domingo, 20 de setembro de 2015

Bombardeios = Crise de Refugiados

Quotidiano da ocupação na Cisjordânia
Soldado da IDF atira em adolescente palestino em tiro alo alvo 
O vídeo está bombando nas redes sociais de Israel com louvores ao assassino

Já disse aqui (e alhures) que detesto ter razão quando enxergo o leão invisível, aponto pra ele sozinha, e os demais só veem a fera quando já está pronta para abocanhar suas presas.
É o caso da Síria.
Na semana passada, colegas ingleses deram o "furo" jornalístico que os países ocidentais recusaram a solução da guerra civil na Síria em 2012. Quase caí da cadeira, já que todo jornalista que cobre o Oriente Médio poderia saber que Kofi Annan demitiu-se da mediação explicando direitinho o porquê de sua decisão (Blog 12/08/12).
A matéria tardia revela os erros da cobertura jornalística da Síria, desde o início.
Como Bashar el-Assad era um ditador, não era de bom tom dizer a verdade e sim alimentar crônicas que justificassem o armamento dos tais "rebeldes", cujos líderes se encontravam confortavelmente instalados em Doha (Qatar) e Ankara (Turquia), sem base popular, mas com armas à vontade fornecidas pelos.... É proibido falar de onde vinham. É um tipo de omerta, como na máfia. O que é compreensível, pois a OTAM, 80% das vezes, funciona como a máfia. E não a Cosanostra italiana e sim a tchetchena. Selvagem e desprovida até da ética abstrata italiana.
Desde 2012 que falo no al-Nusrah e em el Bagdadi (quando eram ignorados pela grande mídia) e dizendo que combater o presidente da Síria apoiando a oposição a qualquer preço era um grande erro.
(Blogs: 05/02/2012 - 03/06/12 - 29/07/12 -  10/03/13 - 22/06/14.)
Os olhos dos amigos se arregalavam quando me viam "defender" Bashar e condenar uma oposição estrangeira que os colegas jornalistas ignoravam ou omitiam por sabe-se lá quais interesses.
O caso de Iraque, Líbia e Síria se assemelham nesse sentido (e em outros mais).
Três ditadores cuja única diferença dos "colegas" árabes era uma certa laicidade e sua independência dos Estados Unidos. Consequentemente, seu apoio aos palestinos contra a ocupação israelense.
Não vou voltar a bater na tecla dos atos amorais cometidos contra esses três países por pragmatismo irresponsável, miopia e interesses escusos.
Não consigo justificar, mas entendo o bandido marginal que rouba, mata, em micro-contexto, e dorme tranquilo. O que não entendo e jamais entenderei é o ladrão e o assassino de colarinho branco, que se diz humano. São estes que causam mais dano porque seus atos em macro-contexto prejudicam centenas, milhares, milhões de pessoas. Quando roubam, roubam de uma cidade, estado, país inteiro; quando declaram guerra atrás de guerra e bombardeiam países alheios, dizimam história, cultura, famílias inteiras, e aniquilam, com uma simples ordem, presente, futuro, esperança e vidas construídas de século a século por gerações sucessivas.
O grande Leon Tosltói tinha toda razão em seu Guerra e Paz (Blog 08/06/14). Guerra é uma barbaridade intolerável em um mundo civilizado. Suas consequências são enfermidades que levam anos para serem curadas. Quando não são crônicas ou mortais.
Desde 2011 que os EUA e seus cúmplices da OTAN e das demais ditaduras árabes pró-EUA, vêm lutando para botar Bashar el Assad de joelhos e riscar a Síria do mapa como potência regional. Só que Bashar tem aliados poderosos que Saddam e Gaddafi não tinham. O Irã e a Rússia, cuja base militar em Tartus foi dobrada desde 2011. Embora Putin tenha mantido sua marinha lá, quieta, mas deixado claro: A Síria é minha e ninguém tasca.
Mensagem clara que o presidente da França François Hollande quer desconsiderar e quem sabe, causar uma terceira guerra mundial. De propósito, por complexo de inferioridade ou por debilidade mental?
Ainda bem que o quarto país estável da região e potente militarmente, o Irã, deixou de ser alfinetado.
Graças a Deus (ou a um bom senso atrasado inspirado de qualquer jeito lá do alto) Barack Obama entendeu o perigo de desestabilizar o regime dos aiatolás e pela primeira vez na história contemporânea, resolveu desconsiderar as demandas de seu afilhado sionista e fazer a coisa certa: as pazes com a única nação cujas fronteiras estão celadas para o Daesh/ISIL/ISIS e al-Qaeda (que já tomou uma cidade do Yêmen estabelecendo governo e tudo o mais) e que quer combatê-los com a mesma energia ocidental. Mas como Obama não quer indispor-se com o lobby sionista, vai receber o criminoso Binyamin Netanyahu na Casa Branca para explicar-lhe direitinho que desestablizando o Irã, Israel só tem a perder, pois o Islamic State está a um passo de lá.
Já contei a história do IS no blog de 22/06/14. Não vou repetir. Só reiterar que é constituído de fanáticos que se chamam fundamentalistas no sentido de reivindicarem um retorno ao Al-Daula al-Islamiyah fundado há 14 séculos por Maomé em Medina e Mecca. El Baghdadi está se servindo de violência exacerbada para subjugar as populações das terras conquistadas: a conversão ou a cova rasa após ser degolado, e estuprada e degolada.
