domingo, 27 de novembro de 2011

Bandeira dos Direitos Humanos a meio mastro, Danielle



Na semana passada a vida perdeu uma aliada, Danielle Mitterrand, uma mulher que assumia a responsabilidade de ser humana.
Danielle foi íntegra, combativa, defensora dos fragilizados, militante assídua dos Direitos Humanos e do Direito de todo cidadão de desfrutar de liberdade e de água potável.
Foi a primeira pessoa influente no mundo a visitar Nelson Mandela na prisão, na África do Sul do apartheid, e convenceu o marido, então presidente François Mitterrand, a receber o Dalai Lama na França, a fim de testemunhar publicamente sua solidariedade.
Diziam que Danielle era a consciência humanista, humana, do marido conhecido pelo brilho de sua inteligência, de sua cultura e de seu maquiavelismo. Foi um grande estadista, mas ela foi mais do que isto. Danielle foi a formiga trabalhadeira, incansável na defesa da gente humilde, sem voz, transparente, que ela fez visível e falante.
Danielle tinha uma simplicidade sincera e sua espontaneidade desconcertava os que medem as palavras e os gestos que melhoram as condições de vida dos que têm pouco ou nada.
Conheci Danielle na minha chegada na França, na militância contra as ditaduras da nossa América Latina -Argentina, Brasil, Chile, El Salvador, Uruguai... enfim, países presos na tarrafa da Operação Condor, gringa.
Recém-chegada e entusiasmada com a vitória Sandinista na Nicarágua contra Anastasio Somoza, ditador durante 45 anos (nenhum dos déspotas árabes o rivaliza) eu achava que tudo era possível; inclusive o Brasil ficar livre dos generais que, na reta final, ainda nos oprimiam e maltratavam.
Danielle foi uma inspiração desde o início. Para mim e para muitos jovens a quem adultos conformados diziam que ideologia de igualdade, idealismo, eram sentimentos juvenis, bens espirituais não duráveis, e que acreditar o contrário era uma ingenuidade risível.
Danielle era a prova vivaz de como é falsa esta mantra que os quarentões repetem entre si para justificarem o materialismo pragmático que cultivaram para levar vantagem.
Eu entrando nos vinte, ela nos cinquenta e algo, tínhamos a mesma vivacidade na peleja pela liberdade, por direitos democráticos e entendi ali, com aquela mulher formidável, que as convicções sólidas não arrefecem e sim se fortalecem com a vivência e a idade.
Homenageando Danielle homenageio todas as pessoas, com mais ou menos idade, vivas e mortas, que não se conformam, que tentam corrigir o que está errado, que não se restringem aos interesses próprios, que amam o próximo de verdade.
Danielle foi um exemplo de insubmissão ao status quo vigente da complacência, do ímpeto de generosidade efêmera, do comodismo do deixar como é que está pra ver como é que fica.
Sempre senti uma grande afinidade com ela, tinha o sentimento de ter saído da mesma forma ética, obstinada, guerreira, movida pela indignação contra o oportunismo e a falta de oportunidade dos amordaçados e sem visibilidade por terem nascido em lugar e hora errados.
Ela não tinha paciência para conversa fiada e nem para promessas vagas. Era movida pelo motor de princípios morais exacerbados ao ponto de às vezes parecer áspera.
Não era.
Sua sensibilidade era quase palpável.
Seus olhos eram atentos, atenciosos; seu olhar era alerta e suas palavras alertavam; ela era toda ouvidos às dolências de seu semelhante; o respeito e a compaixão estavam sempre presentes em sua interação com as outras pessoas, pois o mal do outro nunca era alheio, era próprio.
O marido de Danielle, o François, como ela dizia simplesmente, é um marco na política francesa com a abolição da pena de morte, sua biblioteca, grandes obras arquitetônicas e culturais; ela era a mulher maior ainda que estava ao seu lado, toda sinceridade, sem alarde nem floreado.
Ela era aquela luz potente, tão forte que iluminava com sua energia o caminho de quem olhava pra frente, pro lado e para os maltratos.
Sei que ela preferiria que eu e todos os que tiveram o privilégio de desfrutar, pouco ou muito, de sua influência benéfica, falássemos sobre os problemas da água, das causas pelas quais ela batalhava sem folga e sem falha... mas meu coração está sem vontade de brigar, intelectualizar, gritar como gritou todos os domingos do ano passado a partir do dia 21 de julho em que inaugurei este blog, com uma entrevista dela.
Todos os artigos de 2010, sobre hidropolítica, foram para ela. Os títulos óbvios de todos viraram Danielle.
O mundo solidário, que partilha o sofrimento alheio solidário e se compromete a mitigá-lo, perdeu este ano três pessoas preciosas sem as quais a Terra ficou mais pobre, mais acanhada.
Embora fossem profundamente laicos foram cristãos de verdade. 
Danielle, vocês não se conheceram aqui embaixo, mas tenho certeza que estão na mesma morada; quando se encontrarem aí no alto, dê um abraço no Juliano e um beijo na face esquerda do Vittorio.
Aos três, obrigada.



E para honrar a memória de Danielle com uma nota hídrica,
eis o mapa dos aquíferos na Cisjordânia e o link do blog que aborda este assunto: http://mariangelaberquo.blogspot.com/2010/11/arma-da-sede-na-ocupacao-da-palestina.html.






