domingo, 27 de janeiro de 2013

Israel vs Palestina: História de um conflito XXVII (04/05 2002 - ODS)


A Operação Defensive Shield ainda estava em andamento quando Ariel Sharon marcou um grande ponto contra a resistência palestina.
No dia 14 de abril, Marwan Barghouti, braço direito de Yasser Arafat e líder do Tanzim, organização militar do Fatah, foi preso em Ramallah. Na casa que o abrigava na clandestinidade.
Tal era o medo que a IDF tinha do intelectual palestino empurrado à resistência, que pôs um batalhão quase inteiro em seu encalço.
Um monte de soldados do Batalhão Duchifat - unidade ante-tanque altamente treinada -amontoou-se dentro de uma ambulância para aproximar-se subrepticiamente do local que lhes fora indicado. Lá chegando, cercaram o recinto, renderam os presentes e capturaram Barghouti, tido como o comandante da Intifada.
"While I, and the Fatah movement to which I belong, strongly oppose attacks and the targeting of civilians inside Israel, our future neighbour, I reserve the right to protect myself, to resist the Israeli occupation of my country and to fight for my freedom," he wrote in the Washington Post newspaper in 2002.
I still seek peaceful coexistence between the equal and independent countries of Israel and Palestine based on full withdrawal from Palestinian territories occupied in 1967," declarou ao Washington Post, no ano de sua captura, o número 2 (após Arafat) na lista israelense de inimigos perigosos.
As Brigadas al-Aqsa selaram a prisão do líder do Tanzim quando, sem intenção de prejudicá-lo, é claro, o indicaram como líder máximo.
Como estas Brigadas eram responsáveis pela maioria dos ataques suicidas dentro da Linha Verde, as autoridades israelenses aproveitaram a deixa para fazer de Barghouti o bode expiatório que precisavam. Ao dar aos compatriotas uma cara para a qual pudessem canalizar sua sede de vingança, Sharon esperava apoio para continuar sua campanha sanguinária.
Mas neste caso preciso, o sangue seria derramado a conta gotas, longe da imprensa, da opinião pública internacional. Nas masmorras.
Marwan escapara no ano anterior a uma tentativa de assassinato, na qual perdera seus guarda-costas. Desta vez Sharon o queria vivo. Talvez para desviar a atenção de seus compatriotas durante o processo no qual pretendia levar vantagem.
Marwan foi torturado durante os 108 primeiros dias de detenção. Com as mãos amarradas nas costas da cadeira, privado de sono, enfim, as torturas básicas praticadas pelo Shabak (*abaixo, detalhes publicados pela ONG B'Tselem). Os interrrogatórios eram diários. Era enclausurado em uma cela pequena e húmida, sem janela, sem aeração, sob luz artificial noite e dia. Com o tempo, nos onze meses seguintes, seria autorizado a uma hora diária de saída ao pátio. De mãos e pés acorrentados.
No dia 24 de dezembro de 2003, seu filho Qasem, universitário de 19 anos, seria preso na ponte de Allemby e levado para a prisão de Ofar. Estava vindo do Cairo, onde estudava, passar férias natalinas com a família. Foi preso só para ser usado como pressão contra o pai que não se dobrava aos interrogários e se recusava a "cooperar" com os torturadores.
Pois em agosto de 2002, no início do julgamento que duraria dois anos, Marwan foi acusado da morte de 26 pessoas e de ser membro de uma organização terrorista e recusou-se a reconhecer a legitimidade do Tribunal israelense de julgá-lo por defender sua pátria usurpada. Seus advogados insistiram o tempo todo que ele era apenas um líder político, e transformaram o processo em um processo de Israel e da ocupação da Palestina.
