Mostrando postagens com marcador Flotilha. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Flotilha. Mostrar todas as postagens

domingo, 11 de setembro de 2011

Declínio de um Império


Queima de livros após o Golpe militar no Chile,
patrocinado pela Operação Condor  
No dia 11 de setembro de 1973, a CIA e sua Operação Condor, no Chile, levou o general Augusto Pinochet ao poder em um Golpe de Estado em que o presidente Salvador Allende perderia a vida. O golpe foi seguido de queima de livros, prisões massivas no Estádio Nacional, tortura, execuções sumárias e o crime econômico de dar plenos poderes aos Chicago boys e sua teoria do choque.
Vinte e oito anos mais tarde, a Operação Condor que havia aberto as veias da América Latina, foi desbancada por outro grupo terrorista liderado por um homem que os EUA mesmo tinham criado.
O homem era o milionário saudita Ossama Bin Laden.
O novo grupo terrorista de dimensão internacional era o al-Qaeda.
Nesse ano eu disse que aquela era a marca do declínio do império estadunidense.
O futuro em que vivemos está provando que não estava errada.
Os EUA caíram na armadilha como patos de primeira viagem e começaram a corrida bélica monstruosa que foi fagocitando todas suas células vivas e estrangulando a energia ativa que até então os movia.
Na “guerra contra o terrorismo” que George W. Bush começou nesse dia com a cumplicidade dos concidadãos incautos, os Estados Unidos foram perdendo os princípios e os direitos individuais com cada nova medida de coerção da liberdade que era o valor do qual os estadunidenses mais se orgulhavam – ao ponto de permitir a expressão racista criminosa de grupos neofacistas como o Klu Klux Klan sem puni-lo.
Bin Laden era um homem horrendo, mas sua célula intelectual é de inteligência rara.
Bush e sua equipe perto da dele eram calouros.
Tanto que nem ouviram sua mensagem. Soltaram tantas bombas por todos os lados que ficaram surdos ao que realmente dizia o Al-Qaeda.
Os demais ouviram que Bin Laden dizia que o único jeito de derrotar os EUA era sangrá-los até exauri-los do que mais prezavam - dinheiro e liberdade.
O meio de derrubá-los era provocar uma série de conflitos, pequenos, mas dispendiosos, nos quais seus inimigos gastariam o que tinham e o que não tinham até chegarem à bancarrota que anunciaria o início do fim do império que dominava o mundo.
O escritor francês Beaumarchais, em seu libreto da ópera de Rossini O Barbeiro de Sevilha, diz que Quando se cede ao medo do Mal já se sente o mal do medo.
Em 2001 os EUA cederam ao mal do medo que lhes foi corroendo as riquezas e a energia até perderem os meios e o fôlego no espaço de uma década, apenas.
Hoje vigiam seus concidadãos noite e dia, fecham escolas públicas e vivem de crédito alheio. Até brasileiro.
Sem educação, vão acabar chegando onde estávamos quando a Operação Condor exportava terrorismo de Estado, tortura e dava as cartas.
O dramaturgo russo Anton Tchekhov dizia que Nada une tanto quanto o ódio: nem amor, nem admiração, nem amizade.
O ódio dos Bush pôs os EUA de joelhos e o medo os fez vender a alma para o diabo. Barack Obama conseguiu resgatá-la aos pedaços, mas não tem peito nem meios de recuperá-la. O declínio está em marcha.  

Massacre de civis em Fallujah, no Iraque
Uma tragédia é uma tragédia. Qualquer que seja a vítima e quantas sejam elas.
O valor de uma vida é o mesmo. Qualquer que seja a origem e a idade do assassinado.
No dia 9, o mundo inteiro celebrou o triste aniversário da explosão do pulmão financeiro de Nova Iorque. E as 2.997 vítimas diretas, instantâneas, foram lembradas e devidamente lamentadas.
Pouquíssimos falaram nas vítimas indiretas, imediatas e mediatas, desta data célebre.
Muito mais pessoas morreram no Afeganistão e no Iraque nos últimos dez anos do que nos EUA, via terrorismo, de 2001 para cá.
Até 2010, 19.629 pessoas haviam sofrido morte violenta no Afeganistão e 900.338 no Iraque.
O Afeganistão conta 48.644 feridos e o Iraque 1.690.903. Sem contar as centenas de milhares de homens, mulheres e crianças forçados ao êxodo e que engrossaram o número total de refugiados, acolhidos em tendas do Alto Comissariado de Refugiados da ONU ou desabrigados.
Não há como lembrar no dia 9 de setembro apenas as vítimas do ataque às Torres Gêmeas, pois a Moral e a Justiça deveriam caminhar de mãos dadas para evitar que a história se repita e derrapagens.
O grande pensador e matemático francês Blaise Pascal dizia, no século XVII, que a Justiça sem Força para ministrá-la é impotente; e a força sem justiça é tirânica.
No século seguinte, outro francês ilustre, o barão de Montesquieu, disse que a tirania mais cruel é a exercida à sombra da lei e com cores de justiça.



