domingo, 24 de agosto de 2014

Israel vs Palestina: História de um conflito LVIII (12/2006)



O mês de dezembro de 2006 chegou com uma trégua na Faixa de Gaza.
Trégua, nesta história de ocupação civil e militar mais longa da História, não significa que a IDF tenha dado uma folga na opressão. Significa que suspendeu, temporariamente, o lançamento de bombas em famílias adormecidas.
Na Cisjordânia, continuaram as incursões em cidades e casas para intimidar, depredar, humilhar e sequestrar resistentes, familiares de todas as idades, e, na maioria, pessoas até então acomodadas com o status quo imposto pelo ocupante e que na prisão mudariam. Adultos e adolescentes que entenderiam que na situação em que viviam, sem Estado, sem nacionalidade e sem proteção das Nações Unidas,  ninguém está a salvo do arbítrio.
O soldado israelense capturado em junho continuava detido em Gaza e Israel detinha em suas masmorras 9051 palestinos - 327 menores de 18 anos, 34 menores de 15 anos. Sem contar o milhão e meio de gazauís encerrados na maior prisão do planeta. Sem contar os 4 milhões e meio de cisjordanianos murados em seus bairros e cidades.
Residências palestinas continuavam sendo demolidas pelos bulldozers em escala menor do que as mais de 4.200 destruídas uma a uma durante quatro anos de Intifada. Nos últimos dois anos o rítmo de demolições individuais estava mais lento, uma média de uma a duas casas por dia em vez de quatro a cinco ou mais, não porque a política de desapropriação houvesse mudado e sim porque os bombardeios aéreos eram mais eficientes. Demoliam ruas em fileira quando não bairros inteiros de uma só vez e estas demolições não são registradas nas estatísticas individuais nem coletivas das ONGs de Direitos Humanos.
O muro da vergonha, que abocanha metro a metro do território palestino enclausurando suas aglomerações urbanas, continuava aumentando assim como as manifestações contra sua construção e contra as colônias. No dia 22 Bil'n viveu um desses momentos comuns às sextas-feiras.
Nesse ano, os palestinos mataram 23 israelenses em operações da resistência e os israelenses mataram 660 palestinos - quase dois por dia. 141 meninos. 22 dos adultos foram alvo de assassinatos premeditados conforme a campanha executada pelo Shin Bet durante os governos de Ehud Barak, Ariel Sharon e agora Ehud Olmert.
Portanto, o ano de 2006 terminava como começara, com a ocupação a toque de caixa. Isto é, somando dois eventos sanguinários a larga escalalo - a carnificina israelense no Líbano e na Faixa de Gaza.
Apesar ou por causa disso, a dupla dinâmica Israel-Estados Unidos estava arquitetando outros planos para limpar sua barra e dar uma de bonzinho.

