domingo, 25 de novembro de 2012

Israel vs Palestina: História de um conflito XXIV (04/05 2002 ODS em Belém)


No dia 02, a ODS (Operação Defensive Shield) atacou Belém, que nos últimos meses fora várias vezes sediada pelas brigadas de paraquedistas da IDF. Por isso Ariel Sharon tinha certeza que a operação seria fácil e rápida.
Desta vez o ataque foi da incumbência de reservistas da brigada de infantaria Jerusalemita.
O general Sharon parecia ter pensado em tudo.
Contudo, um imprevisto cortou-lhe, emporariamente, as asas.
Como em prévias incursões militares, alguns resistentes haviam se refugiado na Basílica da Natividade.
A Unidade de elite Shaldag foi enviada para bloquear a entrada do sítio enquanto os Apaches bombardeavam para aniquilar a resistência logo de cara.

Porém, apesar do aparato bélico providenciado, a tropa de elite da IDF chegou tarde às portas da Natividade.
Quando os helicópteros aterrissaram para depositar os soldados nos pontos estratégicos, os resistentes do Fatah, que a IDF caçava, já tinham sido abrigados pelos duzentos monges que vivem no complexo cristão sagrado.
As Forças de ocupação chegaram com meia hora de atraso.
Além dos militantes de várias facções palestinas, o prefeito de Belém Muhammad el-Madani e o chefe da Inteligência palestina em Belém, Abdullah Daud, também se encontravam no recinto, na hora do assalto das tropas de Ariel Sharon.
No dia seguinte, a praça Manger, por onde se entra na Basílica, estava lotada de tanques e os prédios limítrofes estavam carregados de atiradores da IDF. Autorizados a atirar em qualquer pessoa que conseguissem entrever dentro da igreja - com ou sem hábito.  Enquanto o governo de Israel dizia que os palestinos recorrerem aos sítios sagrados era um ato cínico e contra-informava que um soldado fora atingido por tiros provenientes da igreja, o patriarca Michel Sabbah, a autoridade religiosa mais alta na região, na tradição cristã de ajudar o próximo qualquer que seja a raça, credo e nacionalidade, era claro: "A Basílica é lugar de refúgio para todo mundo, inclusive soldados, contanto que não carreguem armas. Temos a obrigação de dar refúgio a palestinos e israelenses da mesma maneira."
Do lado de fora, por ironia ou desforra, enquanto os padres abrigavam sua caça, a IDF instalou seu quartel-general em uma sala de convenções que os palestinos chamam de Centro da Paz...
Um parêntese para explicar onde a Basílica da Natividade é situada e o contexto na hora em que os fatos se des/enrolaram.
A Basílica propriamente dita é cercada de vários edifícios habitados por padres, frades, monges e freiras - convento franciscano (com seminário e escola), a igreja de Santa Catarina, monastérios ortodóxos grego e armênio, e a Casa Nova (que abriga peregrinos).
Duzentos e oitenta palestinos, fiéis e resistentes, entraram no complexo religioso no dia em que começou o sítio.
Sete resistentes estavam feridos e receberam os cuidados de uma freira-enfermeira franciscana.
Os sitiados estavam espalhadas nos edifícios ao lado.
No dia 04, a IDF cortou a eletricidade e os frades ligaram o gerador de apoio cuja reserva era curta, mas quebrou o galho durante dois dias. Depois ficaram à luz de velas até que os pavios se extinguissem. As linhas telefônicas foram cortadas no dia 06 de abril e os telefones celulares eram o único meio de contato, até a bateria esgotar e ficarem inutilizáveis. Voltaram a funcionar alguns dias mais tarde quando um monge descobriu uma linha elétrica funcionando em uma das células do monastério grego-ortodóxo. O contato com os de fora era feito através de telefones celulares e os resistentes mantinham contato com seus respectivos grupos - Fatah, Hamas, etc. - também através de celulares. Dormiam no chão da igreja, com dificuldades cada vez maiores, por falta de água. Durante o sítio, os atiradores da IDF mataram sete homens dentro do recinto - durante o dia e durante a noite, com o uso de lasers para identificar o alvo móvel. Um monge foi ferido "por acaso" por um soldado que confundiu batina com calça.
Um dos policiais israelenses foi ferido em um telhado do qual vigiava a Basílica e com o pretexto que o tiro viera do complexo religioso, os soldados jogaram uma granada no pátio da igreja de Santa Catarina, adjacente à Natividade e matou um palestino.
No dia 07, o Vaticano resolveu manifestar-se com um aviso a Israel que respeitasse os sítios religiosos as leis internacionais o obrigavam. No mesmo dia, um monge perdeu a calma monacal para dizer o que o Papa não ousava. Acusou os israelenses de "indescritível ato de barbárie". João Paulo II, informado diariamente de dentro da Natividade, com a diplomacia que o caracterizava, resolveu pedir aos cristãos que orassem pela paz no Oriente Médio e descreveu o grau de violência como "inimaginável e intolerável" em todos os graus.
A pressão foi aumentando, a Grã-Bretanha declarou as ações de Israel na área "totalmente inaceitáveis" e Ariel Sharon declarou - após a granada, oito mortos e o monge ferido - que seus soldados não "desrespeitariam o santuário como os palestinos"..., mas que as tropas permaneceriam lá até a captura dos refugiados.
No dia 08, a IDF lançou a primeira bomba-incendiária que causou bastante estrago. E após negociações exaustivas, doze frades e monges debilitados foram carregados de lá para Jerusalém a fim de serem tratados.     
No dia 10, a IDF bloqueou os condutos de água. As torneiras secaram, mas graças à milenar cisterna dos franciscanos, pelo menos a sede era saciada. Balde subia, descia, os sediados passaram a tomar água à moda antiga.
No mesmo dia um monge armênio foi gravemente ferido.
Embora admitissem a responsabilidade pelo tiro, a IDF disse que o monge, de batina, parecia estar armado. E ficou por isso.
No dia 12 a Ordem dos Franciscanos pediu que Israel deixasse todos os que estavam dentro da igreja sairem livres.
Mas Sharon preferia aumentar a pressão mais ainda.
No dia seguinte, em vez de abrir a via para a saída, a IDF começou a montar guaritas para os vigias seguirem os movimentos dos sitiados e os atiradores brincarem de tiro-ao-alvo.
Uma semana mais tarde, no dia 16, um resistente foi baleado quando um grupo que se encontrava nas imediações trocou tiros com os soldados. E no dia seguinte, dois turistas japoneses que estavam por fora da Operação Defensive Shield e os acontecimentos em Belém nos últimos dias, foram salvos por pouco por jornalistas, quando passeavam nas imediações.  No dia 19 os sediados foram privados de toda comunicação telefônica, pois ficaram sem a única fonte de alimentação elétrica encontrada pelos frades.
No dia 20 a Igreja cristã ortodoxa de Jerusalém lançou um apelo aos cristãos do mundo inteiro para que aquele domingo fosse um dia de solidariedade com os sitiados e com a Basílica da Natividade. Os religiosos aproveitaram para solicitar também intervenção internacional imediata, a fim de parar "as medidas desumanas contra o povo e contra as pedras da igreja" e acabar com o sítio do qual consideravam Israel responsável. A mensagem terminou com um pedido que cristãos, muçulmanos e judeus se reunissem na entrada de Belém para uma passeata até a Natividade.
Seu apelo foi atendido e a passeata contou com muita gente, mas não o bastante para convencer Sharon a parar o sítio.
No dia 21, o padre Ibrahim Faltas avisou que a reserva de comida esgotara, e naquela estória da contra-informação bem orquestrada, os israelenses, sem usar a palavra clara, chamaram os sacerdotes de mentirosos. Desinformaram que os sediados estavam recebendo suprimentos da Cruz Vermelha através de funcionários que a IDF deixava passar. Os jornalistas presentes não viram ninguém ser autorizado a entrar com mantimentos, mas os que não estavam lá, publicaram o comunicado oficial como se fosse fato. 
Nesse jogo de palavras, cinco pessoas que estavam dentro da igreja conseguiram escapar através de escadas levadas por soldados israelenses, levantando suspeita que fossem colaboradores do Mossad.
No dia 23, Andrew White, representante em Belém do arcebispo britânico de Canterbury, encontrou-se com o coronel da IDF Lior Lotan no Centro da Paz - transformado em Centro de Guerra - para negociar junto com Salah Tamari, enviado de Yasser Arafat.
O líder palestino estava para concordar com a rendição, contanto que os resistentes fossem entregues à Autoridade Palestina. Pois temiam as duras represálias contra seus compatriotas.
As negociações foram suspensas quando os israelenses feriram gravemente um resistente "da lista negra". Após súplicas dos padres, ele foi transportado para o hospital com dois outros que estavam doentes, sob escolta militar.
No dia 24, os monges solicitaram remoção dos cadáveres e no dia seguinte nove adolescentes foram autorizados a deixar a igreja.
No dia 29, outro palestino foi morto no pátio da Basílica e no dia seguinte, vinte e seis deixaram o complexo.
Nenhum deles fazia parte do grupo de resistentes refugiados, mas a IDF apreendeu um deles para ser interrogado logo.
Nesta mesma noite do dia 01 de maio, os israelenses lançaram um torpedo incendiário no dormitório dos monges durante a noite.  E todos passaram a noite tentando apagar o fogo.
Apesar dos testemunhos de jornalistas e ativistas que viram a manobra incendiária, na política da contra-informação, a IDF pôs a culpa nos palestinos sediados. O Comando da operação chegou ao cúmulo de chamá-los de incendiários, mas desta vez a impostura foi logo desmascarada pelas imagens gravadas pelas câmeras de filmagem que estavam ligadas.
Como o perigo de vida aumentava dentro da Basílica e Sharon parecia pronto a tudo, no dia 02, uma dúzia de ativistas estrangeiros - dinamarqueses, estadunidenses e suíços - do Movimento Internacional de Solidariedade (http://palsolidarity.org/) conseguiram esgueirar-se entre os soldados e penetrar na Natividade com mantimentos. Estavam determinados a ficar até o fim do sítio, no intuito de proteger os sediados. Como se Sharon, que não se preocupava nem com a vida de dezenas de religiosos cristãos, se preocupasse com a vida de um punhado de jovens idealistas. No mesmo dia, outro palestino foi executado pelos atiradores que escrutavam os mínimos movimentos dos sitiados.
No dia 03, quatro policiais palestinos, extremamente debilitados pela fome, saíram da igreja e foram detidos logo na porta.
Mais tarde outro grupo de ativistas conseguiu penetrar no recinto com comida e água. Estes jovens saíram de lá contando histórias horríveis das condições em que os sediados se encontravam.
Enquanto isto, chegavam diplomatas estadunidenses e britânicos para resolver o impasse.
No dia 04, ouvia-se rumores que as negociações avançavam.  Avançavam porque o sítido da Mukata'a de Ramallah já terminara (temporariamente) e Yasser Arafat estava relativamente livre para fazer contatos e negociar.
No dia 05 de maio, em que os cristãos ortodóxos celebravam a Páscoa, ouvia-se rumores que o "melhor" acordo que os negociadores estrangeiros haviam conseguido para os resistentes sediados era a deportação para "terras amigas".
No dia 08, a Autoridade Palestina acabou concordando que vinte e seis resistentes fossem deportados para a Faixa de Gaza, que os oitenta e cinco sem afiliação partidária fossem libertados sob tutela israelense, e que os treze que a IDF caçava, permanecessem na Basílica. Monitorados por representantes da União Europeia que garantissem sua segurança até serem deportados. Ciprus prontificou-se a recebê-los por um tempo limitado.  Estes treze constituíam o núcleo de resistentes belenenses - do Fatah e do Hamas - que encabeçavam a lista negra do Shin Bet (Serviço de Inteligência israelense local).  
No dia 10 de maio o sítio terminou com a saída dos 39 resistentes palestinos. Inclusive os treze. 
Foi o embaixador da Grã-Bretanha em Israel que os recebeu na porta com trinta soldados da polícia militar britânica. Estavam lá para garantir o cumprimento do acordo que Ariel Sharon assinara a contragosto, após o acordo com Yasser Arafat.
Os representantes britânicos estavam bem organizados e levavam consigo um médico da Aeronáutica Real para examinar os feridos. Logo que os policiais ingleses saíram com os palestinos, a IDF interveio, quebrando o pacto, a fim de impedir que prisioneiros se despedissem dos familiares - a dois passos - antes de serem deportados.
Assim acabou o sítio da Natividade. O de Belém ainda duraria mais alguns dias e seria intermitente, como as demais cidades cisjordanianas.