E a injustiça leva a atos desesperados. Como o de sexta-feira à noite, quando cerca de mil pessoas desarmadas derrubaram o muro da embaixada de Israel no Cairo e alguns deles penetraram no prédio e o depredaram.
É um alerta a Netanyahu: A cumplicidade do Egito é coisa mesmo do passado.  
Tudo começou em uma passeata na Praça Tahrir, onde uma multidão exigia que os militares, em poder interino desde a deposição de Mubarak, procedam às reformas prometidas em fevereiro.
Desde o assassinato dos cinco guardas de fronteira egípcios pela IDF (exército israelense) no mês passado, que as passeatas e manifestações na porta de embaixada israelense no Cairo têm sido frequentes. A palavra de ordem é que o Egito expulse o corpo diplomático, já que Israel se recusa a desculpar-se formalmente aos egípcios pelo assassinato dos policiais.
Após hesitar, o Ministro do Exército mandou centenas de soldados conterem os manifestantes até atirando com balas de borracha. Quase a metade dos participantes da passeata foi parar no hospital e Barack Obama logo telefonou para Binyamin Netanyahu, em solidariedade. Hillary Clinton puxou a orelha do Ministro das Relações Exteriores do Egito para que o país honre a Convenção de Viena que obriga a proteção de propriedade diplomática.
Sabendo disso, um dos heróis da Revolução da Tahrir em fevereiro perguntou: E que Convenção Internacional protege nossos policiais na fronteira e Cisjordânia e Gaza?

Primeiro ministro turco Recep Tayyip Erdoğan com Lula
no ano passado, em Brasília
Israel tanto fez e tanto faz que conseguiu se indispor com a Turquia, o único aliado político e econômico que tinha no Oriente Médio.
O veredito da ONU de sua pseudo-legalidade no bloqueio de Gaza e no ataque da Flotilha no ano passado foi um daqueles casos que se parecem com histórias de amor mal-acabadas do quem perde é que ganha. Ganhou na ONU, mas esta vitória é uma derrota.
Os EUA ficaram preocupados e seu embaixador internacional, o Secretário Geral das Nações Unidas, o sul-coreano Ban Ki-moon, chegou até a pedir que os dois países façam as pazes. Isto vimos na semana atrasada.
Na semana passada conjecturava-se em Washington do por que da Turquia ter finalmente, após ter voltado atrás às represálias do ano passado, que sucederam o assassinato dos nove turcos na abordagem israelense pirata do navio Mavi Marmara.
Para mim a resposta é simples. A Turquia é pragmática. E o ex-prefeito de Istambul e atual primeiro ministro Recep Tayyip Erdoğan e mais pragmático ainda.
Até 2010, seu país estava ilhado em sua política liberal laica, que visava à integração na União Européia e Israel era o único parceiro que lhe restava.
Em 2011, a Tunísia e o Egito estão sacudindo a poeira do passado e o mundo árabe está se emancipando e criando um grande mercado.
Por que então arriscar ir contra a corrente popular, e suas próprias convicções, quem sabe? apoiando maus atos de em parceiro acidental que o mundo inteiro condena?
Erdoğan mantém que além da expulsão do embaixador israelense de Ankara, vai contestar o veredito tendencioso da ONU submetendo ao Tribunal Internacional a ilegalidade do bloqueio de Gaza, e vai sim fornecer escolta naval aos navios turcos que levarem ajuda humanitária à Faixa.
Binyamin Netanyahu acabou apresentando semi-desculpas à Turquia pelo assassinato dos turcos no ano passado. Ele chamou o assassinato de “erros operacionais” e prometeu indenizar as famílias das vítimas do dia 31 de maio. Resta saber se, pesando os prós e os contras, Erdoğan, realmente, se satisfará com as desculpas esfarrapadas.
O ex primeiro ministro inglês Winston Churchill disse, no século XX, que O orgulho prefere se perder a perguntar o caminho.
O jornalista francês Rivarol disse, no século XVIII, que O orgulho está sempre mais perto do suicídio do que do arrependimento.

No início do ano, August Burns Red, uma das maiores bandas cristãs metalcore do mundo aderiu ao Global BDS Movement cancelando seu mega show marcado para junho em Israel. Foi uma decisão humanisto-política de boicote à política de apartheid israelense na Cisjordânia.
Daí os sionistas foram atrás de outro cantor que (a troco de quê, de um cachê milionário?) concordasse em tapar o buraco e redourar a imagem do governo de extrema-direita que destrói casas palestinas em Jerusalém para construir colônias judias.
Dizem as más línguas que muitos recusaram participar deste embuste. Até um tupiniquim alienado fazer o triste papel de relações públicas de uma situação que Jesus Cristo certamente condena, lá do alto.
A imprensa nacional aplaudiu, a burguesia que podia pagar a viagem derramou lágrimas, mas o que Roberto Carlos fez mesmo foi o triste papel de envergonhar o Brasil que sabe que ser cristão é ser solidário com os mais fracos.

