domingo, 31 de julho de 2016

Terrorismo não tem religião






Na semana passada, Mahmoud Abbas, presidente (desacreditado) da Autoridade Palestina, estourou mais um traque. Este foi de insinuar um eventual processo do governo britâncio pela Balfour Declaration em novembro de 1917, responsável pela calamidade em que a Palestina se encontra 99 anos mais tarde.
A calamidade "diplomática" foi a promessa aos judeus de uma "national home", que gerou o movimento sionista que sob o comando do barão de Rotschild culminaria com a ocupação da Palestina por imigrantes judeus que pouco a pouco foram fazendo uma limpeza étnica dos nativos para ocupar o país, alheio, inteiro.
Riyad al-Malki, ministro das relações exteriores da Palestina, disse na reunião de cúpula árabe na Mauritânia, Balfour "gave people who don’t belong there something that wasn’t theirs".
O que é um fato.
É claro que o processo é absurdo e risível. Uma maneira de Abu Mazen tentar mostrar serviço sem fazer nada. Sobretudo porque desde 1917 Balfour já foi ultrapassada por resoluções da ONU que legitimizaram a aberração sionista.
Vincent Fean, embaixador britânico nos Territórios Palestinos Ocupados em 1967 e ex-cônsul em Jerusalém, opina: “I regard what Abbas said as as a cry of anger and despair rather than a statement of intent. I don’t see how he can do what he has undertaken to do. But the problem is that the two-state solution that he has advocated and argued for so long is rapidly drifting away.”
Enquanto Abbas sopra no vendaval, o great deceiver Mark Regev (que ganhou de presente a embaixada de Londres por serviços prestados à hasbara, após a Operation Protective Edge em Gaza em 2014) quer celebrar suntuosamente a data do centenário fatídico em 2017. Mentiu, como é de seu feitio, que já combinou tudo com o governo britânico.
Porém, o Foreign Office está recalcitrante em botar lenha na fogueira que montou com os tratados Balfour & Sykes-Picot. E Tobias Ellwood, FCO minister for the Middle East, usou a palavra “mark” e não “celebrate” o que admite continuar sendo “a live issue” na região. Problema criado por eles, os ingleses.
Deixo a palavra final ao diplomata aposentado Vincent Fean, para que, entre ingleses, se entendam: “I think that there is a moral responsibility on our government to complete the work that it started when Britain was the world power. It should work to deliver an outcome which respects the rights both of Israelis and Palestinians. That is two states – and on the basis of the 1967 borders. And it’s got be soon because if we stand idly by that equitable outcome will disappear,” 
Pois é. 
Cisjordânia/
Gaza
Letter from Gaza to Hillary Clinton

Na semana passada na Europa, o choque foi a covarde decapitação do padre Jacques Hamel, de 84 anos, no altar de sua igreja.
À pergunta sobre o novo "ato terrorista islâmico" na França.
Respondi o que respondo sempre: o Daesh não representa o islamismo, como os Estados Unidos não representam o cristianismo, como Israel não representa o judaísmo.
Os três representam aberrações egoístas imediatistas do poder sem fronteiras e da manipulação a serviço de um punhado de indivíduos venais e desumanos.
O rapaz que matou o padre era um bandido, um marginal, um fascínora que encontrou um canal para exprimir sua criminalidade.
Como um gringo que do Pentágono aperta o botão que aciona um drone que mata famílias do outro lado do mundo. Ou vira seal para matar de perto com selo de soldado de elite.
Como os jovens judeus que saem de seus países para alistar-se na IDF para assassinar meninos e adolescentes palestinos como se estivessem em video-game ao ar livre.
Como já disse antes, os dois únicos exércitos que recebem jihadistas são o Daesh e a IDF.
O Daesh é pior do que a IDF só em aparência e em defasagem de tempo.
A Naqba foi o resultado da atuação de Israel na Palestina desde 1945 com a mesma brutalidade que o Daesh mostra, mas em vídeos divulgados pela grande mídia.
Os estrangeiros e locais que se apresentam como voluntários ao Estado Islâmico para assassinar e aterrorizar iraquianos, sírios, libaneses e europeus são bárbaros? São.
Como são os jovens estrangeiros que aderem ao exército do Estado Judeu.
O mais chocante é que os que aderem à IDF são bem criados, estudados, e sua conversão em assassinos é incitada pelos familiares.
Fico mais chocada com estes judeus, inclusive brasileiros, que saem do país natal e do aconchego do lar favorecido para virar criminosos do que com islamistas de familias desfavorecidas, pouco instruídos, que mal conhecem o alcorão, que fazem o mesmo.