Não há como saber se a violência que Maomé usou para difundir seu Islã foi bárbara como a de Baghdadi e de outros conquistadores anteriores como Alexandre ou posteriores como Napoleão, Hitler e Binyamin Netanyahu. A história (contadora pelo vencedor) não relata o sofrimento do camponês obrigado a assistir sua casa e lavoura serem dizimados, seus filhos executados, sua mulher e filhas estupradas por um, dois, três, quatro e quantos mais selvagens, antes de ele mesmo ser morto em um processo lento ou rápido.
Abro um parêntesis para a "reivindicação" oportunista e oportuna de Angelina Jolie (como Bono e George Clooney, defensora das causas consensuais). Digam o que disserem de Baghdadi e seus para-militares e denuncie Angelina Jolie o que e quem denunciar, o fato é que todo exército, sem exceção, comete atrocidades. Todos. Islâmicos, judeus, cristãos. Porque os homens, em bando, anônimos, viram animais. E as maiores vítimas de guerra são as mulheres. Em qualquer que seja o país e qualquer que seja o conflito. E os meninos. Foi assim na guerra civil da Iugoslávia quando o país foi desmembrado - e não apenas os sérvios, os bósnios também usaram o estupro como arma de humilhação e submissão forçada; é assim onde os soldados ocidentais passam (os gringos estupram até as colegas compatriotas); os soldados da IDF, idem. Angelia Jolie deveria fazer esse discurso primeiro em West Point, para que os "policiais" do mundo e maiores conquistadores do planeta deem exemplo em vez de só jogar bombas.
Quando o Daesh/ISIL usa meios bárbaros - degolando e destruindo sítios arqueológicos pagãos e cristãos milenares assim como xiitas e alauítas ancestrais - divulgados na internet, visa apenas a população islâmica planetária. Por enquanto. Como Salah-a-Din al-Ayyubi - vulgo Saladin, que reagindo à retomada da Palestina pelas Cruzadas, primeiro reuniu o mundo árabe sob seu comando e só depois voltou-se contra o exército europeu.
Baghdadi é instruído (embora sectário e com o sangue contaminado por ódio), conhece a história, e seu objetivo e seu percurso estão sendo nesse sentido.
É por isso que tem de ser parado lá, no Iraque. Os bombardeios da OTAN têm de parar e esta tem de ajudar Bashar el-Assad a retomar a Síria.
Por outro lado, acho que chegou a um ponto em que o Iraque tem de ser dividido, e isto, pelos líderes iraquianos, sem interferência estrangeira. Assim acaba a chacina e o tal "Califado" pode ser delimitado e limitado. Inclusive os estragos.
Pois para completar o problema, os jovens árabes veem Israel, um país minúsculo, dominar as decisões mundiais com a cumplicidade de apenas 14 milhões de judeus espalhados pelos países ocidentais, enquanto que eles, com 1 bilhão de muçulmanos (e 2 bilhões de cristãos que deveriam defender os fracos e oprimidos em vez do mais forte) ficarem a ver navios e serem obrigados a assistir à limpeza étnica da Palestina de braços cruzados. O ressentimento é grande, e não apenas entre os extremistas. Também entre os liberais, instruídos, ocidentalizados. Pois a Palestina é uma pedra no sapato do Ocidente e apesar de Baghdadi odiar o Hamas, o Fatah, e os palestinos de maneira geral (massacrou-os na Síria com mais ódio do que os locais, em Yarmouk), os jovens árabes incautos acreditam em promessas e fecham os olhos aos fatos. Nisso também não são diferentes dos ocidentais que se deixam enganar por seus governantes.
Os especialistas são unânimes: A resolução justa do problema da Palestina seria uma chibatada em Baghdadi, no Al-Qaeda, no Nusrah, e nos exremistas de maneira geral. Se os EUA, a Europa e a ONU tivessem coragem de peitar Israel (e sua miopia suicidária) fariam um grande favor não apenas aos palestinos como também à humanidade inteira.
E para parar el-Bagdadi, têm de deixar de apoiar uma imaginária oposição laica (!) na Síria (que só existe no papel e na vontade de Hollande e Obama - desinformados ou com agenda míope própria) e têm de ajudar Bashar el-Assad, que está combatendo o verdadeiro perigo não apenas para seu país, mas para o mundo ocidental. Não há outro remédio hoje como não havia três anos atrás.
E para parar o avanço de Baghdadi no terreno Síria/Turquia, têm de apoiar os kurdos que resistem à sua investida, e não a Erdogan que quer ver esta etnia corajosa exterminada tanto quanto Baghdadi.
Concluindo, um colega da Al-Jazeera que respeito e com quem normalmente concordo disse há pouco que Bashar el-Assad tinha a escolha entre salvar-se e salvar a Síria e escolheu a primeira alternativa, ao combater os rebeldes. Eu diria que a recíproca é verdadeira: os "rebeldes" também tinham a escolha entre vingar-se de Assad e salvar a Síria e escolheram perder o país para estrangeiros.
É questão de ponto de vista. Para mim, os líderes dos grupos "rebeldes" que gozam de boa vida em Doha & Ankara enquanto seu povo vem sendo massacrado e Bashar el-Assad, são farinha do mesmo saco.
Cross Talk: Western created the Refugee crisis 