Enquanto Roberto Carlos cantava para os endinheirados, o escritor e diretor de ópera e teatro britânico Jonathan Holmes (http://www.jonathanholmes.net/) e fundador do Teatro Britânico de Jericó, inaugurava a Tempestade, de Shakespeare, para jovens palestinos que vivem em um campo de refugiado de Aida, em Belém, na Cisjordânia.
A peça foi encenada em inglês (com sinopses esporádicas em árabe), mas apesar desta dificuldade, parte do público ficou até o desfecho da trama shakespeariana.
Os que só falam árabe ficaram assim mesmo fascinados com a semelhança do que une o que vivem à Tempestade.
Os que entendiam as palavras, se emocionaram com a abordagem do dramaturgo inglês de uma disputa territorial entre pessoas de culturas diferentes e iguais.
Uma das cenas que mais agradaram os jovens palestinos foi a de Próspero perdoando seus antagonistas. Bom sinal.
Quem estiver na Palestina ou em Israel neste semestre poderá assistir a esta ótima montagem da Tempestade. De Belém a peça seguirá para Nablus e depois para Haifa. E caso perca estas representações especiais, poderá assisti-la a partir do dia 21 de setembro (dia seguinte à votação da ONU do Estado da Palestina) até o dia 22 de outubro em Londres, na Igreja Cripplegate Saint Giles, conhecida do dramaturgo e onde um de seus principais atores foi enterrrado, em 1661.
Deixo a Hala al Yamani, professora na Universidade de Belém a palavra final sobre a Tempestade: Um irmão detém o poder e o outro nada, mas no fim o poderoso dá ao outro a liberdade que lhe negava. Nós temos de conquistar a nossa. Não acho que a peça seja política. É sobre algo mais. É sobre humanidade.


No Yêmen, a luta continua e as passeatas estão aumentando de intensidade 
A Liga Árabe tomou a dianteira da OTAN na Síria e exige:
Assad, reformas, já!


Interpol procura (vivo ou morto?) :
Abdullah Senussi (chefe da polícia secreta líbia)
Saif al-Islam Gaddafi (filho do déspota líbio que talvez se encontre na Nigéria)
Muammar Gadddafi (temido por cirenaicos e tripolitanos)





A resposta do jornalista John Pilger à declaração de Barack Obama que as 
Forças Armadas dos EUA são "the finest fighting force in History".


The reason that Israel has been able to appropriate Palestine unto itself with American aid and support is that Israel controls the explanation of the Israeli-Palestinian conflict. At least 90% of Americans, if they know anything at all of the issue, know only the Israeli propaganda line. Israel has been able to control the explanation, because the powerful Israel Lobby brands every critic of Israeli policy as an anti-semite who favors a second holocaust of the Jews.” Paul Craig Roberts, 2007




Artistas contra o Apartheid: http://youtu.be/V28HnPTYz-I;
Free Gaza Movement: http://www.freegaza.org/;
Global BDS Movement: http://www.bdsmovement.net/.

domingo, 4 de setembro de 2011

Israel se anima na Tentifada enquanto na Cisjordânia os colonos se armam


Passeatas em Israel: Caminhe como um egípcio
De cabeça erguida
Hoje deixarei de lado a Síria, onde uma calma lúgubre voltou a reinar em Damasco por medo do potencial de repressão do presidente Assad assim como Gaddafi e a Líbia que este abandonou desgovernada e cheia de cadáveres.