A postura nobre e irredutível de Marwan Barghouti foi contra as expectativas de Ariel Sharon de pintá-lo como um terrorista desvairado.
O Primeiro Ministro de Israel deve ter lamentado tê-lo capturado vivo, mas não tinha outro jeito. Se tivessem executado Marwan Barghouti como executaram outros líderes palestinos, qualquer que fosse o número de Apaches e Phantons que colocassem no ar e quantos fossem os tanques "cruéis" e caterpillars D9 armados, os trinta mil reservistas jamais teriam conseguido conter a revolta popular que seguiria. Sem contar as operações militares da resistência.
Em 2004, Marwan Barghouti seria condenado a prisões perpétuas consecutivas por cinco das 26 mortes das quais era acusado.
O ex-líder do Tanzim é a única pessoa na Palestina a gozar de respeito e popularidade junto à população inteira. Tanto na Cisjordânia quanto na Faixa de Gaza. O único catalisador e unificador de todas as facções do Fatah e do Hamas.
(O percurso de Marwan está no capítulo XV de Israel vs Palestina.)
No dia 19 de abril, a notícia que estava preso em Israel já se espalhara quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou a Resolução 1405.
Uma a mais.
Esta tratava do envio de comissão de inquérito a Jenin, a fim de apurar a chacina.
Dois dias depois, enquanto a IDF ainda atirava nos meninos que em Dura, no sul da Cisjordânia, se aventuravam a pôr a cabeça fora de casa, matando seis e ferindo vários, Ariel Sharon anunciou o fim da primeira fase da Operação Defensive shield, se dizendo satisfeito com os resultados.
O cálculo rápido de então foi de mais de 250 palestinos mortos, 29 soldados israelenses, e perdas materiais estimadas a U$900 milhões de dólares.
Entretanto, o fim oficial da ODS não significava nem trégua nem retirada.
No dia 23, dando prosseguimento à campanha de execuções, dois Apaches da IDF torpedearam o carro de Marwan Zalloum, mais um proeminente ativista. Zalloum morreu com seu braço direito Samir Abu Rajab. Os dois, e o veículo em que estavam, foram reduzidos a detritos.
Os "efeitos colaterais", as pessoas atingidas no bombardeio, nem foram mencionadas.
E na dança surreal dos dois pesos e duas medidas, Arafat estava sendo obrigado a concordar com uma punição unilateral em troca de uma trégua para que respirassem.
No dia 25, um tribunal improvisado por Arafat na Mukata'a, em Ramallah, julgou e condenou quatro membros da FPLP (Frente Popular de Libertação da Palestina) a penas de 1 a 18 anos pelo assassinato do ministro israelense do turismo, em outubro de 2001.
Era uma das condições sine qua non para os EUA concordarem em forçar Israel a terminar a ODS sem muito tardar.
Surtiria efeito imediato, de fachada.
No dia 28, a Casa Branca anunciou que, atendendo a George W. Bush, Ariel Sharon concordava em retirar o sítio da Mukata'a de Yasser Arafat e evacuar Ramallah. Em contrapartida do julgamento e da detenção, em prisão palestina mas sob supervisão britânica e estadunidense, dos quatro acusados do atentado.
Nada foi dito sobre as dezenas de membros da administração palestina executados por Israel nos últimos dois anos.
Era como se os assassinatos premeditados e friamente executados com armamentos sofisticados Made in USA os legitimassem.
Entretanto, a lembrança dos líderes mortos continuava viva em toda a Palestina. Ninguém entendia o porquê dos resistentes serem punidos pelo mesmo crime que os soldados e agentes israelenses eram apriorísticamente absolvidos.

