domingo, 6 de novembro de 2011

UNESCO confirma o Sim à Palestina



A aritmética é simples: 107 países assumem a defesa do Estado da Palestina (dentre eles o nosso, a China, França, Rússia), 21 se escondem em casa, 52 ficam em cima do muro (Grã-Bretanha, Japão) e só 14 ousam acompanhar os Estados Unidos em sua defesa incondicional de Israel.
O Canadá e a Alemanha (esta, incapacitada de votar contra Israel sob pena de ser agredida pelos lobbys sionistas) estão incluídos nestes quatorze países, mas os demais são desconhecidos até para bom aluno de geografia. Como por exemplo, as Ilhas Salomão, Palau, Samoa, Vanuatu, etc. Você já ouviu falar? Talvez em um ou outro, no processo de classificação dos europeus para a Copa do Mundo; mas como Estado...
Mas o fato é que a UNESCO, estruturada de maneira mais democrática, sem o Conselho de Segurança de cinco membros (China, Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia) obrigado à unanimidade, disse Sim ao reconhecimento da Palestina na Organização com plenos poderes e direitos de Estado e os palestinos estão prontos para continuar a via crucis dos órgãos internacionais até chegarem à ONU.
Antes da votação, a União Européia usou de todos os recursos disponíveis como propina, dentre os quais, participação limitada no Comitê Executivo e verba para a restauração da Igreja da Natividade, em Belém. De responsabilidade dos palestinos, já que fica na Cisjordânia, embora todo o dinheiro do turismo cristão só beneficie Israel e suas agências de turismo.
(Israel fica com o dinheiro e a Palestina com a carga de manutenção do nosso patrimônio... Repito, indo à "Terra Santa", exija de sua agência de viagens correspondentes locais palestinos para não ser cúmplice da ocupação e da pilhagem).


Voltando à Unesco, este voto favorável, julgado “prematuro” pela embaixadora dos EUA, resulta de vinte anos de negociação interna na entidade. Irrelevante para Barack Obama, que nos passos do republicano Ronald Reagan cuja política econômica levou a Occupy Wall Street, anunciou o cumprimento da ameaça de corte da contribuição de US$60 milhões que seu país deveria depositar na conta da entidade este ano.
Se todos os aliados dos EUA seguirem sua retirada, o Órgão será amputado de um quarto de seu orçamento.
O dinheiro vai fazer falta aos programas humanitários da UNESCO, sobretudo de defesa dos direitos das mulheres, mas ela sobreviverá como sobreviveu ao corte de Reagan em 1984 por causa “da disparidade crescente entre a política estrangeira dos EUA e os objetivos da UNESCO”.
Por incrível que pareça, quem reintegrou os Estados Unidos vinte anos mais tarde não foi o democrata Bill Clinton e sim seu sucessor republicano, George W. Bush...
Porta da Humildade
Basílica da Natividade
E quais são mesmo estes objetivos Unesianos incompatíveis com a política estadunidense?
A UNESCO (organismo da ONU para as questões culturais, educativas e científicas) protege patrimônios da humanidade, promove programas de alfabetização e proteção de mulheres, crianças, água, enfim, faz o necessário para a preservação do homem, do seu habitat natural e da herança arquitetônica e cultural deixada por nossos antepassados.
O que significa que, na prática, a Autoridade Palestina pretende solicitar à entidade proteção de sítios históricos na Cisjordânia. Israel já destruiu alguns para instalar colônias judias e agora está com um projeto de ocupar outro e transformá-lo em Resort para os israelenses banharem em águas confiscadas.
O Conselho de Segurança da ONU ainda não vetou nem ratificou o voto favorável de sua Assembléia. Obama está empurrando com a barriga enquanto o Quarteto (Estados Unidos, Inglaterra, França, ONU) continua esperando que Tony Blair, o garoto propaganda de Binyamin Netanyahu, consiga convencer Mahmoud Abbas do impossível: concordar em retomar negociações sem nenhuma garantia, nem de gelo das colônias.
O ex primeiro ministro da França Michel Roccard, em suas congratulações à UNESCO, disse: Os Estados Unidos perderam o direito moral de liderar a resolução do conflito Israel-Palestina. Está na hora da Europa entrar no palco.

E nas águas internacionais que avizinham a Faixa de Gaza, Israel interceptou dois navios, integrantes da Flotilha da Liberdade, que pretendiam quebrar o bloqueio para levar víveres e bens diversos aos gazauís.
O irlandês MV Saoirse havia sido sabotado em porto turco e o canadense havia sido bloqueado pelas autoridades gregas em maio.


