domingo, 29 de outubro de 2017

Maldita Declaração Balfour! 100 years of expropriation and ethnic cleansing



No dia 02 de novembro de 2017,  a famigerada Declaração Balfour completa cem anos.  O lorde Arthur James transmitiu a seus descendentes um dos sobrenomes com energia mais negativa nos países árabes e entre pessoas bem-informadas. Balfour. Um epíteto que virou substantivo definido de uma leviana destituição de nacionalidade dos palestinos em troca de vantagens obscuras e uma supremacia regional hipotética.     Como a Grã-Bretanha pôde cometer tal infâmia?      Eu gostaria de acreditar que no século XXI tal sentença de morte de uma nação seria inexecutável. Graças à amplitude dos meios de comunicação, à melhor compreensão das culturas que compõem o mundo, e à diligência das ONGs internacionais de direitos humanos. Contudo, ontem e hoje, as decisões de cúpula continuam sendo ditadas por interesses econômico-políticos deletérios e imponderados.
Os tempos mudaram, mas os homens, pouco ou nada.
Hoje as más decisões são tomadas com a desculpa de terrorismo, que, diga-se de passagem, é produto de antigas e recentes decisões mal tomadas.
Nas primeiras décadas do século passado, os “terroristas” eram o Califa e o Kaiser. 
A Primeira Guerra Mundial deixou a Europa coberta de cadáveres – mais de sete milhões de civis e nove milhões de soldados. Foi uma guerra selvagem, do corpo a corpo, do fincar sua baioneta vendo os olhos da vítima passarem da vida à morte em todas suas etapas de surpresa, sofrimento e esvaziamento da energia vital.
O status quo mundial desmoronava. Na Europa, o império austro-húngaro se fragmentava; a Rússia tzarista dava o último suspiro com os bolcheviques às portas do palácio de inverno de Nicolas II; e do Oriente Médio à Europa do Leste, o império Otomano estava prestes a desmembrar-se em países a serem divididos entre os vencedores, sem nenhuma consideração étnico-cultural. Como fora feito na África.
Foi nesse clima de ganância e disputa dos espólios que a Grã-Bretanha teceu sua rede para instalar no Oriente Médio uma comunidade fundamentalista com a qual tinha mais afinidade do que com os árabes, embora estes já houvessem comprovado sua lealdade.
Dos males, o menor, pensaram.
Esta frase me obriga a divagar em algumas linhas sobre o cerne do preconceito que leva a tanto malfeito.
O racismo consome espíritos inseguros, obtusos, e tem nuances intrincadas. 
O racista carrega a rejeição na alma. É a diversidade que o amedronta e desagrada. São temores especulativos que motivam o gesto de excluir seu semelhante de aspecto e estirpe desconformes ao que lhe é familiar. É sua insegurança que acende a flama da intolerância. É a sua ignorância do outro que o leva a escolher errado, o que, a seu ver, é o menor mal. Pois o racismo tem graus e o racista sobe e desce degraus fundados em impulsos fatuais.
Os ingleses não fogem à regra que se aplica aos falhos seres humanos de forma geral (e os sionistas em particular, em doses cavalares).
Antes de elaborarem seus documentos estapafúrdios, Balfour e Sykes haviam feito comentários antissemitas que demonstravam que não era a simpatia pelos judeus que os motivava e sim a escolha de um aliado a seus olhos menos ‘exótico’ e mais ‘próximo’.
Os árabes inventaram a escrita, os algarismos, a álgebra, a lupa, a câmera fotográfica, inovações cirúrgicas, a organização hospitalar gratuita (hospital Ahmed Ibn Tulun, no Cairo, em 872), as virtudes do álcool e de plantas medicinais, legaram à humanidade progresso e tantas coisas úteis, além do consumo do café.
Porém, usavam túnicas em vez de ternos, falavam árabe em vez de línguas europeias, enfim, quantas barreiras viram os ingleses?
Quanto desdém no trato com estes associados secundários!
Quão fácil para um comitê de lordes não cumprir a palavra dada a um povo crédulo, visto como subalterno!
Os promotores da declaração Balfour devem ter tido a ilusão que suas diferenças com os sionistas eram menores por estes serem de origem europeia e terem sido criados nos moldes ocidentais, além de terem uma rede político-financeira poderosa. 
Os árabes, inclusive os cristãos, não exerciam nenhuma influência na América e na Europa. Eram povos e não ideólogos sem amor à pátria mater. Nômades ou sedentários, constituíam nações distantes e ainda não tinham aprendido a exercer o poder do petróleo.
Levando em conta apenas o aspecto externo, os recursos financeiros e a lábia, a opção deve ter sido até fácil.
No dia 02 de novembro, o porta-voz do então poderoso império britânico – ainda inteiro e aspirando a crescimento – transcrevia a carta, curta, mas devastadora, a ser enviada ao banqueiro que encabeçava uma das famílias mais influentes da Europa e talvez do mundo, com entrada em parlamentos, palácios, e gabinetes presidenciais em Paris, Londres e Washington.
Será que Balfour assinou o bilhete de testa franzida, com mão firme e decidida?
Quantas não foram as rasuras corrigidas, as folhas de papel timbrado rasgadas, antes da versão taxativa?