E como a realpolítica é amoral até a alma, os sete países que desde 2011 têm mais armado os "rebeldes", aceitaram apenas 2 por cento da totalidade de refugiados que a Alemanha, o Brasil e a Venezuela receberam.
Desde 2011 os países que mandaram cerca de US$16 bilhões em "military aid" são os menos generosos.
O maior responsável pelo status quo atual, ou seja, os Estados Unidos, vêm gastando cerca de US$1 bilhão anuais no apoio aos "rebeldes" sírios e não-sírios, e cerca de US$10 milhões diários em 6.550 bombardeios do ISIS. 37% destes, na Síria, onde atingem tanto civis quanto os bárbaros do Al-Nusrah. Segundo o relatório do Congressional Research Service, os EUA gastaram $7.7 billhões nos últimos quatro anos neste conflito - dinheiro que termina também ou mais nas mãos do ISIS. Em contrapartida, até hoje, aceitaram apenas 1,434 refugiados, segundo o International Rescue Committee, que o criticou abertamente por ter prometido aceitar mais 8.000 (!) e não ter cumprido a palavra.
Até Donald Trump cuja campanha é baseada em xenofobia e racismo acha que seu país tem de acolher mais sírios: “I hate the concept of it, but on a humanitarian basis, you have to.”
Aí Obama prometeu acolher mais 10 mil. Mas até agora é só promessa. Com uma população de 318.9 milhões, é uma gotinha, comparado com os 800 mil que a Alemanha está acolhendo, em seu território de 80.62 milhões de habitantes.
Os Estados Unidos instigaram ou/e protagonizaram o conflito no Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria e Yêmen.
Seus bombardeios e posterior década de ocupação do Iraque resultou na morte de mais de 1 milhão de pessoas, enfraqueceram o governo, levaram o Al-Qaeda para o país e geraram o ISIL - responsável pelo desalojamento de mais de 3.3 milhões de iraquianos.
No Afeganistão, a ocupação estadunidense que começou em 2001 e dura até hoje apesar das promessas contrárias de Obama, é responsável por 2.6 milhões de refugiados, segundo a ONU.
A aliança EUA-OTAN de bombardeio à Líbia destruiu a estrutura governamental e fomentou o caos que resultou na ascenção dos parceiros do ISIS no norte da África. Milhares de líbios estão fugindo do caos do país em embarcações precárias - a ONU estima que 360 mil foram desraizados por causa da guerra civil.
A coalizão da dita Midlle Eastern nations, liderada pela Arábia Saudita e patrocinada pelos EUA para martelar o Yêmen com bombardeios durante seis meses, causou a morte de mais de 4.500 pessoas, grande parte de civis, já que bombarderam prédios residenciais. Desta ingerência bélica, 330 mil yemenitas foram desalojados e o Al-Qaeda não foi derrotado. Muito pelo contrário.
A Grã-Bretanha gastou US$122 milhões em ajuda aos rebeldes que combatem Assad. Aceitou apenas 4.866 refugiados sírios. Co-líder da maioria dos bombardeios estadunidenses, anunciou que acolheria 20.000, mas por volta de 2020, ou seja, após mandato de David Cameron...
O Canadá, maior cupincha dos EUA - o governo e não os canadenses- aprovou verba de US$528 milhões contra o ISIL e já gastou cerca de $190 millões  financiando a oposição a Assad. Aceitou apenas 2.300 refugiados sírios e promete receber um total de 10 mil em três anos. Talvez mais, se o abaixo-assinado popular que pede que o país receba 50.000 der resultado.
A coalizão europeia & EUA - Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, GB - gastou cerca de US$882 milhões. Juntos, aceitaram apenas 16.000 refugiados até agora.
Os bilionários países do Golfo nem pensam em tratar da doença que causaram. São ainda mais vergonhosos, junto com os EUA.
Arábia SauditaQatarEmirados ÁrabesBahreinOman e Kuaite, que nadam em petro-dólares, não receberam nem uma alma. Embora tenham financiado rebeldes sírios e vários grupos extremistas. Inclusive Al-Qaeda e ISIS.
Temem instabilidade política; dizem. Quem tem telhado de vidro deveria evitar jogar pedra no do vizinho. Semeiam tempestade fora de casa e querem colher brisa em casa.
Vale lembrar que 99;5% da mão-de-obra operária nesses países é de estrangeiros. Majoritariamente do sul da Ásia. Aliás, Os emires e príncipes temem que um influxo de refugiados instruídos reacenda a flama da Primavera Árabe que eles esmagaram com muito sangue. Ou que irrite estes trabalhadores estrangeiros que são tratados como escravos, sem os direitos que estes governos teriam de dar aos refugiados.
Enquanto isso, o rei saudita Salman, quando foi a Washington encontrar Obama, reservou um hotel de 5 estrelas - todos os 222 quartos. O pagamento foi feito em ouro, correspondente a US$1 milhão por noite. Ou seja, A Arábia Saudita gastou 3 milhões de dólares só em estadia, nesta viagem. Mas o rei alega não ter fundos para acolher refugiados.
Além dessa despesinha, gastou $300 milhões desde 2011e é suspeita de encabeçar o tráfico de armas dos EUA para os "rebeldes" em concordância com Qatar e Turquia, por onde $136 milhões em armamento transitavam para a Síria;
Emirados Árabes, gastaram $215 milhões em pseudo "humanitarian contributions" aos rebeldes desde 2011;
Kuaite - gastou $800 milhões, inclusive no complô inicial contra Assad em 2010.
Qatar, gastou cerca de $3 bilhões só nos dois primeiros anos e 136 milhões aos grupos armados através da fronteira da Turquia, no prósito de derrubar Assad.
Embora esta coalizão de ditadores árabes tenha fomentado e sido intermediária do financiamento ocidental ao drama, ou seja, estão atolados na responsabilidade do desastre humanitário, não aceitaram um único refugiado.
Iraque, Líbano, Turquia, Egito e Jordânia hoje acolhem 95 por cento da totalidade de refugiados sírios. Embora não tenham incitado revolta em nenhum lugar e nem armado para-militares.
Trocando em miúdos, os países que criaram a instabilidade são os menos solidários às vítimas de seu crime premeditado. Como sempre.
Aliás a Arábia Saudita prometera US$500 milhões para a reconstrução de Gaza - após a OPE israelense que deixou mais de 100 mil residências destruídas, mas não cumpriu o prometido. Nem os outros países do Golfo, por falar nisso.

