Mostrando postagens com marcador acordos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador acordos. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de setembro de 2013

Síria? Egito? "Palestine is still the issue"


Barack Obama é uma canseira. A política internacional dos Estados Unidos é inexistente ou uma desconfortável e perigosa dança das cadeiras. A Casa Branca acabou de levar uma rasteira do Kremlin que teve a elegância de reerguê-la discretamente para que o papel do Presidente dos EUA ficasse menos feio, a Síria, os sírios, e o mundo ocidental estão livres, momentânea ou definitivamente, de uma nova ameaça guerreira, porém, hoje não vou nem comentar o brilhante golpe de mestre do artigo de Putin do dia 11 de setembro no New York Times (Putin que posa de magnânime fora de suas fronteiras e dentro cabresteia), nem o pronunciamento desprovido de sentido de Obama (que dentro e fora de suas fronteiras espiona o mundo inteiro), e só vou dar uma palavrinha sobre a força que o Al-Qaeda ganhou na Síria durante estas semanas do vai e vem belicista de Washington.
A bandeira preta desta seita militar ultra-extremista que lá se chama ISIS - Islamic State of Irak and Syria - voltou a ser asteada sem complexo em regiões que Assad já estava para controlar.
E as declarações do líder de uma dessas facções jihadistas do nordeste do país voltam a preocupar e vão obrigar Assad a voltar a pegar pesado e dar no que falar.
Há semanas, Abu Ismail, líder de um desses grupos terroristas, ao ser interrogado sobre uma possível intervenção dos EUA, disse: "We have learned the lessons from Iraq. Iraq has made us better fighters....If you control this part of Syria, you control all the Middle East.... The fight here is more difficult than Iraq. We have the regime, Hezbollah, the Lebanese army, the Shabiha, Iran, all of them fighting us. And now maybe the Americans. We know how to defeat their air force. We know how to manoeuvre and hide from them...."
E pensar que estes extremistas que Assad combate recuperaram força e confiança justamente porque os Estados Unidos queriam descartar a oposição a Israel de Bashar el-Assad! A miopia do curto prazo é mesmo loucura e bobagem.
Assad quer recuperar o território do Golã que Israel tirou da Síria e quer que Israel se retire civil e militarmente da Palestina. Demandas legítimas que tem feito a Tel Aviv por vias diplomáticas, de maneira civilizada embora Israel mantenha a ocupação pela força das armas.
Os extremistas que na Síria torcem para os Estados Unidos bombardearem as bases de Assad não estão nem aí para a Palestina, para ninguém, para nada. Querem é impor a sharia (lei islâmica) custe o que custar.

O problema é que todas as ações dos Estados Unidos no Oriente Médio - Egito, Síria - têm um único objetivo: proteger Israel dos problemas que os isralenses criam.
No Egito a ditadura militar está cumprindo o combinado sufocando a Faixa de Gaza, como veremos em um próximo blog. Mas na Síria, se facilitarem, o tiro ainda pode sair pela culatra.  Aliás, no Egito idem.
Mas o que nos ocupa hoje é o aniversário de 20 anos de um defunto: os Acordos de Oslo.
Uma enganação que deveria ter gerado um Estado da Palestina antes do fim do milênio, mas que ao contrário gerou Peace Talks injustas e estéreis (como a atual), mais ocupação e uma desilusão que parece inerminável por causa da parcialidade estadunidense e da indiferença internacional .
Então, em vez de falar em Síria, Egito, vou voltar ao verdadeiro problema do Oriente Médio que é a ocupação da Palestina.
      