Em depoimentos posteriores, um frei franciscano declarou que os ativistas entraram na Natividade com sete feridos e mais dezessete foram feridos durante o sítio. Que em nenhum momento os religiosos se sentiram ameaçados pelos resistentes que haviam abrigado e que os ferimentos foram tratados por uma freira franciscana que é enfermeira. "Não havia nenhuma força nem coerção da parte dos palestinos que estavam na igreja. Tínhamos liberdade de locomoção e os refugiados se mostravam gratos pela ajuda humanitária básica que lhes dispensávamos."
O balanço do sítio da Natividade foi de oito mortos palestinos, um monge em estado grave, dezenas de veículos dos belenenses - estacionados nas imediações do Centro da Paz - destruídos pelos tanques dos soldados e o escritório de Yasser Arafat na cidade vandalizado. Os prejuízos materiais foram estimados em U$1.4 milhões de dólares, incluindo os danos à Basílica da Natividade - causados por bombas, fogo e balas.
A imprensa, como em todas as operações militares israelenses na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, foi mantida à distância na marra. Para a "proteção dos repórteres", como dizem sempre, sem enganar ninguém, mas sabem que gozam de impunidade. 
Quarenta e cinco anos atrás, os cristãos representavam 80 por cento da população de Belém.
Agora representam 5.6% dos residentes.
Eles viviam do turismo religioso - agências, guias, hotéis, bares, restaurantes - que hoje é dominado pelas agências e guias israelenses. Eles decoram as informações básicas e não conhecem nem um palmo da cidade, embora controlem bem as subidas e descidas dos ônibus avisando os turistas quão perigoso é passear por Belém...
Consumir então, nem se fala!
Agora que a Basílica da Natividade foi tombada, a UNESCO vai cobrir todos os prejuízos. E Israel, mais uma vez, sai das destruições que causa sem desembolsar nem um centavo.
A Basílica da Natividade antes da Naqba. Durante a Páscoa ou o Natal, não se sabe.   O que se sabe é que os cristãos circulavam com liberdade, assim como os padres.  Hoje em dia, os palestinos precisam de autorização israelense para ir à igreja rezar e ir à missa. Autorização rara.