A secretary of state dos EUA Condoleeza Rice, preocupada com a péssima impressão deixada pelas atrocidades de Qana e de Beit Hanoun, forçou a barra para que o Primeiro Ministro israelense demonstrasse fictícia boa vontade e encontrasse Mahmoud Abbas antes do ano terminar.
A grande mídia precisava de algo em favor de Tel Aviv, nem que fosse fantasia. O importante era distrair a opinião pública dos países ocidentais e alimentar o falso estatuto de eterna vítima que Israel faz tudo para preservar.
Por isso o mês de dezembro de 2006 não ficou na história por causa da extensão das colônias nem do muro da vergonha. Ficou na história por causa do encontro entre Ehud Olmert e o presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas (Abu Mazen).
O encontro aconteceu na ante-véspera do Natal de 2006. No dia 23, precisamente. Durou duas horas.
Começou mal para os palestinos porque o lugar escolhido foi a residência ilegal do presidente israelense em território legalmente palestino, em Jerusalém, na parte dita ocidental. Era preciso que o acinte fosse claro para os palestinos e que a grande mídia não relevasse o tapa com luva de pelica (que era mais era de arame farpado, como o que rodeia a Faixa). Mas a imprensa comprou o peixe e falou em/de um jantarzinho amigável, informal.
A segunda facada foi o horário. Noturno. Um jantar farto foi servido aos comensais. E enquanto Abu Mazen se fartava, os gazauís regravam comida e água potável - especiarias raras desde o início do bloqueio em março. Nove meses mais tarde, a penúria galopava e saber de seu presidente jantando com o homem que o condena à míngua e à jaula por você ter exercido seu direito de voto, é barra.
A terceira facada foi o beijo que o Primeiro Ministro israelense tascou no Presidente da Autoridade Nacional Palestina ao cumprimentá-lo todo sorridente. O enrigessimento do corpo de Abu Mazen foi visível. Reagiu como se tivesse sido esbofeateado e não beijado; talvez um pouco por asco. Eram conhecidos de longa data, já que Ehud Olmert fora prefeito da Jerusalém ocupada causando muitos prejuízos financeiros e emocionais aos palestinos desapropriados. (Olmert foi um prefeito corrupto até a medula e dispôs dos bens palestinos em Jerusalém como se fossem próprios ao judeu que pagasse mais na divisa certa.)
Além do desgosto, Abu Mazen, atolado em problemas internos desde as eleições cujos resultados foram rejeitados por Israel e seus cúmplices estrangeiros, sabia do choque que esse beijo fingido causaria em seus compatriotas e o distanciamento que provocaria nos líderes do Hamas.
Portanto, logo de entrada Tel Aviv e Washington marcaram muitos pontos. Conseguiram cinquenta por cento de seu objetivo logo de cara. As duas horas de reunião e as declarações de encerramento completariam o embuste.
O objetivo oficial do encontro era que os dois homens relançassem as famigeradas Peace Talks destinadas a tranquilizar o povo israelense e a despojar os palestinos paulatinamente de terreno e de um Estado. Como se a limpeza étnica dos palestinos fosse um direito que os israelenses houvessem adquirido de Hitler no fim da Segunda Guerra por intermédio dos Estados Unidos.

Os dois homens haviam se encontrado alguns meses antes informalmente, no dia 22 de junho em Petra. Em um fórum que reuniu 25 nobelizados e umas trinta "personalidades internacionais". Lá na Jordânia só haviam trocado palavras superficiais como é praxe neste tipo de evento diplomático.
Abu Mazen levou consigo Ahmed Qorei - ex-primeiro ministro de Yasser Arafat e um dos artesãos dos Acordos de Oslo e Saeb Erakat, também negociador de longa data. Ehud Olmert levou seu chefe de gabinete Yoram Turbovitch e seu conselheiro Shalom Tourdjeman.
Os comunicados de imprensa de Tel Aviv diziam que o Primeiro Ministro estava pronto para efetuar "vários gestos de boa vontade para reforçar a ala palestina moderada". Dentre eles, reduzir as restrições de movimento impostas nas barragens e check points  na Cisjordânia.
A Ministra das Relações Exteriores de um país europeu disse na época, off the record: "Releasing at least a portion of Palestinian tax revenues as well as certain measures designed to facilitate passenger traffic are in line with an ongoing demand by the EU. They are the first important measures aimed at building confidence. The tangible improvement of living conditions must have priority."
O problema dos europeus é que dizem muita coisa em favor da Palestina, mas 99% das vezes é off the record ou gesticulam soluções paliativas.

Em torno da mesa a conversa foi cordial e os dois dirigentes se comprometeram a trabalhar juntos e a marcar uma reunião no início de 2007 a fim de prosseguir o diálogo.
A única ação concreta foi o comprometimento de Israel de devolver parte do dinheiro roubado dos palestinos nos meses anteriores. Restituiriam $100 milhões de dólares. Uma pequena fração dos impostos devidos à Autoridade Palestina. Milhões que desde março rendiam juros aos banqueiros de Tel Aviv enquanto pais de família eram privados de salário e a população palestina inteira, de manutenção de infra-estrutura básica.
Por incrível que pareça ao devolver parte dos fundos surrupiados Ehud Olmert teve a coragem de impor as condições em que o dinheiro "tinha de ser usado". 'Para atividades humanitárias", disse, (como se fosse uma doação e não a devolução de dinheiro furtado) e que nada podia ser transferido ao Hamas. Consequentemente, à Faixa de Gaza, que tinha de continuar sendo asfixiada.
Olmert falou no cabo da IDF Gilad Shalit e Abbas falou em Marwan Barghuti e nos milhares de presos palestinos. E nada foi resolvido.
É só neste conflito que um simples soldado de vinte e poucos anos é posto na mesma balança de um homem extraordinário como o líder do Tanzim, Marwan Barghuti. Mas uma vida é uma vida e deveria valer do mesmo tanto. Embora em Israel (e fora de lá, infelizmente) muitos pensem que a vida de um israelense vale mais do que a sua, do que a minha, do que a de um punhado de palestinos, centenas.

