domingo, 17 de julho de 2016

Na Turquia, povo derrota o Golpe. Erdogan apela para a ignorância


Graças ao povo, o golpe militar não foi concretizado na Turquia na semana passada.
Vendo as ruas de Ankara tomada por jovens e menos jovens, mulheres e homens que saíram de casa para defender a democracia, sonhei com a mesma coisa acontecendo no Brasil, contra o Temer em favor da presidente eleita Dilma.
O governo de Erdogan não é o mais democrático do mundo, muito pelo contrario. Impõe censura à imprensa e governa autoritariamente. Porém, foi eleito pela maioria dos turcos e vendo a oposição contra ele, dos males, é o menor. Um pouco como está acontecendo nos Estados Unidos entre Clinton & Trump. (Farinha do mesmo saco ao ponto de não dar pra saber qual dos males é o pior).
Os turcos lembram-se bem dos recentes golpes em 1971, 1973, 1980, 1997 (timeline depois deste artigo). As feridas nem bem cicatrizaram e lá vinha outro golpe.
E talvez por os golpes precedentes estarem frescos na memória, sabem que as únicas pessoas que lucram com golpes são os golpistas e seus cúmplices, cuja barra eles sempre aliviam, no início.
Os turcos sabem também o que nossa elite-financeira brasileira já esqueceu. Que até o segmento da sociedade civil que apoia tais golpes se arrepende, cedo ou tarde, porque a iniquidade acaba alcançando-a pessoalmente ou um parente.
Os turcos lembram-se da dor que os golpes lhes causaram a curto, médio e longo prazo; das vidas que os golpistas tiraram; das carreiras que esmagaram; das bocas que calaram; do atraso cultural que representaram; do futuro que adiaram ao escurecerem o presente.
Por isso, pela consciência presente, quando um acadêmico turco baseado nos EUA e membro do Fethullah Gulen, grupo considerado terrorista na Turquia, tentou um golpe contra o governo democcraticamente eleito, o povo reagiu. Não apenas o povo, como também seus representantes parlamentares.
Os nossos deputadors e senadores, na maioria, são golpistas salafrários.
Os políticos turcos não são muito mais honestos do que os brasileiros, mas têm a vantagem de serem democratas e não serem desmemoriados.
Foi uma noite sombria, a de sexta para sábado que viveu a Turquia.
Mas a manhã foi ensolarada em todos os sentidos.
E Recept Erdogan voltou de férias com um sorrisão na cara.
Da noite para o dia, literalmente, passou de criticado por suas medidas anti-democráticas e seus acordos internacionais suspeitos, a apoiado por todos os partidos, unanimamente.
Se o golpe tivesse sido arquitetado para este fim não teria surtido tanto efeito.
Foi realmente um tiro que saiu pela culatra dos golpistas, graças ao povo.
As bombas no Congresso e no palácio do governo chocaram o país inteiro e a encenação televisiva lembrou que existe controle maior do que o que Erdogan exerce sobre os jornalistas.
O vice-presidente em mau-exercício da presidência do Brasil não encostou revólver em nenhum repórter, ainda, e talvez por isso o controle da imprensa pelos patrões dos jornais e das redes de televisão brasileiras passem desapercebidos. Deve ser isso. Será que os brasileiros que apoiam os golpistas e os que não, mas seguem seu caminho como se não fosse indecente o que está acontecendo em Brasília, precisariam ver arma e sangue para cair na real?
Um jornalista turco definiu o golpe fracassado em seu país mais como "a terrorist campaign conducted by  small group of people aiming to maximise the levels of horror by hitting their targets indiscriminately".
Ele tem razão. Mas na minha experiência jornalística, o terrorismo se manifesta de muitas formas. Inclusive a da mídia e de um segmento suspeito da "Justiça", como no Brasil.
Mas o povo reagiu e foi corajosamente para as  ruas enfrentando os militares de peito aberto, armados de determinação e coragem.
E o nosso povo? Tem medo do Temer ou é alienado e covarde?
A maioria absoluta dos turcos, quaisquer que fossem sua tendência política ou religiosa, rejeitou o golpe atendendo ao apelo de Recept Tayyip Erdogan que está longe de ser perfeito, mas foi eleito. Até  nomearam os golpistas de invasores.
As divisões na Turquia terminaram diante do denominador comum de rejeitar o golpe anti-democrático que ia jogar a Turquia, uma vez mais, no rol das repúblicas bananeiras, como a Europa e os EUA chamam países como o nosso, que não consegue nem respeitar as regras básicas da democracia, quem dirá emancipar-se.
No final das contas, a tentativa de golpe na Turquia, tirando os mortos e feridos, saneou o país. Revelou ao mundo o perigo dos gulenistas (os turcos já diziam que constituiam um estado dentro do Estado), identificou as frutas podres do pomar militar (a maioria dos generais segurou o governo eleito), fortificou sua democracia e mostrou à Europa que sua população está madura, livre e liberada de falsos profetas.
A meu ver, a razão do golpe, além de interesses pessoais (que sempre falam mais alto do que qualquer discurso idéologico) é a reunião do Supremo Conselho Militar no dia 01 de agosto. Prevê-se que este evento acarrete mudanças na alta hierarquia militar, que pretende purgá-la dos gulenistas. Era um segredo mal guardado e os gulenistas simplesmente tentaram salvar sua influência mantendo seus cargos na ativa.
No final das contas, como todos os golpes, este também, como o do Temer e sua quadrilha, é por razões pessoais. Em benefício pessoal e não do povo que engana com promessas vagas e hasbara.
A semelhança do golpe da Turquia (tirando as armas, fardas e sangue derramado em praça pública) é flagrante com o brasileiro. Até no rabo preso dos golpistas.
Veja bem, os oficiais gulenistas estão sendo investigados judicialmente e poderiam ser processados brevemente! Sem contar a sonegação de US$18 milhões da escola deles no Texas. 
Parece ou não com o bando Cunha/Temer?
A diferença é o povo.
A Turquia tem um povo mais educado pelo menos politicamente, mais preocupado com o país do que consigo mesmo e pragmático.
O Brasil tem essa classe média-alta Maria vai com as outras e essa pseudo elite que só é elite no dinheiro que é egoísta e ignorante demais para ver um palmo diante do nariz.
Na Turquia, prevê-se uma reconciliação nacioanl após o levante popular contra os bandidos fardados.
No Brasil, a divisão, jamais vista desde o fim da ditadura, persiste. Dentro das familias e grupo de amigos, entre democratas que desejam um Brasil justo, mais equilibrado socialmente e golpistas que só querem privilégios para si.
Na Turquia, os golpistas do movimento Gulen conseguiram mesmo foi solidificar, a curto prazo, a posição do AK, partido de Erdogan, no cenário nacional. Além de permitir que ele mostre sua verdadeira cara despótica em uma repressão de arrepiar. Tanto aos golpistas quanto a não golpistas de oposição democrática. Com isso, conseguiu afastar a Turquia ainda mais da União Européia.
Outro feito da tentativa de golpe foi acentuar as divisões internas.
A Turquia, a médio prazo, pode explodir a qualquer hora.
Os golpistas do PMDB, PSDB, e partidos menores brasileiros da quadrilha Temer&Cunha, sairão incólumes do golpeachemnt ou as urnas vão julgar e condená-los?
Quem viver verá.
Inside Story: What is behind the Coup in Turkey?