Os deportados do sítio da Natividade com a palavra

"I am against violence on both sides.
But I understand people who believe that without violence they will not achieve anything at all.
It is our responsibility as the stronger party, as the occupying power, to convince the Palestinians that they can achieve their basic national aims, their just national aspirations, without violence.
Unfortunately, the behavior of the Sharon administration, and before this of the Barak administration, has shown the Palestinians the opposite: namely, that they will achieve nothing without violence."
Uri Avnery
Reservista da IDF, sargento da Brigada Nahal, Breaking the Silence sobre os checkpoints.
"We had a snipers' post pointing at the road. The building we were in was near the refugee camp, there was a refugee camp in the center of Ramallah, I don't remember its name.
Our house commanded the refugee camp. that's why we were there, and there was a sniper's post. What we did, the rules of engagement then were, you can shoot to kill people who were holding molotov cocktails. Because it's a life-threatening situation.
Whoever was holding a molotov cocktail. And we knew they were going to throw it, we saw them, reconnoitred them, there was a molotov cocktail in their hands and they never threw it, never ignited it.
So to make them do it we acted like one of the platoon commanders suggested.
They told the sniper: get ready, and we'd just come from Offer camp, brought supplies or something, and said, OK, let's pass, let him throw the molotov cocktail and then the sniper can put him down.
We intentionally provoked him and with the armored vehicles took a road that we didn't usually take, and then he threw the molotov cocktail and the sniper hit him.
It was a ten-year-old."
A child?
"A ten-year-old, a child. That's what he did there.
You know, it was a diversion just in order to shoot somebody. For I don't know what.
Just a story."
Reservista da IDF, forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence 2



Atualidade sobre a morte de Yasser Arafat : O corpo de Yasser Arafat vai ser exumado na terça-feira, dia 27, em Ramallah, por uma equipe de especialistas estrangeiros.
Após colherem o material, este será entregue à equipe de cientistas franceses, russos e suíços que disporá do tempo necessário para o exame minucioso dos pedaços de osso e roupa.
O exame será feito em um laboratório hermeticamente fechado e de segurança máxima.
No fim, os cientistas devem determinar com exatidão as causas da morte do líder palestino em novembro de 2004.
Tawfiq Tirawi, chefe da investigação, nomeado pela Autoridade Palestina, declarou que o túmulo será fechado em seguida com uma nova cerimônia funerária. Com honras militares.


domingo, 18 de novembro de 2012

Rogue State of Israel: Licensed to Lie Cheat Kill?



No dia 21 de novembro de 2012, quarta-feira, às 19 horas GMT, o Ministro da Relações Exteriores do Egito anunciou no Cairo o cessar-fogo entre Israel e o Hamas.
Após apoio incondicional a Binyamin Netanyahu, Hillary Clinton estava lá, frente às câmeras, para colher os louros do Acordo. Porém, se houvesse vitorioso/s nessa negociação, seriam Mohammed Kamel Amr e o presidente Morsi, não ela.
(A ambição dessa mulher é ilimitável. Ao ponto de vender a alma para o diabo.)
Pois a trégua poderia ter sido declarada ontem, se o Primeiro Ministro israelense e ela tivessem tido boa vontade. Teria sido um dia ganho. Um dia sem perdas humanas e materiais.
Foi preciso uma explosão em Tel Aviv para sacudir ambos e tirar Barack Obama da ostra asiática em que se havia metido para dar, enfim, uma empurradinha em Netanyahu por telefone. Após juntar à deste a sua voz para condenar o "terror attack" do Hamas.
É aquela velha estória dos dois pesos e duas medidas.
Em 7 dias, Israel explodiu mais de 1.500 bombas em Gaza atingindo "100 alvos", segundo a IDF, matando 162 pessoas (sem contar os desaparecidos), várias crianças, e deixando centenas de feridos e onde eram prédios e casa, entulhos, por toda parte.
O Hamas causou 5 mortes com seus foguetes e feriu 24 pessoas com a bomba em Tel Aviv.
Os EUA e Israel são, no mínimo, nesta jogada, o imundo criticando o mal lavado.

NB: Esta trégua será inútil se não houver uma solução definitiva para o conflito. Esta é simples: Israel tem de desbloquear a Faixa de Gaza, desocupar civil e militaremente a Cisjordânia,  e no dia 29 de novembro a ONU tem de garantir aos palestinos um Estado.
Só a justiça trará paz para ambos os lados e prosperidade para os ocupados.
Se Isarel mantiver a ocupação militar e as colônias/assentamentos judeus na Cisjordânia, se mantiver a Faixa de Gaza bloqueada, concentrada, cercada de arames farpados, muros e navios de guerra, e se os palestinos continuarem indefesos e apátridas, qualquer solução diplomática será paliativa, passageira, ilusória.

"A sane government... Would have supported Palestine's admission to the United Nations.
The Netanyahu government deliberately broke a cease-fire to drag us into a useless war."
Publicado no "Haaretz" no dia 16 de novembro de 2012.


"From here, we announce with other (factional) leaders, that we are ending 

the division [entre o Fatah e o Hamas] ," anunciou o representante do Fatah Jibril Rajoub em Ramallah, na Cisjordânia no dia 20 de novembro.
"I've really tried to understand the Israelis. I used to work on a farm in Israel. I speak Hebrew. I watch their news. All the time they talk about fear. How they have to run to their bunkers to hide from the rockets. How their children can't sleep because of the sirens. This is not a good way for them to live...
We Palestinians don't talk about fear, we talk about death. Our rockets scare them; their rockets kill us. We have no bomb shelters, we have no sirens, we have nowhere we can take our children and keep them safe. They are scared. We are dying." Mohammed al-Khoudry, gazauí que perdeu dois filhos pequenos e o pai nos bombardeios do dia 20 de novembro.
Este parágrafo sucinto é uma atualização matinal do dia 21 de novembro. É o oitavo dia que a IDF bombardeia a Faixa de Gaza, apesar da trégua que o Hamas propôs desde segunda-feira e que ontem à noite foi mais uma vez rejeitada.
Hoje, o número de mortos gazauís recenseados é de 140. Mais de 27 crianças. Os hospitais, mal equipados, derrubados, não conseguem tratar dos mais de 1.200 feridos graves que chegaram. Os demais feridos, nem têm assistência médica. A Faixa inteira está virando escombros. 
Até ontem à noite, Binyamin Netanyahu continuava irredutível. E Hillary Clinton é sua cúmplice mais empedernida.