Primeiro vamos à parcialidade da Organização das Nações Unidas e a subserviência do seu atual Secretário Geral Ban Ki-Moon ao presidente dos EUA (que de candidato intelectual salvador da pátria passou a mais um governante míope manipulável) e consequentemente ao governo de extrema-direita de Israel.
É claro que ele não está sozinho na cumplicidade, mas como é ele que não tem vergonha de dizer aberrações sem mudar de cara, é ele que tem de pagar o pato.
A ONU nasceu durante a ressaca da calamidade causada por Adolf Hitler no fim da Segunda Guerra Mundial. Como se sabe, os nazistas exterminaram 6 milhões de pessoas. Centenas de milhares de ciganos (executados diretamente onde estavam) e judeus (asfixiados em câmaras de gás); internaram em campos de concentração (dos quais muitos não voltaram) milhares de comunistas e opositores de toda índole, credo e nacionalidade; trataram homossexuais e deficientes como se fossem animais, e resistentes alemães loirinhos foram julgados sumariamente e executados por traição à pátria por terem se rebelado.
A criação do Estado de Israel também nasceu desta ressaca. Foi aí que lobistas judeus milionários e governos ocidentais de consciência pesada resolveram “doar” aos israelitas dois terços de um país chamado Palestina, que a Grã-Bretanha ocupava. Isto sem legalizar a situação dos nativos no pedacinho que lhes sobrava.
Sessenta e três anos, diáspora palestina forçada e guerras expansionistas mais tarde, a Palestina se encontra dividida em duas partes incomunicáveis, chamadas Cisjordânia e Gaza.
A primeira, após ser invadida, ocupada militarmente, amarrada, amordaçada e despojada de sua água, vem sendo paulatinamente desapossada de sua terra invadida por colonos judeus importados e subsidiados (alguns mal falam hebraico) que se instalam como se fossem donos da casa e os autótonos fossem bichos selvagens ou objetos inanimados.
A segunda é a Faixa pequenininha onde vivem um milhão e meio de homens, mulheres e crianças concentrados e em estado de sítio desde 2007, contra o qual o mundo inteiro, responsável, se levanta e grita, até agosto, sem que nada mude.
Neste contexto iníque, para surpresa geral, a ONU acabou de anunciar que o bloqueio de Israel da Faixa é legal e justificado... “a fim de evitar a entrada de armas na Faixa”.
Ataquedo navio Mavi Marmara pela IDF
em águas internacionais, no ano passado 
E segundo o novo relatório que desmente estranhamente o do ano passado, o ataque israelense da Flotilha da Liberdade, em águas internacionais, também foi justificado porque tinham de defender-se da resistência que encontraram...!
De quem?
De ativistas internacionais que tentavam palear um pouquinho à carência alimentícia e às destruições materiais causadas pelos bombardeios sucessivos de Gaza.
O único porém que a ONU encontrou foi que a IDF (exército israelense) usou de força excessiva na “abordagem” dos navios. Força que, diga-se de passagem, resultou na morte de nove cidadãos turcos que estavam a bordo do navio Mavi Manara. Este encabeçava a Flotilha que levava víveres e material de construção para Gaza.
O Ministro das Relações Exteriores da Turquia
promete questionar o bloqueio da Faixa de Gaza
 na Corte Internacional de Justiça
A Turquia voltou a exigir desculpas de Biniamin Netanyahu, que recusou até uma esfarrapada, embora o governo de Ankara seja seu único aliado nas paragens, e os turcos foram obrigados a levar de novo seu embaixador para casa.
E o presidente da ONU não deixou por menos. Lembrando oportunamente de seu papel de árbitro, apelou para os dois países entrarem em acordo, como se ambos fossem culpados do “acidente diplomático”.
Enquanto a ONU deu corda para Israel continuar seus atos ilegítimos, Netanyanu voltou a ameaçar a Autoridade Palestina para que esta não apresente à ONU a moção de reconhecimento de seu Estado no dia 20.
Famosa foto que cela os Acordos de Oslo
Yasser Arafat sorridente aperta a mão de Yitzhak Rabin reticente
“Se fizerem isto, consideramos o Acordo de Oslo caduco”, disse, querendo dizer que Israel e Palestina voltam a ser oficialmente inimigos.
Seria risível se a IDF não estivesse armando os 500 mil invasores que moram nas colônias/assentamentos na Cisjordânia, e treinando cães de ataque que são mostrados na televisão israelense para “tranquilizar” os moradores israelenses com esta arma secreta e nociva.
Avigdor Lieberman, o ministro fascista responsável pelas questões externas mas especialista mesmo é em incentivar guerra, não para de apavorar seus compatriotas incautos dizendo que “A Autoridade Palestina está planejando um banho de sangue após o dia 20!” 
Os colonos que estão sendo
treinados e armados
Setembro na Palestina é um mês de esperança em que cidadãos apátridas na terra natal terão o direito de existir, de ter passaporte, identidade reconhecida, e isto é entendido nos meios liberais israelenses como uma marca de futuro livre e dinâmico para a Palestina, e que gerará paz.
A extrema-direita sionista israelense está se preparando para uma guerra sem trégua contra a Terceira Intifada, como se as passeatas que os palestinos estão preparando fossem campanhas militares. Nesta semana a IDF vai proceder ao treinamento militar de colonos e continuar a armá-los de material militar que atira e mata, contra pedras eventuais.
Aliás é difícil fazer a separação da IDF e dos colonos, pois muitos destes servem o exército ou são oficiais, e muitos militares moram nessas colônias ilegais.
O que agrava mais ainda o caso de Israel porque quando oficiais e soldados de um país infringem as leis internacionais de maneira descarada, a coisa fica muito mais complicada. Se não fosse Israel, a OTAN já teria bombardeado...
A Primeira Intifada levou aos Acordos de Oslo
Só para refrescar a memória, a Primeira Intifada (que em árabe significa algo intraduzível, mas parecido com Revolta), rebentou no dia 9 de dezembro de 1987.
Foi na época de Yasser Arafat e denunciava a ocupação israelense. Esta é considerada como vitoriosa para os palestinos porque originou os Acordos de Oslo.
As pedras dos palestinos contra os tanques israelenses
na Segunda Intifada na Cisjordânia
A Segunda Intifada começou no dia 29 de setembro de 2000 em Jerusalém. 
Após o fracasso das negociações de Campo David, nos EUA, o general Ariel Sharon, até então em semi-ostracismo após o massacre de palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Shatila no Líbano, resolveu voltar à ativa da pior maneira possível. Escoltado de dezenas de soldados devidamente armados, penetrou na esplanada da Mesquita Al-Aqsa em um gesto de provocação deliberada de conflito.
Em resposta, aconteceu uma imensa passeata de jovens violentamente reprimidos pela IDF, que conteve a caminhada a gás, tanques e balas, ocasionando a morte de um estudante local.
Funeral do sheikh Ahmed Yassin criador do Hamas 
assassinado pela IDF em Gaza durante a 2a Intifada
A violência de ambos os lados - de um humilhações, check points, tanques e balas, do outro pedras e bombas suicidas que substituíam, segundo os organizadores, as forças armadas que não possuíam para combater com armas iguais – durou até fim de 2004. Ano em que Hamas e Fatah decidiram passar à resistência pacífica.
Foi então que as bombas suicidas pararam. Foi então que o Global BDS, movimento internacional de boicote a produtos israelenses, foi criado e vem expandindo sem parar. Ao ponto de deixar o governo de Israel preocupado.