Não acho que o problema seja o Islã, como não acho que o problema seja o Judaísmo.
O problema é a bestialidade humana, acidental ou incitada pela hasbara. de Bagdadi e Netanyahu.

Voltando ao assassinato do padre Jacques, devo esclarecer a quem ainda não sabe, que sou católica.
Por ser católica e por valores morais pessoais, arrepio só de ouvir a palavra vingança e outras igualmente hediondas.
Olho por olho, dente por dente, é coisa do Mossad, de judeu desalmado, é o Antigo Testamento que descarto logo de cara.
Os Evangelhos nos ensinam o amor, a tolerância, a compaixão, a contrição, o perdão, e sobretudo, a razão. A pensar e analisar, antes de dizer bobagem ou pior, retaliar. 
Vinte anos atrás, sete monges franceses foram decapitados na Argélia durante a guerra civil.
O arcebispo de Argel, Henri Teissier, de 67 anos, professor de árabe, respondeu com uma missa na qual leu o capítulo 25, versículo 13, do Evangelho de São Mateus: "Veillez donc, puisque vous ne savez ni le jour, ni l'heure." Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora. Procedente, em tempo de crise em que a religião é usada como desculpa a crimes e ao racismo.
Em 1996, esta congregaçãozinha visada perto de Rouen, cidade de Joana d'Arc, reuniu-se para celebrar o primeiro religioso cristão martirizado em Argel, o visconde Charles de Foucauld. Este deixou o exército para ordenar-se padre e foi assassinado em 1916 em Tamanrasset. Um precedente à execução dos outros padres 80 anos mais tarde. E do padre Jacques.
A guerra civil argelina foi entre uma milícia islâmica e o exército. ambos extremamente brutais. A razão foi o cancelamento das eleições em 1992 para evitar que os islamistas fossem eleitos.
Quando os monges foram assassinados em 1996, a guerra civil já atingira proporções das de hoje na Síria: crianças desmembradas, mulheres estupradas e massacradas na frente dos maridos, decapitação de homens banalizada.
A polícia oficial torturava seus prisioneiros com técnicas ainda mais bárbaras do que da CIA (com quem o Daesh aprendeu a torturar): enchiam o estômago do prisioneiro de água até explodir, literalmente.
Era óbvio que os "rebeldes" do GIA, grupo islâmico armado, se voltaria contra os estrangeiros, sobretudo os franceses, acusados de colaborar com o governo autoritário.
Os monges de Tibherine, cujo trabalho e infortúnio foram contados em um filme ótimo (Des Hommes et des Dieux) cumpriam seu dever cristão de atender quem batesse à porta do monastério - civis, soldados e rebeldes, todos muçulmanos.
O bispo Teissier contou que encontraram sim, só as cabeças. Segundo ele, três delas estavam penduradas na árvore de um posto de gasolina. As outras quatro estavam jogadas na grama embaixo. Mas disse que os familiares dos monges entenderam que não eram os argelinos que tinham feito aquilo.
Hoje, o discurso é outro.
Há extremistas de direita na França que culpam todos os muçulmanos por este crime e pelos anteriores cometidos pelos bandidos telecomandados pelo Daesh.
O assassinato dos monges foi posto na conta do GIA, precisamente de Sayah Attia, que matara uns iugoslavos uns dias antes.
Porém, investigadores franceses sugerem que após o GIA sequestrar os sete monges, o exército argelino, em ligação direta com a Franca, tentou uma missão de resgate desastrosa. Nesta operação teriam matado os sequestradores e também os monges. Para esconder o crime, teriam decapitado os monges para botar a culpa no GIA. Razão pela qual o bispo só encontrou as cabeças. Os corpos teriam sido enterrados para esconder as marcas de bala.
Outra teoria sobre o caso (cuja verdade talvez só se saiba anos depois que todos os envolvidos estiverem mortos e enterrados) é que a polícia argelina queria que os monges fossem sequestrados e mortos como punição por terem ajudado membros do GIA, mesmo a ajuda tendo sido simplesmente médica.
As duas teorias se completam, fazem sentido, mas nenhuma tem respaldo oficial. O leão continua invisível, Escondido pelos selos que protegem os "segredos de Estado".
No mesmo ano do assassniato dos monges, o bispo de Oran; Pierre Claverie, foi assassinado em uma explosão na capela após seu encontro com o ministro francês das relações exteriores Hervé de Charrette. Crime absurdo, inexplicável.
Um dos rapazes que matou o padre nasceu na Argélia alguns meses depois da execução dos monges em Tibherine. Valeria uma investigação sobre uma possível conexão entre os dois atos bárbaros. Mas duvido que seja feita e se for, que seja divulgada.
