domingo, 27 de novembro de 2016

A Dios, Fidel.

Hasta la victoria, siempre!
Na noite de 25 de julho de 1953, reunido com seus companheiros revolucionários, Fidel sentenciou: "Compañeros: podrán vencer dentro de unas horas o ser vencidos; pero de todas maneras, ¡óiganlo bien, compañeros!, de todas maneras el movimiento triunfará. Si vencemos mañana, se hará más pronto lo que aspiró Martí. Si ocurriera lo contrario, el gesto servirá de ejemplo al pueblo de Cuba, a tomar la bandera y seguir adelante.
El pueblo nos respaldará en Oriente y en toda la isla. ¡Jóvenes del Centenario del Apóstol! Como en el 68 y en el 95, aquí en Oriente damos el primer grito de libertad o muerte! Ya conocen ustedes los objetivos del plan.
Sin duda alguna es peligroso y todo el que salga conmigo de aquí esta noche debe hacerlo por su absoluta voluntad. Aún están a tiempo para decidirse. De todos modos, algunos tendrán que quedarse por falta de armas. Los que estén determinados a ir, den un paso al frente. La consigna es no matar sino por última necesidad".
 "No disparen, las ideas no se matan".
Fidel foi derrotado nesta primeira tentativa e foi preso; solto, anos mais tarde, foi para o México, encontrou o Che, voltaram para Cuba juntos e mudaram a História - de Cuba e da América - em 1959. 
"Um revolucionário pode perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral".
Fidel é morto.
Sensação esquisita esta, de saber que uma pessoa querida definhava de maneira inexorável e mesmo assim, quando chega a notícia da morte, o choque é incontrolável e dolorido. Porque é Fidel. Fidel parecia invencível, até em seus últimos meses de vida. Fisicamente estava acabado, diminuído; mas na mente, na determinação, no humanismo, combatia, sempre.
Fidel fez história. Já era história vivo. Como será julgado daqui a 50 anos? Vendo a emoção à flor da pele dos cubanos, tenho certeza que o balanço será mais do que positivo.    
Não sei o que as televisões do mundo estão mostrando nem o que os jornais estão publicando, mas o povo cubano está aos prantos.
Neste ano de 2016 perdi varias pessoas públicas que marcaram minha época, minha vida e me inspiraram durante o meu percurso humano e jornalístico.
Mas talvez a perda maior de todas tenha sido a do companheiro do Che. 
Fidel, para os latino-americanos da minha geração, representava a esperança de, um dia, nossos países - tão maiores, tão mais ricos e tão mais poderosos do que a Ilha! - também sairem do jugo dos Estados Unidos, da exploração do capitalismo, e ter voz ativa, escola de qualidade e livre; assistência médica e social de dar inveja a países ditos do primeiro mundo; cultura democrática e viva; não ter menino de rua; ter a segurança de deixar a porta da casa aberta, caminhar de madrugada sem calafrio e saber que não tem inimigos - tirando o Pentágono, a CIA e um bando em Miami, cidade que aloja a escória da Ilha.