"The United States has given us the full backing to take whatever measures are necessary to defend our citizens from Hamas terror," he said. "Israel has received unequivocal and outstanding support from the United States and all branches of government. From the White House, from Congress, in both parties, completely bipartisan support." 
Michael Oren, embaixador de Israel nos EUA


Estou escrevendo de olhos embaçados.
Achava, ou esperava, que após 2009, jamais visse tamanha devastação na Faixa de Gaza.
Achava, ou esperava, que depois do massacre de 2008-09, os Estados Unidos jamais desse carta branca a Israel para esmagar o milhão e setecentos mil palestinos que mantém enjaulados na Faixa de Gaza desde 2006, sob bloqueio comercial e sob bombardeios quase diários.
Achava, ou esperava, que depois das centenas de gazauís mortos em 2009, o mundo tivesse um pouco de misericórdia e que a ONU impedisse novas derrapagens do Terrorismo de Estado que vejo Israel praticar na Palestina desde que me entendo por gente.
Achava, ou esperava, que sob pressão internacional e o boicote cidadão contra Israel, o bloqueio acabasse, que a Palestina fosse internacionlmente reconhecida, que as colônias judias fossem derrubadas casa por casa, que a IDF batesse em retirada, que Hebron fosse devolvida aos hebronitas, que Jerusalém virasse capital dos dois Estados.
Em vez disso, Binyamin Netanyahu, de olho na reeleição, escolheu como slogan de campanha Pillar of the Clouds. Mais uma Operação-punição coletiva dos gazauís em nome de uma segurança unilateral temporária.
Este novo massacre que Israel está praticando também foi anunciado.
Anunciado pela derrota de Mitt Romney. Que inviabilizou a guerra contra o Irã e a evacuação do armamento armazenado para esta finalidade. 
Anunciado pelas próximas eleições israelenses e a "necessidade" de Netanyahu mostrar aos concidadãos que precisam de sua demência e de sua mão pesada - naquela de acender o fogo para poder apagá-lo e passar por salvador da pátria.
Anunciado pela recente decisão corajosa de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, de dirigir-se aos israelenses diretamente em um Canal de Televisão importante de Tel Aviv. Sem intermediários. Sem mentiras e sem maquiagens.
Anunciado pela decisão da Autoridade Palestina de voltar a submeter à ONU a demanda legítima de um Estado -,o porquê, Abbas explicaria aos israelenses na TV. E quando os palestinos voltariam a Nova Iorque defender sua causa? Daqui a duas semanas.  No dia 29 de novembro. Dia em que 65 anos atrás as Nações Unidas decidiram dividir a Palestina em dois Estados: Israel e Palestina.  Israel auto-proclamou-se legítimo um ano mais tarde ocupando mais do que o combinado e gerando a Naqba; os Estados Unidos reconheceram sua legitimidade em seguida; e a ONU seguiu o patrão sem reclamar. E pronto. Começou então a via crucis que tenho contado na história do conflito Israel vs Palestina.
O reconhecimento internacional do Estado da Palestina inviabilizaria estas e outras operações militares da IDF.
O reconhecimento internacional daria aos palestinos o direito, que todas as nações do mundo têm, de solicitar intervenção da ONU e ser acatada. De obrigar Israel a tirar soldados e colonos judeus da Cisjordânia e da Faixa de Gaza de uma vez por todas. De cada um ter seu estado autônomo e conviver com assistência mútua e viver em Paz.
Porém, porém, porém, o governo sionista extremista atual não quer paz. Quer o Grande Israel do Mediterrâneo ao rio Jordão.
E para isto não economizam golpes baixos. Esta nova chacina estava escrita nos conchavos de Binyamin Netanyahu, Avigdor Lieberman e o general Ehud Barak.
Nos últimos meses, o Hamas vinha sim lançando foguetes no sul de Israel. Foram sim mais de 130. Todavia, sem fazer vítima e porque os gazauís vivem noite e dia um pesadelo interminável.
Desde 2006 que Israel transformou a Faixa de Gaza em uma prisão à qual nega a entrada até de gêneros de primeira necessidade.
Desde 2006 que a IDF (Forças Armadas israelenses) bombardeia a Faixa sistematicamente noite ou dia e em qualquer lugar.
Só em 2011, a IDF matou 108 gazauís.
Dentre estes, 15 mulheres e crianças. E deixou 468 feridos graves. Dentre eles, 143 mulheres e crianças.
310 destes gazauís foram vítimas de ataques aéreos; 150, de fogo direto; 59, de tiros de tanques; 18, de morteiros.
Em 2012, só de setembro ao início de novembro, Israel matou 55 palestinos e feriu 257. 61 eram mulheres e crianças.
209 foram vítimas de ataques aéreos; 69, de tiro direto; 18, de tanques.
Sem contar os ataques a propriedades, as vítimas leves e os traumas provocados pelo terror diário.
Nesta operação em curso, a morte do filho do colega da BBC que engrossou o número de crianças assassinadas, provou o que nós jornalistas vivemos repetindo sem nenhum efeito: os alvos da IDF na Faixa de Gaza não são militares. 