A grande mídia internacional liderada pela estadunidense retratou o encontro como uma grande abertura de Ehud Olmert que Mahmoud Abbas "tinha de aceitar" porque fortalecia sua posição política.
Mas na verdade o jantar foi mais um esforço de dividir os palestinos, excluir o governo recém-eleito e minar as negociações de uniificação que o Hamas e o Fatah, bem que mal, vinham mantendo.
Para começar, Israel, Estados Unidos e União Europeia insistiram que o Hamas “renounce violence” e “recognize Israel’s right to exist”.
Afinal, era por isso que haviam imposto o bloqueio à Faixa de Gaza em março e queriam que a punição aos gazauís serviço de exemplo.
Objetivamente, nenhuma das demandas tinha substância, já que o Hamas acabara de concordar com um cessar-fogo durante um ano. Enquanto que a IDF escalava na violência na Cisjordânia com ataques, prisões, demolições e colonização crescente.
Não havia dúvida que a única coisa que impedia o Hamas de concordar com um cessar-fogo definitivo era a certeza que Israel jamais pararia sua violência espontaneamente. Considerando a má-fé dos governantes israelenses, a certeza de um cessar-fogo bilateral só seria possível sob supervisão da ONU e intervenção de suas forças pacificadoras dissuasivas. Sem isso, os acordos eram conversa fiada. A ocupação continuaria assim como a violência diária que ela gera na Palestina.
Todo mundo sabia, inclusive os generais da IDF e os chefes do Shin Bet, que o Hamas voltaria ao lançamento de foguetes logo, já que os territórios ocupados continuavam sendo atacados diariamente, apesar no discurso oficial os israelenses dizerem o contrário.
Ora, Khaled Meshaal, o líder do Hamas, propusera semanas antes um cessar-fogo de 10 anos e os israelenses haviam descartado sua proposta sem lhe dar ouvidos.
Pois cessar-fogo significaria retirada das tropas, dos soldados, dos checkpoints, e do fim da limpeza étnica, ou seja, seria o fim da expansão territorial que Israel vinha praticando desde o fim do mandato britânico. De jeito nenhum! Foi a reação dos ultra sionistas que sonham com o "grande Israel" a qualquer preço. Sobretudo o das informações erradas.
O fato é que o Hamas estava mesmo bastante calmo. A maioria dos foguetes lançados em Israel nessa época eram sob as ordens das Brigadas al-Aqsa, ligadas ao Fatah, com a assistência das Brigadas al-Quds e do Jihad.
Portanto, o Hamas era o bode expiatório que servia os propósitos israelo-estadunidenses naquela hora, e continua servindo, agora.
No final das contas não houve nehum avanço significativo na tal reunião. Ghazi Hamad, porta-voz da Autoridade palestina, disse que Ehud Olmert não apresentara nenhuma posição política nova, nenhuma determinação séria de parar as operações militares nem de "terminar a ocupação civil e militar e o consequente sofrimento do povo palestino".
É verdade. O jantar serviu apenas para "limpar" a imagem do Primeiro Ministro israelense.

Prova disso foi a atitude da IDF. Não mudou nadinha nem no dia de Natal nem no dia seguinte.
Já no dia 26 a IDF sequestrou mais oito palestinos em Hebron, na Cisjordânia, e saqueou um posto de saúde hebronita.
Ironia macabra, já que Ehud Olmert acabara de exigir que Mahmoud Abbas usasse US$8 milhões dos dólares devolvidos em equipamentos hospitalares... Mas a declaração fora feita para a mídia. As regras da ocupação continuavam irremovíveis.
Inclusive na violência dos invasores civis. Um grupo de colonos judeus pegou um bulldozer e destruiu a lavoura inteira de um fazendeiro palestino vizinho, em Al Thahria.
Aliás, al Thahria, uma cidadezinha palestina no sul Hebron, era vítima quase diária de abusos da IDF. Os soldados invadiam e depredavam moradias quase todos os dias. Os invasores civis só seguiam o exemplo dos militares que continuariam seu trabalho sujo porque as ordens de Tel Aviv haviam mudado.