Mesmo os servidores de sua majestade tendo debatido a questão a fundo antes de Balfour sentar-se à sua escrivaninha, não deve ter sido fácil pôr sua firma, o sobrenome de sua família, embaixo de uma sentença que não lavrara.
Ou quem sabe não mediu as consequências drásticas de um único parágrafo, sucinto e dogmático.
"Caro Lorde Rothschild,  Tenho o grande prazer de endereçar-vos, em nome do governo de Sua Majestade, a seguinte declaração de simpatia quanto às aspirações sionistas, declaração submetida ao gabinete e por ele aprovada: ‘O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um lar nacional para o povo judeu, e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização desse objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país.’
Desde já, declaro-me extremamente grato a V. Sa. pela gentileza de encaminhar esta declaração ao conhecimento da Organização Sionista.
Arthur James Balfour."
Uma das versões anteriores que vazou dizia “raça judia” em vez de “povo”. Um disparate retificado só pela metade; a menção “religião” talvez tenha sido cogitada, mas se tiver sido, foi descartada porque não cumpria a função desejada.
O enigma era como o rei George V, Balfour e as autoridades britânicas contavam garantir os direitos civis e religiosos dos cristãos e muçulmanos palestinos em um estado sionista de vocação declaradamente sectária.
Como criar um lar nacional judaico sem afetar drasticamente a população local, de outras crenças, com outras convicções e com uma cultura árabe de hospitalidade?
Nenhum jornal denunciou a cabala ou interpelou os conspiradores acerca da bomba relógio que depositavam no coração da Terra Santa.
Se alguém tiver perguntado algo, a resposta não foi publicada e não ficou nos anais.
O que ficou nos anais foi a contradição explícita que a Grã-Bretanha não resolveria nunca e conflagraria a contenda mais longa e a ocupação mais injusta da História, de Alexandre a Donald Trump.
A intenção implícita de Londres era conquistar a simpatia dos sionistas respondendo ao afã destes de “um renascimento nacional do povo judeu e seu ‘retorno’ à Palestina”.
Por isso a carta foi endereçada ao barão de Rothschild, porta-voz dos sionistas abastados, vistos como detentores de influência oculta considerável.
Visão e razão que, triste ironia da história, são próximas das dos antissemitas que detectam a “mão judia” nos grandes negócios nacionais e internacionais.
A propósito, o primeiro ministro da época evocou em suas memórias a potência da “raça judia” guiada por seus próprios interesses financeiros, enquanto que o lorde Balfour em questão, em 1905, promovera um projeto de lei que limitava a imigração na Inglaterra de quem? De judeus russos.
Às vezes, temor, obediência e desprezo se confundem em um coquetel explosivo que acarreta repercussões graduais e efeitos imprevisíveis.
Esta breve missiva endereçada a Lionel Walter Rothschild atendia a demanda do banqueiro, mas era dirigida também, indiretamente, aos judeus estadunidenses, suspeitos de simpatia pelo império austro-húngaro, e aos judeus russos próximos do poder revolucionário. Muitos membros do incipiente regime comunista queriam que a Rússia assinasse um tratado de paz separado e Londres esperava evitar a debandada de um precioso aliado.
Aliás, Balfour evocou, verbalmente, a missão que seria confiada aos judeus europeus que se instalassem na Palestina: fazer com que seus correligionários no mundo se comportassem bem. Ou seja, que fossem dóceis espias e mensageiros de Londres no Oriente Médio. (No final das contas, o feitiço viraria contra o feiticeiro, como veremos nos últimos capítulos.)
Quanto ao empenho dos judeus russos no projeto sionista, os promotores da declaração Balfour calcularam mal. Ou sua influência não era tão grande junto aos dirigentes bolcheviques ou então seu objeto de lealdade era a pátria recém-conquistada e não um lar a ser forjado a centenas de quilômetros de distância. Pois na noite de 6 para 7 de novembro de 1917, os insurgentes tomaram Petrogrado e solicitaram paz imediata, sem levar em consideração os interesses sectários dos aliados.
Dito isso, não posso fechar este capítulo sem esclarecer que Balfour foi testa de ferro, voluntário ou manipulado, de um marionetista político de garras afiadas; intermediário entre a cúpula sionista e os que decidiam atrás de portas fechadas.
Balfour deixou um sobrenome até hoje amaldiçoado em milhões de lares, mas não foi o artífice da mensagem. A eminência parda era Leopold Amery (1873-1955), que talvez tenha sido o maior contribuinte anônimo ao movimento sionista. Sua lábia funcionou direitinho nos bastidores do poder por onde circulava.
Em outubro de 1917, seu cargo oficial era de assessor político do gabinete de guerra. Foi como tal que recebeu o encargo de redigir a versão final enviada a Rothschild. Fora nomeado no ano anterior por Alfred Milner, então ministro das colônias, que, insatisfeito com as diversas versões rascunhadas, pediu-lhe que sintetizasse a mensagem.