Segundo o Alto Comissariado para Refugiados da ONU (UNHCR), há cerca de 60 milhões de pessoas em busca de asilo no planeta inteiro.
Desde a Segunda Guerra Mundial que não se via tamanha leva de refugiados. “An all-time high as violence and persecution” nas palavras dos especialistas.
O oriente Médio, a África do Norte e a Ásia Ocidental são as regiões mais atingidas pela catástrofe. Milhões de refugiados da Síria, Iraque, Líbia, Afeganistão, Yêmen, estão fugindo de conflitos.
Só em 2014, cerca de 219 mil pessoas tentaram atravessar o Mar Mediterrâneo em busca de asilo na Europa. No primeiro semestre de 2015, mais de 300 mil se lançaram na mesma aventura. Segundo o UNHCR, mais de 2.500 morreram no caminho. Aylan Kurdi, o garotinho kurdo de 3 anos cuja foto rodou o mundo é apeans um entre dezenas que escoam nas praias gregas, italianas e espanholas. Falando nele, sua família pedira asilo no Canadá e foi recusada porque o formulário estava preenchido errado...
A maioria absoluta dos refugiados vêm da Síria. Mais de 4 milhões estão devidamente registrados no UNHCR. Outros sete milhões continuam no país, porém, desraizados. Metade da população síria está "deslocalizada" dentro ou fora do país.
Como a Síria detém o número recorde, os demais refugiados estão fora da mídia e talvez por isso tenham tido mais solidariedade estrangeira. Talvez seja também pela proximidade cultural.
A guerra civil na Síria resultou na pior crise de refugiados da nossa geração. Pior do que as resultantes da guerra dos EUA no Afeganistão , da chamada guerra do Golfo - invasão do Iraque pelos EUA, do genocídio em Rwanda, do bombardeio da OTAN do Kosovo e outras mais.
A maioria dos refugiados sírios são jovens. 51% dos registrados têm menos de 18 anos, 39% menos de 11. Ou seja, dois quintos dos refugiados sírios são crianças de menos de 11 anos. Inclusive os palestinos.
A crise de refugiados abriu também espaço para os racistas anti-árabe.
Eis o status quo do refugiados e dos países que os acolhem.
Turquia, abriga cerca de 2 millões.
Líbano, mais de 1.1 milhões de refugiados sírios. O que em seu território minúsculo corresponde a um quinto da população.
Jordânia, cerca de 630,000. Aproximadamente 1 entre 13 pessoas lá é refugiado sírio.
O Líbano e a Jordânia têm o maior número de refugiados per capita do mundo.
Apesar da guerra civil em que também está metido, o Iraque está acolhendo cerca de 250,000 refugiados sírios, sobretudo no Kurdistão.
O Egito, acolheu cerca de 130 mil sírios, que diga-se de passagem, não estão sendo tratados como no Líbano e na Jordânia. Muitos foram detidos pelo general ditador Sissi ao chegar. A maioria deles palestinos. Caíram em uma armadilha.
Enquanto a foto de Aylan Kurdi estava sendo publicada no mundo inteiro, um soldado egípcio matou uma menina síria de 8 anos, na frente de sua família. “My daughter was bleeding to death but they wouldn’t call an ambulance,” seu pai relatou à Anistia Internacional.
Alguns refugiados da Síria são palestinos vítimas da Naqba e da diáspora em 1947-48, durante a qual milícias sionistas realizaram uma limpeza étnica bastante eficaz "limpando" cerca de 80% da Plaestina histórica a fim de criar o Estado de Israel. Há milhares de palestinos que se encontram nesta situação de refugiados duas vezes. O que é chamado no jargão da ONU: “double refugees,”
Israel, instigador dos bombardeios ocidentais, recusou a entrada de refugiados. O criminoso de guerra Binyamin Netanyahu justificou:  “We must control our borders, against both illegal migrants and terrorism.” (Terrorista que ataca terrorista tem quantos anos de perdão?)
Aliás, seu governo está construindo outro muro gigantesco. Este, na fronteira com a Jordânia, a fim de bloquear a entrada de refugiados. O plano é estendê-lo até gemeá-lo, no sul, ao já existente na fronteira com o Egito, no norte, com a Síria. Ou seja, surrupiando definitivamente os Golã com cimento armado.
Israel é famoso por suas atrocidades e também pelo racismo contra judeus negros que chegam da África. Netanyahu continua com a política de Ariel Sharon de "melhorar" a raça importando judeus brancos, mas os de pele escura, nem pensar! Quando a ministra da cultura Miri Regev chamou estes imigrantes (2 mil se encontram em "campos de internamento" no centro de detenção de Holot) de "câncer", 52% de isralenses-judeus concordaram.
A Rússia acolheu 1.200 sírios e delcarou que os demais países europeus estão mais preparados culturalmente para receber refugiados porque foram potências coloniais nessa região durante décadas. Além de terem participado ativamente dos bombardeios. Com exceção da Alemanha e da Suécia.
A comissão Europeia estabeleceu um plano de relocalização de 120.000 refugiados que se encontram na Hungria, Grécia e Itália. Neste, Alemanha, Espanha e França acolherão 60 por cento.
França concordou em acolher 24.000 em dois anos.
Alemanha foi acionada para acolher cerca de 31.000 refugiados. Já foi feito + 4 mil. E o governo já anunciou que receberá 500 mil por ano. Até o fim de 2015 haverá 800 mil sírios dentro de suas fronteiras.
Áustria prontificou-se para receber milhares e muitos austríacos se apresentaram como voluntários para ajudar no que fosse preciso. Inclusive liberaram redes de Wi-Fi para os recém-chegados.
Espanha deverá ficar com 15.000.
Grécia está sendo inundada com refugiados. Em um único dia os funcionários da ONU registraram mais de 15.000. Milhares chegam lá. Alguns para ficarem, outros de passagem.
Itália também foi inundada de refugiados. Desde 2012 que dezenas de barcos chegam às suas águas e teve de pedir socorro à União Europeia.
Suécia, (que acolheu centenas de refugiados brasileiros e chilenos durante as ditaduras no Cone Sul) tem sido a mais generosa. Embora seja um paisinho de só 9.9 milhões de habitantes, recebeu mais de 50 mil refugiados em 2015. “After the Second World War, we said we would never again discriminate people. Now we must again decide what kind of Europe we should be, and my Europe takes in people who flee from war, my Europe doesn’t build walls,” declarou um membro do governo de esquerda. Em 2013 a Suécia já oferecera asilo permanente a todos os refugiados sírios que alcançaram suas fronteiras - 8 mil.
Dinamarca, país que apoia os EUA em suas empreitadas militares e onde a extrema-direita tem tido um cresscimento vertiginoso, fez propaganda anti-refugiados e vem deportando sistematicamente para a Alemanha quem consegue chegar lá.
Eslováquia, que também está sofrendo uma ascenção de grupos fascistas, disse que receberá 200 cristãos Em junho, neo-fascistas fizeram uma passeata anti-islâmica em Bratislava cantando “Hang the refugees!” Milhares foram presos nestes "comícios" e em outros do mesmo tipo.
República Tcheca como seu vizinho gêmeo também está recusando as quotas impostas pela União Europeia. E um político de extrema-direita sugeriu que os refugiados fossem postos em campos de concentração.
Na Hungária está acontecendo o mesmo. Recusam a entrada de muçulmanos. Os que chegaram foram presos e transportados para a fronteira da Áustriaa. O primeiro ministro Viktor Orban desmentiu os rumores que planejava mandar matar os que atravessassem a cerca de arame que instalou na fronteira.
Venezuela vai receber 20 mil. Além dos colombianos que já acolhe.
Desde 2011, o Brasil recebeu 12 mil sírios e Dilma declarou que nosso país receberia de braços abertos quem chegasse às nossas fronteiras. Afinal, durante a ditadura, se não tivessem obtido asilo no exterior, centenas ou milhares de compatriotas nossos estariam desaparecidos. Sem contar que há milhões de brasileiros descendentes de sírios-libaneses fugidos do Império Otomano.
Uruguai e Argentina, que têm as mesmas características nossas, também criaram programas de acolhida.
Austrália,  que também apóia os EUA e a GB nos bombardeios, inclusive do Iraque, receberá 12 mil sírios e iraquianos.
No final das contas, o Vaticano foi quem recebeu mais refugiados per capita, já que tendo uma população de 842 almas, está acolhendo duas famílias sírias em residência permanente.

