domingo, 10 de maio de 2015

Israel vs Palestina: Operações Militares IV (1954-1966)


Operation Retributions
Na fase pós Qybia, a operação Retributions continuou a fragmentar-se em outras de grande e pequena escala até 1966.

The Lavon Affair

1954
Operation Susannah. Ficou conhecida como Lavon Affair e não foi diretamente contra a Palestina. Porém, merece destaque por ter sido um fiasco que revelou a prática corrente das false flag operations em Israel, ou seja, atentados que incriminem outrem e assim fomentar incidentes diplomáticos ou/e conflitos que justifiquem "represálias" da OTAN ou da IDF contra países que Israel hostiliza.
A operação Susannah foi obra da Israeli Military Intelligence e começou no verão de 1954 como parte de uma false flag operation (Run up someone else's falt and what you do gets blamed on them - hasteaia bandeira alheia a fim de culpá-lo de seu mal-feito).
Israel recrutou um grupo de judeus egípcios para trair sua pátria - prática corrente de Israel em todos os países do planeta; 'sayanim' é como chamam estes traidores - para pôr bombas em propriedades civis estadunidenses e britânicas em Alexandria e no Cairo - cinemas, livrarias e escolas.
O único cuidado humano que tiveram foi de programar as bombas para explodirem fora das horas de abertura ao público.
O "culpado" pré-determinado foi a Irmandade Muçulmana e organizações comunistas do Egito, que deveriam levar a culpa dos atentados terroristas programados em Tel Aviv.
O objetivo era criar clima de violência e instabilidade que induzisse o governo britânico a manter suas tropas de ocupação na zona egípcia do Canal de Suez. Segundo Shabtai Teveth, finado jornalista do Haaretz, a operação visava "To undermine Western confidence in the existing [Egyptian] regime by generating public insecurity and actions to bring about arrests, demonstrations, and acts of revenge, while totally concealing the Israeli factor. The team was accordingly urged to avoid detection, so that suspicion would fall on the Muslim Brotherhood, the Communists, 'unspecified malcontents' or 'local nationalists'."
A operação não fez nenhuma vítima.
Enfim, um dos terroristas judeus, Philip Natanson, sofreu castigo imanente. Uma das bombas que carregava para um cinema explodiu em seu bolso e ele saltou pelos ares antes de chegar ao local do crime.
Dois outros terroristas/sayanim - Yoisef Carmon e Meir Max Bineth - se suicidaram em suas celas.
O julgamento dos demais começou no dia 11 de dezembro e terminou no dia 27 de janeiro de 1955. Dois réus - Moshe Marzouk e Shmuel Azar - foram condenados a enforcamento por traição.
Dois acusados foram absolvidos. Dois - Meir Meyuhas e Meir Za'afran - cumpriram penas de prisão de sete anos, foram soltos em 1962 e os demais em 1968, em troca secreta de prisioneiros.
A operação ficou conhecida como Lavon Affair por causa do ministro da Defesa Pinhas Lavon, que foi forçado a demitir-se quando a trama maquiavélica veio à tona.
Apesar de ter sido pego com a boca na botija, Tel Aviv passou 51 anos negando sua culpa evidente e botando a culpa no Egito. Até 2005, quando o presidente israelense Moshe Katzav acabou condecorando os terroristas por serviços prestados a Israel.
Mas até então, a operação Susannah era citada eufemísticamente como "Unfortunate Affair" ou "The Bad Business".
O Unfortunate Affair foi arquitetado pela Unidade 131 da IDF. Uma célula de inteligência criada em 1948  e sob direção da Aman (Inteligência militar israelense) desde 1950. Na época deste "incidente", o Aman e o Mossad disputavam o controle da 131, mas o atentado foi minuciosamente organizado.
O agente israelense Avram Dar foi mandado para o Cairo anos antes com identidade britânica e com o nome de John Darling. Foi ele que recrutou os judeus egípcios então envolvidos em atividades ilegais de emigração os treinou para operações ocultas diversas.
Durante a operação Susannah, o primeiro atentado aconteceu no dia 02 de julho com a explosão do Correio central de Alexandria. Depois, no dia 14 de julho, os terroristas explodiram escritórios de Inteligência estadunidense em Alexandria e no Cairo, e um teatro britânico, onde foram pegos.
As bombas eram artesanais porque senão não daria para incriminar ativistas amadores. Sacos de plástico cheios de nitroglicerina e fósforo altamentamente incendiários foram enfiados entre livros e prateleiras um pouco antes da hora de fechamento dos locais visados para explodirem mais tarde.
O agente Avri Elad (imigrante alemão na Palestina Avraham Zeidenberg) foi mandado para o Egito para supervisionar os atentados um pouco antes de começarem. Elad chegou ao Egito com a identidade falsa de Paul Frank, ex-oficial SS com conexões nazistas clandestinas.
No final das contas, os dois agentes israelenses Avram Dar e Avri Elad foram os únicos que conseguiram escaparar ilesos. Atravessaram a fronteira para Israel abandonando os peões que haviam recrutado para que pagassem o pato enquanto eles se salvavam.
Avri Elad, de quem o Aman suspeitava de ter denunciado o atentado às autoridades egípcias, continuou a fazer seu trabalho até ser pego vendendo informação secreta para os egípcios em 1956. Foi julgado secretamente em Tel Aviv e condenado a 10 anos de prisão. Durante o processo inteiro a imprensa só podia referir-se a ele como "The Third Man" ou "X" por causa da censura a que é submetida. Foi ele mesmo que revelou sua identidade em 1976 quando já morava em Los Angeles. Em 1980 o chefe do Mossad Isser Harel declarou que Elad era agente duplo bem antes da operação Susannah, pondo fim ao mito da lealdade absoluta dos agentes do Mossad.