Diz a lenda que este marionetista político produziu-a em um piscar de olhos; o que leva a crer que a missiva já tenha chegado ao gabinete ministerial no bolso interno de sua casaca, dissimulada, pronta para Balfour copiar. Balfour levou a fama, mas Amery ficou para a história de seus correligionários como o autor da “carta fundadora do estado de Israel”.  Por que Milner incumbiu um sionista convicto e ativo de um documento tão grave, é um enigma. Talvez tenha sido pelas mesmas razões contraditórias que levaram Balfour a assiná-lo sem problema de consciência.
Daí em diante Amery galgaria os escalões com o objetivo principal de viabilizar a tomada da Palestina. A contribuição seguinte a este pacto infame foi respaldar a criação da legião judaica sob controle britânico na Palestina durante a primeira guerra mundial. Neste sentido, como subsecretário militar do lorde Derby, ministro da Guerra, junto ao qual advogou empreendimento militar submetido pelo empresário sionista Simon Marks (1888-1964), co-fundador da loja de departamentos Marks & Spencer.
Ele mesmo escreveu mais tarde que Marks, “um velho amigo dos tempos de guerra Sul-africana... pediu minha ajuda na condução das negociações” que consistiam de formar três batalhões judaicos no propósito de fincar um pé armado na Palestina no fim do império otomano. Esta legião foi a primeira força armada explicitamente judaica e foi precursora das brigadas paramilitares yishuv.
Mais tarde, Amery, orgulho de suas proezas, diria de peito estufado: “Parece que meu dedo estava não só na [declaração] Balfour como também na gênese do exército israelense”.
O partidarismo do homem era patente, mesmo não mostrando a cara publicamente.
E o apoio incondicional aos sionistas não fazia unanimidade, muito pelo contrário.
Mesmo assim a Grã-Bretanha não admitiu estar embarcando em canoa furada. Preferiu acreditar na teoria que o lobby sionista patrocinava, que os judeus europeus na Palestina representavam a solução para o império britânico perdurar no Oriente Médio.
Foi com o objetivo de manter seu domínio que o espólio dos vencidos fora negociado entre os Aliados antes mesmo da vitória ser definitiva em 1916, quando Londres e Paris assinaram o acordo Sykes-Picot. E Inglaterra e França não abririam mão de suas pretensões de esticar seus tentáculos a fim de assegurar as matérias primas e supremacia mundial.    Para Londres, a Palestina “protegia” o flanco oriental do Canal de Suez, linha vital entre a Índia e a metrópole europeia. O patrocínio do projeto sionista visava conseguir o máximo de controle regional.
Mas como vimos, os britânicos não se contentaram em comprometer-se com os sionistas, que, para alcançar seus objetivos, teriam feito todas as juras lucrativas sem intenção de cumpri-las. Londres envolveu os dirigentes árabes em promessas de liberdade em contrapartida do apoio logístico e de homens que precisavam para ganhar a guerra; o califa otomano (que exercia autoridade política e religiosa nos países árabes) aderira à Alemanha e ao império austro-húngaro em 1914 e chegou a lançar apelo à guerra santa contra os “infiéis”.
A resposta de Londres foi incitar a insurreição árabe contra o califa, comandada pelo influente xerife Hussein ibn Ali, de Meca.
Mas promessa de político só é compromisso para quem acredita.
Quem não acreditava via que independência árabe, respeito às tradições nacionais palestinas cristãs e muçulmanas, e um lar nacional judeu, eram inconciliáveis em um único estado dominado por sionistas.
São. De fato.
Hoje que os palestinos perderam muito mais de dois terços de sua nação e continuam sendo desapropriados. O único meio de reverter o processo é o reconhecimento do estado palestino nas fronteiras de 1967 e dar um ultimatum aos yishuv do século XXI: ou vão embora para Israel ou ficam, submetidos ao governo independente palestino.
E para implementar esta solução paliativa, é só a ONU mandar seus capacetes azuis para impor o respeito às leis internacionais às quais todos, inclusive Israel, devem obediência.