Apesar de ser um Estado que pratica o terrorismo aberto, calculado; apesar de de ser um Estado fora-da-lei,  isento de obrigação com as Nações Unidas, das quais faz parte; apesar de seus dirigentes serem conhecidos (com uma ou duas exceções) como mistificadores empedernidos, Israel, como seu padrinho gringo, alimenta alguns mitos na comunidade internacional.
Um deles é que suas forças armadas, a IDF, são as mais éticas do planeta terra. Disputa esta mentira com os Estados Unidos que também sentem necessidade de repetir a ladainha cada vez que os GIs cometem abusos no Iraque, no Afeganistão ou estupram uma soldada. 
Bom, a falta de ética humana e militar da IDF já foi há muito demolida pelos próprios reservistas Breaking the Silence. Portanto nem vale a pena mencionar.
Porém, há uma frente de combate em que Israel realmente demonstra um esmero que suplanta até o dos Estados Unidos - mestres no ramo de distorcer os fatos em benefício próprio. 
Israel talvez ganhe dos EUA de lavada na contra-informação. Na adulteração de fatos. No abuso da credulidade dos incautos. Na manipulação da mídia e da opinião pública internacional mais do que qualquer outro Estado do planeta.
Há anos esmeram na calúnia. Em rotular de antisemita o cidadão não-judeu que ouse criticar a ocupação civil e militar israelense da Palestina.
O pacifista ou ativista judeu estrangeiro anti-ocupação é chamado de self-hated jew e considerado personnae non grata em Israel.
As centenas de israelenses pacifistas e anti-ocupacionistas são difamados e ostracizados. Ainda bem que há o suficiente para conviverem em bom número entre pessoas humanas e cultas.
John Kerry, garoto propaganda do Peace Talks, no meio de todas as questões sírias, deu-se ao trabalho de dizer que o prosseguimento da colonização judia na Cisjordânia não era uma razão para os palestinos abandonarem as negociações (!) e de tentar convencer a União Europeia a adiar a medida de boicote contra os produtos e empresas israelenses ligadas às colônias judias ilegais na Cisjordânia.
Israel vem fazendo o mesmo, através de Shimon Peres, desde que a notícia do boicote, postada neste blog, foi divulgada. Batendo em uma tecla surreal.
A última enganação que o governo sionista de extrema-direita fabricou foi para enganar a União Europeia, ou melhor, para convencer os governos europeus e a opinião pública internacional que o boicote das colônias ilegais é mais nocivo aos palestinos do que aos colonos e aos israelenses.
Ou seja, que boicotar o ocupante prejudica o ocupado.
Sei que parece de uma perversidade inimaginável. Mas quando se trata de limpar a barra imunda em que atolam desde 1967, Bibi Netanyahu, Shimon Peres, Ehud Barak, Avigdor Lieberman, etcétera, abundam em criatividade. 
Pois é, a nova tática de Shimon Peres e seus assessores que assediam os diplomatas europeus é esta.
A tática não é nova. Já fazia algum tempo que o Ministério das Relações Exteriores de Israel vinha batendo nessa tecla desavergonhadamente.
Só que agora resolveram contra-atacar as medidas tomadas na África do Sul e na União Europeia  e as vitórias do BDS com uma ofensiva incrível na mídia.
Andam circulando um documento de propaganda junto com os colonos e até um oficial em que tentam "provar" que o boicote seria/é um o tiro nas colônias que sairia pela culatra e atingiria a Palestina.
(Como, se os colonos lhes tiram terra, liberdade e até água?)
Em junho, o embaixador de Israel na ONU defendeu seu país em Assembleia dizendo que “Should Europeans be successful in banning Israeli products from the West Bank, this will bring about the loss of jobs of several thousands of Palestinians”.
Lembrei na mesma hora do argumento que os Afrikaners na África do Sul usavam o mesmo tipo de argumento para justificar o regime de apartheid em que mantinham a população negra. O embaixador de Israel só mudou os sujeitos. Os sul-africanos diziam parallels here with arguments used against the international boycott campaign during the time of Apartheid South Africa, with ANC activists having to tinham o mesmo tipo de argumento contra o boicote internacional. Que “Non-White people will be the first to be hit by external boycotts”.
A História provou que o boicote surtiu efeito e a inclusão da população nativa negra na sociedade não pulverizou a Nação e sim a enriqueceu.
Voltando ao argumento absurdo israelense, ele peca em várias frentes.
Primeiro, a despeito da falsa-preocupação com o bem-estar dos palestinos manifestada pelos lobistas anti-boicote, a situação de penúria à qual os palestinos são forçados é devida justamente à ocupação.
O regime colonial israelense, no cerne do qual estão as colônias, é caracterizado por uma restrição de movimento dos palestinos e discriminação do acesso à terra que são documentados até pelo Banco Mundial e o FMI como maior empecilho ao desenvolvimento econômico da Cisjordânia.
Só para lembrar, as colônias (que a mídia brasileira chama de "assentamento" em uma tradução errônea ou suspeita como a usada pelos estadunidenses) são considerados ilegais pelas leis internacionais. O Conselho de Segurança da ONU inclusive aprovou a  Resolução 452 em que descreve a política colonial como de nenhuma validade legal e uma violação da Quarta Convenção de Genebra com o respeito da qual todos os membros da ONU são comprometidos.
Visão compartilhada pela Assembleia Geral das Nações Unidas e a International Court of Justice.
E é indiscutível e inegável que o impacto das colônias na população palestina é desastroso. A própria Cruz Vermelha constatou o desastre. A ONU idem, quando reconhece que as colônias limitam o livre movimento dos palestinos, e como diz a  Anistia Internacional, representam uma séria violação da proibição internacional de discriminação.
Segundo, ao contrário da impressão dada pela propaganda israelense, os palestinos que trabalham nos assentamento são submetidos a condições degradantes.
Em 2012, o próprio órgão de controle trabalhista israelense publicou um relatório sobre as "zonas industriais israelenses" na Cisjordânia em que criticava, entre outras coisas, “serious environmental hazards” e negligências “in the field of safety and hygiene” ao ponto de “disregard for human life” e “places in real danger the well-being, health and lives of the workers”.
Além disso, 93 por cento dos trabalhadores palestinos nas colônias são privados de representante trabalhista e recebem um salário abaixo do mínimo legal israelense.
As autorizações de trabalho exigem a aprovação do Shin Bet, Serviço de Segurança interna de Israel; e estas são negadas se um parente tiver sido ou estiver preso em Israel - quase todas as famílias palestinas ao longo das décadas de ocupação tiveram um parente de  12 a 75 anos, próximo ou distante, detido nos presídios israelenses. Portanto...
E cerca de 15 por cento dos trabalhadores palestinos nas colônias judias trabalham em terras que o governo de Israel "confiscou" de sua família.
Terceiro, usar os palestinos que trabalham nas colônias como argumento contra o boicote é mais do que cínica. É indecente. Afinal, devido à ocupação - confisco de terras, barragens, restrição de movimento até de empresários- a população da Cisjordânia se encontra sem perspectiva de trabalho. É por isso que aceitam ser explorados nas colônias que tiram proveito de suas próprias terras.
Oitenta por cento dos palestinos que trabalham nas colônias se dizem "louco para deixar este emprego logo que tiver outro para sustentar minha família." É o que se ouve nos checkpoints dos que falam sem medo.
No final das contas, defender o trabalho palestino nas colônias é pior ainda do que defender os sweatshops, de trabalho escravo, na Ásia, com a frase vergonhosa de "pelo menos eles têm trabalho".

E para concluir, o Movimento BDS nasceu dentro da Palestina, no fim da Segunda Intifada, em julho de 2005.
Não é um movimento estrangeiro que dita regras e conceitos aos nativos que sofrem na pele o que os de fora com boa ou más intenções teorizam.
O movimento de boicote conhecido como BDS tem apoio inclusive de organizações sindicais nacionais de peso, como o Palestinian Agricultural Relief CommitteesPalestinian Farmers AssociationPalestinian Farmers Union, e Union of Agricultural Work Committees.
A má-fé de Shimon Peres e do governo israelense é certa. Mas dar ouvidos aos argumentos deles é....
É mais do que paternalismo questionar a vontade dos próprios trabalhadores palestinos e do povo inteiro que quer, antes de tudo, ficar livre da ocupação dos soldados, dos colonos, do muro que invade suas terras, enfim, quer ser independente e livre.
Questionar a validade do boicote individual e europeu dos produtos das colônias judias ilegais na Cisjordânia é uma vergonha. É baixeza.
Contra a força e a violência que o ocupante civil e militar israelense utiliza na Cisjordânia, o único argumento pacifico de peso para obrigar Israel a respeitar as leis internacionais é fazer pressão econômica.
O boicote é legal e facílimo de ser aplicado no quotidiano por todo cidadão do planeta que quiser acabar com a limpeza étnica que há décadas os governos israelenses vêm realizando publicamente na Palestina.

