"Não aguento Netanyahu. Ele é mentiroso."
"Você está cheio dele? Eu tenho de lidar com ele todos os dias!"
"Você está cheio dele? Eu tenho de lidar com ele todos os dias!"
Foi o diálogo que incendiou a mídia esta semana. Entre o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o dos Estados Unidos, Barack Obama. Logo depois da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ter desabafado com seus colaboradores: "Toda palavra que sai da boca de Netanyahu é mentira."
Como se sabe, os jornalistas ouviram estas conversas por acaso, como ouvimos muitas, durante tais eventos econômicos e políticos.
Eu não estava por dentro deste acontecimento, mas ele me deixou pensativa e envergonhada com o que não foi dito (foi pensado?) e que repercute no rumo do mundo passo a passo.
Sarkozy reagiu com esta frase contudente à "repreensão" do colega estadunidense por não ter avisado a Casa Branca que na Assembléia da Unesco a França votaria a favor da Palestina.
Talvez devido a esta repreensão (e outras pressões off the record que acontecem sempre, com todos os países) o Conselho de Segurança tenha adiado, mais uma vez, na sexta-feira passada, o voto de reconhecimento da Palestina.
Mas o que mexeu comigo e me levou a questionar, uma vez mais, o exercício moral do jornalismo, foi a maneira com a qual a informação chegou aos nossos ouvidos.
Na sala em que se ouviu a troca de palavras, que se saiba, tinha um repórter estadunidense, um israelense e um punhado de franceses. Em vez de transmiti-la a seus jornais, de publicá-la, eles resolveram, de comum acordo, vedá-la a seus leitores.
Isto não é uma exceção, mas quase um acordo tácito, para o profissional continuar na ativa.
Quem é formado, devidamente diplomado em jornalismo, faz um ano de Ética na Faculdade e respeita o que se chama ON e OFF (the record) porque discrição é preceito de base para preservar e proteger a fonte, que é sagrada, e cuja vontade tem de ser respeitada.
Imagino que os que exercem a profissão sem diploma, mesmo trabalhando "de ouvido", trabalhem conforme as regras. Espero.
Em todos os casos, o repórter que cobre eventos que determinam o seu, o meu, o destino do mundo, assim como o que cobre os pequenos fatos, para não ser ostracizado, vive em promiscuidade com o poder que acompanha no dia a dia.
Para garantir o "furo" ou fazer parte da turma bem informada, ele acaba virando cúmplice da omerta que na mídia funciona como na máfia. Só divulgar o que é permitido, mesmo a informação não tendo sido off the record. Por amizade (furtiva e/ou fictícia ) ou simplesmente para não ser proscrito.
Quem é formado, devidamente diplomado em jornalismo, faz um ano de Ética na Faculdade e respeita o que se chama ON e OFF (the record) porque discrição é preceito de base para preservar e proteger a fonte, que é sagrada, e cuja vontade tem de ser respeitada.
Imagino que os que exercem a profissão sem diploma, mesmo trabalhando "de ouvido", trabalhem conforme as regras. Espero.
Em todos os casos, o repórter que cobre eventos que determinam o seu, o meu, o destino do mundo, assim como o que cobre os pequenos fatos, para não ser ostracizado, vive em promiscuidade com o poder que acompanha no dia a dia.
Para garantir o "furo" ou fazer parte da turma bem informada, ele acaba virando cúmplice da omerta que na mídia funciona como na máfia. Só divulgar o que é permitido, mesmo a informação não tendo sido off the record. Por amizade (furtiva e/ou fictícia ) ou simplesmente para não ser proscrito.
Até os honestos caem na armadilha. Para fugir dela, todos teriam de respeitar o que aprenderam na Universidade e serem éticos, e isto, como em toda profissão, é utopia. E os políticos também teriam de respeitar princípios, serem sinceros...
Neste caso específico do G20, os colegas decidiram não divulgar o que achavam que fosse prejudicar, quem, o quê, não se sabe. Talvez nem eles soubessem de fato. O instinto de sobrevivência falou mais alto.