Em Gaza, o Hamas logo demonstrou descontentamento com a barganha desproporcional, mas engoliram o sapo de mau-grado.
E embora a Operação Defensive Shield - cuja tradução literal do hebraico מבצע חומת מגן‎ é Defensive Wall em uma premonição da serpente de muros fagocitários - tivesse sido oficialmente concluída, os hebronitas continuavam sob ataque.
Hebron, que já vive sitiada, fora "poupada" enquanto as outras cidades eram bombardeadas.
Sua vez chegara. Mais tarde.
No dia 29 de abril mais de cem tanques "cruéis" e caterpillars armados, apoiados pelos Apaches investiram a cidade. Lá, os colonos que aterrorizam os nativos foram aconselhados a ficar em casa para os soldados atirarem em tudo o que movesse e não usasse kipa.
Como nas outras cidades, o acesso foi vedado à imprensa e a socorro médico. Enquanto isso, os soldados usavam uma tática covarde já usada em Jenin, Nablus, Gaza e em outras cidades. A dos escudos humanos. Um soldado israelense jamais enfrenta a resistência de cara. É sempre atrás de um cidadão local. 
No fim das "operação", feridos jaziam nas ruas e vários carros, lojas e casas estavam vandalisadas.

Enquanto isto, Bush compactuava com Sharon e o enviado do papa João Paulo II encontrava o presidente de Israel. O cardeal Roger Etchegaray foi a Tel Aviv com a missão de transmitir a Moshe Katsav a condenação do Vaticano das chacinas, do sequestro do líder palestino e do cerco de Belém e da Basílica da Natividade.
Após advogar e mediar, no dia 01 de maio, o cardeal francês foi a Ramallah garantir, com sua presença, a segurança de Arafat quando este emergiu do confinamento em que se encontrava desde o dia 29 de março.
O líder palestino foi aclamado na porta da Mukata'a com cantos de "Deus é grande - Allah uakbar - em companhia do cardeal, e em seguida, cercado de guarda-costas armados, entrou no carro preto que o esperava.
Apesar do longo período de prisão domiciliar, e dos 72 anos passados desde moço em duras batalhas, o líder palestino demonstrou energia contagiante. Por algumas horas, na efusão da celebração de sua liberdade precária, parecia até que a paz tivesse sido concretizada, os territórios palestinos desocupados, os milhões de refugiados de volta ao lar.
Arafat abanava a mão para a meninada que corria alegre em volta do carro, pôs a mão na massa junto com policiais que tapavam buracos de bala na parede de uma delegacia, e orou nas covas dos recém-enterrados no estacionamento do hospital.
Ramallah, "Monte de Deus" em árabe, não estava tão destroçada quanto Jenin e Nablus. Contudo, a IDF entrincheirara a Mukata'a e os ramallenses se puseram logo a devolver-lhe um aspecto de liberdade enquanto seu líder circulava para encontrar o povo e avaliar os estragos.
Apesar de partes do complexo terem sido amputadas de paredes e telhados, o que destoava mesmo eram as barricadas. No mais, o aspecto da sede do governo da Palestina estava em fase com o resto da cidade.  
O que Arafat viu foi furos de balas e rombos em edifícios e casas, ruas com enormes buracos abertos pelas bombas e carros esmagados por tanques e caterpillars.
"Quanto mais destruição vejo, mais me fortaleço", disse Arafat aos jornalistas.
Era mesmo o que parecia.
Apesar da frase de batalha, deixou claro que botava fé na retomada das negociações de paz que estava pronto para reinaugurar.
Uma das partes do acordo negociados pelos mediadores estrangeiros era que o líder palestino teria liberdade total de movimento. Dentro e fora dos terriórios ocupados. Ou seja, após cinco meses de prisão docimiciar, poderia viajar para o exterior e transitar pela Cisjordânia e pela Faixa de Gaza.
Este era o trato.
Porém, Ariel Sharon voltou atrás. Ou talvez jamais tivesse concordado com a promessa feita pelos mediadores ou cruzado os dedos quando assinou embaixo. O fato é que no final das contas demorou a garantir que não impediria o retorno de Arafat à Palestina, caso ele saísse de lá. E essa garantia não era fiável.
De qualquer jeito, de imediato, Arafat tinha muita coisa para resolver em casa antes de ir buscar apoio na Europa e nos EUA. A IDF se retirara das cidades principais, exceto de uma. Belém continuava sitiada e a Basílica da Natividade continuava cercada.
Além deste cerco que não se afrouxara, a IDF continuava a bombardear pontualmente alguns campos de refugiados.
Yasser Arafat avaliava as perdas e danos, enterrava os mortos, animava seus concidadãos e pedia calma aos resistentes do Fatah e do Hamas.
Tarefa árdua. Quase impossível. Era difícil assistir placidamente Ariel Sharon cantando vitória na televisão do "sucesso" da ODS na Cisjordânia enquanto dezenas de famílias estavam de luto e milhares, desabrigadas.
Para completar, Kofi Annan, então secretário das Nações Unidas, anunciou, no dia 02 de maio, a dissolução da comissão encarregada de investigar os "combates" em Jenin.
Por quê?
Porque Ariel Sharon "não autorizou o inquérito" e a ONU dobrou-se à proibição de bico calado. Como se a vontade de um único país suplantasse a autoridade de mais de 150 Nações Unidas.
A ONU nem se recuperara de mais esta humilhação quando cerca de cinquenta tanques "cruéis" reinvestiram Nablus.
Esta bela cidade mal enterrara seus mortos e mal começara a pôr pedra sobre pedra para palear ao vandalismo a que Sharon a submetera quando, no dia 03 de maio, voltou a ser invadida.
No dia 07, as tropas da IDF se retiraram de Belém com o balanço já conhecido no capítulo XXIV desta história.
E enquanto os palestinos celebravam a liberdade relativa, receberam um golpe que os deixou nocauteados.
O golpe chegou no dia 12. Veio do comitê central do Likud, partido de Ariel Sharon. Este aprovou, por maioria absolutíssima, a moção apresentada por Binyamin Netanyahu contra a criação de um Estado palestino.
Obsessão sionista arraigada, provocação deliberada, ou ambos na mesma dosagem, não se sabe.
O que se sabe é que a publicidade dada à decisão do partido do Primeiro Secretário de impedir a emancipação almejada, foi um balde de água fria nas iniciativas de paz de Yasser Arafat.
Na ONU, foi um tapa na cara. Mais um, na série interminável. 


