No dia 02, a ODS (Operação Defensive Shield) atacou Belém, que nos últimos meses fora várias vezes sediada pelas brigadas de paraquedistas da IDF. Por isso Ariel Sharon tinha certeza que a operação seria fácil e rápida.
Desta vez o ataque foi da incumbência de reservistas da brigada de infantaria Jerusalemita.
O general Sharon parecia ter pensado em tudo.
Contudo, um imprevisto cortou-lhe, emporariamente, as asas.
Como em prévias incursões militares, alguns resistentes haviam se refugiado na Basílica da Natividade.
A Unidade de elite Shaldag foi enviada para bloquear a entrada do sítio enquanto os Apaches bombardeavam para aniquilar a resistência logo de cara.

Quando os helicópteros aterrissaram para depositar os soldados nos pontos estratégicos, os resistentes do Fatah, que a IDF caçava, já tinham sido abrigados pelos duzentos monges que vivem no complexo cristão sagrado.
As Forças de ocupação chegaram com meia hora de atraso.
Além dos militantes de várias facções palestinas, o prefeito de Belém Muhammad el-Madani e o chefe da Inteligência palestina em Belém, Abdullah Daud, também se encontravam no recinto, na hora do assalto das tropas de Ariel Sharon.
Além dos militantes de várias facções palestinas, o prefeito de Belém Muhammad el-Madani e o chefe da Inteligência palestina em Belém, Abdullah Daud, também se encontravam no recinto, na hora do assalto das tropas de Ariel Sharon.


Um parêntese para explicar onde a Basílica da Natividade é situada e o contexto na hora em que os fatos se des/enrolaram.
A Basílica propriamente dita é cercada de vários edifícios habitados por padres, frades, monges e freiras - convento franciscano (com seminário e escola), a igreja de Santa Catarina, monastérios ortodóxos grego e armênio, e a Casa Nova (que abriga peregrinos).
Duzentos e oitenta palestinos, fiéis e resistentes, entraram no complexo religioso no dia em que começou o sítio.
Sete resistentes estavam feridos e receberam os cuidados de uma freira-enfermeira franciscana.
Os sitiados estavam espalhadas nos edifícios ao lado.




A pressão foi aumentando, a Grã-Bretanha declarou as ações de Israel na área "totalmente inaceitáveis" e Ariel Sharon declarou - após a granada, oito mortos e o monge ferido - que seus soldados não "desrespeitariam o santuário como os palestinos"..., mas que as tropas permaneceriam lá até a captura dos refugiados.

No dia 10, a IDF bloqueou os condutos de água. As torneiras secaram, mas graças à milenar cisterna dos franciscanos, pelo menos a sede era saciada. Balde subia, descia, os sediados passaram a tomar água à moda antiga.
No mesmo dia um monge armênio foi gravemente ferido.
Embora admitissem a responsabilidade pelo tiro, a IDF disse que o monge, de batina, parecia estar armado. E ficou por isso.
No dia 12 a Ordem dos Franciscanos pediu que Israel deixasse todos os que estavam dentro da igreja sairem livres.
Mas Sharon preferia aumentar a pressão mais ainda.
No dia seguinte, em vez de abrir a via para a saída, a IDF começou a montar guaritas para os vigias seguirem os movimentos dos sitiados e os atiradores brincarem de tiro-ao-alvo.


Seu apelo foi atendido e a passeata contou com muita gente, mas não o bastante para convencer Sharon a parar o sítio.
No dia 21, o padre Ibrahim Faltas avisou que a reserva de comida esgotara, e naquela estória da contra-informação bem orquestrada, os israelenses, sem usar a palavra clara, chamaram os sacerdotes de mentirosos. Desinformaram que os sediados estavam recebendo suprimentos da Cruz Vermelha através de funcionários que a IDF deixava passar. Os jornalistas presentes não viram ninguém ser autorizado a entrar com mantimentos, mas os que não estavam lá, publicaram o comunicado oficial como se fosse fato.
Nesse jogo de palavras, cinco pessoas que estavam dentro da igreja conseguiram escapar através de escadas levadas por soldados israelenses, levantando suspeita que fossem colaboradores do Mossad.
No dia 23, Andrew White, representante em Belém do arcebispo britânico de Canterbury, encontrou-se com o coronel da IDF Lior Lotan no Centro da Paz - transformado em Centro de Guerra - para negociar junto com Salah Tamari, enviado de Yasser Arafat.
O líder palestino estava para concordar com a rendição, contanto que os resistentes fossem entregues à Autoridade Palestina. Pois temiam as duras represálias contra seus compatriotas.
As negociações foram suspensas quando os israelenses feriram gravemente um resistente "da lista negra". Após súplicas dos padres, ele foi transportado para o hospital com dois outros que estavam doentes, sob escolta militar.
No dia 24, os monges solicitaram remoção dos cadáveres e no dia seguinte nove adolescentes foram autorizados a deixar a igreja.
No dia 29, outro palestino foi morto no pátio da Basílica e no dia seguinte, vinte e seis deixaram o complexo.
Nenhum deles fazia parte do grupo de resistentes refugiados, mas a IDF apreendeu um deles para ser interrogado logo.