No dia 27, atendendo a demanda israelo-estadunidense, o presidente do Egito transferiu armas diretamente ao Fatah na fronteira da Faixa de Gaza para eliminar seus oponentes do Hamas e começar uma guerra fratricida que enfraquecesse ambas as partes.
No mesmo dia a IDF sequestrou mais 17 palestinos na Cisjordânia.
O mês de dezembro terminou com um ato bárbaro, mas não nos territórios palestinos ocupados. Desta vez, em um país a alguns quilômetros de lá, mas arquitetado por George W. Bush e Tony Blair, dois criminosos de colarinho branco e mandato oficial. Saddam Hussein, após ter sido capturado, humilhado, foi enforcado em imagens que correram as telinhas do planeta. Augusto Pinochet morrera no dia 10 do mesmo mês, sossegado, em Santiago.
Três dias antes a IDF começara uma "limpeza" sequestrando 17 pessoas e intimidando dezenas de famílias na Cisjordânia. Era o preâmbulo para um novo ataque. Cessar-fogo? Só para os "terroristas" da Resistência. Soldados de Estado terrorista podiam agir à vontade. E o trio dinâmico do governo israelense estava com toda a corda.

Trocando em miúdos esta reunião de cúpula foi mais uma prova da falta de sinceridade israelo-estadunidense na demanda que o Hamas "renounce violence".
Pois sua exigência que o Hamas ‘recognize Israel’s right to exist’ abstratamente era tão explicitamente tendenciosa que poderia até ser engraçada se as consequências não fossem tão dramáticas.
Desde 1948 que Israel e os Estados Unidos privavam a Palestina do ‘right to exist’ concreta e diariamente negando aos palestinos direitos humanos básicos de circular dentro e fora de bairros e cidades, de dormir sossegados, e de desenvolver uma economia saudável.
Era compreensível que tantos palestinos houvessem votado no Hamas e continuassem apoiando o partido apesar do bloqueio e do desmoronamento da qualidade de vida na Faixa de Gaza.
Uma reunião a mais uma reunião a menos sem a presença do Hamas era um mero estratagema que não levaria a nada.
Não levaria a nada, não. Israel vinha empurrando Abu Mazen para a briga e era o que obteria. O Presidente da Autoridade Palestina quis resolver o problema das eleições convocando outras, antecipadas, mas sem nenhuma garantia que o resultado destas fossem respeitados. O Fatah e o Hamas nunca estiveram tão distantes quanto no fim do doloroso ano de 2006.
A Faixa de Gaza sufocava; Ao longo de 2006 o Karni crossing - posto comercial de fronteira mais importante na Faixa - foi bloqueado parcial e intermitentemente, custando perdas diárias de 500 mil dólares diários aos palestinos. Durante o ano, os gazauís só conseguiram exportar 10% de sua produção e a importação também foi racionada a um ponto insuportável. Não havia nem mais pão nas padarias por falta Nesse ínterim, fazia meses que a Autoridade Nacional Palestina, ou melhor, Abu Mazen e seus póximos, recebiam financiamento e formação do serviço secreto inglês MI6 para conter a oposição interna na Palestina, com prisões e torturas.
Porém, o Presidente da ANP nunca fora tão longe quanto no segundo semestre de 2006, quando começou a colaborar indiretamente até com os Estados Unidos vendendo a alma para o diabo contra a promessa vã de um Estado.
E isso, sob influência de Mohammed Dahlan, um homem que Abu Mazen nomeara Ministro da Segurança contra a vontade de Yasser Arafat. Um homem acusado de colaborar com o Shin Bet, Serviço Secreto interno israelense, e que desde a morte de Arafat ganhava muito espaço demais, apesar de ter sido eleito deputado em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, com o número mínimo de votos nas eleições parlamentares de 2006. Seu ressentimento com o Hamas era extremo. Chamou a vitória do partido de oposição um "desastre" e ameaçou em alto e bom som "to haunt them from now till the end of their term" e "to rough up and humiliate them".
Desde então virara o mais oponente do Hamas, mais ferrenho do que os oponentes estrangeiros. Suspeitou-se que estivesse por trás da tentativa de assassinato de Ismail Haniyeh, embora no dia seguinte ele houvesse negado dizendo que "the Hamas government is fully responsible for yesterday's events."
A fraqueza de Mahmoud Abbas deixando Dahlan livre na Faixa de Gaza custaria muito caro. O ano de 2007 seria palco de uma luta terrível na Faixa de Gaza. Fratricida. Lamentável.
No tocante ao sequestro e número de palestinos detidos pela IDF e IPS (sistema penitenciário), no fim de 2006, havia 9.051 prisioneiros políticos, a maioria deles não membros ativos da resistência. Dentre eles, 327 menores de 18 anos e 34 menores de 16.