"Israel must end its discriminatory policies, immediately lift all the restrictions it imposes on Palestinians' acces to water."
Donatella Rovera, Anistia Internacional

domingo, 20 de novembro de 2011

!חוצפה Chutzpah



O título de hoje está em hebraico e em alfabeto latino porque em português não tem nenhuma palavra tão forte quanto chutzpah para demonstrar indignação com atos e pessoas que ultrapassam as fronteiras do admissível. Que pisaram na bola feio. Que fizeram algo indígno.
A foto acima não tem nada com o título, é apenas uma das ilustrações da nova campanha unhate da Benetton, que está surtindo o efeito do escândalo esperado para lembrar o mundo da marca.
O meu chutzpah! é para o Knesset e o governo de Binyamin Netanyahu, por sua política de limpeza étnica e de escalada de conflito com os palestinos, mas também por tolher a liberdade des seus próprios concidadãos lúcidos e responsáveis.
Após a lei que proíbe e pune o exercício do boicote, aprovada em julho, acabaram de aprovar mais uma lei que restringe os direitos cívicos e cauciona os atos nocivos da ala extremista.
A Funding Prohibition Bill nega às ONGs de Direitos Humanos o direito de aceitar contribuições de instituições estrangeiras, inclusive governos.
Em teoria, segundo seus ideólogos, esta lei foi concebida “para impedir interferência externa na política do Estado de Israel”.
Porém, de fato, ela visa apenas as ONGs que criticam a política socio-econômica nefasta do governo e sua campanha de ocupação da Cisjordânia.
Os israelenses democratas estão mais do indignados com mais esta restrição à liberdade, após, entre outras proibições recentes, terem sido impedidos de exercer o direito de boicote a produtos ilegais procedentes do Vale do Jordão invadido.
A hipocrisia desta lei é tão gritante que se as medidas do governo de Netanyahu para tolher a liberdade dos cidadãos não fossem tantas, a justificativa dos ideólogos desta lei seria até risível.
Para começar, enquanto proíbe que as ONGS de Direitos Humanos recebam fundos para não aprovados pelo governo, Israel, através da AIPAC, seu lobby em Washington, interfere sem vergonha na política doméstica estadunidense. Tenta influenciar os votos dos parlamentares e, mais grave ainda, por meios de conchavos e pressão um tanto invasivas e agressivas, tenta influenciar inclusive as eleições dos membros do Congresso e do presidente dos Estados Unidos.
E dentro de suas fronteiras, veda a entrada de dinheiro para Direitos Humanos, mas para controlar a informação e expandir as invasões na Cisjordânia abre as portas para que entre fundos em aluvião.
Sheldon Adelson, sinonista extremista estadunidense que fez fortuna no ramo imobiliário e em casinos, continua a ser porta-voz de Netanyahu em seu jornal Israel HaYom (Israel Today) de Tel Aviv, cujos 39.3% de leitores fazem deste o jornal mais lido de Israel por razão óbvia, sobretudo em tempo de crise - é gratuito. Adelson usa seus fundos estrangeiros para destilar diariamente o veneno da propaganda  de extrema-direita da brava na população menos intelectualizada.
E o outro extremista Irving Moskowitz, magnata do bingo e de casinos na Costa Oeste dos EUA, continua financiando as colônias judias ilegais em Jerusalém como se a terra fosse dele.
Faz vinte anos que Moskowitz tomou a frente das contruções das colônias de Jerusalém Oriental, na Cisjordânia. Ele faz parte do grupo dos piores inimigos públicos, que estão investindo na limpeza étnica em vez da negociação pacífica.
Os israelenses estão perdendo, pouco a pouco, por vias legislativas, uma de suas prerrogativas mais caras e da qual mais se orgulhavam desde a criação de seu Estado: a Democracia.
Enquanto os primos semitas se emancipam nos países vizinhos, os israelenses parecem estar atolando cada vez mais no autoritarismo.



Chutzpah! também para o governo "provisório" do Egito por ter disputado com os manifestantes a gás e bala a posse da praça Tahrir neste sábado. 
Milhares de policiais foram mobilizados contra os manifestantes de todas as religiões e classes sociais que se juntaram na praça na sexta-feira para protestar contra a lentidão das mudanças. Parecia que Hosni Mubarack, banido em fevereiro, tinha retornado à ativa através do general Mohamed Hussein Tantawi (blog 06/02/11), o amigo "fiel" que o susbituiu no poder do qual os egípcios querem que ele se afaste.
Sabem que só com Tantawi descartado é que conseguirão o direito de voto que buscam, o direito de eleger um presidente realmente democrata.
Os peões de Tantawi deixaram mais de seiscentos feridos estendidos na praça Tahrir e um morto.
Os jovens de Suez e de Alexandria logo foram para as ruas em solidariedade aos concidadãos do Cairo e também foram reprimidos.
Enquanto a máquina repressiva de Mubarack estiver montada e o general Tantawi estiver no comando, o Egito não vai chegar à democracia.    