Apesar dos testemunhos de jornalistas e ativistas que viram a manobra incendiária, na política da contra-informação, a IDF pôs a culpa nos palestinos sediados. O Comando da operação chegou ao cúmulo de chamá-los de incendiários, mas desta vez a impostura foi logo desmascarada pelas imagens gravadas pelas câmeras de filmagem que estavam ligadas.

No dia 03, quatro policiais palestinos, extremamente debilitados pela fome, saíram da igreja e foram detidos logo na porta.
Mais tarde outro grupo de ativistas conseguiu penetrar no recinto com comida e água. Estes jovens saíram de lá contando histórias horríveis das condições em que os sediados se encontravam.
Enquanto isto, chegavam diplomatas estadunidenses e britânicos para resolver o impasse.

No dia 05 de maio, em que os cristãos ortodóxos celebravam a Páscoa, ouvia-se rumores que o "melhor" acordo que os negociadores estrangeiros haviam conseguido para os resistentes sediados era a deportação para "terras amigas".

No dia 10 de maio o sítio terminou com a saída dos 39 resistentes palestinos. Inclusive os treze.
Foi o embaixador da Grã-Bretanha em Israel que os recebeu na porta com trinta soldados da polícia militar britânica. Estavam lá para garantir o cumprimento do acordo que Ariel Sharon assinara a contragosto, após o acordo com Yasser Arafat.
Os representantes britânicos estavam bem organizados e levavam consigo um médico da Aeronáutica Real para examinar os feridos. Logo que os policiais ingleses saíram com os palestinos, a IDF interveio, quebrando o pacto, a fim de impedir que prisioneiros se despedissem dos familiares - a dois passos - antes de serem deportados.
Assim acabou o sítio da Natividade. O de Belém ainda duraria mais alguns dias e seria intermitente, como as demais cidades cisjordanianas.




A imprensa, como em todas as operações militares israelenses na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, foi mantida à distância na marra. Para a "proteção dos repórteres", como dizem sempre, sem enganar ninguém, mas sabem que gozam de impunidade.
Quarenta e cinco anos atrás, os cristãos representavam 80 por cento da população de Belém.
Agora representam 5.6% dos residentes.

Consumir então, nem se fala!
Agora que a Basílica da Natividade foi tombada, a UNESCO vai cobrir todos os prejuízos. E Israel, mais uma vez, sai das destruições que causa sem desembolsar nem um centavo.
A Basílica da Natividade antes da Naqba. Durante a Páscoa ou o Natal, não se sabe. O que se sabe é que os cristãos circulavam com liberdade, assim como os padres. Hoje em dia, os palestinos precisam de autorização israelense para ir à igreja rezar e ir à missa. Autorização rara.
"I am against violence on both sides.
But I understand people who believe that without violence they will not achieve anything at all.
It is our responsibility as the stronger party, as the occupying power, to convince the Palestinians that they can achieve their basic national aims, their just national aspirations, without violence.
Unfortunately, the behavior of the Sharon administration, and before this of the Barak administration, has shown the Palestinians the opposite: namely, that they will achieve nothing without violence."
Uri Avnery
Reservista da IDF, sargento da Brigada Nahal, Breaking the Silence sobre os checkpoints.
"We had a snipers' post pointing at the road. The building we were in was near the refugee camp, there was a refugee camp in the center of Ramallah, I don't remember its name.
Our house commanded the refugee camp. that's why we were there, and there was a sniper's post. What we did, the rules of engagement then were, you can shoot to kill people who were holding molotov cocktails. Because it's a life-threatening situation.
Whoever was holding a molotov cocktail. And we knew they were going to throw it, we saw them, reconnoitred them, there was a molotov cocktail in their hands and they never threw it, never ignited it.
So to make them do it we acted like one of the platoon commanders suggested.
They told the sniper: get ready, and we'd just come from Offer camp, brought supplies or something, and said, OK, let's pass, let him throw the molotov cocktail and then the sniper can put him down.
We intentionally provoked him and with the armored vehicles took a road that we didn't usually take, and then he threw the molotov cocktail and the sniper hit him.
It was a ten-year-old."
A child?
"A ten-year-old, a child. That's what he did there.
You know, it was a diversion just in order to shoot somebody. For I don't know what.
Just a story."
Reservista da IDF, forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence 2
Shovrim Shtika - Breaking the Silence 2

Após colherem o material, este será entregue à equipe de cientistas franceses, russos e suíços que disporá do tempo necessário para o exame minucioso dos pedaços de osso e roupa.
O exame será feito em um laboratório hermeticamente fechado e de segurança máxima.
No fim, os cientistas devem determinar com exatidão as causas da morte do líder palestino em novembro de 2004.
Tawfiq Tirawi, chefe da investigação, nomeado pela Autoridade Palestina, declarou que o túmulo será fechado em seguida com uma nova cerimônia funerária. Com honras militares.
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