Fecho este ano cedendo a palavra a um analista palestino e a um analista israelense.
O palestino definiu  a reunião citada acima com as seguintes palavras:  "The stated subtext to the economic blockade of the PA has been to “convince the Palestinian people” (by driving them into destitution) to abandon Hamas in favor of the more “moderate” Fatah. The PM’s aides pulled out all the stops to project the image of Abbas as “just like any other head of state”. They even (flouting the law) flew a Palestinian flag in the israeli presidential villa. The Christmas “gifts” from Mr. Olmert included 100 million dollars of the PA’s own tax revenues, which Israel has seized since the elected Hamas government took office last March. Since Israel’s take in this heist is now estimated to exceed 800 million dollars, the pittance given to Mr. Abbas had the air of hush money paid by organized crime. Most of it will be used to pay down the PA’s debts to Israeli creditors and then only after Israel is satisfied that Hamas will never see it."
As Olmert was willing to part with only one-eighth of the Palestinians’ money, he may consent to removing one-eighth of the Israeli army’s “roadblocks” in the fragments of the West Bank where Palestinians are still allowed to live. He also promises to make it easier for the people of the West Bank to get permits to travel to their own orchards, or to the next town or village, or maybe to a nearby city. In other words, Mr. Abbas has gained a slight (and very likely temporary) loosening of Israel’s suffocating grip on the throat of Palestine.
In exchange, President Abbas managed to forget that Israel has illegally kidnapped and imprisoned the speaker of the Palestinian Legislative Council, at least 28 of the PLC’s elected members, and at least 10 government ministers, half of whom it still holds. Does a “head of state” go begging for crumbs from a foreign power that is holding abducted members of his own government?"
If Mr. Abbas were sincerely interested in forming a national unity government with Hamas, he would not have sold their prisoners of state so cheaply. Had he been truly committed to democracy last March, he would have led his defeated party into loyal opposition in the newly elected Hamas government. By closing ranks with Hamas, Abbas and Fateh could have shown the world that Palestinians would obey their own constitution, work out their own issues, and would not be prey to outside interference or blockades.
Instead, he set out to commandeer the PA’s security forces and led Fateh into the disloyal opposition they have maintained to this day. Lately he has taken the PA into new constitutional territory by claiming the unilateral power to call new elections. His Fateh-packed Supreme Court recently declared that decisions made by the current PLC are “null and void”. Fortified by a significant new supply of US weapons and training, Mr. Abbas appears dangerously close to usurping both the Palestinian constitution and the will of the people by pretending to be the sole legitimate representative of the Palestinian Authority.
In following this course, Mr. Abbas has made himself available to external forces that wish to make him the ultimate spoiler of last January’s free and fair elections. The ultimate goal of these parties, Israel foremost among them, may be to trigger Palestinian civil war and fatally split the Palestinians’ national solidarity, their key to survival. Perhaps to this end, the myth that Israel has “no partner for peace” is being transformed into the myth that Israel has “only one partner for peace”, one that, under present conditions, cannot claim to represent the Palestinian people."

Nesse ínterim, a condição dos refugiados palestinos no Líbano (e alhures) só piorava
Palestinian refugees in Lebanon

