domingo, 22 de janeiro de 2012

Boicote cidadão, ato cívico


Hoje me solidarizo com pessoas que estão menos em foco e perdendo batalhas.
Nesta semana o Knesset (Congresso de Israel) dignou-se a responder à liminar da Gush Shalom contra a lei que proibe, desde o ano passado, os cidadãos israelenses de boicotar os produtos oriundos das invasões judias no Vale do Jordão.
A Gush Shalom e as demais ONGs de Direitos Humanos locais consideram a lei uma violação de seu direito democrático e inalienável de expressão, e não baixam os braços; embora a lei seja uma espada que paira sobre a cabeça dos pacifistas, a fim de intimidá-los e dissuadi-los de lutar pelos princípios nos quais acreditam. Ela dá aos colonos e a seus cúmplices o poder de golpear um ativista a qualquer hora e por qualquer motivo.
Na França, todos os tribunais que julgaram os processos feitos contra o boicote de Israel foram unânimes no veredito, até agora.
Eis os argumentos de alguns destes juizes contra a acusação feita por lobistas israelenses de que o "boicote é um crime porque indica discriminação contra a nação israelense e incita ódio racial".
"A infração de provocação à discriminação calcada no pertencer a uma Nação,(no caso do boicote) é infundada, pois o chamado ao boicote dos produtos israelenses é formulado por cidadãos com motivos políticos que se inscrevem no quadro de um debate político relativo ao conflito israelo-palestino, debate sobre um assunto de interesse comum de âmbito internacional."
A lei francesa destinada a lutar contra toda forma de racismo não se adequa à probição do boicote porque este convida a uma forma de objeção de consciência que o cidadão pode aceitar ou não; o chamado ao boicote é lançado por organizações não governamentais sem nenhuma prerrogativa da obrigação do poder público.
A crítica de um Estado ou de sua política não pode ser considerada um atentado aos direitos ou à dignidade dos cidadãos do país visado. Se fosse, afetaria gravemente a liberdade de expressão em um mundo globalizado cuja sociedade civil é participante ativa.
O 'delito de ofensa ao Estado estrangeiro' não faz parte de nenhum código do Direito positivo e do Direito Internacional, pois tal artigo seria contrário à liberdade de exprimir opinião..."
Verifique o código-barra nas embalagens suspeitas
As de Israel, geralmente começam por  7 29 e 8 71
O juiz concluiu seu parecer citando vários outros processos correlatos infrutíferos, "pois não há como acusar o exercício do boicote de 'provocação à discriminação, à violência ou ao ódio em relação a um grupo de pessoas por pertencerem à nação israelense', já que inclusive certos setores da opinião pública desse país apoiam as chamadas do BDS. A confrontação de pontos de vista mostra que a chamada pacífica e sem obrigação ao boicote dos produtos israelenses é indissociável do debate de opinião suscitado por uma preocupação mundial de resolver um conflito endêmico que dura mais de 60 anos." 
Portanto, como o próprio Direito diz que boicote não é crime e sim direito cívico, hoje vai uma mensagem aos pacifistas israelenses que nos países democráticos em que o Direito se aplica, o boicote cidadão continua na ativa e exercendo o direito que lhes é proibido.
Segurem as pontas, não estão sozinhos.
     
"Quem infringe a Lei Internacional pode ser juiz da Corte Suprema?
O juiz Noam Solberg é colono nos Territórios Ocupados. Se isto for kosher - O que não é?"
Publicado no jornal israelense Haaretz do dia 13.
Uma tentativa a mais de acordar seus concidadãos para a rápida deriva de Israel para a extrema-direita que flerta com o autoritarismo.
A situação lá está ficando cada vez mais difícil para os pacifistas e os democratas convíctos.
Os sectários fundamentalo-expansionistas vêm ganhando terreno e assustam os democratas.
Abaixo segue um exemplo.