* Special” interrogation methods:
"The report published by B'Tselem and HaMoked in May 2007 indicates that, in a small percentage of cases, Shabak agents use “special” interrogation means, most of which entail the use of direct physical violence. The ISA's director and the State Attorney's Office approve their use in “ticking bomb” cases. Based on the statements of the sample group, there are seven methods in this category.
Sleep deprivation
This method includes preventing the detainee from sleeping for a whole day, by means of “intensive interrogation,” with the detainee sitting in the shabach position. Some of the sample group reported that the interrogators shouted into their ears to prevent them from sleeping. In most cases, sleep deprivation is used only during the first days of the interrogation.
Beatings This includes “dry” beatings, meaning slaps, punches, and kicks to the body. Most of the sample group noted that they were beaten only once during interrogation, generally in the first or second interrogation.
Painful cuffing
The agents tighten the cuffs as much as possible, causing intense pain to the wrists. Some of the interrogees stated that in one interrogation session, the interrogators pushed the cuffs toward the joint, causing a stoppage of blood flow to the palms of the hands for a few minutes.
Sudden pulling of the body The interrogator grabs the detainee suddenly by the shirt or by the shoulder and yanks him, usually forward, once. The interrogator repeats this action a number of times during the interrogation. The detainee's hands are cuffed behind him, connected to a loop on the seat of the chair, so the sudden pulling causes intense pain in the joints of the interrogee's hands and arms.
Sudden twisting of the head
The interrogator grabs the interrogee's chin and twists the head sharply to one side. The interrogator may also, or in the alternative, push the detainee's head backwards by a blow with a fist to the detainee's chin.
The “frog” crouchThe interrogators force the interrogee to crouch on his toes non-stop for a few minutes, his hands cuffed behind him. When in the crouch, they push or strike him until he loses his balance and falls forward or backward.
Bending the back (the “banana” position)The interrogators turn the chair so that the interrogee sits with the backrest to the side, and cuff his hands in front of him, then push him backwards, so that his back rests at a forty-five degree angle. The moment he cannot maintain this angle, he falls backward, his body forming an arch.
Isolation from the outside world
Most of the members of the sample group reported they were isolated from the outside world during a large part of the interrogation period. Isolation included preventing the detainees from meeting with their attorneys, Red Cross representatives, and family members. This isolation increased the sense of helplessness among the detainees, who were unable to tell a friendly person about what was happening in the interrogation facility. The prevention of meetings between the interrogees and their attorneys is especially important in creating this sense of helplessness, since it denies the interrogees access to legal guidance regarding their rights during detention and interrogation.
The use of the conditions of confinement as a means of psychological pressureThe detainees spend most of their detention period in solitary confinement, in cells without windows and thus no natural light or fresh air. A light fixed to the ceiling of the cell provides dim light twenty-four hours a day. A hole in the floor is used as a toilet. A mattress and two blankets are placed on the floor. Other than these, no other items or furniture are provided for the cell, nor are any allowed in it, including reading material or writing implements. These conditions alone result in mental distress. Their use in combination creates the phenomenon referred to as "sensory deprivation" in the psychiatric literature.
The use of the conditions of confinement as a means for weakening the detainees' physical stateThree major features of imprisonment cumulatively and over time physically weaken the detainee. First, the denial of a daily walk, together with the protracted interrogation in which they sit constantly, gives them no opportunity to move about, weakening their muscles and decreasing their resistance to illness. Second, during the interrogation, the interrogees have difficulty sleeping because a light is kept burning in their cells, the jailers knock on the cell door, and so forth. Third, during interrogation, the detainees are provided with insufficient and poor-quality food.
Tying up in the “shabach” position
In this method , the detainee is tied to a regular chair that is fastened to the floor, his hands bound behind his back with metal cuffs, with the cuffs attached to a loop on the backside of the seat, such that his hands are stretched and kept under the backrest. In most instances, the interrogee's legs are shackled and chained to the front legs of the chair. He remains bound like this all the time he is in the interrogation room. However, in most cases, the interrogators come and go, but the detainee remains bound, and waits. Almost the entire sample group mentioned that use of the shabach position caused them severe back pain.
Beating and degradationAt intake at the interrogation facility, the detainee undergoes a body search. In some instances, the jailers force the detainees to undress completely and to stand naked in front of them. During the interrogation itself, Shabak interrogators swear at and insult the interrogee's family and make sexual connotations. In addition, the interrogators humiliate the interrogees in other ways, by shouting into their ears and spitting in their face.
Threats and intimidation
Two-thirds of the sample group reported that Shabak agents threatened them. One of the most common forms of threat: extreme physical torture will be used if the interrogee does not cooperate. Another common threat is that the interrogee's relatives will be arrested if the interrogee does not provide the requested information, and that the family's house will be demolished. To illustrate the seriousness of the threat, the interrogators invite the relatives against whom the threat has been directed to come to the facility and let the interrogee see them from a distance away. The more credible the threat, the greater the chance it will break the detainee's spirit.
Obtaining information through informers This method uses false representation, whereby, after the interrogation has ended, the detainee is taken to a “regular cell.” The Shabak plants persons in the cell to get the detainee to talk. Unlike other methods, this method does not cause the detainee suffering or distress. However, its effectiveness depends largely on the traumatic experience that the detainee had undergone prior to being placed in the cell, which causes them to ignore actions that should raise suspicion."

Reservista da IDF, Forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence - 2

Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/




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