À direita, um dos muitos prédios ainda em pedaços, bombardeados pela IDF três anos atrás




Vale lembrar que na lista de produtos cuja entrada em Gaza é proibida por Tel Aviv, por representarem “perigo para a segurança de Israel”, constam itens como calçados, papel (inclusive higiênico), café, chá, além de materiais de construção e outros bens básicos de consumo tão "perigosos" quanto estes.



Na Síria, o Exército continua a batalha em Hom, onde os cidadãos majoritariamente sunitas recusam a mão estendida de Bashar el-Assad que promete reformas, mas em médio prazo e duráveis.
Aleppo e Damasco contam com um grande número de manifestantes pró Assad, já que são cidades “cultas”, de tolerância religiosa, inclusive com um grande número de cristãos. São sobretudo duas cidades que cultivam a laicidade.
Apesar da ditadura de Assad ser unanimemente condenada, sua queda, nesta hora exata, está longe de ser unanimidade entre a intelligentzia internacional.
Assad é formado em medicina na Universidade de Damasco e especializado em Oftalmologia no Western Eye Hospital de Londres. Foi em Londres que conheceu a esposa Asma, formada no King's College, filha de sírios de Hom, o pai é médico bem sucedido na Inglaterra onde ela nasceu e foi criada. Asma é sunita, mas o marido é alauita, uma ala minoritária Xiita, e o casal defende o pluralismo religioso que é uma das riquezas do país.
A democracia é uma prática desconhecida na Síria.
Após a ocupação francesa, conheceu um período de instabilidade com uma sucessão de golpes de Estado até a tomada do poder pelo partido Baas e o golpe definitivo de Hafez el-Assad, pai de Bashar, em 1970. Possível por causa da derrota da Guerra dos Seis dias.
Confirmado no poder por cinco referendum sucessivos, Hafez morreu 30 anos mais tarde e Bashar o sucedeu em julho de 2000, também por referendum.
A Síria funciona como o Brasil funcionou durante a Ditadura. Uma vitrine de instituições democráticas sob um regime autoritário.
A diferença é integrismo religioso, que ao contrário dos comunistas que "comiam criancinhas", pode realmente representar uma ameaça. Não pela religiosidade, mas pela ignorância do funcionamento democrático.
É o argumento de Assad.
Reformas, sim, mas graduais, pois se forem abruptas não vão durar e o país vai voltar ao caos do século passado.
O caos já está em marcha. Com incentivo estrangeiro questionável – a Arábia Saudita já cochichou na orelha do Pentágono que não seria nada mal a queda de Assad, devido à proximidade deste com o Irã – a revolta está derrapando e virando uma guerra civil sectária. Cada um defendendo a sua religião e o seu lado.
Assad tem de fazer reformas no sistema autoritário para torná-lo democrático. Isto é um fato indiscutível e um direito inalienável de todos os sírios.
Porém, enquanto as reformas não vingam, deve cruzar os braços e deixar os extremistas atacarem as mulheres sem hijab (véu que as esconda da concupiscência dos machos), picharem igrejas ancestrais, e se engalfinharem?
O que você acha?



O novo plano de Binyamin Netanyahu, além da limpeza étnica da Palestina, é bombardear as instalações nucleares do Irã, em Teerã.
Para isto acabou de testar, com sucesso, mísseis que fazem de Teerã um alvo acessível e quase prioritário.
Tenciona repetir a "Operação Ópera", comandada por Menahem Begin no dia 07 de junho de 1981.
Esta operação, condenada por todos os países e por duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, consistiu da destruição do reator Osirak (fornecido ao Iraque pelos franceses como reator de pesquisa) na usina nuclear próxima de Bagdá.
Hoje o inimigo de Israel é o vizinho oriental.
Apesar de alguns membros do governo preferirem que os Estados Unidos tomem a iniciativa deste ataque injustificável, os que o planejam têm certeza que poderão e atacarão quando determinarem. Sem sanções internacionais.
Acham que como sempre acontece em suas operações militares além-fronteiras – tanto bombardeios da IDF quanto assassinatos organizados pelo Mossad – o mundo vai reclamar uns dias, mas a poeira vai baixar loguinho.
Será?