O israelense com as seguintes:
"Since Judas Iscariot embraced Jesus, Jerusalem has not seen such a kiss. After being boycotted by Ariel Sharon and Ehud Olmert for years, Mahmoud Abbas (Abu Mazen) was invited to the official residence of the Prime Minister of Israel two weeks ago. There, in front of the cameras, Olmert embraced him and kissed him warmly on both cheeks. Abbas looked stunned, and froze. 06/01/2007
Somehow the scene was reminiscent of another incident of politically-inspired physical contact: the embarassing occurrence at the Camp David meeting, when Prime Minister Ehud Barak pushed Yasser Arafat forcefully into the room where Bill Clinton stood waiting.
In both instances it was a gesture that was intended to look like paying respect to the Palestinian leader, but both were actually acts of violence that - seemingly - testified to ignorance of the customs of the other people and of their delicate situation. Actually, the aim was quite different.
According to the New Testament, Judas Iscariot kissed Jesus in order to point him out to those who had come to arrest him.
In appearance - an act of love and friendship. In effect - a death sentence.
On the face of it, Olmert was out to do Abbas a favor. He paid him respect, introduced him to his wife and honored him with the title "Mr. President".
That should not be underestimated. At Oslo, titanic battles were fought over this title. The Palestinians insisted that the head of the future Palestinian Authority should be called "President". The Israelis rejected this out of hand, because this title could indicate something like a state. In the end, it was agreed that the (binding) English version would carry the Arabic title "Ra'is", since that language uses the same word for both President and Chairman. Abbas, who signed the document for the Palestinian side, probably did not envisage that he himself would be the first to be addressed by an Israeli Prime Minister as "President".
But enough trivia. More important is the outcome of this event. After the imposed kiss, Abbas needed a big Israeli gesture to justify the meeting in the eyes of his people. And indeed, why shouldn't Olmert do something resounding?
For example, to release on the spot a thousand prisoners, remove all the hundreds of checkpoints scattered across the West Bank, open the passage between the West Bank and the Gaza Strip?
Nothing of the sort happened. 
Olmert did not release a single prisoner - no woman, no child, no old man, no sick person. 
He did indeed announce (for the umpteenth time) that the roadblocks would be "eased", but the Palestinians report that they have not felt any change. Perhaps, here and there, the endless queue at some of the roadblocks has become a little shorter. Also, Olmert gave back a fifth of the Palestinian tax money withheld (or embezzled) by the Israeli government.
To the Palestinians, this looked like another shameful failure for their President: he went to Canossa and received meaningless promises that were not kept.
Why did Olmert go through all these motions?
The naïve explanation is political. President Bush wanted some movement in the Israeli-Palestinian conflict, which would look like an American achievement. Condoleezza Rice transmitted the order to Olmert. Olmert agreed to meet Abbas at long last. There was a meeting. A kiss was effected. Promises were made and immediately forgotten. Americans, as is well known, have short memories. Even shorter (if that is possible) than ours.
But there is also a more cynical explanation. If one humiliates Abbas, one strengthens Hamas. Palestinian support for Abbas depends on one single factor: his ability to get from the US and Israel things Hamas cannot.
The Americans and the Israelis love him, so - the argument goes - they will give him what is needed: the mass release of prisoners, an end to the targeted killings, the removal of the monstrous roadblocks, the opening of the passage between the West Bank and Gaza, the start of serious negotiations for peace. But if Abbas cannot deliver any of these - what remains but the methods of Hamas?
The business of the prisoners provides a good example. Nothing troubles the Palestinians more than this: almost every Palestinian clan has people in prison. Every family is affected: a father, a brother, a son, sometimes a daughter. Every night, the Israeli army "arrests" another dozen or so. How to get them free?
Hamas has a proven remedy: to capture Israelis (in the Israeli and international media, Israelis are "kidnapped" while Palestinians are "arrested"). 
For the return of the Israeli soldier Gilad Shalit, Olmert will release many prisoners. Israelis, according to Palestinian experience, understand only the language of force.
Some of Olmert's advisors had a brilliant idea: to give Abbas hundreds of prisoners as a gift, just for nothing. That would reinforce the position of the Palestinian president and prove to the Palestinians that they can get more from us this way than by violence. It would deal a sharp blow to the Hamas government, whose overthrow is a prime aim of the governments both of Israel and the USA.
Out of the question, cried another group of Olmert's spin doctors. How will the Israeli media react if prisoners are released before Shalit comes home?
The trouble is that Shalit is held by Hamas and its allies, and not by Abbas. If it is forbidden to release prisoners before the return of Shalit, then all the cards are in the hands of Hamas. In that case, perhaps it makes sense to speak with Hamas? Unthinkable!
The result: no strengthening of Abbas, no dialogue with Hamas, no nothing.
That is an old Israeli tradition: when there are two alternatives, we choose the third: not to do anything.
For me, the classic example is the Jericho affair. In the middle 70s, King Hussein made an offer to Henry Kissinger: Israel should withdraw from Jericho and turn the town over to the king. The Jordanian army would hoist the Jordanian flag there, announcing symbolically that Jordan is the decisive Arab presence in the West Bank.
Kissinger liked the idea and called Yigal Allon, the Israeli foreign minister. Allon informed the Prime Minister, Yitzhak Rabin. All the top political echelon - Rabin, Allon, the Defense Minister Shimon Peres - were already enthusiastic supporters of the "Jordanian Option", as were their predecessors, Golda Meir, Moshe Dayan and Abba Eban. My friends and I, who, on the contrary, advocated the "Palestinian Option", were a marginal minority.
But Rabin rejected the offer categorically. Golda had publicly promised to hold a referendum or elections before giving back even one square inch of occupied territory. "I will not call an election because of Jericho!" Rabin declared.
No Jordanian Option. No Palestinian Option. No nothing.
Now the same is happening vis-à-vis Syria.
Again there are two alternatives. The first: to star negotiations with Bashar al-Assad, who is making public overtures. That means being ready to give back the Golan Heights and allow the 60 thousand Syrian refugees to return home. In return, Sunni Syria could well cut itself loose from Iran and Hizbullah and join the front of Sunni states. Since Syria is both Sunni and secular-nationalist, that may also have a positive effect on the Palestinians.
Olmert has demanded that Assad cut himself off from Iran and stop helping Hizbullah before any negotiations. That is a ridiculous demand, obviously intended to serve as an alibi for refusing to start talking. After all, Assad uses Hizbullah in order to put pressure on Israel to return the Golan. His alliance with Iran also serves the same purpose. How can he give up in advance the few cards he holds and still hope to achieve anything in the negotiations?
The opposite alternative suggested by some senior army commanders: to invade Syria and do the same there as the Americans have done in Iraq. That would create anarchy throughout the Arab world, a situation that would be good for Israel. That would also renovate the image of the Israeli army that was damaged in Lebanon and restore its "deterrence power".
So what will Olmert do? Give the Golan back? God forbid! Does he need trouble with the 16 thousand vociferous settlers there? What then, will he start a war with Syria? No! Hasn't he had enough military setbacks? So he will go for the third alternative: to do nothing.
Bashar Assad has at least one consolation: He does not run the risk of being kissed by Olmert."
Uri Avnery