A moral desta minha his/estória é que há muitos interesses atrás de atentados.
Uns atentados são realmente causados pelos apontados como culpados.
Os que não são reivindicados, na maioria absoluta das vezes, são executados ou orquestrados para justificar atos pouco recomendáveis de governos "respeitáveis" que querem armar zizania ou caça às bruxas desmesurada.
Concluindo, a situação dos muçulmanos ocidentais hoje é complicada.
Denunciar à polícia indivíduos com grande pendência extremista para salvar vidas (inclusive do aprendiz de terrorista usado como bucha de canhão) é dedurar ou um dever cívico?
Eis a questão.
Al Nusra em ação em Yarmouk em 2015
Terorismo quotidiano do estado de Israel
Of some 100,000 Palestinians who work in Israel daily, 63,000 have permits and can enter Israel via one of 11 checkpoints. This past June, during the fast of Ramadan, B’Tselem again documented the rough conditions at two of the checkpoints: 300 and Qalandia. Even during Ramadan, when workers fast all day, conditions at the checkpoints mean they are forced to leave for work in the dead of night, wait in long lines, and often sleep where they work, seeing their families only on weekends. This is not a necessary evil but a deliberate choice by the Israeli authorities. Whatever the reasoning for the choice, it is an unconscionable and unacceptable one.
O terceiro tópico da semana, e talvez o mais importante geopoliticamente, é a declaração fictícia de separação do casal militaro-terrorista Al-Nusra & Al-Qaeda.
Estou publicando o Inside story da Al jazeera sobre o assunto, mas já digo logo de entrada que o Nusra é sim um grupo terrorista e não um grupo rebelde moderado.
Esta encenação pública é uma imposição do Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani em sua tentativa de legitimar esse grupo bárbaro que atua na Síria telecomandado.
O emir do Qatar armou a comédia televisiva contando com a ignorância e a pouca memória dos jornalistas da grande mídia, e sobretudo, da miopia dos EUA, a quem quer convencer de riscar o Al Nusra da lista negra do terrorismo internacional.
Aprecio a Al Jazeera e respeito a maioria de seus jornalistas.
Porém, quando toca nos interesses particulares do emir do Qatar... a coisa muda. Não a linha editorial, mas os programas teleguiados.
No ano passado a AJ produziu um longa entrevista com Mohammed al-Julani, chefe do Nusra, na qual o "coitado" dizia não ter nada contra cristãos, alauitas ou gringos. Que seu grupo só queria livrar Damasco da ditadura do maldoso Assad e de seus amigos russos.
(Este foi o mesmo discurso que Baghdadi usou no início do Daesh para seduzir os sauditas com os resultados hoje visíveis. Inclusive no artigo acima.)
Para reforçar a propaganda, em maio deste ano, Ayman al-Zawahiri, sucessor de Osama bin Laden no Al-Qaeda, para ajudar o compadre al-Julani, disse-lhe que poderiam desassociar-se.
Com o circo armado começou a campanha midiática meticulosamente orquestrada para enganar os incautos.
Aí veio o divórcio de fachada.
O Nusra está confiável. Um dos 70 mil "moderate" rebeldes sírios que o ex-primeiro ministro britânico David Cameron inventou para o ocidente apoiar contra Bashar el-Assad.
Há meses, se não anos, que ouço essa piada.
No ano passado, a BBC caiu na armadilha e anunciou no noticiário "Syria Nusra Front announces split with Al-Qaeda". Separação que não foi efetivada.
O anúncio atual tem o mesmo objetivo de enganar a opinião internacional e facilitar o armamento destes extrimistas perigosos que estupram, toruram, degolam mulheres e crianças sem pestanejar.
Aliás, no ano passado eles anunciaram inclusive mudança de nome para Jabhat Fateh al-Sham - Frente para a Libertação do Levante. Acrônimo com uma leve consonância Daeshiana.
Na época al-Julani evocou - sob silêncio total da mídia - a bênção de Bin laden à ruptura no interesse da terra islâmica que "take precedence over any state". Washington não caiu na armadilha da mudança de marca, mas o emir do Qatar e os outros ditadores árabes não disistiram de livrar-se de Assad a qualquer preço, mesmo que depois o preço seja caro demais para todos pagarem. Como é hoje o do Daesh no Iraque.
Ora, o Nusra, Fateh, Sham, ou qualquer que seja a nomenclatura atual, só tem escalado seus homicídios na Síria e a destruição de igrejas em Aleppo e patrimônios arquitetônicos universais.
Hoje, o exército do Nusra é muito mais bem armado, muito mais bem treinado e possui um arsenal muito mais sofisticado do que o Daesh-Estado Islâmico do qual tanto se fala.