Chutzpah! também para Bashar al-Assad.
Na Síria, o povo continua nas ruas das cidades exigindo reformas e enquanto isto, Assad conseguiu aumentar o prazo dado pela Liga Árabe.
Para quê?
O que está fazendo de concreto para mudar a estrutura repressiva que vigora no país há décadas?
Não se sabe.
O que se sabe é que concorda com a presença de 40 observadores, em vez dos 500 propostos pela Liga Árabe, para que vistoriem o país e avaliem in loco a situação em que o país se encontra.
Digam o que disserem, vai se difícil, se não impossível para Assad continuar nas rédeas de um país que seu regime repressivo levou a esta revolta de proporção dificilmente controlável.



Chutzpah! também a Ali Abdullah Saleh.
Assad não é o único nem o pior inimigo da democracia nos países árabes. No Yêmen, apesar da presença do negociador enviado pelo Conselho de Segurança da ONU, as passeatas continuam e a repressão de Ali Abdullah Saleh não arrefeceu nem um pouquinho.
E lá também, como na Síria, soldados e oficiais do Exército começaram a abandonar o navio e usar o arsenal com o qual ficaram para proteger o povo nas passeatas.
Por que será que a Liga Árabe não fala em enviar observadores a Saana e às cidades do interior em que tantas perdas humanas já foram denunciadas?


Chutzpah! também a Hamad bin Isa al-Khalifa.
No Bahrein que ele dirige desde 1999, primeiro como Emir e depois como Rei, há seis meses que os protestos não param, embora na imprensa pouco se fale.
Tanto na capital Manama quanto no interior do país as passeatas não acabaram.
O país é pequeno, mas tem grandes recursos bélicos para usar na repressão do povo que pede: uma nova constituição democrática e direito de eleger seus representantes nos poderes legislativo e executivo, entre outras reformas democráticas.
O Bahrein, como o Yêmen, são governados com mãos tão ou mais fortes do que na Síria, mas os donos do poder, em ambos os países, têm Washington como padrinhos e contam com a cumplicidade dos dirigentes árabes que conseguiram, de uma maneira ou de outra, controlar as revoltas domésticas antes que ficassem incontroláveis.
Daí os dois pesos e duas medidas, em relação à Síria, tanto no espaço na mídia quanto na indignação explícita ocidental.



Reservistas da IDF Breaking the Silence

For over 20 years Israel has expanded by force of arms. After every stage in this expansion Israel has appealed to “reason” and has suggested “negotiations”. This is the traditional role of the imperial power, because it wishes to consolidate with the least difficulty what it has already taken by violence. Every new conquest becomes the new basis of the proposed negotiation from strength, which ignores the injustice of the previous aggression. The aggression committed by Israel must be condemned, not only because no state has the right to annexe foreign territory, but because every expansion is an experiment to discover how much more aggression the world will tolerate.”
Bertrand Russell, 1970, in Bertrand Russell's Last Message


Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/


domingo, 13 de novembro de 2011

Língua de trapo, Jornalismo e notícia



"Não aguento Netanyahu. Ele é mentiroso."
"Você está cheio dele? Eu tenho de lidar com ele todos os dias!"
Foi o diálogo que incendiou a mídia esta semana. Entre o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o dos Estados Unidos, Barack Obama. Logo depois da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ter desabafado com seus colaboradores: "Toda palavra que sai da boca de Netanyahu é mentira."
Como se sabe, os jornalistas ouviram estas conversas por acaso, como ouvimos muitas, durante tais eventos econômicos e políticos.
Eu não estava por dentro deste acontecimento, mas ele me deixou pensativa e envergonhada com o que não foi dito (foi pensado?) e que repercute no rumo do mundo passo a passo.
Sarkozy reagiu com esta frase contudente à "repreensão" do colega estadunidense por não ter avisado a Casa Branca que na Assembléia da Unesco a França votaria a favor da Palestina.
Talvez devido a esta repreensão (e outras pressões off the record que acontecem sempre, com todos os países) o Conselho de Segurança tenha adiado, mais uma vez, na sexta-feira passada, o voto de reconhecimento da Palestina.
Mas o que mexeu comigo e me levou a questionar, uma vez mais, o exercício moral do jornalismo, foi a maneira com a qual a informação chegou aos nossos ouvidos.
Na sala em que se ouviu a troca de palavras, que se saiba, tinha um repórter estadunidense, um israelense e um punhado de franceses. Em vez de transmiti-la a seus jornais, de publicá-la, eles resolveram, de comum acordo, vedá-la a seus leitores.
Isto não é uma exceção, mas quase um acordo tácito, para o profissional continuar na ativa.
Quem é formado, devidamente diplomado em jornalismo, faz um ano de Ética na Faculdade e respeita o que se chama ON e OFF (the record) porque discrição é preceito de base para preservar e proteger a fonte, que é sagrada, e cuja vontade tem de ser respeitada.
Imagino que os que exercem a profissão sem diploma, mesmo trabalhando "de ouvido", trabalhem conforme as regras. Espero.
Em todos os casos, o repórter que cobre eventos que determinam o seu, o meu, o destino do mundo, assim como o que cobre os pequenos fatos, para não ser ostracizado, vive em promiscuidade com o poder que acompanha no dia a dia.
Para garantir o "furo" ou fazer parte da turma bem informada, ele acaba virando cúmplice da omerta que na mídia funciona como na máfia. Só divulgar o que é permitido, mesmo a informação não tendo sido off the record. Por amizade (furtiva e/ou fictícia ) ou simplesmente para não ser proscrito.
Até os honestos caem na armadilha. Para fugir dela, todos teriam de respeitar o que aprenderam na Universidade e serem éticos, e isto, como em toda profissão, é utopia. E os políticos também teriam de respeitar princípios, serem sinceros...
Neste caso específico do G20, os colegas decidiram não divulgar o que achavam que fosse prejudicar, quem, o quê, não se sabe. Talvez nem eles soubessem de fato. O instinto de sobrevivência falou mais alto.
Porém, como Deus escreve certo por linhas tortas, e jornalista adora trocar figurinha e contar história, um deles contou para outro, que contou para outro, que acabou contando para o jornalista certo. Este trabalha no programa Arrêt sur Image, que mostra na televisão francesa os bastidores da informação. Ou seja, o que se sabe mas não se diz ou o que se vê sem enxergar o principal.
É este tipo de jornalismo que faz o mundo avançar.