Limpeza étnica que não parou em 2013, apesar das pseudo Peace Talks.
A IDF matou 14 palestinos desde o início do ano. Dez a mais do que no mesmo período em 2012.
Os três últimos assassinados no campo de refugiados de Qalandia no dia 26 de agosto foram a gota d'água para a Autoridade Palestina suspender as negociações. Diga-se de passagem, que os israelenses já haviam comprometido bastante com o anúncio da extensão das colônias ilegais em vez do desmantelamento desejado.
Ora as 1.600 unidades anunciadas são justamente em Jerusalém Oriental, que os palestinos veem como sua futura capital. O que fez que um líder palestino acusasse Israel do óbvio, de estar "dealing a direct blow to peace efforts."
Estava e continua golpeando os esforços de paz de Mahmoud Abbas embora o presidente palestino esteja cedendo tanto que seus compatriotas estão se sentindo mais traídos mais do que defendidos por suas autoridades.
Segundo negociadores palestinos que pediram anonimato, uma sessão de peace talks estava marcada em Jericó para o dia do ataque e por causa dele foi cancelada. Mas os israelenses pareciam ter se esquecido do compromisso pois disseram que o ignoravam.
Nesta incursão militar do dia 26 em Qalandia a IDF deixou muitos feridos. Seis deles em estado crítico.
Um dos três palestinos mortos na hora foi Rubin Abdul Rahman Zayyed, de 32 anos, com quatro filhos, e funcionário das Nações Unidas. Estava a caminho do trabalho, embora o ataque tenha sido de madrugada.
Os dois outros mortos foram Yunis Jahjouh, de 22 anos, e Jihad Aslan, de 21.
O ataque começou às 4:30, como de praxe, bem cedo para pegar as famílias desprevenidas, os trabalhadores se aprontando para ir ao trabalho, os meninos à escola. Para causar o máximo de dano possível sem perda nenhuma.
Por que a população local acorda tão cedo?
Porque os israelenses instalaram em Qalandia um dos checkpoints mais aleatórios e draconianos da Cisjordânia. Um adulto, um ancião, um adolescente, um menino, pode passar horas na fila para ir ao trabalho, ao médico, à escola.
O primeiro ministro palestino Rami Hamdallah, após constatar as perdas, declarou que "Such a crime proves the need for an urgent and effective international protection for our people."
Alguém duvida da necessidade de interferência internacional idônea?
Um menino de 13 anos, acostumado com as "incursões" da IDF disse que "I'm not usually scared when the army invades, but that moment it was hard not to be because of all the shooting. I counted about 10 army vehicles in total and many soldiers marching alongside them shooting randomly.”
O porta-voz da IDF declarou que estavam à procura de um "terror suspect when more than 1,500 Palestinians took to the streets and attacked us with firebombs and rocks."
Bem, há controvérsias ao que a IDF afirma.
Primeiro porque atiraram com bala de verdade e os "cruéis", como os veículos militares israelenses são chamados na IDF, estavam prontos para o ataque e atacaram também de verdade. Não foi bem só com "riot-control munitions" termo usado pela IDF para bala de borracha e gás lacrimogêneo.
Um rapaz de 19 anos foi mesmo atingido por bala de borracha na cabeça quando ia trabalhar: “Everyone was lying on the ground when I got hit.”
Ele teve sorte por ter sido atingido apenas por bala de borracha. Muitos outros tiveram azar.
Live fire was used only after soldiers felt their self defence required it. With the great numbers of people and the way the situation developed forces felt there was no choice but to use live fire.”
Foi o que disse o tenente coronel Peter Lerner que é porta-voz da IDF.
Então a munição de verdade foi levada de última hora por um "cruel" que chegou atrasado?
Os porta-vozes israelenses são fidelíssimos à missão de mentir de cara lavada. Quando a pergunta incomoda se fazem de desentendidos ou simplesmente ignoram o jornalista que questiona a mentira. Se pudessem, ou melhor, se não houvesse prova física das balas reais nos cadáveres e feridos, eles teriam confeccionado uma mentira para a mídia veicular e dar-lhes o papel de bonzinhos, ou melhor, de vítimas. Até neste caso de Qalandia tentaram o recurso de vitimizar-se apesar de estarem errados desde o início.
Afinal de contas, o que este batalhão de soldados muito bem armados foi fazer em Qalandia de madrugada? Sequestrar Yusuf Khatib, um rapaz de 25 anos, de quem dizem suspeitar de tráfico de armas, foi a desculpa dada. Com que direito legal internacional?
Falei neste ataque de Qalândia hoje, embora tenha sido em agosto e ataques deste tipo (apesar de ignorados pela grande mídia) serem bastante frequentes, porque me marcou não sei porque cargas d'água.
Este tipo de operações comuns ainda em 2013, em plena Peace Talks made in USA, só servem para aumentar o ressentimento e o sentimento de impotência dos jovens.
Um universitário de 19 anos que conseguiu sair ileso das balas que mataram o jovem Jihad na casa da frente, concluiu dizendo desolado: “They are using terrorism against us and we must resist with all means. The resistance decision is the only decision, the only way.”
É o que Binyamin Netanyahu está buscando com sua limpeza étnica incontrolada, uma Terceira Intifada?


Abaixo, para "celebrar" os 20 anos dos Acordos de Oslo, o  documentário que inspirou o títudo do blog de hoje.
Palestine Is Still the Issue, foi produzido pela Carlton Television inglesa. O documentário foi inspirado no livro da jornalista israelense Amira Haas Drinking The Sea at Gaza.
O jornalista australiano John Pilger (baseado em Londres) fez este documentário em 1977.
Em 2002, durante a Segunda Intifada, John voltou à Cisjordânia e constatou que a questão Palestina continuava a ser a questão moral contemporânea pendente e levou seu documentário de volta às telas.
É um "classico" sobre o conflito, ao ponto de ter virado quase de domínio publico.
Eis abaixo a apresentação feita pelo autor.
"This is a huge bluff of the Israeli establishment, that every criticism of its’ policy is anti-semitism."
“The fate and struggle of the Palestinians are not just critical to the overdue recognition of their basic human rights, but are also central to whether the region, and the wider world, are plunged into war. Israel is now one of the biggest military powers in the world. While nothing changes, the dangers become greater. This is a film about a nation of people, traumatized, humiliated and yet resilient. In trying to liberate less than a quarter of historic Palestine, they have had no army, no air force, and no powerful friends — and have fought back with slingshots and now with the terrorism of the suicide bombers."
Dez anos mais tarde, em 2013, o problema continua o mesmo.
Uma das razões desta ocupação insuportável e inadmissível, talvez seja por causa da má... escolha dos chefes dos governos ocidentais de seus conselheiros para o Oriente Médio. Quase sempre, estes "conselheiros" são judeus sionistas ou simpatizantes israelenses em vez de pessoas imparciais preocupadas em agir de forma justa e conforme a justiça internacional.
Se um dos grandes ocidentais do G20 nomeasse um compatriota de origem palestina (até um competentíssimo) para tal cargo, as críticas choveriam ou não choveriam? Mas quando se trata de um judeu, ninguém diz nada porque tem medo de ser chamado de anti-semita.

Documentário da  Carlton TelevisionPalestine Is Still the Issue (52'). 
Escrito e apresentado por John Pilger. Dirigido por Tony Stark.