O EI pode influenciar terrorismo no ocidente usando as falhas da internet, mas no terreno, é o Nusra que fala mais alto.
E não são só os oficiais de Assad que dizem isso. Qualquer soldado raso do exército regular pode dar esta informação ao jornalista que tiver coragem de ir lá e tiver vontade de perguntar.
Al Nusra massacrou centenas de palestinos no campo de refugiados de Yarmouk, perto de Damasco, onde centenas de palestinos ficaram au Deus dará desde o início do sítio, após a troca de emir no Qatar.
O perigo do Nusra está aumentando porque o Sheikh Tamim, do Qatar, apoia uma versão light do Nusra - que só existe em sua vontade, em sua ingenuidade, ou em sua ambição irresponsável.
Seu pai, Sheikh Hamad que lhe passou o cetro - conquistado com um golpe militar sangrento em 1995 - financiou o Nusra copiosamente com armas e fundos. Atuação que lhe valeu a inimizade do Golfo inteiro, dos EUA, da União Européia, da OTAN, enfim, do mundo dito civilizado que combate o terrorismo.
Até a nada civilizada Arábia Saudita, "decepcionada" com a traição do Daesh no qual tanto investira, ficou de mal do Qatar.
O novo emir Sheikh Tamim assumiu o poder - com ajuda da mãe, Sheikha Moza - dando um golpe familiar no pai. Aí declarou que ia parar de mandar armas. Que só mandaria ajuda médica ao Nusra light.
O que está nos caminhões ninguém sabe.
Enquanto isso, Tamim e Moza continuam a campanha de reabilitação do Nusra dando-lhe espaço em sua mídia. Pondo uma pele de carneiro no monstro Nusra, esperando que com a mudança do nome e a campanha, os EUA pressione Putin para que pare de bombardear a Síria e a milícia do Nusra, leal ao Qatar, derrube Assad, ocupe Damasco, e o emir megalomaníaco possua um território bem maior e bem mais influente do que seu paizinho.
Hamad, o emir deposto em família, tinha muitos dos defeitos do filho, mas tinha uma qualidade que falta a Tamim: assumia sua ambição suicida sem maquiá-la.
Tamim é falso. De uma geração que entende que o segredo do sucesso é a manipulação da informação através da mídia, gananciosa e desmemoriada.
Enquanto ele manipula de um lado, do outro, a revista Foreign Policy (cujo dono é a Graham Holdings Company, dona também do jornal The Washington Post...) publicou um artigo tendencioso que tenta incitar o apoio aos tais "rebeldes moderados" que combatem o exército sírio. Tenta convencer o leitor que o exangue Al-Qaeda está fornecendo armas e elementos a grupos extremistas na Síria.
Peraí! Hold on a second!
O grupo mais extremista sírio é o Nusra, que está justamente se "distanciando" do Al-Qaeda. Então como riscá-lo da lista de invasores bárbaros? o colunista destruiu a armação do emir do Qatar "denunciando" que quatro chefes do Al-Qaeda estiveram recentemente na Síria para estabelecer um novo "emirado" na província de Idlig.
Peraí! de novo.
Quem é este "colunista" Charles Lister?
Ele tem várias ocupações. Dentre elas, a de senior consultant da “Sheikh Group’s Track II Syria Initiative”. O Sheikh em questão é Salman Sheikh, diretor do Brookings Doha Centre no Qatar. Participa também do centre for Middle East Policy. O Brookings Doha Centre por sua vez, pertence ao Brookings Institute, cujo co-presidente é Sheikh Hamad bin Jassem, ex-primeiro ministro do emir deposto do Qatar Sheikh Hamad, cujo filho, o novo Emir, Sheikh Tamim, está tentando apresentar o Nusra como um grupo de guerrilha patriota e não uma milícia bárbara.
Dá para entender os interesses atrás do artigo?
Pois bem, a única revelação fiável do artigo da revista conceituada (!) é a guerra familiar no Qatar. O ex-emir Hamad não parece aceitar tão bem a transferência de poder ao filho e está puxando o tapete deste através de uma revista nos Estados Unidos.
Mas a prova terrível mesmo do artigo é que o futuro da Síria está sendo decidido por interesses privados em Doha, e não no terreno em que centenas de milhares de civis estão perdendo a vida só para a influência do Qatar expandir-se.
Que fique claro.Qualquer que seja o nome da milícia de al-Julani - Nusra ou um acrônimo de vitrina - sua essência não mudará: é um grupo perigoso, bem armado, impiedoso, que só visa o poder para atender interesses estrangeiros e não o dos sírios.
Inside Story: Al Nusrah, al Qaeda split














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