Mudando de registro sem mudar demais, quero dizer que sou muito orgulhosa do Brasil e me sinto privilegiada de ser brasileira.
Tipo beata mesmo. Abençoada por Deus e protegida pela natureza.
Já me sentia assim antes do Lula, antes do Brasil entrar no mappa mundi dos países que dão as cartas.
O orgulho tem várias razões abstratas e subjetivas, mas tem duas concretíssimas; que são de nunca termos tido pena de morte (execuções na época dos milicos à parte) e de não termos aderido ao delírio da corrida nuclear bélica.
Somos o único país do BRIC a pôr fé no taco, a ter tido coragem de usar a inteligência e apostar no poder da comunicação, do jeitinho, que move montanhas, em vez de destruí-las com bombas.
Um dos argumentos do Irã para ter bomba atômica é o daquele de crianças, que irritam os adultos, que por sua vez, acabam se dobrando à lógica simplista do filho: Já que ele tem, por que eu não posso ter?
Foi a lógica dos dois grandes – Estados Unidos e União Soviética – quando o mundo era simples (e não sabíamos), dividido em capitalismo e comunismo de maneira bastante maniqueísta, embora um lado e outro compartilhassem, no fundo, os mesmos princípios básicos que regem o cristianismo.
Bons tempos aqueles da guerra fria!
Na época, o músico britânico Sting fez uma música chamada Russians (1) sobre o perigo atômico, na qual deu a Nikita Sergueievitch Krushchov (sucessor de Josef Stalin no governo da URSS de 1958 a 1964) o papel de bandido. Papel que os Estados Unidos alimentavam como se os russos comunistas em vez de terem filhos, comessem os alheios, como diziam os nossos generais que reabriram as veias da América Latina.
Cada estrofe da música terminava com a frase “I hope the Russians Love their children too” – Espero que os russos também amem seus filhos.
Um contra-senso que teria sido claro para ele e para os demais membros do clube atômico da época (Inglaterra, França, China – em ordem de aquisição da tecnologia) se já tivessem posto o pé na Rússia e conhecido o povo de carne, osso e sentimento ainda mais a flor da pele do que o de muitos cidadãos do Oeste.
Dos cinco países, três (Rússia - nuclear em 1949, Reino Unido - em 1952, França - em 1960) aderiram ao NPT (Tratado de Não Proliferação) e dois (EUA - nuclear em 1945, China - em 1964) se restringiram a admiti-lo.
Fora do NPT há ainda Índia - nuclear em 1998, Paquistão - ídem, Coréia do Norte - em 2006, que já realizaram testes, mas não entraram no “Clube Nuclear”.
O Paquistão adquiriu a tecnologia "por causa" da Índia; a Coréia do Norte, "por causa" do irmão-inimigo do Sul; enfim, todos têm um discurso surreal, para uma pessoa lúcida, de defesa-ataque dissuasivos.
A razão do Irã adquiri-la é o fato de Israel possuí-la. Fato internacionalmente conhecido, apesar das autoridades em Tel Aviv negarem com a cara mais lavada do mundo e os Estados Unidos se fazerem de desentendidos.