Noam Chomsky sobre USA e armas químicas

Reservista da IDF Breaking the silence 
sobre a mão-de-obra palestina nas invasões judias do Vale do Jordão
We had a very tough time with this, morally speaking. This whole checkpoint was about Palestinians coming to work for Israelis in the Jordan Valley. It's just loaded with Israeli exploitation of Palestinians. Loaded.
How do you see this at the checkpoint?
There's the date harvest, the Palestinians are paid something like 50 shekels.
Do you see this at the checkpoint?
Of course. I know how much they're paid. They come every day at four in the morning or five o'clock, and go back at seven in the evening, exhausted. You see a guy exhausted from having worked hard all day, physically, and they receive 50 shekels a day. Great, I mean for date picking that's what they get. That's what the workers get. Now, I see this. Not only do they get 50 shekels for a day's work, but on top of that I stand on them, they have to wait at my checkpoint and undergo that humiliating procedure of inspection. I mean, this whole checkpoint is in fact an economic checkpoint. You feel you're on checkpoint duty not for the sake of Israeli security but for Israel's bank account.
How is that related to the checkpoint?
Who goes through that checkpoint? Only Palestinians working in the Jordan Valley. They have nothing to look for there, just their livelihood. Nothing else. I mean, because of this livelihood there are families in between the areas, but originally the people from Akraba and the hill villages have nothing to look for in the Jordan Valley. These are two separate populations. Nowadays it's already very connected, because when you work somewhere you get connected, and families come into being and stuff. But I am standing at that checkpoint so that Palestinians without work permits will not come through.
Why should I mind their not having work permits?
Officially, from a security point of view, because they were not cleared.
But what does that mean, not cleared? Do you know what prevents a person from getting a work permit?
Listen carefully: if a relative of the fourth degree, meaning your uncle's grandfather, had once thrown a stone back in 1948, I'm not kidding you now, then you don't get a work permit.
How do you know that?
I know that because we once asked a GSS agent about the criteria. We were told there is a very clear definition. If any family relation – fourth degree down – has ever been charged with an act of violence against Israel, no work permit will be issued. That's one of the criteria. Now show me a person, I mean what's the percentage of the population? Nothing. We're at war with them for over fifty years now, clearly someone somewhere back on the family tree had thrown something sometime, you see? Now everything's documented. So you get a 16-year old boy, all smiles, and the grandfather of the father of his brother is the guy who threw a Molotov cocktail in 1962. Now why would this guy bypass the checkpoint – to go on a terrorist attack? No. To get a day's work done. So I'm his checkpoint for economic interests. Cool. Great. It's shit. Beyond capitalism, socialism, never mind. Why do I as a soldier have to watch out for the bank accounts of the Jordan Valley settlers? No reason in the world. That's corrupting occupation at its worst. Pure economic interests.

 


domingo, 4 de agosto de 2013

Peace Talks ou intox de Tel Aviv e Washington?



Vinte anos após os Acordos de Oslo, a notícia internacional da semana foi a retomada das negociações entre Israel e Palestina em Washington.
Peace Talks, no jargão internacional informal da mídia, dos intermediários e dos interessados.
Daí o título do blog de hoje: Peace Talks ou intox(icação, ou seja, conversa fiada de cartas marcadas)?
Nesta trama intermitente dos Estados Unidos dois tipos de analistas mostram a cara. Os que demonstram esperança cautelosa e os céticos que já viram este filme varias vezes com o mesmo prólogo "bem intencionado" até o fim enroscado.
Eu faço parte do segundo grupo que conhece de cor e decorado o desenrolar e o fim da história que termina sempre com os EUA puxando o tapete dos palestinos da primeira à última hora.
Infelizmente, Binyamin Netanyahu é um dos dirigentes mais falso que Israel já teve. Nem Ehud Barak chega aos pés dele.
  
Meu ceticismo vem desde a primeira visita de John Kerry ao Oriente Médio.
Pisava em ovos nas conversas com o governo israelense, dominado majoritariamente por sionistas extremistas exaltados. Evitou nas reuniões os assuntos "melindrosos" que quer queira quer não são o cerne do conflito. Sabia que Netanyahu e seus ministros são pró-ocupação civil e militar da Palestina e tapou o sol com a peneira evitando controvérsia.  em vez de abordar o fundo do problema que só tem um nome: ocupação ilegal de terra alheia e suas consequências nocivas.
Nas capitais árabes e em Ramallah, foi o inverso.  Kerry pressionou como pôde, fez promessas que não cumprirá (a não ser que os EUA ousem dizer a Netanyahu: Basta!) e distribuiu ameaças veladas.
Suas propostas eram tão frágeis e vagas que só conseguiu que Abu Mazem concordasse em mandar alguém a Washington quando acenou com a libertação de 104 prisioneiros - três por cento irrisórios, considerando o número total de presos políticos palestinos que Israel detém há anos e os que continuam sequestrando aleatoriamente. Inclusive menores.