Benny Katzover é um dos fundadores e maiores líderes dos colonos judeus na Cisjordânia.
Após a Guerra dos Seis Dias e a ocupação militar subsequente, ele foi um dos primeiros a instalar-se nas invasões em 1970 e ajudou na criação de Elon Moreh, a invasão em que reside desde 1980, com uma bela vista das colinas da Cisjordânia.
Como seus cúmplices que ocupam postos de chefia no Movimento dos invasores, ele é conselheiro informal de várias pessoas que dão as cartas em Tel Aviv.
Preside o Comitê de colonos da Samaria, um grupo que tenta (e consegue) bloquear as tentativas governamentais de derrubar cerca de 100 invasões que o próprio governo considera ilegais, além de opor-se a qualquer negociação com os palestinos para o reconhecimento dos dois Estados.
Um homem desses não mereceria aqui nenhuma linha. Porém, há pouco Katzover abriu o jogo, tirou a máscara e declarou publicamente sua campanha para destruir a democracia israelense e substitui-la por uma ditadura nacionalista judia, teocrática e racista.
Como o Partido Nacionalista de Adolf Hitler.
As leis antidemocráticas que o Knesset (Congresso israelense) vem aprovando desde 2010, começando pela Lei anti-boicote até a recente abordada acima.  Este indivíduo se sente tão à vontade neste novo Israel em que a extrema-direita vigora, que afirmou em alto e bom som que 'Pelo país inteiro proliferam estas ideias que esta democracia, se não for desmantelada, precisa no mínimo de mudanças dramáticas."
Adam Keller, porta-voz da ONG de Direitos Humanos Gush Shalom, herdeira dos ideais do ICIPP na década de 70 (http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6317608786765905828#editor/target=post;postID=4394160414850520761), não deixou por menos: "Na verdade, é impossível continuar evitando a decisão. Ou a ditadura que os militares e os colonos impõem na Cirjordânia penetrarão todos os segmentos da sociedade, eliminando o que sobrou de democracia em Israel e consequentemente pondo fim ao próprio Israel, ou as forças sãs da sociedade israelense se unirão na última hora para pôr fim à ocupação e às invasões, manter e reforçar a democracia e conseguir fazer paz entre Israel, os Palestinos e o Mundo Árabe.
Não pode ter nenhuma ponte e nenhum compromisso entre estas duas escolhas."

Faz meses que venho publicando a lista de empresas israelenses que ocupam o Vale do Jordão se apoderando das riquezas naturais palestinas para se enriquecerem à custa da miséria que fomentam na Cisjordânia.
Abaixo segue uma carta aberta de dois grandes cineastas, Ken Loach e Mike Leigh, e cientistas ingleses contra um dos maiores predadores do Mar Morto: AHAVA, DEAD SEAhttp://www.stolenbeauty.org/.
Publicada na Inglaterra no dia 17 deste.

"It is extraordinary, but true, that one of our great national museums is co-ordinating an activity that breaks international law. That museum is the Natural History Museum, which is collaborating in research with an Israeli commercial firm located in an illegal settlement in the Palestinian West Bank.
he firm is Ahava/Dead Sea Laboratories, whose business is manufacturing cosmetics out of mud, which it excavates from the banks of the Dead Sea. Ahava/DSL is located at Mitzpe Shalem, a settlement 10km beyond the Green Line. The collaboration with the Museum is through an EU-funded project called Nanoretox, in which Kings College London, Imperial College and a number of foreign institutions are also involved. The museum is the coordinating partner for this project.
Ahava/DSL is based on occupied territory. It extracts, processes and exports Palestinian resources to generate profits that fund an illegal settlement. Israel's settlement project has been held by the International Court of Justice to break international law. Organisations which aid and abet this process may well themselves be found to be in violation. We find it almost inconceivable that a national institution of the status of the Natural History Museum should have put itself in this position.
We call on the museum to take immediate steps to terminate its involvement in Nanoretox and to establish safeguards that protect against any comparable entanglement.
Professor Sir Patrick Bateson FRS, University of Cambridge
Professor Malcolm Levitt FRS, University of Southampton
Professor Tim Shallice FRS, SISSA, Trieste
Mike Leigh
Ken Loach
Jonathan Miller
Victoria Brittain
Baroness Tonge
Dr Gillian Yudkin
Professor Laurence Dreyfus FBA, University of Oxford
Professor Jacqueline Rose FBA, Queen Mary University of London

Professor Jonathan Rosenhead, London School of Economics
Professor John Armitage, University of Bristol
Professor Haim Bresheeth, University of East London
Professor Barry Fuller, University College London
Professor Colin Green, University College, London
Dr Ghada Karmi, University of Exeter
Professor Adah Kay, City University
Professor David Pegg, University of York
Professor Steven Rose, Open University
Professor Lynne Segal, Birkbeck College