Apesar da luta pacífica dos palestinos (com exceção de foguetes esporádicos lançados de Gaza por grupos extremistas), a ocupação militar de Israel continuou firme, os checkpoints entre as cidades palestinas dobraram de arbitrariedade, as colônias israelenses na Cisjordânia multiplicaram, a água foi confiscada até os palestinos só poderem desfrutar de 10% de seus recursos hídricos, Gaza foi bloqueada, bombardeada, centenas de palestinos de todas as idades foram presos aleatoriamente, e outras coisinhas mais.
Os quatro anos e pouco de conflito declarado após a Segunda Intifada, entre repressão da IDF e ataques suicidas, resultou na morte de 4.546 civis palestinos, dentre os quais 882 crianças. E do lado de Israel, 716 civis, incluindo 124 crianças.
É verdade que conforme for a reação dos EUA e a postura da ONU em relação à criação do Estado da Palestina, uma terceira Intifada é mais do que provável.
Porém, 2000 e 2011 só são separados por uma década, mas por dois mundos.
A Primavera Árabe, o fim da época Mubarak e da cumplicidade do Egito, adicionados aos movimentos populares na Cisjordânia e sobretudo na Síria, mudam totalmente a perspectiva.
Entre a potência militar da IDF com a assistência dos colonos contra as pedras eventuais dos jovens palestinos é provável que Netanyahu, Lieberman e sua cupinchas consigam fomentar o banho de sangue que anunciam.
Os caras-pintadas de Israel vão conseguir derrubar
Binyamin Netanyahu?
A maioria dos israelenses, que moram em residências legais em cidades reconhecidas, parece despreocupada. Muitos acham que tudo isto é uma invenção de Netanyahu para desviar a atenção das reivindicações domésticas econômicas e sociais.
E acho que têm razão. Que é realmente uma distração, mas infelizmente, a distração para um inimigo comum fabricado pode gerar um drama, já que o governo está preparando um coquetel mortífero junto aos colonos: terror + armas + treinamento militar = banho de sangue.
O fato é que por maquiavelismo de um e ingenuidade de outros, tanto os EUA quanto alguns israelenses incautos, vivem dizendo que as colônias/assentamentos/invasões bloqueiam as negociações e que este é o problema crucial. Ou seja, “os imbecis dos colonos”.
O que não admitem, por má-fé ou comodismo, é que como os colonos dominam a coalição política que governa o país, é o governo que está comprometido.
As tendas de protesto que cobrem a Alameda Rotschild, em Tel Aviv
O problema sócio-econômico de Israel é grave. Para encará-lo de frente e solucioná-lo, o governo precisa fazer reformas econômicas que exigem verbas elevadas. Dinheiro há, mas é utilizado em armamento e nas colônias que são um saco sem fundo literal.
Israel tem 7.5 milhões de habitantes e suas Forças Armadas, incluindo a bomba atômica negada ao Irã, ocupa o quarto lugar como potência bélica do planeta. Os cerca de 4 bilhões de ajuda militar dos EUA alimenta só uma parte do que sua manutenção exige.
No final das contas, a guerra tem um custo alto demais para os cidadãos israelenses (como para os estadunidenses: lá, em grana e em outros países, em vidas). E os colonos são o maior ponto de discórdia entre Israel e a Palestina. Portanto, os colonos são diretamente responsáveis pela queda brutal da qualidade de vida de seus compatriotas que vivem na legalidade. Além disso, estão prontos para iniciar uma guerra em que no final todos serão vencidos.
Repito: por que não recorrer às tropas da ONU para a retirada dos colonos e matar o mal pela raiz, já que Netanyahu diz que é um processo perigoso e difícil?
Um colega de Tel Aviv diz que é porque judeu tem uma regra intransigível de lavar roupa suja em casa. Ao que respondo que ao instalar-se em casa alheia sem ser convidado, o penetra já perdeu os princípios na entrada e tem de estar pronto para sair enxotado.

Enquanto os fora-da-lei se armam com ódio na Cirjordânia que invadiram, os israelenses que vivem na legitimidade em seu próprio país engrossam as passeatas de protesto em suas principais cidades (500 mil desfilaram ontem em Tel Aviv), a preocupação doméstica do governo aumenta, e o capetinha espeta o diabolismo da saída imediata fácil (?) de distrair a atenção para os palestinos e a Terceira Intifada.
Tenho dificuldade em imaginar que no Egito, na Síria, na Cisjordânia e no Líbano, os refugiados palestinos e a população local, desta vez, fiquem de braços cruzados enquanto a IDF e os colonos armados massacrarem os cisjordanianos.
A tensão está realmente grande em Israel. O país está em pé de guerra. Tanto social interna quanto literal.
Portanto, com a aproximação do dia 20 de setembro fatídico (a União Européia liberou o voto de seus membros na questão da criação do Estado da Palestina), por que as tropas pacificadores da ONU não estão na Cisjordânia, já que os palestinos são proibidos de proteger-se das forças armadas dos invasores que os agridem?
Por que Ban Ki-Moon está deixando como é que está para ver como é que fica?