Meu ceticismo vem também do fato que negociar sem a presença de um representante do Hamas é perda de tempo. Sobretudo nas condições atuais. Um enviado de Khaled Meshaal teria e tem de estar presente.
 Além disso, há coisas erradas aos montes. Começando pelo elenco do filme.
Primeiro, a chefe da delegação israelense,  Tzipi Livni, filha de um imigrante polonês que foi um dos dirigentes do Irgum (grupo para-militar sionista que em 1948 foi ativo no massacre dos palestinos). É verdade que em terra de cego, quem tem um olho é rei, o que transposto ao governo israelense, entre todos os extremistas sionistas do governo, ela aparece como a mais moderada.  Porém, esta advogada, hoje Ministra da Justiça, não deixa de ser a mesma pessoa que disse há poucos anos que  "I am a lawyer… But I am against law - international law in particular. Law in general."
E é a mesma pessoa que está "negociando" porque "restarting negotiations would stop the snowball rolling towards us at the UN and in general". São suas próprias palavras, ditas em 2011.
(Sem contar que ela estava no governo em 1998/1999 durante o bombardeio de Gaza.)
Israel acedeu à demanda dos EUA porque está com a corda no pescoço, seu primeiro ministro Binyamin Netanyahu é persona non grata em todos os países ocidentais (orientais, nem se fala), a economia israelense está sendo aos poucos asfixiada pelo boicote crescente... aí, viram a saída de sempre que os EUA lhes oferecem com um tapinha nas costas: Peace Talks pro-forma para melhorarem a imagem no exterior e cedo ou tarde inventarem que se retiraram porque os palestinos demonstram má-vontade.
Este filme é manjado. Repeteco do passado, quando Israel se encontrava encostado na parede e para prosseguir a ocupação tinha de dar uma paradinha estratégica antes de dar o pulo do gato e continuar a fazer só o que lhe interessava.
Pois a posição de Israel quanto à ocupação, expansão e limpeza étnica continua a mesma e obstacula a luta intrínseca à Palestina pela liberdade, soberania e retorno dos refugiados.
Segundo, o do chefe da delegação palestina. Faz mais de vinte anos que Sa'eb Erekat senta-se às mesas de negociações do lado palestino. Desde a Conferência de Madri, em 1991. Ele nasceu em Jericó, na Cisjordânia, e formou-se em Ciências Políticas nos EUA. Tem um doutorado e foi professor da Universidade An-Najah de Nablus, na Cisjordânia.
Foi companheiro de Yasser Arafat e após sua morte foi se moderando até ser acusado de conchavo com os negociadores estadunidenses.
Recebeu as revelações como um balde de água fria e dizem que serviu-lhe de lição. Porém, seu nome foi quase imposto por Israel e os Estados Unidos.
Aliás, há um diálogo entre a israelense e o palestino, gravado em maio de 2008, que é uma pérola de bastidores. Erekat: "Short of your jet fighters in my sky and your army on my territory, can I choose where I secure external defence?"
Livni: "No. In order to create your state you have to agree in advance with Israel – you choose not to have the right of choice afterwards."
Mas o maior erro do elenco não está nos protagonistas israelenses e palestinos. Está no detentor do papel principal do filme, o "enviado especial" dos Estados Unidos.
Pois a partir de agora, Kerry passa o bastão para Martin Indyk.
Quem é ele mesmo? Alguém imparcial e de competência comprovada em questões internacionais melindrosas como George Mitchell?
Não. Indyk está a anos luz do senso de justiça e imparcialidade de Mitchell.
Quem é mesmo este cara, além de ser ex-morador de um kibutz e o único estrangeiro naturalizado estadunidense a ocupar o cargo de embaixador?
Bem, Indyk é lobista israelense em Washington desde a década de oitenta. Foi vice-diretor de pesquisa do AIPAC, o lobby sionista mais poderoso dos Estados Unidos e grande patrocinador de ódio e preconceito dentro da comunidade judia e seus amigos.
Foi embaixador dos EUA em Tel Aviv de 1995 a 1997 e de 2000 a 2001, deixando lembranças indeléveis de seu apoio "velado" a Israel durante estes anos em que serviu Washington e Tel Aviv com devoção canina.
É neste homem que os palestinos têm de confiar?
Um pouco de bom senso na Casa Branca facilitaria o entendimento e evitaria mais esta perda de tempo.  
A não ser que Obama queira deixar claro aos israelenses que os interesses dos extremistas sionistas serão defendidos a unhas e dentes. Danem-se os palestinos! Como sempre.
Aliás, Richard Falk, enviado da ONU aos Territórios Ocupados, abriu o jogo: "Does it not seem strange for the United States, the convening party and the unconditional supporter of Israel, to rely exclusively for diplomatic guidance in this concerted effort to revive the peace talks on persons with such strong and unmistakable pro-Israeli credentials?
What is stranger, still, is that the media never bothers to observe this peculiarity of a negotiating framework in which the side with massive advantages in hard and soft power, as well as great diplomatic leverage, needs to be further strengthened by having the mediating third-party so clearly in its corner. Is this numbness or bias? Are we so used to a biased framework that it is taken for granted, or is it overlooked because it might spoil the PR effect if mentioned out loud?"
Falando nisso, mesmo que Israel concordasse em desmantelar as invasões civis que proliferam na Cisjordânia, a mera definição de Israel como Estado Judeu excluiria 20% da população israelense.
Vinte por cento que correspondem aos 1.413.500 palestinos que conseguiram sobreviver à Naqba e continuaram do lado ocidental da Linha Verde. São cidadãos de Israel muçulmanos e cristãos. Cidadãos de segundo classe, mas com carteira de identidade e lavagem cerebral desde a escola primária.  São os únicos cidadãos israelenses dispensados do serviço militar obrigatório. Por razões óbvias.
O que será deles em um Estado Judeu? E o que será dos refugiados palestinos que ainda carregam consigo as chaves de casa, confiscada quando o Estado de Israel foi unilateralmente criado?
Não sei o que é pior nesta história. Talvez o mais perigoso é que os israelenses consigam o que querem e o futuro da Palestina seja negro como predisse em 1998 o grande Edward Said, o refugiado palestino mais célebre: "Most important, a state declared on the autonomous territories would definitively divide the Palestinian population and its cause more or less forever. Residents of Jerusalem, now annexed by Israel, can play no part, nor be, in the state. An equally undeserving fate awaits Palestinian citizens of Israel, who would also be excluded, as would Palestinians in the Diaspora, whose theoretical right of return would practically be annulled."
Contudo, o leão invisível desta safra Peace Talks 2013 patrocinada pelos EUA, inclusive no caso da solução de Direito dos dois Estados,  que ela só está acontecendo para proteger Israel do que Tel Aviv vê como a maior ameaça aos seus proje
tos de limpeza étnica: responsabilidade.
O processo de paz encabeçado pelos Estados Unidos isenta os israelenses de responsabilidade na raiz do processo legal. A raiz da legalidade no mundo civilizado é a ONU, as leis internacionais e os fóruns internacionais que há anos se esforçam para resolver o conflito de maneira justa e equilibrada. Dentre estes, a Iniciativa de Genebra.
A exclusão da ONU em si é bastante temerária. Mesmo com suas falhas e com a fraqueza de seu atual Secretário, as Nações Unidas são o que são: 193 nações dos cinco continentes, unidas para resolver problemas e encontrar soluções justas, equitáveis, sem recurso de armas. Foi para isto que foi criada após a Segunda Guerra Mundial.
A iniciativa do maior aliado (talvez o único) de Israel de constituir-se juiz, promotor e advogado de um conflito em que uma das partes é sua afilhada é, por definição, mais do que fadada ao fracasso.
Às vezes acho que os estadunidenses ignoram que a Palestina tem o maior índice de universitários do mundo (90% da população - apesar de todas as dificuldades) e que são bastante cultos e inteleligentes. Não apenas os dirigentes do Fatah e do Hamas são todos altamente intelectualizados. Entre os palestinos o estudo é uma questão de honra. Daí o esforço dos israelenses de com as barragens impedirem o acesso às escolas e universidades.
Além de estudo, têm uma cultura mais vasta do que a da maioria absoluta dos estadunidenses e de muitos israelenses.
Aviso aos navegantes dos Peace Talks: os palestinos são apátridas, mas pensam.
Este partidarismo cego, irresponsável e injusto seria uma canseira se não causasse tanto prejuízo material, moral e físico a um povo inteiro.
Minam sistematicamente as vitórias palestinas de reconhecimento nas instâncias internacionais que contam - UNESCO e ONU - e ainda ousam dar uma de bonzinhos.
Vale lembrar os distraídos que toda vez que a Palestina conseguiu reconhecimento em um órgão internacional eminente, os Estados Unidos, junto com Israel, lançaram aos brados acusações de "harm" do processo de paz.
Como se a única via aceitável é a que dá vantagem a seu afilhado.
Ao ponto de exigir como condição sine qua non às negociações atuais que a Autoridade Palestina desista de acionar a Corte Internacional de Justiça para obrigar Israel a respeitar as leis que infringe à vontade no processo de ocupação.
Israel já começa as negociações ganhando, no mínimo, tempo.
Com este compromisso, Obama amarra as mãos de Mahmoud Abbas e ganha no mínimo nove meses.
Enfim, se os palestinos aguentarem tanto tempo.
Em Tel Aviv, esperam, ou melhor, contam que este novo capítulo da novela Peace Talks esvazie o movimento de boicote que Isarel vem sofrendo inexoravelmente.
Prova disso foi Shimon Peres que aproveitou a deixa de Washington para "pedir" para a União Europeia voltar atrás em relação à medida de boicote recém-tomada contra todo e qualquer intercâmbio que envolva as colônias judias na Cisjordânia.
Tudo premeditado nos mínimos detalhes.
Tzipi Livni nos EUA e Shimon Peres na Europa. Ataque nas duas frentes de combate. Este Peres é mesmo o rei do disfarce.
Um jornalista israelense disse o que todos sabem, que para Israel, estas negociações são "preferable over the current anti-Israel incitement campaign being conducted in supermarkets across Europe".
É impressionante o quanto os Estados Unidos e Israel subestimam o resto do mundo. O quanto subestimam os cidadãos do mundo que enxergam e raciocinam e que não se deixam iludir por miragens maquiavélicas.
O boicote continua ativo em todos os mercados do mundo.
Concluindo, Peace Talks 2013 protege Israel da descolonoização obrigatória e viável, apesar dos 500 mil judeus "assentados" em terras alheias na Cisjordânia.
Os israelenses criaram o problema. Agora têm de resolê-lo desocupando como fizeram na Faixa de Gaza. Nem que seja na marra.
Ou então aceitar a proposta dos palestinos. O judeu que quiser ficar no lado oriental da Linha Verde será cidadão do Estado da Palestina. Com carteira de identidade e submetido às leis nacionais. Como os palestinos que vivem do lado ocidental da Linha Verde.
O que já é uma concessão inestimável.
E seria justa, se a solução dos dois Estados proposta pelos EUA, que visa proteger Israel como um Estado etnocrático judeu na maioria história palestina, vingar ou vingasse.
Mas o que Washington e Tel Aviv desejam é Jérusalem inteira para os judeus sionistas e uma fraca autoridade palestina em Ramallah a fim de salvar as aparências.
Ou seja, tudo do mesmo jeito.
Isto está explícito nos pronunciamentos de vários membros do governo, inclusive de Livni, que disse em junho deste ano que "the only way to preserve Israel" - como Estado judeu - "is through the political process".
É por isso que mais de 120 judeus estadunidenses influentes  escreveram para Netanyahu recentemente pedindo que prosseguisse a negociação dos dois Estados.
Vão sentar nas mesas de negociação não para que a justiça prevalesça e sim para manter seu status quo ilegal legalmente.
Há quem diga que quaisquer Peace Talks são melhores do que nenhum diálogo porque obriga as duas partes a sentarem e trabalharem para encontrar uma solução.
Quanto a mim, acho que este argumento não passa de um truismo simplista.
É claro que haverá alguma conversa em algum ponto, e submetida às relações de poder desequilibrado envolvidas.
Eu não vejo razão nenhuma para acolher com entusiasmo em vez de ceticismo e suspeita, negociações em que uma das partes é tão claramente protegida e beneficiada logo de início.
Peace Talks EUA 2013 não é a única solução, não é a certa, não é a justa e nem pode ser a defintiva, embora Barack Obama esteja obcecado em deixar o feito da "Paz no Oriente Médio" em seu currículo.
Para isto ele teria de ser uma pessoa que tenta ser, mas não é: sem preconceito, sem apriori, imparcial, magnânime e justo.
A única solução possível tem de vir das Nações Unidas junto com a Iniciativa de Genebra e o Tribunal Internacional de Justiça.
O resto é tapinha nas costas de Binyamin Netanyahu e seus cupinchas e tapa nas mãos e na cara de Abu Mazen e de Khaled Meshaal. Enfim, de todos os palestinos na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e na diáspora.