The worst of all, is Rotschild's boasting version of the taking over of Palestine

The government body in charge of transport in the UK capital London has banned these adverts which highlight Palestinians’ objections to the Balfour Declaration.
Transport for London said it blocked the campaign from transport links on the basis that the issue is politically controversial; however, the Palestinian Ambassador to the UK Manuel Hassassian accused the body of censorship.
The adverts had been drawn up to run in key stations in the run up to the centenary of the signing of the declaration on 2 November.
In a statement the Palestine Mission said: “We are deeply disappointed that TfL refused to run our modest advocacy campaign which aimed to raise awareness, among the British public, about the way the Balfour Declaration affected the Palestinian people.”
“It was appropriate and timely to run this campaign as we mark the centenary of the Balfour Declaration, which was instrumental in the forced expulsion of the Palestinians from Palestine who made up 90% of the population in 1917.”
It added: Britain has unfiinished business when it comes to Palestine. It has legal and moral responsibility which must be acknowledged. Restorative action must be taken to give back the Palestinians their basic rihts and self-determination.
The Balfour Declaration refers to the letter sent by UK Foreign Minister, Sir Arthur James Balfour, on 2 November 1917 to Lord Lionel Walter de Rothschild, referring to the British government’s support for the establishment of a Jewish homeland in Palestine.
Human rights activists have reiterated calls for Britain to acknowledge the role it played in creating the Israeli state and facilitating the ongoing occupation of Palestine.
Last year, the Palestinian Authority called for the UK government to apologise for the declaration, and sought to sue the UK for causing irreparable damage to the Palestinian people. Such calls have been largely ignored by British politicians who have instead reinforced their support of Israel.
British Prime Minister Theresa May and her Israeli counterpart, Benjamin Netanyahu, are expected to be the guests of honour at a London dinner celebrating the 100th year since the signing of the declaration.
There are nearly six million Palestinians around the world; the majority are refugees living in Jordan, Lebanon, Syria and Egypt, while hundreds of thousands live in Europe, the United States and other countries.
Helen Thomas on Israel's occupation of Palestine (07/11)

PALESTINA

Israeli government has been secretly using a U.S. law firm to help it fight the boycott, divestment and sanctions movement in Europe, North America and elsewhere, according to documents obtained by Haaretz.
Tel Aviv has hired the Chicago-based firm Sidley Austin to prepare legal opinions and handle court proceedings. The Justice Ministry and the Strategic Affairs Ministry have declined to reveal the nature of these activities, for which the state has paid hundreds of thousands of dollars over the past two years. The ministries call the activities “diplomatically extremely sensitive.”
The secrecy surrounding the contracts raises the suspicion that the work involves not only writing legal opinions but also preparing lawsuits against BDS Movement supporters, as Israel does not want to be revealed as supporting such actions, to avoid the perception that it is interfering in the internal affairs of other countries.
The money is disbursed as budgetary allocations for international contracts. The Justice Ministry’s report on such contracts shows that Israeli government contracted with Sidley Austin in March 2016 for consulting services, without issuing a tender for competitive bidding. In the first half of 2017, the firm received $219,000 in payments. No other law firms were paid under the same budgetary section.
Sidley Austin did not reply to questions on whether it was working for Binyamin Netanyahu's office.
Sidley Austin is one of the largest American law firms and employs 1,900 lawyers. It is the firm where a young lawyer, Michelle Robinson, met a summer intern named Barack Obama. The firm has four offices in Europe: in Brussels, London, Munich and Geneva
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DAILY LIFE UNDER OCCUPATION

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