"Israel surprise all the parts when they came and killed Ahmed Jabari and started to target everywhere in the north and south, even civilians... so what kind of excuses and justification is there to cill civilians or start a round of wiolence against people?... Our message now is very clear: we will not allow Israel to kill our people withou a price."
Ghazi Hamad, responsável do Hamas para as Relações Exteriores.
Esta crônica de uma invasão anunciada começou no dia 8 de novembro.
Soldados israelenses invadiram a Faixa após uma onda de escaramuças nas imediações dos arames farpados. Na troca de tiros com resistentes, mataram um menino palestino de 12 anos que estava jogando futebol com os amiguinhos.
Logo depois, alguns resistentes explodiram um túnel na fronteira com Israel ferindo um soldado da IDF.
No dia 10, um anti-míssil palestino feriu quatro soldados da IDF que patrulhavam a Faixa em um jeep militar.
A IDF revidou mas não contra os militantes da resistência. Jogaram uma bomba em um campo de futebol matando dois jovens de 16 e 17 anos e ferindo os outros jogadores. Os ferimentos foram mais ou menos graves conforme a proximidade do alvo.
No dia seguinte, domingo, os israelenses continuaram a retaliar pelo ferimento dos cinco soldados ferindo dezenas de gazauís e matando um.
Na reunião semanal do governo, o ministro do transporte, Yisrael Katz instou Netanyahu a "cortar a cabeça da cobra" matando o chefe militar do Hamas em Gaza e que Israel privasse totalmente os gazauís de energia, comida, eletricidade, gasolina e gás.
(Hoje é fato consumado.)
Na segunda-feira o Hamas aceitou a trégua negociada, descansou seus morteiros e todos retomaram suas atividades normais na Faixa. Binyamin Netanyahu e Ehud Barak - Primeiro Ministro e Ministro da Defesa israelense - inclusive foram à fronteira da Síria para "demonstrar" que o assunto estava encerrado e que os gazauís podiam ficar sossegados. E fcaram. Relaxaram e Ahmed Ja'abari saiu à rua principal com o filho relaxado. E caiu na armadilha que há meses estava sendo montada.
Um ataque deste tipo não é improvisado da noite para o dia. É premeditado durante meses, no mínimo, semanas de estudo de acúmulo de Inteligência sobre os hábitos, ações e possibilidades de aniquilamento do alvo ambulante.
O assassinato de Ahmed Ja'abari foi arquitetado e estava previsto para o dia anterior. Foi adiado para o dia 14 de novembro por causa do tempo ruim...
A Operação Pillar of Cloud não decorreu da reação previsível do Hamas como o lobby israelense de informação divulgou à imprensa que correu para publicar.
A Operação Pillar of Cloud (outro nome tirado do Talmud - dir-se-ia que os terroristas se comprazem em considerar, erroneamente, as Escrituras Judaicas e Islamitas intrisecamente homicidas) como a Operação Cast Lead de quatro anos atrás, foi montada minuciosamente antes de ser executada. 
O assassinato de Ahmed Ja'abari não foi nem um rompante nem um acaso.
Ahmed Ja'abari não vivia nas sombras como alguns ignorantes publicaram. Era uma pessoa pública que já tinha inclusive, por mediação alemã, encontrado enviados israelenses no ano passado para negociarem. 
O assassinato de Ahmed era apenas o sinal para a Operação ser iniciada.
O sinal para esta nova punição coletiva dos gazauís por terem elegido o Hamas, sim, mas pior ainda, para forçar os gazauís a um suicídio coletivo de desespero de não ter como se defender nem como escapar, já que estão cercados por toda parte. A IDF não se conforma que eles continuem resistindo e teimando em viver até nas condições precaríssimas em que o bloqueio os tem condenado.   
O Shin-Bet, serviço de inteligência israelense, assassinou Ahmed Ja'abari com o filho e mais oito palestinos - inclusive duas crianças - conscientes de estar "abrindo as portas do inferno" que vira e mexe abrem, cientes de sua impunidade e da eficiência de seus lobbies que chamam de anti-semita qualquer jornalista que ousar dizer a verdade.
Ao executar traiçoeiramente Ahmed Ja'abari, Netanyahu sabia que o Hamas reagiria, pois foi uma declaração de guerra calculada nos mínimos detalhes.
(Só espero que este assassinato não encadeie um drama mundial como o encadeado com o assassinato do arquiduque austríaco Franz Ferdinand em 1914.)
Uma palavrinha sobre Ahmed Ja'abari antes de continuar a atualidade.
Nascera em Gaza 52 anos atrás. Era formado em História. Conheceu as masmorras israelenses aos 22 anos por ser membro do Fatah. Ficou preso 13 anos, durante os quais encontrou vários dirigentes do Hamas. Foi então que aderiu que passou do Fatah para o Hamas. Desde sua saída dedicou-se à resistência ativa e sua ascenção no partido foi gradual e decisiva. Sobrevivera a quatro atentados do Shin Bet. Em um deles, em 2004, perdera o filho mais velho, o irmão e mais três parentes. Sua casa foi destruída por um míssil durante o bombardeio anterior da Faixa, em 2008-09. Sobreviveu ainda mais determinado. Substituiu então seu predecessor Mohammed Deif, gravemente ferido durante os bombardeios. Este substituíra, na chefia das Brigada, Salah Shehadeh, assassinado por Israel em 2002. Abu Mohammed, como Ahmed Ja'abari era conhecido, era um homem inteligente, discreto, preparado intelectualmente, que optou pela resistência armada por frustração face às vias pacíficas sistematicamente obstruídas diplomaticamente e pela ocupação que asfixiava seus compatriotas apátridas.
Foi o responsável pela captura, detenção, cuidados e libertação do soldado israelense Gilad Shalit. Cuja libertação no ano passado sem nem um arranhãozinho deve ter decepcionado Netanyahu que esperava que fosse tratado pelo Hamas a tortura e a privações, como Israel trata os prisioneiros palestinos civis que mantém atrás das grades. 
Mas o Hamas não é o Shin Bet.
Matar Ja'abali é uma bobagem. A fila de pessoas como ele é comprida. E a partir desta semana, será maior ainda. Ahmed Ja'abari substituiu Mohammed Deif que substituiu Salah Shehadeh que substituiu... Enfim, não vai faltar substituto para Ahmed Ja'abari na direção das Brigadas al-Qassan. Com um ódio do qual Ahmed Ja'abari já estava curado, já que desde o ano passado que informava Binyamin Netanyahu por vias fiáveis que estava pronto para um cessar-fogo mútuo, contatno que as negociações com a Autoridade Palestina fossem retomadas.
Talvez tenha sido por causa de sua reaproximação do Fatah e da sua boa vontade que foi assassinado.
Quanto tempo a Operação Pillar of cloud vai durar, depende da revolta internacional e da atitude dos países árabes. Pois 2012 não é 2008. O mundo árabe está mudado.
Mas se não parar logo, Israel é bem capaz de aproveitar a deixa do punhado de Fajr-5 fornecidos pelos iranianos para proceder ao ataque de Teerã com o qual Netanyahu sonha desde o século passado.
A hipocrisia e subserviência da imprensa e dos governos ocidentais é tão grande que irrelevam o fato do arsenal de alto-porte e alta-tecnologia usados por Israel contra os palestinos ser fornecido pelos Estados Unidos. Que também tem bomba atômica, como Israel, e possui, por vias comerciais de "cooperação" as armas mais sofisticadas do mundo. Enquanto que o Hamas só possui armas contrabandeadas com muito custo para se defenderem.
Esta nova operação militar israelense e a contra-informação vigente é uma hipocrisia perigosa e lamentável.
E os jornalistas que dão notícias de Tel Aviv e de Jerusalém copiadas dos comunicados do serviço de imprensa israelense sem nem pisarem na Cisjordânia e em Gaza são mais do que preguiçosos. São vergonhosos.
Israel, mais uma vez, consegue se fazer de vítima mesmo sendo o algoz abominável que faz 64 ano que subjuga os palestinos na indiferença geral.
Vale lembrar que os palestinos, tanto na Faixa de Gaza quanto na Cisjordânia, não têm nem como escapar como os sírios, para se protegerem. Estão cercados nos guetos chamados de "Territórios Ocupados" em que sobrevivem confinados e nem passaporte têm.
Na Segunda Guerra Mundial, quando Hitler concentrou judeus, comunistas, homossexuais, e outros, em campos, para em seguida executá-los, o resto do mundo podia argumentar que não reagiu porque não sabia.
Hoje, é impossível.
Os meios de comunicação podem estar controlados, mas os fatos e as imagens são inegáveis.
O mundo inteiro é cúmplice da limpeza étnica dos palestinos, pois faz de conta que acredita nas mentiras de Israel, na simpatia que este goza (por razões obscuras) na mídia, de sua vitimização absurda, e cruza os braços.
  
"Today Israel is testing the pulse of the nation, testing Egypt, testing the Arabs, Muslims, Chistians, the United Nations, the World... if it is able to dictate its orders as in the past or [if] today's leaders have another wision." disse Khaled Meshall, presidente do Hamas. Porém, Barack Obama e a advogada israelense em Washington, Hillary Clinton, já deixaram entender que se o Egito apoiar Gaza, pode dar Adeus à cooperação militar com os EUA e à ajuda financeira que prometeram a Morsi... A chantagem é sempre a melhor arma de Washington. Mas às vezes, raras, falha.   