O que se sabe da aquisição da tecnologia nuclear e da corrida atômica israelense é só por baixo do pano.
Em 1955, o presidente dos EUA Dwight Eisenhower deu um primeiro reator nuclear para Israel de presente. Pequeno.
Em 1964, os franceses construíram para eles um maior no Negev-Naqab (nome hebraico e árabe do deserto situado no sul da Palestina).
Em 1965, Israel subtraiu aos Estados Unidos, na Pensilvânia, 100 quilos de urânio.
Em 1968, em um ato de pirataria em águas internacionais, Israel despojou um navio da Libéria de 200 toneladas de yellowcake, material composto de urânio com 70% a 80% de pureza.
Supõe-se que a bomba ficou pronta na década de 1970.
Sabe-se que em 1973, Golda Meir, quarta primeiro-ministro de Israel, estava pronta para usar treze bombas nucleares na Síria e no Egito. Foi dissuadida pela mãozinha dada pelo compadre Henry Kissinger para que ganhasse a guerra Yom Kippur/Ramadã sem precisar cometer este genocídio.
Diz-se que foi aí, pelas mãos de Kissinger, que os Estados Unidos foram atados ao sigilo atômico e à defesa cega de Israel. Como, precisamente, nem por que contrato, tácito ou assinado, a informação não é exata. 
O segredo entre os compadres foi quebrado pelo técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu (foto acima) em 1986, quando botou a boca no trombone divulgando ao jornal Sunday Times de Londres detalhes sobre o programa nuclear israelense. Mostrando inclusive fotos da Usina Nuclear de Dimona.
(Mordechai é considerado no mundo como um whistleblower, alguém que ousa denunciar ações nocivas. Foi sequestrado pelo Mossad na Itália, transportado drogado para Tel Aviv, onde foi julgado, condenado por traição e encarcerado durante 18 anos. Está “livre” desde 2004, mas um pouco como Suu Kyi, na Birmânia.
Ele é proibido de deixar o território nacional, de ter qualquer contato com a imprensa, de usar telefone fixo e celular, de acessar internet, de aproximar-se de embaixadas e consulados estrangeiros, de aproximar-se mais de 500m de uma fronteira, de visitar portos e aeroportos e de deixar o território israelense.
Como de vez em quando ele desafia uma ou outra restrição de comunicação, vira e mexe é posto atrás das grades.
Mordechai é considerado “o grande herói da era nuclear” por outro whistleblower, o militar harvardiano Daniel Ellsberg que divulgou em 1971 os Pentagon papers, sobre os bastidores da Guerra do Vietnã.)

Desde 1973, estima-se que Israel tenha estocado 400 bombas nucleares prontas para uso em uma distância de 11.500 km. Além do Irã, do Egito e até a Europa.
Neste ínterim, Israel e os EUA têm impedido que os vizinhos adquiriram tecnologia nuclear, inclusive para propósitos energéticos de desenvolvimento.
O relatório da IAEA que confirma que o Irã possui um reator nuclear, ainda inócuo, parece feito sob medida para justificar uma intervenção estrangeira e talvez até amenizar a gravidade da loucura de Biniamyn Netanyahu de bombardear Natanz, a usina nuclear próxima de Teerã.
A simples conjetura de tal ataque parece insana.
Passar ao ato é um crime contra a humanidade. Tanto em relação aos cidadãos iranianos quanto aos concidadãos israelenses.
Os únicos amigos que Netanyahu tinha fora de seu círculo eram Berlusconi e Papamdreou. Ambos recém-descartados de seus respectivos cargos por incompetência declarada e outras coisas mais.
As ruas de Tel Aviv voltaram a ser ocupadas aos sábados por manifestantes que denunciam o governo de Netanyahu de crimes econômicos graves.
Então (em desespero de causa?) vamos Wag the dog? Fomentar uma guerrinha que distraia o povo para manter-me no cargo?
Se não suicida, complicado e irresponsável. 
Uma guerrinha contra o Irã (que teria de responder ao bombardeio, é claro) poderia virar uma guerra sem limite.
Além de Putim já ter avisado que não deixaria passar batido, sem ajuda direta dos EUA no ataque, o Irã tem meios de bloquear esta bomba no golfo com os antimísseis que tem em seu arsenal.
Um ataque “preventivo” no contexto internacional atual seria um ataque que poderia levar a uma Terceira Guerra Mundial, pois se Netanyahu pusesse seu plano em prática, atacaria enquanto os EUA ainda estivessem bem armados no Iraque. Pois tem certeza que seus compadres interviriam quando o Irã revidasse.
O que nenhuma mente sã consegue entender é o porquê desta provocação que causaria perdas de ambos os lados e prejudicaria a Europa inteira, além de matar na raiz as democracias emergentes nos países árabes.

Qual é a desse cara? É a pergunta que me fazem sem parar.
Só quem sabe qual é a de Netanyahu é quem perdeu os mesmos parafusos que ele.
O que se sabe é que Israel nunca, que eu saiba, realizou nenhuma campanha militar com tanta informação “vazada”.
Cão que late não morde? Esperamos que seja o caso.
Por outro lado os chefes militares e do Mossad já condenaram a operação argumentando o que todos sabem: Mesmo sendo a quinta potência bélica do planeta, Israel não tem como proteger seus cidadãos de uma óbvia retaliação ou pior ainda, de uma guerra generalizada. Só se os EUA estiverem dispostos a pisar nesta areia movediça para desviar a atenção de Occupy Wall Street e de seus problemas domésticos causando um de consequências imprevisíveis, com perdas inestimáveis.
Estou falando nas humanas, mas para os materialistas, uma outra informação segue.
Um terço da reserva de petróleo mundial transita pelo estreito de Hormuz (foto acima). Quase todo o petróleo da Arábia Saudita, Irã e Iraque passam por esta faixa de 35 quilômetros de água para chegar aos clientes ocidentais.
No melhor dos casos (na ótica de preservar vidas humanas), logo que o Irã detectar a bomba em seu espaço aéreo, o estreito será fatalmente fechado e antimísseis serão despachados para interceptar os mísseis e os aviões armados.
De imediato, os países ditos industrializados perderão um quinto do abastecimento petroleiro, o que em um contexto econômico normal seria difícil suportar e na crise atual representaria uma catástrofe e uma queda de qualidade de vida imediata.
Preço que é pouco provável que os cidadãos europeus estejam dispostos a pagar.
Sem contar o Hezbollah, ali do lado, que não perderia a oportunidade de vingar-se do massacre de 2006 no Líbano, cujas consequências materiais e humanas (com os filhotes das bombas de fragmentação jogadas pela IDF que continuam a matar e amputar pernas e braços) continuam a povoar seu quotidiano.
Netanyahu deveria, se tivesse bom senso, era parar de uma vez por toda a máquina de guerra, a ocupação, a limpeza étnica, e preparar o terreno para a paz.
Aí então sobraria dinheiro para as escolas e os hospitais que a população pede.
Não custa nada sonhar.