Autocolante da ONG israelense de Direitos Humanos Gush Shalom 

Mãe de Samer Allawi

Jornalista Samer Allawi no trabalho
E para concluir, ontem em Gaza, cerca de 150 jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas internacionais fizeram um protesto pacífico. Sentaram na porta do escritório da ONU na Faixa para solicitar que a Organização intervenha junto a Israel a fim que liberte nosso colega Samer Allawi, palestino detentor de passaporte jordaniano (por os palestinos não terem nacionalidade reconhecida e nem identidade). Detido arbitrariamente desde o dia 10 de agosto.
A palavra de ordem dos manifestantes da imprensa é que esta detenção atinge indiretamente todos os jornalistas que trabalham no Oriente Médio, passíveis às mesmas medidas arbitrárias para virarem dedo-duro se quiserem salvar a pele.
Samer Allawi é chefe do escritório da TV Al Jazeera em Kabul. Visita a família uma vez por ano (como qualquer pessoa que mora longe de casa) em Sabastia, sua cidade natal próxima de Nablus nos Territórios Ocupados. Foi detido por soldados da IDF no fim das férias quando atravessava a ponte Allenby, que liga a Cisjordânia à Jordânia, sob acusação oficiosa de “manter contato com membros do seguimento armado do Hamas”.
Acusação absurda, pois como todo jornalista que vale algo tem de ter contato com todos os lados, a acusação serve a qualquer profissional que se preza e exerce o direito e obrigação de informar com conhecimento de causa.  
O advogado de Samer, Salim Waakim, disse que até hoje a Justiça israelense não formalizou nenhuma acusação contra seu cliente, que foi interrogado sobre seu trabalho, finanças, relações pessoais desde a infância, colegas de escola e outros detalhes de sua vida na Cisjordânia. Também se estava em contato com agentes secretos de EUA, Jordânia, Palestina, e confiscaram seu computador e o forçaram a divulgar a senha para lerem todo correio pessoal, profissional e artigos.
Samer, que trabalha na Al Jazeera desde 2006, declarou rapidamente à equipe de TV presente no tribunal que sua prisão “é arbitrária; estão tentando me forçar a dar informações que impliquem Al Jazeera e eu,” antes que soldados impedissem a filmagem.
Seu advogado diz que os interrogadores estão ameaçando acusar Samer de transferência de dinheiro do Afeganistão para a Cisjordânia se ele não concordar em virar informante de Israel.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ-Committee to Protect Journalists) baseado em Nova Iorque exigiu que Israel “esclareça as razões legais da manutenção de Samer Allawi em detenção”. E lembrou que em março deste ano já insistiu com o governo de Israel que pare de perseguir jornalistas e que respeite os parâmetros internacionais de liberdade de imprensa permitindo que o jornalista trabalhe sem interferência.
O CPJ teve de intervir por causa das violações correntes e persistentes da IDF de liberdade da imprensa na Cisjordânia, inclusive censura, detenções e ataques físicos de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Em Israel de Netanyahu e Lieberman, informar é crime.

Campanha do CPJ contra a impunidade de violação à liberdade de imprensa
e assassinato de jornalistas mundo afora
Ataque do navio Mavi Marmara em 2010

Lista de produtos das colônias a serem boicotados:
http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Free Gaza Movement: http://www.freegaza.org/;
Lowkey: http://youtu.be/GO5Cay6GUkM;
Global BDS Movement: http://www.bdsmovement.net/
Reservista da IDF Breaking the Silence 