Ken Loach e Mike Leigh já haviam tomado a defesa de músicos da Filarmônica de Londres há alguns meses. No dia 22 de setembro de 2011, junto com os atores James Purefoy e Samuel West, enviaram à imprensa a carta abaixo assinada por outras personalidades.
"We are shocked to hear of the suspension of four members of the London Philharmonic Orchestra for adding their signatures to a letter calling for the BBC to cancel a concert by the Israel Philharmonic Orchestra.
According to a statement from LPO managers, quoted in the Jewish Chronicle ("UK musicians suspended over Israel Proms row,” 13-9-11) the action was taken because the musicians included their affiliation to the orchestra with their signatures (a convention which is common practice within the academic world, for example).
One does not have to share the musicians’ support for the campaign for boycotting Israeli institutions to feel a grave concern about the bigger issue at stake for artists and others.
There is a clear link being forcibly created here between personal conscience and employment, which we must all resist. A healthy civil society is founded on the ability of all to express non-violent and non- prejudiced opinions, freely and openly, without fear of financial or professional retribution.
Why should it be so dangerous for artists to speak out on the issue of Israel/Palestine? We are dismayed at the precedent set by this harsh punishment, and we strongly urge the LPO to reconsider its decision. "
Patrocinador da Maratona de Jerusalém 2012



Richard Barrett, composer
Sir Geoffrey Bindman QC, solicitor
Howard Brenton, playwright
Caryl Churchill, playwright
Siobhan Davies CBE, choreographer
John Harte co-director, Choir of London
Philip Hensher, novelist
A.L. Kennedy, author
Ken Loach, film director
Miriam Margolyes, actor
Simon McBurney OBE actor, writer, director
Mike Leigh, playwright and film director
Steve Martland, composer
Annette Moreau, Founder Arts Council Contemporary Music Network
Cornelia Parker, OBE artist
Prof. Jacqueline Rose, Queen Mary University, London
Michael Rosen, writer
Alexei Sayle, writer and comedian
Kamila Shamsie, writer
Mark Wallinger, artist
Dame Harriet Walter DBE, actress
Benjamin Zephaniah, author and performer
Kirsty Alexander, artist and teacher

Yasmin Alibhai-Brown, writer and broadcaster
Michael Attenborough, theatre director
Prof. Mona Baker, University of Manchester
Derek Ball, composer
Chris Bluemel, pianist
Richard Black, pianist
Ian Bournartist, filmmaker
Prof. HaimBresheeth, University of East London
Victoria Brittain, author and journalist
Michael Carlin, production designer
Jonathan Chadwick, theatre maker
Prof. Michael Chanan, University of Roehampton
Sacha Craddock, curator
Andy Cowton, composer
Raymond Deane, composer
Ivor Dembina, comedian
Dr Kay Dickinson, Goldsmiths College, University of London
Dr Hugh Dunkerley, writer University of Chichester   
A multinacional francesa de coleta e tratamento de lixo
acabou de perder um contrato de 485 milhões de libras em Londres,
por pressão dos ativistas ingleses do BDS

Tony Dowmunt filmmaker, Goldsmiths College, University of London
Patrick Duval, cinematographer
Gareth Evans, writer and curator
Moris Farhi, MBE writer
Dr Naomi Foyle, poet and writer
Jane Frere artist, theatre designer
Carol-Anne Grainger, soprano
Tony Graham, theatre director
Lee Hall, playwright.
Michelle Hanson, columnist
Laura Hastings-Smith, film producer
Dr Wallace Heim, writer
John Hegley, poet
Matthew Herbert, composer
Prof. Susan Himmelweit
Mary Hoffman, writer
Dr Fergus Johnston, composer
Ann Jungmana, author
Reem Kelani, musician
Judith Kazantzis, poet and writer
Conor Kelly, artist
Anthea Kennedy, filmmaker
Aleksander Kolkowski, musician 
Dr AdamKossoff, artist/filmmaker
Malcolm Le Grice, artist, Emeritus Professor, University of the Arts, London
Prof. Yosefa Loshitzky
Jamie McCarthy, musician and lecturer
Dr Carole McKenzie FRSA
Ewan McLennan, folk musician
Jeff McMillan, artist
Helen Legg, curator
China Mcville, novelist
Lowkey, musician
Roger Mitchell, film and theatre director
Jenny Morgan, film director
Carol Morley, film director