Enquanto Israel se vangloriava ontem de em cinco dias ter torpedeado a Faixa de Gaza 700 vezes e estar com 75.000 reservistas prontos para voltar a invadir a Faixa como em 2008/09, o Hamas usou um de seus torpedos iranianos para tentar atingir o Knesset em Jerusalém. Errou o alvo, mas o precedente foi aberto e deixou Netanyahu ressabiado.
O Shin Bet mantém todo o sistema de comunicações da Faixa de Gaza grampeado - telefones fixos, celulares, internet, enfim, controla todas as ondas, os ares,  o mar, além dos arames farpados que mantêm os gazauís prisioneiros.
Mesmo assim, o Hamas conseguiu alguns torpedos iranianos para mostrar que agora, se quiser, pode atingir Tel Aviv e a Jerusalém ocupada. Com dificuldade. Mas mesmo sendo os seus meios muitíssimos acanhados, nenhum israelense vai mais dormir sossegado enquanto a paz não for declarada.
Todo exército de ocupação é mole e medroso. É por isso que a invasão terrestre só acontecerá quando o Hamas e os gazauís estiverem de joelhos, pedindo arrego, na Faixa devastada. Vai ser uma parada mortífera triunfal em cima dos cadáveres. Para impressionar os eleitores, refletir a vaidade e o orgulho dos invasores, e para humilhar e conspurcar, uma vez mais, as casas dos gazauís que não tiverem sido derrubadas.
Os israelenses não estão dormindo sossegados. Contudo, os palestinos, tanto na Faixa de Gaza quanto na Cisjordânia, não dormem sossegados desde 1967. Sujeitos a ocupação domiciliar aleatória, prolongada, e a bombardeios noturnos para que não tenham nem uma noite de paz e para que esvaziem a terra de seus antepassados. 
O incrível desta história é que, mesmo o vilão sendo claro - já que Israel desrespeita descaradamente o Direito das Nações Unidas desde 1947, a comunidade internacional parece estar, mais uma vez, dando as costas a Gaza.
O serviço de inteligência israelense pode ser falho, mas seu lobby no mundo inteiro é de eficiência invejável. 


Concluindo, por hoje, meus trinta anos no ramo me ensinaram que toda operação militar tem uma lógica implacável. Sempre chega uma hora em que circunstâncias políticas e militares criam uma dinânima que afoga as intenções originais dos beligerantes, ao ponto de tornar todas as "intenções inciais" e todos os planos, obsoletos e irrelevantes.
Ontem, após dias de bombardeio quase de um fôlego, no  checkpoint de Erez e ao longo do arame farpado que enclausura a Faixa nessa aérea, pululavam de soldados da IDF prontos para a invasão que Netanyahu ameaçava.
Com ordens semelhantes às de 2008? 
A tendência geral é comparar esta Operação com a de 2008.
Eu discordo. Acho que a única coisa que têm em comum é a indiferença ocidental, o apoio a Israel incondicional, e a desproporção de forças de um e outro lado.
"Israel's notably hardline foreign minister, Avigdor Lieberman, said yesterday the military offensive had three main goals: to restore calm in Israel's south, reinstate Israel's deterrence and to destroy the stockpiles of long-range missiles belonging to Gaza terror groups. The only way we can achieve peace and security is to create real deterrence via a crushing response that will make sure they don't try to test us again. This isn't an all-out war, but an operation with defined goals."
Avigdor Lieberman, Ministro das Relações Exteriores de Israel.
Do lado israelense, os generais, inclusive o Ministro da Defesa, aprenderam as lições do passado e do fracasso da Operação Cast Lead.
Pois uma coisa sabem, embora dentro de Israel a Cast Lead tenha sido celebrada como vitória para enganar o povo, diplomaticamente foi uma catástrofe.
O fracasso político internacional foi claro. Grandes perdas civis condenadas pela opinião pública, e consequentemente, pelos governos ocidentais, e as consequentes e inevitáveis acusações de crime de guerra - estes tendo sido denuncidados inclusive pelos reservistas Breaking the Silence.
Desta vez, ouviu-se em Tel Aviv que a ordem era causar o máximo de dano material e o mínimo de mortos civis, a fim de não chocar os ocidentais - que pouco ligam para entulhos de imóveis quando não veem corpos sangrando demais, despedaçados.
Como se um e outro fossem dissossiáveis. Que casas e prédios estivessem desocupados na hora em que as bombas caem.
Hoje posso afirmar que a primeira etapa da Operação Pillar of cloud foi um "sucesso".
Gaza está cheia de entulhos onde antes eram imóveis públicos e privados e a IDF, que bombardeia bem do alto e com drones armados, está intata.
Só que o resultado não satisfez Netanyahu nem Barak, sem contar a surpresa com a reação do Hamas e a descoberta que este não estava tão desarmado como no passado.
Então chegou aquela hora, comum em toda guerra que testemunhei nestes trinta anos, em que se muda os planos e a estratégia se barbariza para que uma pseudo-vitória seja garantida.  
Pois do lado palestino, o contexto político regional e a situação do Hamas evoluíram bastante nestes quatro anos e as coisas já não estão sendo tão fáceis para o general Ehud Barak.
Da vez passada, os israelenses não sentiram nada. Ficaram em casa em uma bolha artificial assistindo na televisão os gazauís serem massacrados.
Desta vez, como disse acima, sirenes soam, estão em sobressalto, conscientes que podem virar alvo desta guerra que é menos em sentido único do que da vez passada.
Pois da vez passada, o Hamas, internacionalmente, estava isolado dos países árabes governados por ditadores corruptos subservientes aos EUA. E internamente, estava totalmente despreparado, com pouca munição e com torpedinhos ultrapassados.
Desta vez o Hamas, graças ao trabalho de Ahmed Ja'abari - em termos bélicos - e de Khaled Meeshal - em termos diplomáticos - o arsenal do Hamas está atualizado com alguns Fajr-5. Acanhado em quantidade e em teconologia (daí os erros de alvo), mas com mísseis com potência para atingir Jerusalém e Tel Aviv sem dificuldade. E os países árabes não estão mais alheios aos sofrimentos dos gazauís como estavam quatro anos atrás. 
Mohammed Morsi já está admitindo off the record que não sabe se vai conseguir conter seus compatriotas e talvez seja forçado a tomar uma posição concreta, além do apoio verbal.
Na recente reunião do Cairo, Recep Tayyip Ordogan, que é moderado, deixou entender que talvez também não possa ficar de braços cruzados.
A Tunísia ídem. Como mostra a foto acima, de seu Ministro das Relações Exteriores Rafik Abdessalem com Ismail Haniyeh, líder político do Hamas na Faixa, inspecionando os escombros da Mukata'a local.  
Mas o mais siginificativo foi a indignação do Qatar (ministro à direita na recente reunião da Liga Árabe), cujo Emir estava com as contas prontas para investir na reconstrução de Gaza brevemente. Ficou possesso (literalmente) com a "desfeita" do Primeiro Ministro israelense e com sua insasiável sede de destruição de Gaza.   
Portanto, apesar das capitais ocidentais apoiarem Tel Aviv sabe-se lá porquê e até quando (cedo ou tarde os europeus terão de atender a opinião pública em vez de Obama), as capitais árabes que contam (tirando a Arábia Saudita que nem pisca sem autorização de Washington), estão escapando do controle da Casa Branca e Israel, após a ameaça de massacre, sairá desta machucado e mais isolado.
Barack Obama não está muito peocupado com os gazauís, mas está preocupado com este isolamento visível de Tel Aviv. Em um dos telefonemas para Netanyahu, o presidente dos Estados Unidos teria pedido para o Primeiro Ministro de Israel uma "de-escalation".
Em Ramallah, Mahmoud Abbas está contendo seus concidadãos da Cisjordânia com dificuldade. Mesmo sendo majoritariamente controlada pelo Fatah, os palestinos formam uma Nação, embora apátrida. Quando o alvo é do próprio sangue e da própria Nação ocupada, as desavenças se diluem como o álcool na água. 
O melhor resultado desta OPC (Operação Pillar of Cloud) é que Netanyahu seja surpreendido e que no fim da sua Operação de "limpeza", veja a reconciliação dos dois partidos palestinos adversários... Aí vai chorar lágrimas amargas com a união indesejada.  
Seria um tiro no pé bastante dolorido, mas salutar para o Oriente Médio.
Apesar do apoio majoritário que está recebendo dos compatriotas, é óbvio que no fim da linha o Primeiro Ministro não conseguirá atingir seu objetivo de destruir o Hamas - como da vez passada. Vai reforçá-lo junto aos gazauís e aumentar sua popularidade na Cisjordânia. Em vez de enfraquecê-lo, o fortalecerá. A não ser que o Fatah assuma uma posição dura e clara em favor de Gaza.
Mas qualquer que seja o balanço desta OPC, Netanyahu não terá nenhum problema de consciência com as centenas de mortos palestinos e com a infra-estrutura gazauí destruída - inclusive o Palácio do Governo e o Centro Administrativo. Gado alheio não tem valor nenhum aos olhos do vizinho e para Netanyahu, os palestinos não passam de objetos, quando não de animais sem nenhum valor mercantil.
Só lamentará se perder as eleições, o tiro sair pela culatra e as Nações Unidas elevarem o estatuto da Palestina a um estatuto, no mínimo, mais próximo de Estado.
Esta solução reconciliaria o Hamas e o Fatah, poria fim à ocupação e levaria uma verdadeira paz à região.
Mas isto não é do interesse dos fabricantes de armas que engrossam diariamente o arsenal israelense e nem dos sionistas empedernidos que querem ver um Grande Israel em cima dos cadáveres de todos os palestinos.
E se os israelenses conseguissem ou conseguirem (já que têm arsenal para isto) destruir as lideranças do Hamas como decidiram, a Faixa cairá fatalmente nas mãos de facções extremistas desgovernadas.
Por mais que eu condene a violência e a determinação do Hamas de dar murro em ponta de faca, ruim com ele, pior sem ele. Pois sem a organização do Hamas, que mantém a ordem civil, controla os grupos extremistas (já com dificuldade) e administra bem a Faixa, o caos se instalaria/rá em poucos dias ou em poucas horas.
As facções extremistas ficariam com o campo aberto para agirem errado. Como o atual governo de extrema-direita israelense age.
Este desgoverno na Faixa prejudicará/ria palestinos e israelenses.
Deus os livre disso!
A guerra nunca resolveu nada em lugar nenhum.
Em Gaza, menos ainda.
Não há solução militar para Gaza.
A única solução possível é política. E em concertação com a Autoridade Palestina. De preferência mediada por Marwan Barghouti.
Quem disser o contrário ignora a realidade ou tem agenda própria ferina, irresponsável e perigosa.
Paro por aqui para voltar à labuta, testemunhar a chacina, a hipocrisia, a luta; o visível e o leão invisível que se esconde atrás dos tanques e dos apaches gringos.
Entretanto, transcrevo abaixo o parecer de um israelense admirável; e embaixo, uma nota recente do BDS que explica o que se passa e como agir individualmente.