Porém, como Deus escreve certo por linhas tortas, e jornalista adora trocar figurinha e contar história, um deles contou para outro, que contou para outro, que acabou contando para o jornalista certo. Este trabalha no programa Arrêt sur Image, que mostra na televisão francesa os bastidores da informação. Ou seja, o que se sabe mas não se diz ou o que se vê sem enxergar o principal.
É este tipo de jornalismo que faz o mundo avançar.
Mudando de registro sem mudar demais, quero dizer que sou muito orgulhosa do Brasil e me sinto privilegiada de ser brasileira.
Tipo beata mesmo. Abençoada por Deus e protegida pela natureza.
Já me sentia assim antes do Lula, antes do Brasil entrar no mappa mundi dos países que dão as cartas.
O orgulho tem várias razões abstratas e subjetivas, mas tem duas concretíssimas; que são de nunca termos tido pena de morte (execuções na época dos milicos à parte) e de não termos aderido ao delírio da corrida nuclear bélica.
O orgulho tem várias razões abstratas e subjetivas, mas tem duas concretíssimas; que são de nunca termos tido pena de morte (execuções na época dos milicos à parte) e de não termos aderido ao delírio da corrida nuclear bélica.
Somos o único país do BRIC a pôr fé no taco, a ter tido coragem de usar a inteligência e apostar no poder da comunicação, do jeitinho, que move montanhas, em vez de destruí-las com bombas.
Um dos argumentos do Irã para ter bomba atômica é o daquele de crianças, que irritam os adultos, que por sua vez, acabam se dobrando à lógica simplista do filho: Já que ele tem, por que eu não posso ter?
Foi a lógica dos dois grandes – Estados Unidos e União Soviética – quando o mundo era simples (e não sabíamos), dividido em capitalismo e comunismo de maneira bastante maniqueísta, embora um lado e outro compartilhassem, no fundo, os mesmos princípios básicos que regem o cristianismo.
Bons tempos aqueles da guerra fria!
Na época, o músico britânico Sting fez uma música chamada Russians (1) sobre o perigo atômico, na qual deu a Nikita Sergueievitch Krushchov (sucessor de Josef Stalin no governo da URSS de 1958 a 1964) o papel de bandido. Papel que os Estados Unidos alimentavam como se os russos comunistas em vez de terem filhos, comessem os alheios, como diziam os nossos generais que reabriram as veias da América Latina.
Cada estrofe da música terminava com a frase “I hope the Russians Love their children too” – Espero que os russos também amem seus filhos.
Um contra-senso que teria sido claro para ele e para os demais membros do clube atômico da época (Inglaterra, França, China – em ordem de aquisição da tecnologia) se já tivessem posto o pé na Rússia e conhecido o povo de carne, osso e sentimento ainda mais a flor da pele do que o de muitos cidadãos do Oeste.
Dos cinco países, três (Rússia - nuclear em 1949, Reino Unido - em 1952, França - em 1960) aderiram ao NPT (Tratado de Não Proliferação) e dois (EUA - nuclear em 1945, China - em 1964) se restringiram a admiti-lo.
Fora do NPT há ainda Índia - nuclear em 1998, Paquistão - ídem, Coréia do Norte - em 2006, que já realizaram testes, mas não entraram no “Clube Nuclear”.
A razão do Irã adquiri-la é o fato de Israel possuí-la. Fato internacionalmente conhecido, apesar das autoridades em Tel Aviv negarem com a cara mais lavada do mundo e os Estados Unidos se fazerem de desentendidos.
O que se sabe da aquisição da tecnologia nuclear e da corrida atômica israelense é só por baixo do pano.
Em 1955, o presidente dos EUA Dwight Eisenhower deu um primeiro reator nuclear para Israel de presente. Pequeno.
Em 1964, os franceses construíram para eles um maior no Negev-Naqab (nome hebraico e árabe do deserto situado no sul da Palestina).