Em Damasco, Assad ficou furioso e preocupado com o ultimato de quatro dias da Liga Árabe para pôr ordem em casa.
Ele continua a negar responsabilidade na carnificina, a solicitar visão imparcial da revolta e vistoria do terreno de areia movediça que virou a Síria.
Porém, se não estiver mesmo ordenando os tiros contra os manifestantes, está perdendo o controle das Forças Armadas, o que, para ele, é pior ainda porque pode ser um novo Golpe que se anuncia.


No Yêmen, o enviado da ONU, Jamal Benomar, está encontrando ambos os lados para negociar a saída do ditador Ali Abdullah Saleh.





I imagine that if I were a Palestinian of the right age, I would, at some stage, have joined one of the terror organizations.”
Ehud Barak, Israeli general, and Prime Minister 1999 - 2001


(1). Sting – Russians: http://youtu.be/4rk78eCIx4E; http://youtu.be/EiWvlpSyzbw;
letra: http://www.azlyrics.com/lyrics/sting/russians.html.
Breaking the Silence: http://www.breakingthesilence.org.il/.
Militarização de Israel e os shiministin: http://youtu.be/yL7LtnAITmA.
Lista de produtos das colônias a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Free Gaza Movement: http://www.freegaza.org/;
Lowkey: http://youtu.be/ET6U54OYxGw;http://youtu.be/kmBnvajSfWU; http://youtu.be/GO5Cay6GUkM;
Global BDS Movement: http://www.bdsmovement.net/.

domingo, 6 de novembro de 2011

UNESCO confirma o Sim à Palestina



A aritmética é simples: 107 países assumem a defesa do Estado da Palestina (dentre eles o nosso, a China, França, Rússia), 21 se escondem em casa, 52 ficam em cima do muro (Grã-Bretanha, Japão) e só 14 ousam acompanhar os Estados Unidos em sua defesa incondicional de Israel.
O Canadá e a Alemanha (esta, incapacitada de votar contra Israel sob pena de ser agredida pelos lobbys sionistas) estão incluídos nestes quatorze países, mas os demais são desconhecidos até para bom aluno de geografia. Como por exemplo, as Ilhas Salomão, Palau, Samoa, Vanuatu, etc. Você já ouviu falar? Talvez em um ou outro, no processo de classificação dos europeus para a Copa do Mundo; mas como Estado...
Mas o fato é que a UNESCO, estruturada de maneira mais democrática, sem o Conselho de Segurança de cinco membros (China, Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia) obrigado à unanimidade, disse Sim ao reconhecimento da Palestina na Organização com plenos poderes e direitos de Estado e os palestinos estão prontos para continuar a via crucis dos órgãos internacionais até chegarem à ONU.
Antes da votação, a União Européia usou de todos os recursos disponíveis como propina, dentre os quais, participação limitada no Comitê Executivo e verba para a restauração da Igreja da Natividade, em Belém. De responsabilidade dos palestinos, já que fica na Cisjordânia, embora todo o dinheiro do turismo cristão só beneficie Israel e suas agências de turismo.
(Israel fica com o dinheiro e a Palestina com a carga de manutenção do nosso patrimônio... Repito, indo à "Terra Santa", exija de sua agência de viagens correspondentes locais palestinos para não ser cúmplice da ocupação e da pilhagem).