TIMELINE Turkish Coups:
Kenan Evren, the former Turkish president now facing charges in an Ankara court, is only the most recent in a long line of military officers to seize power in a coup.
The military has long seen itself as the "guardian of Turkish democracy", which it defines as the staunchly secular state created by Mustafa Kemal Atatürk, the founder of the modern Turkish republic. It has directly intervened three times in Turkish politics, and in 1997 it carried out what some scholars describe as a "postmodern coup".
1960: The first coup in the Turkish republic took place in 1960, during a time of heightened tensions between the Turkish government and the oppostion.  
The ruling Democratic Party, headed by prime minister Adnan Menderes and president Celal Bayar, began to loosen some of the toughest Atatürk-era rules dealing with religion: it allowed thousands of mosques to reopen, legalised the call to prayer in Arabic instead of Turkish, and opened new schools for religious personnel, among others. It also shortened the period of mandatory military service.
At the same time, it further alienated the opposition by imposing restrictive new press laws and occasionally barring critical newspapers from publishing.
Growing tensions caused the Menderes government to impose martial law in early 1960. The army stepped in and toppled the government on May 27; the president, prime minister and several cabinet members were arrested and quickly tried for treason and other offences. Menderes was executed.
General Cemal Gürsel assumed power - as both president and prime minister - beginning a period of military - dominated politic as that would last until 1965.
1971: The Turkish economy stagnated in the late 1960s, and the recession caused widespread unrest: workers' groups staged démonstrations, sometimes violent, and right-wing groups carried out attacks of their own. The currency was devalued in 1960; annual inflation reached nealy 80 percent.
So in March the military intervened once again, in an effort to "restore order", it said. Memduh Tagmac, the chief of the general staff, gave a memorandum to the prime minister, Suleyman Demirel. It accused his government of driving the country into anarchy, and demanded the formation of a "strong and credible government... inspired by Ataturk's views."
Demirel resigned hours lates, after meeting with his cabinet.
The military did not rule directly during this period. It first asked Nihat Erim, a member of the right-wing Republican People's Party, to form a caretaker government; it was the first of several which governed Turkey until 1973, when Fahri Koruturk, a retired naval officer, was installed as president by the parliament.
1980: Instability continued even after the 1972 coup: Turkey changed prime ministers 11 times in the 1970s, the economy continued to stagnate, and left and right-wing groups continued their violent clashes in the Streets. Thousands of people were assassinated.
The military began discussing a possible coup in late 1979, and in March 1980 a group of generals recommended that they move forward. It was delayed several times until September, when officers announced on state television that they were imposing martial law and dissolving the government.
Evren became president, and a naval officer, Bulent Ulusu, assumed the post of prime minister.
These years of military rule brought some stability to Turkey.
Ulusu was succeeded in 1986 by Turgut Ozal, who is now wiedely credited with stabilising the Turkish economy by privatising many state-owned industries. Inflation dropped and employment grew.
The military also arrested hundreds of thousands of people; dozens were executed, while many others were tortured or simply disappeared.
A new constitution was drafted and put before a public referendum en 1983; it was approved by majority.
1997: 1995 election led to overwhelming gains for the Islamist Welfare party, which took power the following year as the head of a coalition government.
In 1997 the military issued a series of "recommendations", which the government had no choice but to accept. The prime minister, Necmettin Erbakan, agreed to a compulsory eight-year education programme (to prevent pupis from enrolling in religious schools), a headscarf ban at universities, and other measures. Erbakan was then forced to resign.
The Welfare party was shut down in 1998, and Erbakan was banned from politics for five years.
Some former members of the party, including current prime minister Recep Teyyip Erdogan, would found the Justice and Development Party that rules today.
Inside Story: Witch hunt or precautionary measures?
RT: Cross Talk - Turkey
Al Jazeera interviews Erdogan


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