Em 1965, Israel subtraiu aos Estados Unidos, na Pensilvânia, 100 quilos de urânio.
Em 1968, em um ato de pirataria em águas internacionais, Israel despojou um navio da Libéria de 200 toneladas de yellowcake, material composto de urânio com 70% a 80% de pureza.
Supõe-se que a bomba ficou pronta na década de 1970.
Sabe-se que em 1973, Golda Meir, quarta primeiro-ministro de Israel, estava pronta para usar treze bombas nucleares na Síria e no Egito. Foi dissuadida pela mãozinha dada pelo compadre Henry Kissinger para que ganhasse a guerra Yom Kippur/Ramadã sem precisar cometer este genocídio.
Diz-se que foi aí, pelas mãos de Kissinger, que os Estados Unidos foram atados ao sigilo atômico e à defesa cega de Israel. Como, precisamente, nem por que contrato, tácito ou assinado, a informação não é exata.
Diz-se que foi aí, pelas mãos de Kissinger, que os Estados Unidos foram atados ao sigilo atômico e à defesa cega de Israel. Como, precisamente, nem por que contrato, tácito ou assinado, a informação não é exata.
O segredo entre os compadres foi quebrado pelo técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu (foto acima) em 1986, quando botou a boca no trombone divulgando ao jornal Sunday Times de Londres detalhes sobre o programa nuclear israelense. Mostrando inclusive fotos da Usina Nuclear de Dimona.
(Mordechai é considerado no mundo como um whistleblower, alguém que ousa denunciar ações nocivas. Foi sequestrado pelo Mossad na Itália, transportado drogado para Tel Aviv, onde foi julgado, condenado por traição e encarcerado durante 18 anos. Está “livre” desde 2004, mas um pouco como Suu Kyi, na Birmânia.
Ele é proibido de deixar o território nacional, de ter qualquer contato com a imprensa, de usar telefone fixo e celular, de acessar internet, de aproximar-se de embaixadas e consulados estrangeiros, de aproximar-se mais de 500m de uma fronteira, de visitar portos e aeroportos e de deixar o território israelense.
Mordechai é considerado “o grande herói da era nuclear” por outro whistleblower, o militar harvardiano Daniel Ellsberg que divulgou em 1971 os Pentagon papers, sobre os bastidores da Guerra do Vietnã.)
Desde 1973, estima-se que Israel tenha estocado 400 bombas nucleares prontas para uso em uma distância de 11.500 km. Além do Irã, do Egito e até a Europa.
Neste ínterim, Israel e os EUA têm impedido que os vizinhos adquiriram tecnologia nuclear, inclusive para propósitos energéticos de desenvolvimento.
O relatório da IAEA que confirma que o Irã possui um reator nuclear, ainda inócuo, parece feito sob medida para justificar uma intervenção estrangeira e talvez até amenizar a gravidade da loucura de Biniamyn Netanyahu de bombardear Natanz, a usina nuclear próxima de Teerã.
A simples conjetura de tal ataque parece insana.
Passar ao ato é um crime contra a humanidade. Tanto em relação aos cidadãos iranianos quanto aos concidadãos israelenses.
Os únicos amigos que Netanyahu tinha fora de seu círculo eram Berlusconi e Papamdreou. Ambos recém-descartados de seus respectivos cargos por incompetência declarada e outras coisas mais.
As ruas de Tel Aviv voltaram a ser ocupadas aos sábados por manifestantes que denunciam o governo de Netanyahu de crimes econômicos graves.
Então (em desespero de causa?) vamos Wag the dog? Fomentar uma guerrinha que distraia o povo para manter-me no cargo?
Se não suicida, complicado e irresponsável.
Uma guerrinha contra o Irã (que teria de responder ao bombardeio, é claro) poderia virar uma guerra sem limite.
Além de Putim já ter avisado que não deixaria passar batido, sem ajuda direta dos EUA no ataque, o Irã tem meios de bloquear esta bomba no golfo com os antimísseis que tem em seu arsenal.