E como os processos políticos e militares em Israel não são fiáveis devido às pressões e censuras de origem e tipos variados, só em abril de 1962 uma revisão das minutas revelaram inconsistências de testemunhos e documentos fraudulentos. Estas irregularidades provavam que o ministro da defesa Pinhas Lavon fora bode espiatório dos dois ministros que ele acusara inutilmente durante o julgamento. Um deles se eternizaria no poder em governos de esquerda, de direita e de extrema-direita - Shimon Peres, o lobo em pele de ovelha.
Como Israel conseguiu sair dessa mantendo seus aliados ocidentais que atacara?
Negou sua participação com o discurso de sempre: "Israel does not do such things! Israel is being persecuted". Quando a mídia internacional divulgou as minutas do processo dos terroristas judeus no Cairo, em que estes explicavam em detalhes seu treinamento em Israel, o governo de Tel Aviv argumentou que "the attack was a rogue operation unsanctioned by the Israeli government. A mentira era obviamente absurda já que os comandantes da operação não foram punidos e seriam ao contrário condecorados anos mais tarde. E ficaria por isso, como todas as fabulações que Israel inventa e brada sem vergonha aos dirigentes ocidentais e à imprensa.
Moshe Sharett (Ministro das Relações Exteriores 1948-1956 e Primeiro Ministro 1954-55) publicou em seu Personal Diary no capítulo 7 - The Lavon Affair: Terrorism to Coerce the West - as seguintes notas: ONE. Start immediate action to prevent or postpone Anglo-Egyptian Agreement. Objectives are: one, cultural and information centers; two, economic institutions; three, cars of British representatives and other Britons; four, whichever target whose sabotage could bring about a worsening of diplomatic relations.
TWO. Inform us on possibilities of action in Canal Zone.
THREE. Listen to us every day at 7 o’clock on wavelength G.’
“This coded cable was sent to the Israeli spy ring which had been planted in Egypt many months before it was activated in July 1954. The ring originally was to serve as a fifth column during the next war. The cable was preceded by oral instructions given by Colonel Benjamin Givii, head of Israel’s military intelligence, to an officer headed for Cairo to join the ring. These instructions were:
‘[Our goal is] to break the West’s confidence in the existing [Egyptian] regime ... . The actions should cause arrests, demonstrations, and expressions of revenge. The Israeli origin should be totally covered while attention should be shifted to any other possible factor. The purpose is to prevent economic and military aid from the West to Egypt. The choice of the precise objectives to be sabotaged will be left to the men on the spot, who should evaluate the possible consequences of each action ... in terms of creating commotion and public disorders.’ [Footnote: “Both texts are reproduced from the Acts of the Olshan-Dori Inquiry Commission of the ‘Affair,’ annexed to the Diary, pages 659, 664, respectively.”]
“These orders were carried out between July 2 and July 27, 1954, by the network which was composed of about ten Egyptian Jews under the command of Israeli agents. ... [The dates in the next sentence seem to be confused.] The Israeli ring was finally discovered [July 14] and broken up on July 27 [correct], when [rather July 14] one of its members was caught after a bomb exploded in his pocket in Alexandria."
Reformulo então a pergunta que fiz acima, como Israel conseguiu safar-se de seu crime mantendo seus aliados ocidentais? Apelando para a vitimização que lhe valera um Estado e para a hasbara. Eis os argumentos levantados na época e que se repetiram através das décadas até a atualidade: "...by the declaration of the accused Victorin Ninyo in the military court in Cairo that was published this morning. [According to this Israeli declaration with no proof whatsoever] she was tortured during the interrogation which preceded the trial and by that torture they extracted from her false confessions to crimes which did not happen. The government of Israel strongly protests this practice, which revives in the Middle East the methods used by the Inquisition in the Middle Ages. The government of Israel strongly rejects the false accusations of the general Egyptian prosecution, which relegates to the Israeli authorities horrible deeds and diabolic conspiracies against the security and the international relations of Egypt. From this stand we have protested many times in the past persecution and false accusations of Jews in various countries. We see in the innocent Jews accused by the Egyptian authorities of such severe crimes, victims of vicious hostility to the State of Israel and the Jewish people. If their crime is being Zionist and devoted to Israel, millions of Jews around the world share this crime. We do not think that the rulers of Egypt should be interested in being responsible for shedding Jewish blood. We call upon all those who believe in peace, stability and human relations among nations to prevent fatal injustice.’" In Livia  Rokach "Israel's Sacred Terrorism".
Graças às artimanhas da contra-informação, a Operation Susannah só prejudicou Israel temporariamente dando aos palestinos trégua de um ano nas grandes operações de genocídio inciadas em 1948. Os países lesados - EUA, Inglaterra e aliados - deixaram-se enganar do mesmo jeito que Israel conseguira seu Estado - com o escudo do holocausto. E os países ocidentais voltaram a proteger o novo algoz da nova vítima. A hasbara já estava instalada, em marcha crescente e com uma eficiência de dar inveja ao Ministro da Propaganda nazista Joseph Goebbels.