Infelizmente, não há como não traçar um paralelo na Europa e nos EUA entre o tratamento dado aos judeus antes e durante o holocausto da Segunda Guerra Mundial e o que está sendo dado aos muçulmanos agora.
O governo húngaro está pondo os refugiados em trens para a Alemanha separando marido, mulher, crianças, tatuando-os com números no braço. Um cinegrafista filmou um neo-fascista do partido Jobbik chutando meninos refugiados para os agredidos serem presos. Os croatas estão deixando os recém-chegados afogarem.
Juan Cole, especialista no assunto, diz que “All the same arguments against letting in the Jews are now being deployed to keep out the Syrians. Right-wing demagogues today warn the Syrian refugees may be Islamist radicals; in the 1930s, right-wing demagogues claimed the Jewish refugees may be Communist radicals. Conservatives now warn of an Islamic conspiracy to take over the world, just as many right-wing leaders in the early 20th century—including politicians as renowned as Winston Churchill—warned of a “Judeo-Bolshevik” conspiracy to take over the world and implement socialism.
During the Shoah, the US did give refuge to some Jewish intellectuals and artists, but turned away many more. In perhaps the most infamous episode of this deadly racism, 900 Jewish refugees who, fleeing fascism, traveled across the ocean on the ship the S. S. St. Louis, hoping to be granted asylum in the Land of the Free, were turned away. The US, in which anti-Semitism was widespread at the time, forced the refugees to return to Europe, where hundreds were then murdered by the Nazis.
Whether Jewish Refugees in ’30s or Syrians today, USA Falls Short of own Ideals. The US invasion of Iraq turned approximately one-sixth of the Iraqi population into refugees—roughly four million people. And yet the US took in only a few thousand Iraqi refugees after causing all that trouble.”
Falando nisso, não se fala nos refugiados afegãos, líbios, yemenitas, todos fugindo de guerras causadas pelos EUA. Por que será? Eles também estão à míngua.
Falando em míngua, alguns estranham que Angela Merkel tenha transformado o ex-campo de concentração de Dashau em alojamento de quantas famílias couberem. Acho normal a Alemanha querer enterrar o passado na esperança dos recém-chegados. E do que adianta esses prédios ficarem às moscas com tantas famílias desabrigadas? Os poloneses deveriam fazer o mesmo com Auschwitz e assim também olhar para o presente e para a frente em vez de ficar só olhando pra trás e alimentando paranóia das novas gerações judias. Esquecer, jamais. Mas usar o passado para coisas positivas é necessário. Alimentar vitimização sem mostrar que os imigrantes judeus viraram algozes na Palestina é mais errado ainda. Além disso, o anti-semitismo de ontem era contra os judeus, hoje é contra os muçulmanos. É imperdoável do mesmo jeito. Preconceito nenhum se justifica e a solidariedade não pode obedecer a critério de raça ou credo.