Reservistas da IDF, forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence 
"The truth is that the Shimshon Brigade did the worst of the things I saw. That house where they destroyed a wall, they went like crazy looting it . . . What do you mean, “looting”? They, say, they shat on the . . . they shat on the couches, they stole. They shat on the couches? Shat on the couches before they left, just shat on the couches. They stole suits, they lifted all of the suits in the closet. You saw that? I was there. I left the house with them. They just put a suit in a backpack? No, they just, like, threw the suits in the APC. Okay. They’d leave behind, like deliberately, a house that was totally wrecked. They’d turn the house upside down, like when, when the family’s locked in a room . . . they’d just turn their house upside down . . . And also how they . . . their arrest procedures were very, very violent . . . What do you mean? Give me a specific example. We ran into some . . . we were separate forces for a while, we’d come from one place, and they’d be stuck with, with the tank in some alley, they couldn’t get out . . . So they were with the tank, and there were some four cars in front of them, blocking them, and a porch. Like the whole entrance to a house, an old Arab house, and they drove up with the . . . they drove the tank over the cars. Of course, they could have got out by reversing, but . . . they decided they had to turn around, they drove over four cars with the tank, they just went up, they turned around, and took off the whole entrance to the house with the back of the tank. They took down half a house, like with the tank, and left. And say, also that . . . I got there and they’d detained people, like there were, we’d round people up and all the men had to come to . . . before we’d break into the Mukata’a, [the administrative offices of the Palestinian Authority] the commercial area, they’d announce that all the men had to go somewhere where they’d all be checked, and then we went into the Mukata’a, and then they were allowed back. And when they got all those men, they just . . . they’d make them undress to . . . undress down to nothing. Anyone who hesitated a bit, they’d start beating him, pushing him, hitting him, shooting in the air . . . things like that. And then they released them. These are people who came, who were told they had to come and they came of their own volition. And by the way, when we went into that Mukata’a, it was supposed to be, the way the Shimshon commander had characterized the mission in the briefing, he said, “Some of you won’t come back,” just like that. “Some won’t come back, there’s going to be some insane fighting.” When we went in they didn’t fire at us once, but those Shimshon guys were firing all over the place in fear. With the . . . acting like they were in their APC."

Nenhum comentário:

Postar um comentário