"The name chosen for the new war in Gaza is "Operation Cloud Pillar". A far more appropriate name would have been "Operation Short Memory".
Prime Minister Netanyahu is counting on the public's short memory.
Netanyahu counts upon people forgetting that dozens and even hundreds of "liquidations" had been carried out and they did not solve any problem - always there was somebody replacing those who were killed, and more than once the new one was more capable and more radical.
Netanyahu counts on people not remembering that four years ago Israel went to war in Gaza, killing 1300 civilians in three weeks – which otherwise did not make any significant change in the situation.
Netanyahu counts on people failing to remember that just yesterday morning the media reported on people in the communities of the South heaving a sigh of relief at the complete cessation of missiles from Gaza.
Binyamin Netanyahu and Ehud Barak have taken the decision - for the second time in a row the State of Israel will conduct general elections under the shadow of war in the Gaza Strip.
The cease-fire which already started to stabilize had been broken and shattered to pieces.
The inhabitants of te communities of southern Israel, who just started to breathe freely, are sent right back to air raid alarms and the running to shelters.
At the price of great suffering on both sides of the border, the government's aim had been accomplished: the social issues, which threatened to assume prominence in these elections, have been pushed aside and removed from the agenda of the elections campaign.
Forgotten, too, is the brave attempt of Mahmud Abbas to address the Israeli public opinion.
In the coming weeks, the headlines will be filled with constant war and death, destruction and bloodshed.
When it ends at last, it will be revealed that no goal has been achieved and that the problems remain the same, or perhaps got worse.
... The day after the assassination, Israeli peace activist Gershon Baskin, who had been involved in mediating Shalit’s release, disclosed that he had been in contact with Ja’abari up to the last moment. Ja’abari had been interested in a long-term cease-fire. The Israeli authorities had been informed.
But the real remedy is peace. Peace with the Palestinian people. Hamas has already solemnly declared that it would respect a peace agreement concluded by the PLO – i.e. Mahmoud Abbas – that would establish a Palestinian state along the 1967 borders, provided this agreement were confirmed in a Palestinian referendum.
Without it, the bloodletting will just go on, round after round. Forever.
Peace is the answer. But when visibility is obscured by pillars of cloud, who can see that?"

Uri Avnery, ex-deputado, criador da ONG israelense Gush Shalom.