Soldados da IDF atacam jornalistas da Agência France Press na Cisjordânia

Chris Hedges comenta a crise no Oriente Médio

Milhares de manifestantes contra show de Farrel Williams -Woolsworth 
em Cape Town, na África do Sul
E no mesmo dia 21, um soldado da IDF baleou uma palestina em Hebron e a deixou sangrar até morrer

ISRAEL STARVES CHRISTIAN SCHOOLS OF FUNDSAlia Al Ghussain. Schools serving 30,000 Palestinian children have gone on strike because Israel has drastically cut their budgets.
Al Aqsa: Raw footage15/09/2015

Norman Finkelstein on Amnesty International

Israeli soldiers ordered to "map entire Palestinian civilian population". Maureen Clare Murphy

UNESCO entra no jogo israelense de apagar a história da Palestina


domingo, 13 de setembro de 2015

Israel vs Palestina: Operações Militares VI (1969-1970)

1969
Operation Noah ou Cherbourg Project: Aproveitando a distração da véspera do Natal, no dia 24 de dezembro os israelenses atacaram o porto de Cherbourg, na França, para "resgatar" cinco barcos Sa'ar 3 class que haviam encomendado, pago e que a França não entregara por causa do embargo de armas que o ex-presidente Charles de Gaulle impusera a Israel.
Embora a França, junto com a Inglaterra e os Estados Unidos, tivessem ganho a Guerra dos Seis Dias para Israel, após a vitória, Charles de Gaulle descobriu a verdadeira índole do Estado que defendera. Em total desacordo com o comportamento arrogante e expansionista dos líderes israelenses, as relações entre o herói francês presidente e a ogra Golda Meir foram se deteriorando após o ataque impune do aeroporto de Beirute até De Gaulle ordenar o embargo total de armas e armamentos para Israel, inclusive os que já tinham sido encomendados e pagos.
Quando Georges Pompidou o substituiu na presidência não revogou a medida.
Aí Golda Meir deu-se ao direito de organizar um comando militar para quebrar o embargo. A organização foi intrincada, mas simplificando, primeiro Isarel enganou os franceses transferindo os barcos para uma companhia Starboat registrada no Panamá com a cumplicidade da rede judia internacional e de um testa de ferro, o empresário norueguês Martin Siem. Os barcos foram contrabandeados durante a noite de Natal, quando o porto quase não estava guardado. Foi um jornalista que se deu conta, por acaso, 12 horas mais tarde, que os barcos haviam desaparecido e deu o alarme. Os franceses ficaram loucos de raiva e o ministro da Defesa Michel Debré ordenou que a Força Aérea afundasse os barcos que navegavam ostensivamente em direção do Canal de Gibraltar, onde contaram com a cumplicidade da Inglaterra para atravessar como se estivessem fazendo uma viagem legal, embora não ostentassem nenhuma bandeira e tivessem se recusado a identificar-se.
O "incidente" não foi mais longe porque os israelenses contavam com aliados influentes no governo francês e o Primeiro ministro Jacques Chaban-Delmas deu contra-ordem de não fazerem nada e deixarem os ladrões celebrarem este golpe dado nos ex-padrinhos na vitória de 1967 contra os países árabes.
(Uma ideia a Vladimir Putin para recuperar todos os produtos que encomendou, pagou e que os europeus não entregam por causa das sanções comerciais que Washington impôs a Moscou? Mas a Rússia não é Israel, que burla do mundo inteiro sem consequências, e Putin não é Netanyahu, que é o mal personificado e só pensa na limpeza étnica que vem empreendendo. Putin é responsável e sabe que infringir as leis internacionais acarretaria uma Terceira Guerra Mundial em que o mundo inteiro sairia perdendo.)

Israel built with the denial of Palestine
1970
No primeiro semestre de 1970, Israel engajou-se no que chamou War of Attrition contra os países árabes. Os palestinos ficaram espremidos no meio. No dia 03 de maio de 1970 a IDF aproveitou para matar 22 resistentes no Vale do Jordão. Em junho, a IDF bombardeou a Síria com seus mirages franceses causando centenas de mortes - 'hundreds of Syrian casualties", como ficou para a história.
06 de setembro: Shelling of Lebanon. Aviões da IDF invadiram o espaço aéreo libanês e bombardearam quatro vilarejos. Mataram 20 pessoas, feriram 40 e forçaram a "migração" de milhares de moradores para o norte do país. Nos anais, esta operação consta como sendo de retaliação pelo ataque da FPLP ao ônibus escolar israelense que causara a morte de 12 civis israelenses, inclusive 9 meninos, e ferira 25 pessoas.
O ônibus saíra de Avivim cedo. Avivim é uma cidade da Alta Galileia situada a um quilômetro da Linha Azul que separa Israel do Líbano em terras palestinas onde grupos para-militares sionistas massacraram os habitantes da cidade palestina de Saliha ("Lugar bom/saudável", em árabe). Entre os dias 30 de outubro e 03 de novembro de 1948, Saliha foi a primeira das três cidadezinhas (Safsaf e Jish, são as outras duas) a serem riscadas do mapa durante a Naqba. Tropas da recém-criada IDF, sob o comando do general Moshe Carmel,  invadiram a cidade e o relato oficial é que mataram os 94 habitantes que haviam "se escondido" na mesquita que bombardearam. Porém, um dos dois sobreviventes ao massacre prestou outro depoimento ao colega Robert Fisk no Líbano onde se refugiara.
Nimr Aoun (então com 33 anos), conta o massacre na praça principal da seguinte fora: "When the Jewish army arrived, leaflets were handed over to villagers saying they would be spared if they surrendered, which they duly did. The area was surrounded by thirteen tanks and, while the villagers stood together, the Israelis opened fire". Ele sobreviveu, apesar dos ferimentos, se escondendo sob os cadáveres metralhados e depois se arrastando durante a noite até encontrar ajuda. Os corpos dos homens, mulheres e crianças foram deixados apodrecendo durante quatro dias enquanto a IDF prosseguia seus massacres. Depois chegaram os bulldozers, os empilharam dentro da mesquita que só então foi bombardeada a fim de esconder a selvageria.
Muitos sobreviventes das cidades destruídas durante a Naqba esperavam retornar e por isso se instalaram no sul do Líbano no subúrbio de Shabriha, em Tyr e em outras cidades no sul do Líbano. Engrossaram o êxodo palestino que começou em 1948 e foi até o início da década de 50. A triste Naqba. Um deles, Nahmani, disse: "Where did hey come by such a measure of cruelty, like Nazis? . . Is there no more humane way of expelling the inhabitants than by such methods?'
Com o tempo os israelenses responderiam a esta pergunta aprimorando tais métodos a fim de "asseptizar" a limpeza étnica.
Enquanto isso, no dia 07 de setembro a PFLP respondeu com o sequestro de três aviões, da SwissAir e TWA que foram dirigidos para a Jordânia e da PanAm para o Cairo.
No dia 09 de setembro, um outro voo da BOAC foi desviado para Zarqa, e o grupo palestino de resistência declarou que os sequestros tinham o objetivo de "bring special attention to the Palestinian problem". Todos os passageiros foram evacuados e eles explodiram os aviões vazios na frente das câmeras. Irritaram o rei Hussein e este se aliou aos israelenses para uma represália "exemplar" à ousadia da resistência palestina.
No dia 15 de setembro, o rei Hussein da Jordânia protagonizou uma operação contra os palestinos da Jordânia onde Israel seria coadjuvante (blog 01/01/12). No final desta, o massacre que ficou para a História como Black September deixou em 11 dias mais de 5.000 civis palestinos mortos. Em seguida os grupos de resistência se mudaram para o Líbano e uma facção mais combativa criou o grupo Black September que viraria o pesadelo de Israel nos anos seguintes.