Norman Finkelstein demole a hasbara (subtitulado en español, 3')

1955
Operation Elkayam. Esta operação recebeu o nome do comandante Saadya Elkayam, morto na Operation Black Arrow contra o Egito (28/02 a 01/03 1955). Aconteceu no dia 31 de agosto de 1955 contra Khan Younis, na Faixa de Gaza.
Até então, o governo egípcio ajudava os palestinos a resistirem à ocupação israelense e haviam improvisado um quartel em um Tegart Fort, uma das instalações militares que o engenheiro inglês Sir Charles Tegart projetara na Palestina durante o Mandato Britânico.
Forças militares de batalhões distintos da IDF cercaram o forte e às 22:45 o dinamitaram por todos os lados o transformando em ruínas. Mataram 72 soldados egípcios e perderam um soldado.
A operação foi considerada um sucesso em Israel porque além de destruírem o forte e matarem tantos adversários, conseguiram a médio prazo espantar o Egito e fazer com seu presidente Gamal Abdel Nasser revisasse seu apoio aos palestinos.

Operation Jonathan. Esta operação durou dois dias, 11 e 12 de setembro de 1955.
Foi executada por dois batalhões paratoop que atacaram a delegacia Khirbet al Rahwa na estrada que ligava Hebron a Beersheba. A IDF matou mais de 20 policiais palestinos e estes só feriram um soldado israelense.

De outubro a dezembro de 1955, Israel lançou várias operações, mas contra os vizinhos cujo território cobiçava para expandir-se. A Operation Egged, contra o Egito, nos dia 28 e 29 de outubro - 12 soldados egípcios mortos e 29 prisioneiros. A Operation Volcano, também contra o Egito, no dia 2 de novembro - 81 soldados egípcios mortos, 55 capturados, 7 soldados israelenses morto. Operation Olive Leaves, no dia 11 de dezembro contra a Síria na beira do Mar da Galileia - 54 sírios mortos, 30 capturado, 6 soldados isaelenses mortos. Operation Sa'ir, contra a Síria, nos Golã, no dia 22 de dezembro.

1956
Operation Lulay. Aconteceu no dia 25 de setembro de 1956 no vilarejo de Husan, perto de Belém, dita em retaliação a operações da resistência em que morreram dois colonos e participantes de uma conferência arqueológica no kibbutz Ramat Rachel, no sul de Jerusalém e Maoz Haim, na Galileia.

Opeation Samaria. No dia 10 de outubro de 1956 a IDF atacou a delegacia de Qalqilya, na Cisjordânia, matando 100 palestinos. Perdeu 17 soldados.

1966
A Guerra do Sinai pôs fim à primeira fase da Operation Retributions. As operações de "retribuição" não pararam, mas foram focadas majoritariamente na Jordânia e na Síria.
Na Palestina, a operação mais importante nem foi chamada operação e sim Samu Incident. Que foi um ataque da IDF no dia 13 de novembro de 1966 ao vilarejo de as-Samu, no sul de Hebron. Seus batalhões dinamitaram várias casas matando 18 palestinos e ferindo dezenas com apoio aéreo de Mirages III franceses. A IDF perdeu um soldado.
Foi o fim oficial da Operation Retributions que durou 16 anos de maneira intermitente mas fulminante.

Anedota sobre Israel (subtitulada en español 49")

HOW ISRAEL WAS ABSOLVED OF DEIR YASSIN AND ALL OTHER MASSACRESIlan Pappe.10/04/2015

 


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