Voltando à Unesco, este voto favorável, julgado “prematuro” pela embaixadora dos EUA, resulta de vinte anos de negociação interna na entidade. Irrelevante para Barack Obama, que nos passos do republicano Ronald Reagan cuja política econômica levou a Occupy Wall Street, anunciou o cumprimento da ameaça de corte da contribuição de US$60 milhões que seu país deveria depositar na conta da entidade este ano.
Se todos os aliados dos EUA seguirem sua retirada, o Órgão será amputado de um quarto de seu orçamento.
O dinheiro vai fazer falta aos programas humanitários da UNESCO, sobretudo de defesa dos direitos das mulheres, mas ela sobreviverá como sobreviveu ao corte de Reagan em 1984 por causa “da disparidade crescente entre a política estrangeira dos EUA e os objetivos da UNESCO”.
Por incrível que pareça, quem reintegrou os Estados Unidos vinte anos mais tarde não foi o democrata Bill Clinton e sim seu sucessor republicano, George W. Bush...
Porta da Humildade
Basílica da Natividade
E quais são mesmo estes objetivos Unesianos incompatíveis com a política estadunidense?
A UNESCO (organismo da ONU para as questões culturais, educativas e científicas) protege patrimônios da humanidade, promove programas de alfabetização e proteção de mulheres, crianças, água, enfim, faz o necessário para a preservação do homem, do seu habitat natural e da herança arquitetônica e cultural deixada por nossos antepassados.
O que significa que, na prática, a Autoridade Palestina pretende solicitar à entidade proteção de sítios históricos na Cisjordânia. Israel já destruiu alguns para instalar colônias judias e agora está com um projeto de ocupar outro e transformá-lo em Resort para os israelenses banharem em águas confiscadas.
O Conselho de Segurança da ONU ainda não vetou nem ratificou o voto favorável de sua Assembléia. Obama está empurrando com a barriga enquanto o Quarteto (Estados Unidos, Inglaterra, França, ONU) continua esperando que Tony Blair, o garoto propaganda de Binyamin Netanyahu, consiga convencer Mahmoud Abbas do impossível: concordar em retomar negociações sem nenhuma garantia, nem de gelo das colônias.
O ex primeiro ministro da França Michel Roccard, em suas congratulações à UNESCO, disse: Os Estados Unidos perderam o direito moral de liderar a resolução do conflito Israel-Palestina. Está na hora da Europa entrar no palco.

E nas águas internacionais que avizinham a Faixa de Gaza, Israel interceptou dois navios, integrantes da Flotilha da Liberdade, que pretendiam quebrar o bloqueio para levar víveres e bens diversos aos gazauís.
O irlandês MV Saoirse havia sido sabotado em porto turco e o canadense havia sido bloqueado pelas autoridades gregas em maio.


À direita, um dos muitos prédios ainda em pedaços, bombardeados pela IDF três anos atrás




Vale lembrar que na lista de produtos cuja entrada em Gaza é proibida por Tel Aviv, por representarem “perigo para a segurança de Israel”, constam itens como calçados, papel (inclusive higiênico), café, chá, além de materiais de construção e outros bens básicos de consumo tão "perigosos" quanto estes.



Na Síria, o Exército continua a batalha em Hom, onde os cidadãos majoritariamente sunitas recusam a mão estendida de Bashar el-Assad que promete reformas, mas em médio prazo e duráveis.
Aleppo e Damasco contam com um grande número de manifestantes pró Assad, já que são cidades “cultas”, de tolerância religiosa, inclusive com um grande número de cristãos. São sobretudo duas cidades que cultivam a laicidade.
Apesar da ditadura de Assad ser unanimemente condenada, sua queda, nesta hora exata, está longe de ser unanimidade entre a intelligentzia internacional.
Assad é formado em medicina na Universidade de Damasco e especializado em Oftalmologia no Western Eye Hospital de Londres. Foi em Londres que conheceu a esposa Asma, formada no King's College, filha de sírios de Hom, o pai é médico bem sucedido na Inglaterra onde ela nasceu e foi criada. Asma é sunita, mas o marido é alauita, uma ala minoritária Xiita, e o casal defende o pluralismo religioso que é uma das riquezas do país.
A democracia é uma prática desconhecida na Síria.
Após a ocupação francesa, conheceu um período de instabilidade com uma sucessão de golpes de Estado até a tomada do poder pelo partido Baas e o golpe definitivo de Hafez el-Assad, pai de Bashar, em 1970. Possível por causa da derrota da Guerra dos Seis dias.
Confirmado no poder por cinco referendum sucessivos, Hafez morreu 30 anos mais tarde e Bashar o sucedeu em julho de 2000, também por referendum.
A Síria funciona como o Brasil funcionou durante a Ditadura. Uma vitrine de instituições democráticas sob um regime autoritário.
A diferença é integrismo religioso, que ao contrário dos comunistas que "comiam criancinhas", pode realmente representar uma ameaça. Não pela religiosidade, mas pela ignorância do funcionamento democrático.
É o argumento de Assad.
Reformas, sim, mas graduais, pois se forem abruptas não vão durar e o país vai voltar ao caos do século passado.
O caos já está em marcha. Com incentivo estrangeiro questionável – a Arábia Saudita já cochichou na orelha do Pentágono que não seria nada mal a queda de Assad, devido à proximidade deste com o Irã – a revolta está derrapando e virando uma guerra civil sectária. Cada um defendendo a sua religião e o seu lado.
Assad tem de fazer reformas no sistema autoritário para torná-lo democrático. Isto é um fato indiscutível e um direito inalienável de todos os sírios.
Porém, enquanto as reformas não vingam, deve cruzar os braços e deixar os extremistas atacarem as mulheres sem hijab (véu que as esconda da concupiscência dos machos), picharem igrejas ancestrais, e se engalfinharem?
O que você acha?