1972
Maio: Operation Isotope.
No dia 08 quatro membros do Black September desviaram para o aeroporto Lod (hoje, Ben Gurion) de Israel um voo da companhia belga Sabena que se dirigia a Viena. Logo depois, os dois homens e as duas mulheres responsáveis pelo sequestro separaram os passageiros judeus, inclusive o piloto inglês, dos demais e solicitaram sua troca por 315 prisioneiros políticos palestinos, caso contrário, explodiriam o avião, disseram.
No dia 09, o ministro de Segurança de Israel Moshe Dayan ordenou a Operação Isotope comandada pelo futuro primeiro ministro Ehud Barak e que teve a participação de Binyamin Netanyahu, que seria ferido por fogo amigo.
A operação foi conduzida pelas forças especiais da IDF Sayeret Mat'kal, também conhecidas como General Staff Reconnaissance Unit 269 que começou a operar em 1957 e continua operacional.
Os soldados se aproximaram do avião disfarçados de técnicos de manutenção, o tomaram de assalto matando os dois rapazes palestinos e o sequestro terminou com três passageiros feridos.
As duas sequestradoras saíram vivas e condenadas a prisão perpétua - seriam libertadas em 1982 em uma troca de prisioneiros após a Guerra do Líbano de 1982.
Mais tarde a IDF comprou o avião da Sabena para fins de espionagem e operações de longa-distância.
JunhoOperation Crate 3.
A mesma unidade especial Sayeret Mat'kal sequestrou cinco oficiais de Inteligência síria que estavam com palestinos na fronteira a fim de trocá-los por três soldados israelenses detidos na Síria.
Setembro: No dia 8, aviões da IDF bombardearam dez bases da OLP na Síria e no Líbano, "in response to the Munich Massacre", matando mais de 200 pessoas. Civis, em grande maioria. A punição coletiva é proibida pelas leis internacionais e as Nações Unidas reagiram com uma proposta de Resolução condenando o crime. Os Estados Unidos vetaram a resolução e Israel não sofreu nenhuma repreensão
A partir de então começaria a terrível operação Wrath of God ou Bayonet. Durou duas décadas. Veremos a sangueira que derramou no próximo capítulo.

Palestinos forçados a deixar suas terras até hoje na famigerada Área C

PS. Operações israelenses contra os outros vizinhos
1969
Julho: Operations Boxer 1-2-3. Uma série de ataques da IDF a instalações SAM egípcias a fim de assentar sua supremacia regional.
Operation Bulmus 6. Bombardeio aéreo de fortes egípcios na Ilha Verde no Golfo de Suez no dia 19 de julho.
Setembro: Operation Raviv. Bombardeio aéreo de radares egípcios em Ras Abu-Daraj e Ras Za'arfrana no dia 09. Ficou conhecida como A Guerra das 10 Horas. Guerra em sentido único, como Israel gosta.
Operation Escort. que iniciou a Ten-Hour War, foi no mesmo dia 09 para preparar a operação Raviv. A Shayetet 13, forças navais especiais da IDF, torpedearam os navios egípcios ancorados em Ras Sadat.
Dezembro: Operation rooster 53. Logo depois do Natal, nos dias 26 e 27, os israelenses foram capturar o sistema de radar egípcio P-12.
1970
Operation Priha - Blossom. Entre janeiro e abril de 1970, também conntra bases militares do Egito.
1973
Yom Kippour War.
Documentário Al Jazeera: História da OLP
History of the PLO - Black September  II  (24')

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domingo, 6 de setembro de 2015

Oriente Médio: Música & Política

9 Sept Protests in London against war criminal Binyamin Netanyahu
Hundreds of protesters blocked the road outside 10 Downing Street as David Cameron met his "close friend" Benjamin Netanyahu.