"It became clear that Kerry did not have a serious project or vision toward the Arab-Israeli conflict. We in Hamas don't place our hopes or bets on the White House or any international capital. It is true that we have followed Kerry's announcements, including his statements and calls to renew negotiations. We saw how he chose to put pressure on the Palestinian presidency and some Arab parties, without going to the root of the problem — the Israeli occupation — and putting pressure on its leaders. It was the latter that killed the so-called peace process, and still refuses to recognize Palestinian national rights. 
Kerry arrived in the region already knowing that he was faced with an incredibly right-wing Israeli government; a government of settlers. Thus, he avoided any confrontation with the government and put forward ideas of economic peace and investment projects in the West Bank, without addressing the real crux of the conflict, which is the occupation. 
This choice was a mistake on the part of the US administration, and therefore they will fail in these endeavors as they have failed in the past. We are convinced that the future of the Palestinian cause and achieving our people's rights — first and foremost freedom and liberation from the occupation — will be made here on [our] land. This will be achieved via the options we have and the trump cards we possess, most notably the resistance in all its forms. While we will remain open to the regional and international situation and will take advantage of all opportunities, we have not and will not beg anyone. 
Here I must say something clear: the wheel of history and the people's march toward freedom and liberation cannot be stopped by anyone, no matter how great his power. 
Gaza has been absent from the efforts of the US administration, because these efforts are not aimed at a just solution to the issue or an end to the suffering of the Palestinian people. These efforts are limited to crisis management, buying time, and maintaining the "peace process" without genuine peace."
Khaled Meshaal, líder do Hamas em entrevista ao Monitor.
"The negotiations due to open in Washington, after all the efforts of Secretary of State Kerry, will stand or fall primarily with one issue: an agreement that the Green Line, the internationally recognized borders of Israel as they were on June 4, 1967, will be the basis for the permanent border between the existing State of Israel and the State of Palestine which will come into existence at its side" says Gush Shalom, the Israeli Peace Bloc.
"If this is agreed on, we have a breakthrough to a peace agreement with the Palestinians and with the entire Arab world. It would be possible then to hold detailed negotiations of demarking the precise boundary line and define small, reciprocal swaps of territory. Also other issues such as Jerusalem and refugees, highly emotional for both sides, can be solved once it is defined where the two parties stand on the ground and what will be the border between the two states.
On the other hand, if there no agreement on the 1967 borders as the basis for an agreement - and clearly the Government of Israel in its current composition is not likely to agree to provide such an agreement - then negotiations are foredoomed to failure. In that case, the Washington talks will be remembered as a passing episode, followed by escalating violence on the ground and an increasing international isolation for Israel. Decision makers couldn’t disclaim responsibility."
GUSH SHALOM, ONG israelense pela Paz.
"The simplest solution was that provided by Charles de Gaulle. After signing the peace agreement that put an end to the occupation of Algeria after a hundred years, he announced that the French army would leave the country on a certain date. He told the more than a million settlers, many of them fourth or fifth generation: If you want to leave, leave. If you want to stay, stay. The result was a last minute frantic mass exodus of historic dimensions.
I can’t imagine an Israeli leader bold enough to follow that prescription. Even Ariel Sharon, a brutal person without compassion, didn’t dare to.
Of course, the Israeli government could tell these settlers: “If you can make arrangements with the Palestinian government so you can stay there, as Palestinian citizens (or even as Israeli citizens), by all means do so. ”
Some naïve Israelis say: ”Why not? There are a million and a half Arab citizens in Israel. Why can’t there be some hundreds of thousands of Israeli Jews in Palestine?”
Unlikely. The Arabs in Israel live on their own land, where they have lived for centuries. The settlers live on “expropriated” land, and they have justly earned the hatred of their neighbors. I don’t see how a Palestinian government could allow it.
There remains the hard core of the hard core. Those who will not budge without violence. They will have to be removed forcibly by a strong government supported by the bulk of public opinion, expressed through the referendum."
Uri Avnery, jornalista pacifista e ex-parlamentar israelense.