O novo plano de Binyamin Netanyahu, além da limpeza étnica da Palestina, é bombardear as instalações nucleares do Irã, em Teerã.
Para isto acabou de testar, com sucesso, mísseis que fazem de Teerã um alvo acessível e quase prioritário.
Tenciona repetir a "Operação Ópera", comandada por Menahem Begin no dia 07 de junho de 1981.
Esta operação, condenada por todos os países e por duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, consistiu da destruição do reator Osirak (fornecido ao Iraque pelos franceses como reator de pesquisa) na usina nuclear próxima de Bagdá.
Hoje o inimigo de Israel é o vizinho oriental.
Apesar de alguns membros do governo preferirem que os Estados Unidos tomem a iniciativa deste ataque injustificável, os que o planejam têm certeza que poderão e atacarão quando determinarem. Sem sanções internacionais.
Acham que como sempre acontece em suas operações militares além-fronteiras – tanto bombardeios da IDF quanto assassinatos organizados pelo Mossad – o mundo vai reclamar uns dias, mas a poeira vai baixar loguinho.
Será?




E para concluir, uma palavrinha rápida sobre a "coragem" da Grécia, que eu teria aplaudido de pé há trinta anos, mas hoje que entendo um pouco do mundo, dos homens e de economia, fico com o pé atrás, embora discorde dos argumentos da União Européia.
Não que ache que os gregos estão errados de dizer Basta!, é o porquê que me faz advogada do diabo.  
Em linguagem simples, a economia de um país não é complicada. Como a economia de uma família que vive de salário.
Os impostos são o salário.
É por isto que a arrecadação é baseada no volume da renda da população ativa e é adaptada às despesas do Estado. E vice-versa.
O que causa a bancarrota de um país é a disparidade entre a receita e os gastos.
É por isto que sou refratária às campanhas "humanitárias" aleatórias contra a miséria na África ou alhures.
A Grécia é outro caso.
Na África, quando são países desérticos, sem recursos naturais e sem perspectiva de produção de riqueza, a ajuda é válida. Estes casos são raros.  
Os demais estão no fundo do poço por uma, duas ou estas três razões básicas: Má gestão, demissão da elite econômica, corrupção. 
No caso da Grécia os três ingredientes contribuíram ao empobrecimento do povo e do Estado.
É um país que vive basicamente do turismo. Portanto, a receita que este gera é imprescindível à sua manutenção. Porém, a renda dos comerciantes não é controlada, o consumidor estrangeiro é instigado a pagar com dinheiro para não deixar rastro, e notinha é algo ignorado.
O país inteiro frauda.
Querer fazer negócio na Grécia sem pagar propina é sonhar acordado. E a propina é alta e é o país que padece da corrupção endêmica dos funcionários em todos os escalões do governo. 
E a elite financeira, os armadores bilionários (Quem nunca ouviu falar nos "Onassis"?) não contribuem com nada. O lucro vai todo para o exterior. O Imposto de Renda não vê um centavo dos contratos milionários.
Comparam a Grécia com a Argentina que o Kirchner tirou do buraco. Sem a ajuda do Brasil, do Mercosul, ela teria ficado enterrada. Quem vai puxar a Grécia para cima?    
A Grécia falsificou as contas para entrar na União Européia. Se fosse uma empresa, o presidente responsável seria indiciado. Mas como é "só" o presidente de um país, responsável por dez milhões e setecentos mil concidadãos, ele nem é julgado. 
Talvez os gregos devessem começar a Nova Grécia limpando a casa. Se não limparem, se não mudarem o comportamento e as práticas de sobrevivência a curto prazo, tudo em que estão apostando não vai dar em nada ou a situação vai simplesmente piorar.
George Papandreou, nascido em Minnesota em 1952, nos EUA, pós-graduado na London School of Economics, só foi a e para a Grécia em 1974, no fim da ditadura dos generais. Em 2004 ele pegou o país em pedaços. Mas de lá para cá, fez como Assad, deixou as águas rolarem. 
Assad, mesmo sabendo que autoritarismo é o caminho errado, deixou a democracia para mais tarde até a situação se deteriorar.
Papandreou, um economista que soube logo dos problemas que tinha herdado, resolveu empurrar com a barriga, em vez de enfrentar os males econômicos de cara. É por isto que está sendo descartado.     
Dito isto, se o governo mudar realmente suas práticas, quando você for à Grécia, exija nota fiscal. Estará ajudando o país inteiro, e não apenas um indivíduo, a tirar a cabeça da água e nadar até a praia.
PS. Voltando à advocacia dos fracos, a Grécia representa 2% da Zona Econômica Euro e possui a metade da receita do Lehman Brothers quando esta instituição financeira, que balançou o mundo, fechou as portas.
Portanto, ela representa mesmo um perigo para a economia mundial ou é um aviso da União Européia para que cada um ponha sua casa em ordem sozinho?


Como na Itália,
onde os cidadãos estão acordando,
inclusive os empresários, 
e exigindo a demissão do Tio Patinhas Silvio Berlusconi.
Este cara é mesmo inacreditável.
Parece vilão, canastrão danado, de filme de terceira classe. 











"The so-called ‘Palestinian autonomous areas’ are bantustans. These are restricted entities within the power structure of the Israeli apartheid system.”
Nelson Mandela




Militarização de Israel e os shiministin: http://youtu.be/yL7LtnAITmA;
Lista de produtos das colônias a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Free Gaza Movement: http://www.freegaza.org/;
Lowkey:http://youtu.be/ET6U54OYxGw;http://youtu.be/kmBnvajSfWU; http://youtu.be/GO5Cay6GUkM;
Global BDS Movement: http://www.bdsmovement.net/;
http://www.bigcampaign.org/