domingo, 17 de julho de 2011

Pra não dizer que não falei das flores


Passeata de israelenses e palestinos anteontem em Jerusalém Oriental
em favor da criação do Estado da Palestina 
Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais, braços dados ou não...
Eu gosto muito de passeata. Desde a escola, quando a música que abre este blog era o hino da minha geração contra a ditadura que se impôs em nosso país por 20 anos. Caminhando... é a melodia que murmurro com meus botões quando vejo gente separada pelo meio em que gravita e por poucas horas unida pela vontade de melhorar o mundo em que vive. 
Geraldo Vandré (http://youtu.be/PDWuwh6edkY) faz parte daqueles compositores de carreira curta, em seu caso, podada drasticamente pelos torturadores que lhe extirparam a vontade e desonraram nossa pátria amada, salve, salve.
Vandré nunca foi Geraldo, mas foi íntimo de todos os brasileiros que têm mais de 40 anos. Como se fosse o irmão sacrificado em nosso nome. Compôs Disparada, Canção da Despedida e quantas mais maravilhas, mas imortalizou e foi imortalizado pela frase ao alto. O hino da liberdade entoado nas ruas e praças das capitais brasileiras contra o jugo do obscurantismo e pelas eleições diretas, até chegarmos, em 1984, à tahrir que buscávamos.
Passeata espontânea em Tel Aviv
contra a recente Lei Boicote
Até o ano passado, quando os reacionários engrossavam a voz e seus representantes no governo espoliavam e bombardeavam os vizinhos, os israelenses liberais, artistas, intelectuais, envergonhados, costumavam argumentar que apesar de tudo, tinham democracia e liberdade para rebelar-se e denunciar criminosos e crime. Hoje, com a aprovação do Knesset da Lei Boicote, nem isto têm para consolar-se.
Entre outras coisas, esta proíbe os cidadãos de boicotar os produtos oriundos da política de ocupação e do apartheid. O israelense que se recusar a consumir produto com etiqueta do Jordão (http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements
) será punido. E lá se vai a liberdade de ação e de expressão da qual tanto se orgulhavam. 
Gush Shalom foi a primeira organização a liderar o boicote na década de noventa e foi a primeira a contra-atacar com uma liminar junto à Corte Suprema. "Esta lei viola os princípios básicos democráticos. Com ela o Knesset procura silenciar críticas da política governamental em geral, de sua política nos Territórios Ocupados em particular e evitar um diálogo aberto e produtivo que constitui a base do funcionamento democrático. A política de silenciar só um lado é danosa para a Liberdade de Expressão e indica claramente a fragilização de um regime democrático. Além do mais, a nova lei (que também desobriga as empresas a etiquetar a origem do produto para evitar o boicote internacional, nda) prejudica empresas ao infringir sua Liberdade de Profissão, já que não permite que o consumidor diferencie os produtos de Israel e dos Territórios Ocupados." Concluindo, afirmou que o boicote é um instrumento de expressão pacífico e legítimo dos cidadãos. 
A Gush Shalom não está sozinha no desagravo. Está apoiada por outras 52 ONGs locais e por muitos compatriotas indignados.
Toda passeata por causas legítimas é bonita, mas bonita mesmo foi a da sexta-feira passada em Jerusalém. Oriental. Aqui, cidadãos de ambos os lados da Linha Verde e do muro que separa Israel e Cisjordânia se uniram e caminharam juntos pelo mesmo ideal.
Tinha mulheres, homens, crianças, judeus, cristãos, muçulmanos, unidos e provando mais uma vez ao Knesset, a Netanyahu e quem enxergasse, que têm a mesma crença na justiça que trará a paz.
O motivo da passeata era apoiar a criação do Estado da Palestina, que será decidida em setembro nas Nações Unidas.
Esta foi a primeira das passeatas que se se repetirão todas as sextas-feiras nas cidades abaixo. 
A colônia usurpadora. O SPA está longe dos olhares




As próximas cidades são Nabi Saleh, em que os colonos israelenses confiscaram a fonte que a alimentava em água para fazer um SPA;



Iraq Burin e ao fundo a colônia Har Bracha



Iraq Burin, cujas hortas são constantemente destruídas pelos colonos de Har Bracha;






Manifestação contra o muro em Budrus

 Budrus, à qual o muro havia tirado 300 hectares e 5.000 oliveiras;

O muro em Ni'lin





Ni’lin, da qual o muro cortou um terço do município para a expansão da colônia construída ao lado;





Em maio, protesto pacífico parou um buldozzer
 em Deir Qaddis




Deir Qaddis, confiscada por Israel em 1980;

Bi'lin



Protesto semanal reprimido com gás

Bi’lin, que o muro engoliu 60% da roça cultivada. Cidade precursora das passeatas semanais. Faz anos que isarelenses e palestinos manifestam e há algumas semanas um manifestante foi assassinado por um soldado;

Sheikh Jarrah, com Jerusalém ao fundo


Sheikh Jarrah, encostada em Jerusalém Oriental e que Israel quer ocupar alegando que era habitada por judeus antes de 1948 (embora não reconheça o direito dos refugiados palestinos de recuperarem suas casas cujas chaves são bem guardadas...);




Ma’sara, uma área a seis quilômetros de Belém que os israelenses querem confiscar para expandir a colônia Gush Etzion;



Beit Ummar, em que o muro separou as roças dos donos para uso dos colonos de Kamei Tsur.