O que nenhuma mente sã consegue entender é o porquê desta provocação que causaria perdas de ambos os lados e prejudicaria a Europa inteira, além de matar na raiz as democracias emergentes nos países árabes.
Só quem sabe qual é a de Netanyahu é quem perdeu os mesmos parafusos que ele.
O que se sabe é que Israel nunca, que eu saiba, realizou nenhuma campanha militar com tanta informação “vazada”.
Cão que late não morde? Esperamos que seja o caso.
Cão que late não morde? Esperamos que seja o caso.
Por outro lado os chefes militares e do Mossad já condenaram a operação argumentando o que todos sabem: Mesmo sendo a quinta potência bélica do planeta, Israel não tem como proteger seus cidadãos de uma óbvia retaliação ou pior ainda, de uma guerra generalizada. Só se os EUA estiverem dispostos a pisar nesta areia movediça para desviar a atenção de Occupy Wall Street e de seus problemas domésticos causando um de consequências imprevisíveis, com perdas inestimáveis.
Estou falando nas humanas, mas para os materialistas, uma outra informação segue.
Um terço da reserva de petróleo mundial transita pelo estreito de Hormuz (foto acima). Quase todo o petróleo da Arábia Saudita, Irã e Iraque passam por esta faixa de 35 quilômetros de água para chegar aos clientes ocidentais.
No melhor dos casos (na ótica de preservar vidas humanas), logo que o Irã detectar a bomba em seu espaço aéreo, o estreito será fatalmente fechado e antimísseis serão despachados para interceptar os mísseis e os aviões armados.
De imediato, os países ditos industrializados perderão um quinto do abastecimento petroleiro, o que em um contexto econômico normal seria difícil suportar e na crise atual representaria uma catástrofe e uma queda de qualidade de vida imediata.
Preço que é pouco provável que os cidadãos europeus estejam dispostos a pagar.
Preço que é pouco provável que os cidadãos europeus estejam dispostos a pagar.
Sem contar o Hezbollah, ali do lado, que não perderia a oportunidade de vingar-se do massacre de 2006 no Líbano, cujas consequências materiais e humanas (com os filhotes das bombas de fragmentação jogadas pela IDF que continuam a matar e amputar pernas e braços) continuam a povoar seu quotidiano.
Netanyahu deveria, se tivesse bom senso, era parar de uma vez por toda a máquina de guerra, a ocupação, a limpeza étnica, e preparar o terreno para a paz.
Aí então sobraria dinheiro para as escolas e os hospitais que a população pede.
Não custa nada sonhar.
Em Damasco, Assad ficou furioso e preocupado com o ultimato de quatro dias da Liga Árabe para pôr ordem em casa.
Ele continua a negar responsabilidade na carnificina, a solicitar visão imparcial da revolta e vistoria do terreno de areia movediça que virou a Síria.
Porém, se não estiver mesmo ordenando os tiros contra os manifestantes, está perdendo o controle das Forças Armadas, o que, para ele, é pior ainda porque pode ser um novo Golpe que se anuncia.
No Yêmen, o enviado da ONU, Jamal Benomar, está encontrando ambos os lados para negociar a saída do ditador Ali Abdullah Saleh.
“I imagine that if I were a Palestinian of the right age, I would, at some stage, have joined one of the terror organizations.”
Ehud Barak, Israeli general, and Prime Minister 1999 - 2001
(1). Sting – Russians: http://youtu.be/4rk78eCIx4E; http://youtu.be/EiWvlpSyzbw;
letra: http://www.azlyrics.com/lyrics/sting/russians.html.
Breaking the Silence: http://www.breakingthesilence.org.il/.
Militarização de Israel e os shiministin: http://youtu.be/yL7LtnAITmA.
Lista de produtos das colônias a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Free Gaza Movement: http://www.freegaza.org/;
Lowkey: http://youtu.be/ET6U54OYxGw;http://youtu.be/kmBnvajSfWU; http://youtu.be/GO5Cay6GUkM;
Global BDS Movement: http://www.bdsmovement.net/.
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