CRONOLOGIA de negociações e acontecimentos de relevância nos últimos vinte anos:

1991: Conferência de Madri, convocada pela Rússia e os Estados Unidos a fim de livrar Israel da Intifada. O movimento de revolta dos palestinos nos territórios ocupados surpreendera Israel em 1987 e vinha lhe causando danos enormes. Inclusive econômicos.  
Israel foi convidado para um face a face com Jordânia, Libano e Síria e representantes palestinos no mês de outubro.
A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) liderada por Yasser Arafat (Abu Ammar) foi excluída.
A intenção de descartar a Organização considerada então "terrorista" e humilhar seu líder foi infrutífera.
O chefe da delegação palestina Sa'eb Erakat chegou com um keffiyeh (o "lenço" preto e branco tradicional na Palestina) nos ombros e esteve em contato constante com seu líder que ditava as ordens da Tunísia.
A OLP era o movimento catalizador das forças de resistência palestina e nada podia ser decidido sem seu acordo. Sabia-se disso, mas Israel e os Estados Unidos assim mesmo a excluíram em mais uma tentativa de humilhar Yasser Arafat.
O primeiro ministro israelense Yitzhak Rabin acbaria entendendo que chegar à paz tinha de lidar diretamente com Abu Ammar e autorizou negociações secretas com a OLP que culminariam em um famoso acordo.

1993: Acordos de Oslo, monitorado por organizações norueguesas, estabeleceu a Autoridade Palestina.
O documento foi negociado por Yitzhak Rabin e Yasser Arafat na Noruega, mas Bill Clinton e a esposa viram a oportunidade de entrar na História e a capturaram.
(Pensaram certo, pois a foto na Casa Branca continua sendo uma das mais publicadas quando se fala em Oriente Médio.)
Os EUA e Bill Clinton colheram os louros do trabalho alheio e os Acordos foram assinados em Washington no dia 13 de setembro.
O "negócio" dos Acordos era bom para Israel e de grego para a Palestina. Por isso foi impopular desde o início. Não oficializava o mínimo que a população queria: um Estado independente em toda a extensão territorial das fronteiras de 1967.
Tal independência estava subordinada a um teste de semi-autonomia ao qual os palestinos seriam submetidos com restrições múltiplas.
Yasser Arafat sabia quão aleatório era o compromisso, porém, sabia também quão aleatório é o tempo de vida -  no ano anterior o avião em que se encontrava caíra de ponta cabeça no deserto líbio durante uma tempestade de areia e, embora ele tivesse sido enrolado em cobertores para diminuir o impacto da queda, o acidente o deixara com ferimentos que exigiram uma cirurgia para remover coágulos sanguíneos no cérebro. Portanto aceitou a promessa sem garantia porque estava louco para voltar para casa após as décadas de exílio e também porque achava que com um governo próprio, em seu território, conseguiria chegar à soberania pretendida.
1994: Tratado de Paz entre Israel e a Jordânia. Assinado no dia 18 de julho.
1998: Peace Talks de Wye River que fracassaram no dia 23 de outubro, no estado de Maryland nos EUA.
Com Yitzhak Rabin fora da jogada por ter sido assassinado por um compatriota extremista, Bill Clinton reuniu em Washington o novo Primeiro Ministro, Binyamin Netanyahu e Yasser Arafat.
Os assuntos principais abordados foram a segurança (mútua) e transferência de terras.
Clinton entendeu de cara que Netanyahu era inconfiável e quanto mais o Primeiro Ministro  israelense falava, menos acreditava no que dizia. Yasser Arafat já sabia disso e não tinha ilusão nenhuma.
Os Estados Unidos ofereceram a Israel todas as garantias em troca de retrocesso na ocupação e devolução de terras, mas Netanyahu chegaria ao ponto de dizer mais tarde que Clinton era "radically pro-Palestinian".
Clinton pode ser acusado de muitas coisas, mas de radical no que quer que seja e de pró-palestino exacerbado.... Há divergências.
2000: Peace Talks de Camp David, que fracassaram em julho de 2001, nos EUA.
Desta vez Bill Clinton reuniu o novo Primeiro Ministro de Israel, Ehud Barak e Yasser Arafat.
Apesar das pressões sobre Arafat para que aceitasse o impossível, os obstáculos da quantidade de território que Israel desocupara, quem controlaria Jérusalem e o direito de retorno dos refugiados palestinos foram obstáculos intransponíveis.
Como sempre, estas questões foram apresentadas como uma concessão de Israel e não um direito palestino inalienável, segundo as leis internacionais. Mas mesmo assim, Barak não abriu mão de nada, Arafat viu que perdera a luta e jogou a toalha, e foi culpado pelo fracaso da "negociação de paz" inaceitável.
(Na época, um colega ganhou o Prêmio Pulitzer por um artigo errado. Ou melhor. Bem monitorado pela contra-informação de Israel. Mas não foi o único a deixar-se enganar ou a ser enganado. Outros fizeram seu mea culpa mais tarde e deixaram de confiar nos comunicados de imprensa formais e dos "informais" "exclusivos".)
2001: Peace Talks de Taba, ou o "canto do cisne" de Bill Clinton, no dia 21 de janeiro.
A Intifada Al-Aqsa (Segunda Intifada) começara em novembro de 2000 nos territórios ocupados, assim como a campanha israelense de assassinatos dos líderes do Fatah e do Hamas, a IDF (forças Armùadas israelenses) estavam reprimindo a revolta palestina com todas as armas das quais dispunha, os mortos se acumulavam, enfim, foi nesse clima que negociadores israelenses e palestinos se encontraram no Egito para tentar encontrar um terreno comum pacifico para resgatar as negociações fracassadas em Campo David.
O clima em Taba foi agradável em todos os sentidos.
Foi a única vez em que se viu um progresso verdadeiro, com pessoas em volta da mesa que falavam, ouviam, se respeitavam e se entendiam.
Porém, George W. Bush fora eleito e estava assumindo o poder à sua maneira. Barak sentiu que com ele seria mais fácil obter tudo o que quisesse e queria, e a concórdia de Taba foi infrutífera.
2003: O Road Map, "desenhado" na Jordânia no dia 04 de junho.
Yasser Arafat já estava sendo ostracizado por George W. Bush por influência do novo Primeiro Ministro israelense Ariel Sharon e os dois se reúnem com o Primeiro Ministro palestino Mahmoud Abbas um novo plano de paz.
Este Plano já é muito menos ambicioso do que os anteriores. É mais para apagar fogos da ocupação do que para extinguir seu incêndio e construir sobre as cinzas.
A base inicial é da demanda aos israelenses de gelarem as colônias/assentamentos, em vez de desmontá-los pura e simplesmente, e a criação de um Estado da Palestina independente, "em 2005".
2004: Assassinato do Sheik Ahmed Yassine e de Abdelaziz Rantissi, líderes fundadores do Hamas.
Morte suspeita de Yasser Arafat.
2005: Fim da Intifada Al-Aqsa e dos atentados suicidas palestinos.
Início da campanha cívica de boicote internacional de Israel, encabeçada pelo BDS Movement