Sei que os europeus vão hastear a bandeira hipócrita dos Direitos Humanos, os franceses vão esquecer os deslizes de sua própria Revolução, e vão focar sobretudo nos excessos de zelo de Fidel no processo revolucionário, em vez de focar no sucesso da igualdade, real, e da fraternidade.
"Dentro de la revolución todo, contra la revolución nada", foi uma de suas frases mais polêmicas. Talvez este fosse seu defeito, a inflexibilidade. Mas quem sou eu para julgar Fidel, que abandonou o conforto de uma família abastada para lutar pela emancipação social, moral e física de seus compatriotas desfavorecidos? Ele tinha todos os privilégios a perder. A ganhar, apenas trabalho.
"Fue estudiando el capitalismo que me volví comunista". Foi outra de suas frases mais quotadas. Na verdade, ele dizia que foi testemunhando os crimes do capitalismo que abraçara o comunismo.
Fidel cometeu erros. Fidel não era perfeito. Porém, trabalhou incansavelmente por seu povo. Isto em si, já é  um mérito imenso comparado aos dirigentes de nossos países que se preocupam mais com o poder em benefício próprio do que em melhorar as condições de vida de seus governados e diminuir as desigualdades.
Fidel cercava-se de seu povo e de superdotados intelectualmente e em humanidade. Um deles foi o grande Gabriel García Marquez. Outro, foi do continente de onde vieram todos nossos imigrantes forçados negros, Nelson Mandela.
Diego Maradona foi salvo do vício da droga nos quatro anos que passou em Cuba, ajudado por Fidel, paciente e atento à recuperação do astro argentino. Outra grande mente latino-americana gozava de sua amizade, o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel. O nosso gênio musical Chico Buarque também desfrutou mais de uma vez da hospitalidade da Ilha. Nosso outro gênio, da arquitetura, Oscar Niemeyer, recebeu Fidel em seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro. Pois Fidel era simples, sem cerimônia e sem cerimonial.
Fidel era culto e cultivava a educação de seu povo como uma flor preciosíssima. Para ele, o conhecimento era o único caminho que levava à liberdade e à independência. Foi por isso que sua primeira medida foi o programa de alfabetização
Era um leitor compulsivo e seleivo. Apreciava obras literárias de qualidade erudita e conteúdo humano-social. Na prisão devorou tudo de Tolstói e Dostoiéviski, mas seu livro preferido era For whom the bells toll, de Ernest Hemingway. Tnha a impressão que conhecia o livro quase de cor. Citava sempre passagens que o inspiraram em sua luta:"¿Por qué nacimos si no es para ayudar a otros?"... "Yo soy tú y tú eres yo y todo el uno es el otro". Como bien es característico el humanismo en Fidel, él también vio en "Por quién doblan las campanas” lecciones de cómo mantener una guerrilla en combate.: "De los autores estadounidenses, Hemingway es uno de mis favoritos.Yo leí 'Por quién doblan las campanas' cuando era un estudiante... Hemingway habló sobre diferenciar un grupo combatiente guerrillero de un ejército convencional... la novela fue una de los trabajos que me ayudó a trazar estrategias para pelear contra el ejército de Batista", dizia.