Alan Morrison, writer
Paul Morrison, film director
Ian Pace, concert pianist
Sam Paechter, composer
Miranda Pennell, filmmaker
Jeremy Peyton Jones, composer
Henry Porter, novelist and commentator
James Purefoy, actor
Laure Prouvost, artist
William Raban, filmmaker, reader at University of the Arts London

A.L.Rees, writer
Lynne Reid Banks, writer
Frances Rifkin, theatre director, Utopia Arts
Leon Rosselson, singer songwriter
Martin Rowson, cartoonist
Dr Khadiga Safwat, writer
Sukhdev Sandhu, writer and historian
Dominic Saunders, pianist
Guy Sherwin, artist
Kevin Smith, art activist, PLATFORM
Prof. John Smith, filmmaker University of East London
Anne Solomon, violinist
Ahdaf Soueif, writer

Helen Statman, performer
Michael Stevens, co-director, Choir of London
Susannah Stone, picture researcher
Trevor Stuart, performer
Ingrid Swenson, director PEER
Alia Syed, artist
Jennet Thomas, artist, senior lecturer, University of the Arts
MirandaTufnell, dance artist
Prof. David Turner
Francesca Viceconti, artist

Michelene Wandor, writer
David Ward, composer
Samuel West, actor and director
Ian Wiblin, photographer
Andrew Wilson, curator
Eliza Wyatt, playwright
RobinYassin-Kassab, novelist

Lista de empresas a boicotar, começando pelas abaixo
Ahava, Soda Stream e Hewlett Packard   
MARKS & SPENSER: roupas Delta Galil e alguns produtos alimentícios



Documentário: The Land of the Settlers
Do jornalista israelense Chaim Yavin
O popularíssimo âncora da televisão israelense, sem nenhuma ideologia ou tendência dom quixotesca, resolveu pegar uma câmera e ir ver com os próprios olhos o que acontecia na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Passou dois anos e meio entrevistando ocupados, ocupantes e filmando flagrantes.
Em 2005 apresentou em imagens e em uma voz off que acompanha em tempo real sua filmagem de câmera na mão, sozinho, e terminou a experiência com uma conclusão simples: "Se quisermos paz, temos de desmantelar as colônias."
O documentário já está legendado em inglês e dando a volta por algumas sinagogas liberais dos Estados Unidos, provocando um choque com o inferno no qual os invasores transformaram o quotidiano dos palestinos.

Filme: Intervenção Divina; de Elia Suleiman
Produção franco-germano-palestina
Tragi-comédia de um casal de namorados palestinos que moram em cidades separadas.
No caso, Jerusalém e Ramallah

Filme : Ventos da Liberdade;  Direção de Ken Loach, enredo de Paul Laverty
O título original The Wind that Shakes the Barley é tirado do poema do irlandês Robert Dwyer Joyce (1830-1883): "But blood for blood without remorse //I've taken at Oulart Hollow // And laid my true love's clay-cold corpse //Where I full soon may follow //As 'round her grave I wander drear //Noon, night and morning early // With breaking heart when e'er I hear //The wind that shakes the barley", sobre um jovem que adere à rebelião irlandesa de 1798 (contra a ocupação britânica) após o assassinato da namorada.
Durante a projeção do filme em Ramallah no ano passado, em presença de Ken Loach e sua equipe, uma voz emergiu no escuro da sala: "É exatamente como o Hamas e o Fatah," traçando um paralelo entre as divisões internas dos republicanos à das famílias e facções palestinas.
No fim da projeção, Ken Loach disse aos expectadores emocionados: "A lição da experiência irlandesa é que a desunião leva à sua perda."
E fechou o debate com um apelo aos estrangeiros: "Não é hora de calar-se, de fazer jornalismo e filmes que ignoram a realidade. É de justiça que se precisa aqui," chamando em seguida à adesão ao movimento global de boicote a Israel, "a fim de que este país vire um pária na comunidade internacional."
Como a África do Sul da época do apartheid.

APOIAR
No supermercado e no verdureiro, procurar ou pedir ZAYTOUN, marca de produção e comércio sustentável com a Cisjordânia.
Ou encomendar no site: http://www.zaytoun.org/products/catalogue/
O azeite deles é de primeiríssima qualidade.



"The greatest enemy of knowledge is not ignorance... it is the illusion of knowledge."
Stephen Hawking


Boicote

Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/;
Stop the Wall: http://www.stopthewall.org/
Lista de produtos a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Lowkey: http://youtu.be/GO5Cay6GUkM.
Checkpoint


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