2006: Vitória do Hamas nas eleições legislativas na Palestina.
Com maioria no Congresso e nos municípios, no dia 25 de janeiro o Hamas acede ao direito de eleger o Primeiro Ministro.
Porém, Israel declara que jamais negociará com uma Autoridade Palestina dirigida pelo Hamas (como fizera antes com a OLP de Yasser Afarat) e demoniza o partido. Os Estados Unidos pressionam o Fatah para que reaja (!) e acaba conseguindo minar as tentativas mútuas de formar uma coalizão para os dois partidos governarem juntos.
Sem Yasser Arafat para impor o diálogo e para dar a liga, as manobras políticas externas vingam. Acontece a ruptura entre os dois partidos e uma divisão administrativa.
O Fatah governando a Cisjordânia e o Hamas a Faixa de Gaza.
Foi uma vitória absoluta de Israel e dos EUA sem nenhuma participação direta em nenhuma negociação. Ariel Sharon assegurou seu reinado. Com a divisão que há anos Israel monitorava.
Em junho Israel bombardearia o Libano em mais uma tentativa mortífera e frustrada de enfraquecer o Hezbollah.

2007: Conferência de Annapolis.
George W. Bush, preocupado com o fortalecimento do Hamas, reúne o novo Primeiro Ministro de Israel, Ehud Olmert e Mahmoud Abbas para uma reunião, sem o Hamas.
No dia 27 de novembro, Olmet e Abbas fazem uma declaração conjunta de negociações que levariam a um acordo de paz no fim de 2008.


 2008: Operação Cast Lead - מבצע עופרת יצוקה‎ ou Massacre de Gaza مجزرة غزة‎.
Em vez de paz, no dia 27 de dezembro, aproveitando as férias ocidentais da semana entre o Natal e a Virada, Israel sorateiramente levou violência e morte à Faixa de Gaza.
Usou toda sua potência bélica nos ataques aéreos e terrestres. Inclusive armas químicas como o fósforo branco. 
A operação foi organizada durante meses, minuciosa e sigilosamente.
O primeiro passo foi evacuar os colonos judeus da Faixa em uma operação de desmantelamento dos assentamentos/invasões. Seria impossível causar o dano que pretendiam sem efeitos colateriais nos invasores judeus que ocupavam grande parte da Faix.
Depois foi a preparação militar para levar a cabo a violência vedada à imprensa e às autoridades da ONU durante três semanas.
No fim da Operação Cast Lead a Faixa de Gaza estava em escombros e os corpos de 1385 gazuís jaziam sob os escombros. Dentre eles, 117 mulheres e 410 crianças durante e em consequência.
Israel perdeu 13 homens. 4 deles por friendly fire. Ou seja, mortos pela própria IDF.
Os palestinos feridos, que perderam membros, foram queimados pelo fósforo ou ficaram cegos pela mesma arma química, sobretudo crianças, nunca foram recenceados por organismos independentes, devido ao número.
Falar de paz depois disso, ficava difícil.

 2009: Barack Obama põe sua pedra no processo de paz.
No dia 04 de junho discursa no Cairo e declara seu apoio ao Road Map, inclusive à independência da Palestina e o bloqueio dos assentamentos ilegais israelenses na Cisjordânia. E diz que o Hamas pode "play a role" participar das negociações se parar com as agressões (os foguetes obsoletos que lançava de Gaza) e reconhecer o direito de existência de Israel.
No dia 25 de novembro, após uma visita a Washington em que Obama parecera convincente, Binyamin Netanyahu anunciou o gelo de novas colônias. Gelo que não incluía as já programadas, cujo número era ignorado.
Este número foi anunciado em Tel Aviv durante a visita do vice-presidente estadunidense Joe Biden. 1.600 unidades estavam em andamento. Biden recebeu a notícia como um tapa na cara. Entendeu direitinho o que Clinton já descobrira: Netanyahu é inconfiável da flor da pele à alma.

2010:
Maio: Proximity talks entre Mahmmoud Abbas (Abu Mazem) e Binyamin Netanyahu, por iniciativa de Barack Obama.
Dezoito meses após Gaza começar a contar seus mortos, o enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, George Mitchell, iniciou um processo de negociações entre as partes interessadas.
Acabou desistindo pelas razões de sempre: Netanyahu não quer paz; quer ocupar mais território.
No dia 02 de setembro, Netanyahu e Abu Mazem se encontram em Washington pela primeira vez após dois anos de afastamento.
Ficou combinado que se encontrariam de duas em duas semanas e declararam que um Acordo final poderia ser alcançado dentro de um ano.
Porém, no dia 26 do mesmo mês o prazo de 10 meses de gelo das colônias que Netanyahu dera expirava, inviabilizando a promessa feita na Casa Branca.
No dia 02 de outubro Abu Mazem anunciou que a Autoridade Palestina suspendia as negociações até que Israel impusesse novo gelo nas invasões.
Como resposta, duas semanas mais tarde, Netanyahu ordenou a retomada das obras de centenas de unidades habitacionais nas invasões judias de Jérusalem oriental, em pleno bairro palestino.

2012: Novo bombardeio da Faixa de Gaza em novembro.

2013: Processo de negociações encabeçado por John Kerry.
No dia 04 de março John Kerry faz sua primeira viagem ao Oriente Médio como Secretary of State estadunidense. Assumiu o cargo com a determinação de deixar a Paz entre Israel e Palestina como o grande legado do governo Barack Obama e de sua gestão na pasta de Relações Exteriores dos EUA.
Nessa primeira viagem foi a Ramallah encontrar o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas. Voltou varias vezes para encontrar Binyamin Netanyahu e Mahmoud Abbas empurrando um e outro para que voltassem a negociar.
No dia 28 de julho, conseguiu que Netanyahu fizesse um gesto de boa vontade da parte de Netanyahu. Israel aprovou a libertação de 104 prisioneiros palestinos, alguns dos quais, há décadas estavam presos.
A partir daí, John Kerry fez o convite oficial aos dois homens para um tête-à-tête em Washington.
Para ter certeza de favorecer Israel do início ao fim, o Presidente dos Estados Unidos nomeou como mediador do processo um judeu defensor da causa sionista em Washington.
E para ter certeza que as negociações vão parar aí, Netanyahu vai sabotá-las já.

Documentário Journeyman Pictures (trailer de 11'): Road Map to Apartheid

Palestine in Israeli School books: Nurit Peled Elhanan

Documentário Journeyman Pictures:
Israel/Palestine - Al Awda: The Return