom, publicado no dia 29/09/2012.
I am sitting here writing this article 39 years to the minute from that moment when the sirens started screaming, announcing the beginning of the war.
A minute before, total quiet reigned, as it does now. No traffic, no activity in the street, except a few children riding bicycles. Yom Kippur, the holiest day for Jews, reigned supreme. And then…
Inevitably, the memory starts to work.
This year, many new documents were released for publication. Critical books and articles are abundant. The universal culprits are Golda Meir and Moshe Dayan.
They have been blamed before, right from the day after the war, but only for superficial military offences, known as The Default. The default was failing to mobilize the reserves, and not moving the tanks to the front in time, in spite of the many signs that Egypt and Syria were about to attack.
Now, for the first time, the real Grand Default is being explored: the political background of the war. The findings have a direct bearing on what is happening now.
It transpires that in February 1973, eight months before the war, Anwar Sadat sent his trusted aide, Hafez Ismail, to the almighty US Secretary of State, Henry Kissinger. He offered the immediate start of peace negotiations with Israel. There was one condition and one date: all of Sinai, up to the international border, had to be returned to Egypt without any Israeli settlements, and the agreement had to be achieved by September, at the latest.
Kissinger liked the proposal and transmitted it at once to the Israeli ambassador, Yitzhak Rabin, who was just about to finish his term in office. Rabin, of course, immediately informed the Prime Minister, Golda Meir. She rejected the offer out of hand. There ensued a heated conversation between the ambassador and the Prime Minister. Rabin, who was very close to Kissinger, was in favor of accepting the offer.
Golda treated the whole initiative as just another Arab trick to induce her to give up the Sinai Peninsula and remove the settlements built on Egyptian territory.
After all, the real purpose of these settlements – including the shining white new town, Yamit – was precisely to prevent the return of the entire peninsula to Egypt. Neither she nor Dayan dreamed of giving up Sinai. Dayan had already made the (in)famous statement that he preferred “Sharm al-Sheik without peace to peace without Sharm al-Sheik”. (Sharm al-Sheik, which had already been re-baptised with the Hebrew name Ophira, is located near the southern tip of the peninsula, not far from the oil wells, which Dayan was also loath to give up.)
Even before the new disclosures, the fact that Sadat had made several peace overtures was no secret. Sadat had indicated his willingness to reach an agreement in his dealings with the UN mediator Dr. Gunnar Jarring, whose endeavors had already become a joke in Israel.
Before that, the previous Egyptian President, Gamal Abd-al-Nasser, had invited Nahum Goldman, the President of the World Jewish Congress (and for a time President of the World Zionist Organization) to meet him in Cairo. Golda had prevented that meeting, and when the fact became known there was a storm of protest in Israel, including a famous letter from a group of 12th-graders saying that it would be hard for them to serve in the army.
All these Egyptian initiatives could be waved aside as political maneuvers. But an official message by Sadat to the Secretary of State could not. So, remembering the lesson of the Goldman incident, Golda decided to keep the whole thing secret.
Thus an incredible situation was created. This fateful initiative, which could have effected an historic turning point, was brought to the knowledge of two people only: Moshe Dayan and Israel Galili.
The role of the latter needs explanation. Galili was the eminence grise of Golda, as well as of her predecessor, Levy Eshkol. I knew Galili quite well, and never understood where his renown as a brilliant strategist came from. Already before the founding of the state, he was the leading light of the illegal Haganah military organization. As a member of a kibbutz, he was officially a socialist but in reality a hardline nationalist. It was he who had the brilliant idea of putting the settlements on Egyptian soil, in order to make the return of northern Sinai impossible.
So the Sadat initiative was known only to Golda, Dayan, Galili and Rabin and Rabin’s successor in Washington, Simcha Dinitz, a nobody who was Golda’s lackey.
Incredible as it may sound, the Foreign Minister, Abba Eban, Rabin’s direct boss, was not informed. Nor were all the other ministers, the Chief of Staff and the other leaders of the armed forces, including the Chiefs of Army Intelligence, as well as the chiefs of the Shin Bet and the Mossad. It was a state secret.