Ignácio de Loyola Brandão publicou em 1978 um livro que marcou época e desafiou os milicos que oprimiam a população brasileira e que destruíram o ensino publico brasileiro de qualidade - Cuba de Fidel. O livro é bom, mas o título deveria ser "Fidel de Cuba". O Comandante pertence à ilha mil vez mais do que a ilha a ele.
Os europeus gostam de dar lições de moral, e não querem entender o que Fidel representou na América Latina. Nossa terra cujas veias foram abertas em 1492, 1500,... indefinidamente. Pois os europeus viam-no, como veem tudo e todos, com a ótica estadunidense que contra-informa e transforma o mundo em uma imensa farsa que beneficia um punhado e sempre prejudica a verdade e nossos países.
Os europeus não entendem nosso orgulho da galhardia da Ilha, pequenininha, enfrentar e resistir ao nosso onipotente vizinho do Norte que para manter o way of life de uma minoria de privilegiados, pilha os demais.
A CIA gringa, tentou matar Fidel dezenas de vezes - 638 atentados. Mais do que o Mossad israelense tentou matar Khaled Meshaal. Aliás, Fidel era simpatizante da causa palestina (como não seria? Cuba conhece o crime do embargo e Fidel repudiava com veemência o genocídio que Israel pratica na Palestina). Acho que Fidel e Khaled sofreram o maior número de tentativas de assassinato no planeta - com exceção do Che - que pereceu em uma das traiçoeiras armadilhas. 
Fidel morreu em seu leito. A CIA não deu conta dele. El Comandante poderá cantar vitória até nisso - partiu com 90 anos, levado por Deus.   
Fidel não precisou pôr seu nome em nenhuma rua, praça, e nunca erigiu monumento a si mesmo. Nunca precisou desse tipo de reconhecimento. Seu prazer, seu orgulho, sua alegria, era passear pelas ruas a pé, sem guarda-costas, e ser assediado por onde passasse - não de aclamações lisongeiras, e sim de cumprimentos e saudações amigáveis, carinhosas, tapinhas nas costas como se ele fosse um membro da família, um amigo, um ente querido. Fidel era alegre, otimista, um poço de reflexões memoráveis em um mundo de políticos pobres de cultura e de espírito.
El Jeve Máximo era um workaholic mico-manager, como brincava um companheiro em inglês - lingua que diga-se de passagem, Fidel dominava. E um homem que transitava entre o presente e o futuro em uma rapidez impressionante. Era também um visionário. Previu várias coisas no mundo. Uma delas, que a reaproximação dos EUA e Cuba só se faria com um presidente negro na Casa Branca e um papa latino-americano no Vaticano.
Cuba aproximou-se do Vaticano em 2010. Com a idade, Fidel voltou a dar ouvidos às suas origens católicas - ao Novo Testamento que influenciou tanto seus valores éticos e morais que ditaram sua luta desprendida por seu povo. Primeiro veio Bento. Depois Francisco, o latino-americano que intermediou o reatamento dos laços entre a Havana e Washington, sem dominância dos norte-americanos.
O encontro entre os dois bons ex-alunos dos Jesuítas foi emocionante e quase uma bênção ao revolucionário que estava visivelmente prestes a deixar este mundo e seu povo aos cuidados de Raúl, o caçula do grupo que seguia o Che passo a passo e que hoje, tem a responsabilidade de não trair os Comandantes que nacionalizaram as torres das multinacionais, transformaram o suntuoso palácio do governo em museu da revolução, transformaram e formaram tanto a vida da população que, como mesmo mortos, é impossível apagar suas marcas e apagá-los da memória.
Quando Fidel e o Che lideraram o povo cubano à liberdade em 1959, ninguém acreditava no futuro que ambos anunciavam e representavam.
Ninguém acreditava que os dois conseguissem tirar a ilha da miséria econômica e moral em que o ditador Fulgencio Batista - com o apoio da Casa Branca -  a levara, em cumplicidade com mafiosos gringos que só queriam aterrorizá-la e sugar suas riquezas e sua energia.
A Ilha tem poucos recursos naturais, portanto a penúria é grande e lamentável, muito por causa do bloqueio injusto estabelecido pelos Estados Unidos. Porém, graças à qualidade do sistema de saúde e educacional, Cuba bate todos os recordes de alfabetização e de qualidade de assitência médica.
E que país no mundo tem comitê de leitura para operários na fábrica e na obra em que trabalham?
Camilo Guevara, filho do Che, garante que os gringos não conseguirão desfazer as conquistas, dobrar um povo que conheceu a independência e o respeito humano, mas eu estou/sou cética.
A força dos Estados Unidos; a mensagem lacônica de Donald Trump: Fidel Castro is dead:; significa mais do que essas quatro palavras. Significa, a porta está aberta para entrarmos, usarmos e abusarmos. Será que Raúl deixará?
Quero acreditar que o caçula terá forças para resistir.
Hoje, só quero olhar esta cidade em que o tempo para, os carros antigos que desfilam solenes desafiando a teconlogia moderna, celebrando a vida no que ela tem de essencial, e desfrutar da beleza das casas, da simplicidade no trato, da sinceridade de um povo que ainda não foi contaminado pelos sonhos inacessíveis da nossa sociedade capitalista que exclui os menos ambiciosos e os mais fracos.
Que os Comandantes Che e Fidel, lá do alto, protejam seu povo e roguem a Deus por nós todos.

"Nowhere in the world, in no act of genocide, in no war, are so many people killed per minute, per hour and per day as those that are killed by hunger, thirst and poverty on our planet".

Telesur : Fidel aos 90 anos
The Secret histoy of how Fidel helped to end apartheid in South Africa
Saul Landau: Fidel  (1971)
FIDEL provides a unique view of Cuba's controversial and most polarizing leader. In 1968, Fidel Castro took filmmaker and activist Saul Landau on a weeklong jeep ride through the eastern mountains. The film contains rare archive footage of the Bay of Pigs invasion and scenes of Che Guevara alongside interviews with political prisoners.
 Documentary Channel 4: 638 ways to kill Castro
 
TeleSUR en Vivo
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 La ceremonia de homenaje a Fidel Castro en la Plaza de la Revolución de La Habana
 


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