Segundo ONGs israelenses, a passeata de anteontem contou com a presença de milhares de pessoas e a mobilização continua tanto do lado israelense quanto do palestino. Se a violência não esmagar a não-violência, a tendência é que o número de participantes aumente sem parar.
A obstrução de embarque de membros da Flytilha na França, por exemplo, ou da deportação expeditiva de vários participantes direto do aeroporto Ben Gurion – dos quais, 31 britânicos, “Israel ultrapassou outra linha vermelha”, disse o professor escocês de 64 anos Mick Napier, “fomos detidos e algemados no aeroporto sem nenhuma explicação e sem ter infringido nenhuma lei local ou internacional; não permitiram que telefonássemos durante todo o período de detenção. Foi uma situação fora-da-lei, ilegal.”
Depois deste depoimento, tenho de dizer em que pé está o processo para a sonhada justiça e liberdade para a qual estes ativistas e boicotadores cidadãos normais agem.
Salam Fayyad, o primeiro ministro encarregado do processo de reconhecimento do estado palestino, afirma que no dia 26 de agosto, prazo dado pela Autoridade Palestina dois anos atrás, estarão prontos para ser um Estado. Duas semanas mais tarde apresentarão a moção de reconhecimento na 66ª assembléia da ONU que decidirá seu destino. A AP já conta com 130 dos 193 países que votam. Precisam de maioria de dois terços para o reconhecimento do Estado.
Os Estados Unidos estão pressionando os outros 63 que votarão contra ou se absterão, e continuam na política do Deixa pra lá e do Deixa comigo que não faço nada, porque se vocês conseguirem algo sem meu apadrinhamento, vão acabar não conseguindo nada porque tudo que conseguirem será vetado.
Repreendem os palestinos de um lado e do outro os convocam para negociar. E a cada investida a AP repete que senta à mesa com Israel a convite dos EUA contanto que estes garantam a fronteira pré-1967 prometida por Barack Obama em discurso público, antes de recuar sob pressão da APAIC (lobby israelense), cujo dinheiro e voto o presidente-canditato cobiça para reeleger-se em 2012.
A esperança dos cidadãos que agitam Tel-Aviv e gritam “Não em meu nome!” contra o oportunismo de Obama e o sectarismo de Netanyahu, é que o movimento internacional de boicote e a mobilização das forças democráticas pacíficas israelenses e palestinas consigam derrubar o muro que os esmaga, conseguir que justiça e dormir sossegado.
Contam com os cidadãos do mundo que teriam combatido a política de limpeza étnica nazista, o massacre dos armenianos, outras atrocidades do mesmo calibre e que se levantaram, ou se tivessem idade ter-se-iam levantado, contra a África do Sul do apartheid.
Tem momentos na vida em que tomar partido não é partidarismo, é ser humano e responsável.
Vendo de um lado a diligência da ONU e dos Aliados em reconhecer o Sudão do Sul (que já obteve inclusive Forças de Paz da ONU para a proteção que Yasser Arafat pediu três décadas atrás) e outros combatentes nacionalistas, e do outro os 63 anos em que os palestinos vivem em suas terras sob ocupação e apátridas, as gerações futuras perguntarão onde estávamos, o que fizemos, e nos julgarão como julgamos os que colaboraram com injustiças passadas ou simplesmente ficaram calados.



Falando em Sudão do Sul, a independência chegou no dia 9, a festa durou, acabou e agora vem a realidade dos fatos.
O novo país está longe dos sonhos dos que lutaram nos últimos cinquenta anos para viabilizá-lo. A violência inter-tribal já começou durante as celebrações da qual o mundo participou através das imagens.
Nos bastidores visíveis, em nove das dez tribos, o vizinho virou o oponente atual (como será na Líbia?).
No início todos estavam unidos na busca da independência, mas agora chegou a hora da desunião e de cair na real, que o Norte não era responsável por todas as mazelas que viviam.
O Sudão do Sul é uma das regiões mais ricas da África (daí a presença dos EUA e muito maior da China). Porém durante o movimento independentista ninguém se preocupou com estratégica econômica nem administrativa. Agora a capital Juba está à mercê da enfermidade continental endêmica, a corrupção, e a luta pelo poder começou a fazer vítimas.
No Norte, o problema é o mesmo dos outros países da Liga Árabe. A miséria, a fome e o desemprego dos recém-diplomados. O povo está cansado de mudanças políticas infrutíferas. Omar al-Bashir já está sendo chamado de “o homem que perdeu o Sul” e está tão desesperado para conservar a presidência que dizem que está disposto até a estabelecer leis draconianas de adesão à Sharia, só para contar com o apoio das autoridades religiosas. Lá, a verdadeira campanha eleitoral está acontecendo nas mesquitas.
Sem dar uma de pessimista, sente-se no ar logo logo Norte e Sul estarão atolados em problemas maiores ainda do que os que ultrapassaram.
E o pior é que tanto no Norte quanto no Sul os políticos interesseiros sabem muito bem o que fazer para unir os cidadãos atrás de si. Um inimigo comum. E quando as coisas apertarem, é o que um e outro vai buscar o mais perto possível.
O inimigo poderá ser Abyei (uma área controvertida no meio dos dois países), o sul do Cordofão (província instável localizada no centro do Sudão), de novo o Darfur, ou qualquer outro oponente plausível.
Teme-se que cedo ou tarde os políticos politiqueiros de Cartum e Juba, interessados em si-mesmos e não no interesse público, arrumem um bode espiatório para não perderem o trono. Aí a arruaça vai recomeçar. Que a população de um e de outro aproveite a bonança precária, pois, a não ser que apareça nos dois lados um salvador da pátria com ideais incorruptíveis, pode não durar.

Para os jovens, imagens da nossa ditadura da qual foram poupados 



Lista de produtos das colônias a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
FLOTILHA DA LIBERDADE STAY HUMAN: http://www.freedomflotilla.eu/;
Free Gaza Movement: http://www.freegaza.org/;
Lowkey: http://youtu.be/ET6U54OYxGw;http://youtu.be/kmBnvajSfWU; http://youtu.be/GO5Cay6GUkM;
Global BDS Movement: http://www.bdsmovement.net/; http://www.bigcampaign.org/