There was no debate about it – neither public nor secret. September came and passed, and on October 6th Sadat’s troops struck across the canal and achieved a world-shaking surprise success (as did the Syrians on the Golan Heights.)
As a direct result of Golda’s Grand Default 2693 Israeli soldiers died, 7251 were wounded and 314 were taken prisoner (along with the tens of thousands of Egyptian and Syrian casualties).
This week, several Israeli commentators bemoaned the total silence of the media and the politicians at the time.
Well, not quite total. Several months before the war, in a speech in the Knesset, I warned Golda Meir that if the Sinai was not returned very soon, Sadat would start a war to break the impasse.
I knew what I was talking about. I had, of course, no idea about the Ismail mission, but in May 1973 I took part in a peace conference in Bologna. The Egyptian delegation was led by Khalid Muhyi al-Din, a member of the original group of Free Officers who made the 1952 revolution. During the conference, he took me aside and told me in confidence that if the Sinai was not returned by September, Sadat would start a war. Sadat had no illusions of victory, he said, but hoped that a war would compel the US and Israel to start negotiations for the return of Sinai.
My warning was completely ignored by the media. They, like Golda, held the Egyptian army in abysmal contempt and considered Sadat a nincompoop. The idea that the Egyptians would dare to attack the invincible Israeli army seemed ridiculous.
The media adored Golda. So did the whole world, especially feminists. (A famous poster showed her face with the inscription: “But can she type?”) In reality, Golda was a very primitive person, ignorant and obstinate. My magazine, Haolam Hazeh, attacked her practically every week, and so did I in the Knesset. (She paid me the unique compliment of publicly declaring that she was ready to “mount the barricades” to get me out of the Knesset.)
Ours was a voice crying in the wilderness, but at least we fulfilled one function: In her ‘March of Folly”, Barbara Tuchman stipulated that a policy could be branded as folly only if there had been at least one voice warning against it in real time.
Perhaps even Golda would have reconsidered if she had not been surrounded by journalists and politicians singing her praises, celebrating her wisdom and courage and applauding every one of her stupid pronouncements.
The same type of people, even some of the very same people, are now doing the same with Binyamin Netanyahu.
Again, we are staring the same Grand Default in the face.
Again, a group of two or three are deciding the fate of the nation. Netanyahu and Ehud Barak alone make all the decisions, “keeping their cards close to their chest”. Attack Iran or not? Politicians and generals are kept in the dark. Bibi and Ehud know best. No need for any other input.
But more revealing than the blood-curdling threats on Iran is the total silence about Palestine. Palestinian peace offers are ignored, as were those of Sadat in those days. The ten-year old Arab Peace Initiative, supported by all the Arab and all the Muslim states, does not exist.
Again, settlements are put up and expanded, in order to make the return of the occupied territories impossible. (Let’s remember all those who claimed, in those days, that the occupation of Sinai was “irreversible”. Who would dare to remove Yamit?)
Again, multitudes of flatterers, media stars and politicians compete with each other in adulation of “Bibi, King of Israel”. How smoothly he can talk in American English! How convincing his speeches in the UN and the US Senate!
Well, Golda, with her 200 words of bad Hebrew and primitive American, was much more convincing, and she enjoyed the adulation of the whole Western world. And at least she had the sense not to challenge the incumbent American president (Richard Nixon) during an election campaign.
In those days, I called our government “the ship of fools”. Our current government is worse, much worse.
Golda and Dayan led us to disaster. After the war, their war, they were kicked out – not by elections, not by any committee of inquiry, but by the grassroots mass protests that racked the country.
Bibi and Ehud are leading us to another, far worse, disaster. Some day, they will be kicked out by the same people who adore them now - if they survive.
  
Documentário: Palestinians Behind Bars: Prisoners Without Human Rights
do Centro Palestino de Direitos Humanos