For context, consider this: more Palestinians were killed in Gaza yesterday than Israelis have been killed by projectile fire from Gaza in the past three years.
But the Israelis are also keeping another issue quiet.
If you follow the dynamics of fire you will learn two things.
First, the vast majority of projectiles from Gaza result in no injuries or deaths. Second, most of them are fired during “flare ups” which are initiated, more often than not, by Israeli strikes which cause significant casualties.
Hamas has in the past worked to clamp down on factions firing projectiles, like Islamic Jihad and others. But when Israeli strikes target these organizations and kill and injure Palestinians in Gaza, it ignites responses that lead to flare ups.
In short, what this means is that if it chose to modify its strategy, Israel could have likely dropped the number of projectiles it saw coming from Gaza significantly.
Israel could coordinate with Hamas through third parties like the Egyptians; positive things like truces and prisoner exchanges have happened in the past. But the strategy Israel chose was not one of restraint or diplomacy.
The problem Gaza presents for Israel is that it won’t go away—though Israel would love it if it would. It is a constant reminder of the depopulation of Palestine in 1948, the folly of the 1967 occupation, and the many massacres which have happened since them. It also places the Israelis in an uncomfortable position because it presents a problem (in the form of projectiles) which cannot be solved by force.
Israel does not like to admit it doesn’t have the military might to accomplish something. But when it comes to relations with Palestinians, and with Gaza in particular, there is no military solution.
Israel has tried assassinating Palestinian leaders for decades but the resistance persists.
Israel launched a devastating and brutal war on Gaza from 2008 to 2009 killing 1,400 people, mostly civilians, but the resistance persists.
Why, then, would Israel choose to revert to a failed strategy that will undoubtedly only escalate the situation? Because it is far easier for politicians to lie to voters, vilify their adversaries, and tell them ‘we will hit them hard’ than to come clean and say instead, ‘we’ve failed and there is no military solution to this problem.’
With Israeli elections around the corner, the right-wing Israeli government chose the counter-productive path of escalation even though civilians would pay the price and their domestic opposition rallied behind them.
Trading bodies for ballots is an equation Israeli leaders are happy to be engaged in, especially since all the ballots are Israeli and the bodies are almost always Palestinian.
The Palestinian BDS National Committee (BNC), the broadest coalition in Palestinian civil society, including all major political parties, trade unions, social movements and NGO networks, calls on:
- People of conscience around the world to intensify BDS campaigns to hold Israel accountable, and to pressure their governments to immediately suspend arms trade with Israel, implement trade sanctions, and bring to justice all Israeli officials and military personnel who took part, at all levels, in Israel’s crimes against Palestinians in Gaza.
- Civil society organisations, including trade unions, universities, trade unions, student groups and NGOs, to boycott Israeli goods, divest from all Israeli and international companies that are complicit with Israel’s occupation and apartheid, and call for governments to implement military embargoes and trade sanctions on Israel.
- Governments, especially Arab and friendly governments, to respect their legal obligation to protect the Palestinian right to life and self-determination and to impose sanctions on Israel to immediately end its assault on, and cease its illegal siege of the occupied Gaza Strip and its policies of colonialism and apartheid that oppress the Palestinian people.
E peço encarecidamente ao pacifista de voz ativa, cidadão do mundo humanista, que não deixe Israel ditar as ordens às Nações Unidas só porque tem apoio cego dos Estados Unidos: Use sua voz, seu direito de boicote e diga Basta! à ilegalidade e à injustiça.
Que a Dilma, que já viveu a opressão na carne, em vez de tomar o partido do algoz como faz Obama, tome o partido da vítima e faça a voz do Brasil ser ouvida nas Nações Unidas.
Afinal de contas, finalmente temos influência, e além disso, somos um dos maiores credores dos Estados Unidos.
Perguntinha simples: Por que em vez do Brasil emprestar dinheiro para os EUA usarem em guerra, não emprestamos diretamente para os países que eles chantageiam com a nossa grana, inclusive o Egito e a Palestina?
Sei que a real-economia não é tão nítida. Mas a moral e a ética são limpidíssimas.

Al Jazeera: Israel's "roof knocking" in Gaza

Atualização do dia 19/11/12
                 
Today, November 19th, Natan Blanc, a 19 years old Israeli from Haifa, will show up at the recruitment bureau, inform officers there of his refusal to serve in the IDF, and will likely be sent immediately to the military prison. His act of conscientious refusal is directly connected to the current situation and the army's acts in Gaza. He took this decision even before hearing the terrible news of five women and four children being killed today by a single Israeli Air Force bomb:
"I began thinking about refusing to join the Israeli Army during the 'Cast Lead' operation in 2008. The wave of aggressive militarism that swept the country then, the expressions of mutual hatred, and the vacuous talk about stamping out terror and creating a deterrent effect were the primary trigger for my refusal.
Today, after four years full of terror, without a political process [towards peace negotiations], and without quiet in Gaza and Sderot, it is clear that the Netanyahu Government, like that of his predecessor Olmert, is not interested in finding a solution to the existing situation, but rather in preserving it. From their point of view, there is nothing wrong with our initiating a 'Cast Lead 2' operation every three or four years (and then 3, 4,5 and 6): we will talk of deterrence, we will kill some terrorist, we will lose some civilians on both sides, and we will prepare the ground for a new generation full of hatred on both sides.
As representatives of the people, members of the cabinet have no duty to present their vision for the futures of the country, and they can continue with this bloody cycle, with no end in sight. But we, as citizens and human beings, have a moral duty to refuse to participate in this cynical game. That is why I have decided to refuse to be inducted into the Israeli Army on the date of my call-u(p order, November 19, 2012."
Natan Blanc
[Natan can be contacted by email: nathanbl@walla.com
For updates during the day call Moriel : +972-54-3157781 ]  

"You've seen the pictures, read about the bloodshed, heard the accusations. The military head of Hamas in Gaza, pictured, was assassinated by Israel. Rockets fired in retaliation killed three Israelis and Israel then went into overkill. It is 95 years this month since the Balfour Declaration. Lord Balfour who was Foreign Secretary in 1917, informed Baron Rothschild that Britain would back a new Jewish state on Palestinian territory as demanded by Zionists, some of them terrorists.
Britain had no legal right to the land it breezily handed over and has never apologised for its disastrous decision. Palestinians paid for Europe's massive, anti-Semitic killing project.
Thousands of Muslim and Christian Palestinians were dispossessed and, since then, it's been a story of endless conflict. And so here again is another horrendous conflagration.
When Arab despots murder and torture their own people, their sins are not less heinous than those committed by outside adversaries. And the three recent victims of Hamas attacks weren't simply collateral damage. The anti-Semitic prejudice of millions of Arabs and Iranians is repellent. But I would put this question to Israeli apologists too: why can't they muster human sympathy for dead Palestinian babies and their howling parents? Don't they feel anything for these innocents? This time, Palestinians have paid tenfold for those three Israeli lives.
On the web is a photograph of an old man in Gaza holding a placard with this message: "You take my water, burn my olive trees, destroy my house, take my job, steal my land, imprison my father, kill my mother, bombard my country, starve us all, humiliate us all but I am to blame: I shot a rocket back."
You may or may not agree with his rocket retaliation, but all his other accusations are verifiably true as witnesses have been attesting for years. Even treacherous Balfour stipulated in that fateful letter of November 1917: "Nothing shall be done which may prejudice the civil and religious rights of existing non-Jewish communities in Palestine." That bit has never been honoured.
Remember, too, there was a time when Jews and Palestinians were not filled with poisonous odium for each other. Well all that is history now. Israel exists and must, as I have believed all my life. But it can't expect to do as it damn-well pleases. Oh yes it can! says Obama's administration. While Western leaders avert their eyes, there is, among millions of European citizens, growing sympathy for the Palestinian cause and dismay that Israel flouts international laws and conventions with impunity. A chasm is growing between Europe's ruling classes and the ruled. It can no longer be ignored.
For Israel's own sake, it must stop being so boneheaded and halt this inferno. Obama needs to step up and use his power to save the world. It is that serious."
Yasmin Alibhai Brown, no jornal inglês "The Independent"