E para concluir, uma palavrinha rápida sobre a "coragem" da Grécia, que eu teria aplaudido de pé há trinta anos, mas hoje que entendo um pouco do mundo, dos homens e de economia, fico com o pé atrás, embora discorde dos argumentos da União Européia.
Não que ache que os gregos estão errados de dizer Basta!, é o porquê que me faz advogada do diabo.  
Em linguagem simples, a economia de um país não é complicada. Como a economia de uma família que vive de salário.
Os impostos são o salário.
É por isto que a arrecadação é baseada no volume da renda da população ativa e é adaptada às despesas do Estado. E vice-versa.
O que causa a bancarrota de um país é a disparidade entre a receita e os gastos.
É por isto que sou refratária às campanhas "humanitárias" aleatórias contra a miséria na África ou alhures.
A Grécia é outro caso.
Na África, quando são países desérticos, sem recursos naturais e sem perspectiva de produção de riqueza, a ajuda é válida. Estes casos são raros.  
Os demais estão no fundo do poço por uma, duas ou estas três razões básicas: Má gestão, demissão da elite econômica, corrupção. 
No caso da Grécia os três ingredientes contribuíram ao empobrecimento do povo e do Estado.
É um país que vive basicamente do turismo. Portanto, a receita que este gera é imprescindível à sua manutenção. Porém, a renda dos comerciantes não é controlada, o consumidor estrangeiro é instigado a pagar com dinheiro para não deixar rastro, e notinha é algo ignorado.
O país inteiro frauda.
Querer fazer negócio na Grécia sem pagar propina é sonhar acordado. E a propina é alta e é o país que padece da corrupção endêmica dos funcionários em todos os escalões do governo. 
E a elite financeira, os armadores bilionários (Quem nunca ouviu falar nos "Onassis"?) não contribuem com nada. O lucro vai todo para o exterior. O Imposto de Renda não vê um centavo dos contratos milionários.
Comparam a Grécia com a Argentina que o Kirchner tirou do buraco. Sem a ajuda do Brasil, do Mercosul, ela teria ficado enterrada. Quem vai puxar a Grécia para cima?    
A Grécia falsificou as contas para entrar na União Européia. Se fosse uma empresa, o presidente responsável seria indiciado. Mas como é "só" o presidente de um país, responsável por dez milhões e setecentos mil concidadãos, ele nem é julgado. 
Talvez os gregos devessem começar a Nova Grécia limpando a casa. Se não limparem, se não mudarem o comportamento e as práticas de sobrevivência a curto prazo, tudo em que estão apostando não vai dar em nada ou a situação vai simplesmente piorar.
George Papandreou, nascido em Minnesota em 1952, nos EUA, pós-graduado na London School of Economics, só foi a e para a Grécia em 1974, no fim da ditadura dos generais. Em 2004 ele pegou o país em pedaços. Mas de lá para cá, fez como Assad, deixou as águas rolarem. 
Assad, mesmo sabendo que autoritarismo é o caminho errado, deixou a democracia para mais tarde até a situação se deteriorar.
Papandreou, um economista que soube logo dos problemas que tinha herdado, resolveu empurrar com a barriga, em vez de enfrentar os males econômicos de cara. É por isto que está sendo descartado.     
Dito isto, se o governo mudar realmente suas práticas, quando você for à Grécia, exija nota fiscal. Estará ajudando o país inteiro, e não apenas um indivíduo, a tirar a cabeça da água e nadar até a praia.
PS. Voltando à advocacia dos fracos, a Grécia representa 2% da Zona Econômica Euro e possui a metade da receita do Lehman Brothers quando esta instituição financeira, que balançou o mundo, fechou as portas.
Portanto, ela representa mesmo um perigo para a economia mundial ou é um aviso da União Européia para que cada um ponha sua casa em ordem sozinho?


Como na Itália,
onde os cidadãos estão acordando,
inclusive os empresários, 
e exigindo a demissão do Tio Patinhas Silvio Berlusconi.
Este cara é mesmo inacreditável.
Parece vilão, canastrão danado, de filme de terceira classe. 











"The so-called ‘Palestinian autonomous areas’ are bantustans. These are restricted entities within the power structure of the Israeli apartheid system.”
Nelson Mandela




Militarização de Israel e os shiministin: http://youtu.be/yL7LtnAITmA;
Lista de produtos das colônias a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Free Gaza Movement: http://www.freegaza.org/;
Lowkey:http://youtu.be/ET6U54OYxGw;http://youtu.be/kmBnvajSfWU; http://youtu.be/GO5Cay6GUkM;
Global BDS Movement: http://www.bdsmovement.net/;
http://www.bigcampaign.org/

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