Netanyahu: one of the most repellent and dangerous politicians in the world today

A orquestra sinfônica de Teerã tem 80 anos, durante os quais ela passou por grandes turbulências: um golpe de estado patrocinado por estados ocidentais que derrubou em 1950 o primeiro ministro eleito democraticamente, a revolução islâmica, a guerra contra o Iraque, e Mahmoud Ahmadinejad.
Durante a presidência deste, a orquestra glamorosa da qual os iranianos se orgulhavam foi desfeita devido a negligência e estringência financeira do governo.
Com o fim do período negro que correspondeu um pouco à ditadura brasileira sob o general Médici, veio o período Hassan Rouhani, que está mais para general Figueiredo em fim de "mandato" do que para general Geisel, e o Ministério de Cultura vem recuperando o brilho ofuscado. O ponto alto das decisões do novo ministro foi contratar como maestro titular Alexander-Ali Rahbari, iraniano pós-graduado no Conservatório de Viena e com carreira internacional de primeira, tendo regido inclusive a Filarmônica de Berlin.
A prova de fogo aconteceu em março deste ano, quando ela voltou a atuar com um concerto de gala no Teatro Vahdat de Teerã. O programa de Rahbari foi ambicioso e sugestivo de novos tempos: 9a sinfonia de Beethoven, "Symphony No 9 was only performed once for seven nights in the past 40 years, so when I told them we were going to perform that, they were in shock,” contou o maestro, que no fim do concerto estava visivelmente emocionado:  “I walked on to the stage and the audience rose to its feet. I’ve performed for 40 years outside Iran and never seen a standing ovation before the performance. This was something totally different. It showed what having the orchestra back meant to them. I was close to tears.”
A primeira fileira da plateia estava repleta da nata socio-financeira de Teerã e de figurões do governo. Rouhani não estava por causa de compromissos inevitáveis, mas fez questão de demonstrar seu apoio mandando ministros de peso.
A orquestra é composta só de músicos iranianos. Na estreia, além dos 87 músicos, havia um coral de 70 cantores no Hino à Alegria, em alemão, que fecha a Nona sinfonia. Jos Douma, embaixador da Holanda, tweeted em seguida: “Rahbari, orchestra and choir did a terrific job. When musicians want to do something, they can do magic.” Com certeza.
Após dirigir 120 orquestras europeias, só aos 66 anos que o maestro Rahbari voltou a ter o prazer de atuar em casa. A última fora há cerca de 40 anos durante os anos áureos em que acompanhava violinistas como Yehudi Menuhin et coreografias de Maurice Béjart.
Ali Rahbari deixara Teheran em 1979, logo após a revolução islâmica por acreditar que o novo governo estava privilegiando nomes consagrados em detrimento do corpo musical de base. Passou 30 anos sem pôr os pés na pátria, voltou brevemente após a eleição de Ahmadinejad e sentindo o clima pesado, retornou à Europa e só retornou col Rouhani: “Now, it’s a completely different story,” disse. “We have a unique opportunity that we’ve never had before. I'm particularly delighted that the support comes from a president who is a cleric."
Desde a retomada de atividades, a orquestra tem apresentado quatro programas mensais e incluiu óperas, inclusive "Irmã Angélica", de Giacomo Puccini. Apesar do apoio do presidente, a linha dura clerical conseguiu sabotar alguns concertos, sobretudo as obras que têm solistas femininas. As mulheres só são autorizadas a cantar acompanhadas de cantores masculinos.
Rahbari contradiz os extremistas: “Our religion is full of music, look at Ta’zieh [um tipo de teatro condolências religiosas] or even reading the Qur’an, there’s music in that. When I was a kid, I used to play Mozart. One day my traditional Iranian mum went to see the local mullah, asking him: ‘My son is playing someone called Mozzzar, is that OK?’ The cleric responded: ‘I don’t know Mr Mozzzar in person but I’ve heard good things about him. I’m sure he’ll be fine.” E revelou seu sonho: “I’ve performed in almost all major European cities but I wish one day I can take my own country’s symphony orchestra to one of these places, like London or Berlin. That day is not far off.”

Conversation between Daniel Baremboin and Edward Said

Enquanto Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé.
Daniel Barenboin, um dos maiores maestros contemporâneos e atual diretor da prestigiosa Berlin State Opera, resolveu fazer um gesto concreto de apoio ao colega iraniano declarando sua intenção de levar seus músicos a Teerã em futuro próximo.
Como era de se esperar, o governo israelense ficou possesso. Literalmente. Enfim, mais ainda do que já é. Sua ministra da cultura e esportes (!), a coronel de reserva e ex-porta-voz da IDF Miri Regev, logo prometeu carta de protesto a Angela Merkel para que proiba o concerto. Escreveu em seu Facebook: "In my letter I shall stress that Daniel Barenboim's appearance in Iran harms Israel's effots to prevent the nuclear agreement and gives encouragement to de-legitimisation of Isarel."
Como se Israel precisasse de ajuda externa para provar que é um Estado fora-da-lei. Mas não parou aí: "Iran is a state which supports terror, is behind Hezbollah, Islamic Jihad and Hamas", até aí só citou grupos de resistência, e continuou, "and its leaders have blood on their hands" (!) será que há algum líder de país reconhecido na ONU com mais sangue nas mãos do que Binyamin Netanyahu? Eu não conheço nenhum. Mas ela não parou a hasbara: "I believe that Germany would be acting regihtly if it were to cancel the appearance of the orchestra and its conductor."
Depois, essa mulher acusou Barenboin (fundador, junto com o saudoso Edward Said, de uma orquestra precursora, denominada West-Eastern Divan Orchestra em 1999, que reunia músicos egípcios, jordanianos,  iranianos, lebaneses e palestinos) de: "using culture as a platform for his anti-Israel political views".
Daniel Barenboin é o único músico clássico e o único maestro influente no mundo que é politizado e contrário à política israelense de ocupação e limpeza étnica da Palestina. É argentino e sua família mudou-se para Israel quando ele tinha 10 anos. Dois anos depois, em 1954, seu pai o levou a Salzburgo, na Áustria (onde teve oportunidade de conhecer e ser ouvido pelo maior maestro de todos os tempos: Wilhelm Furtwangler) e depois para Paris, onde continuou seus estudos de música iniciados na Argentina como garoto prodígio. Qualidade confirmada pelo próprio Furtwangler.
Hoje com 72 anos, Barenboim já dirigiu as maiores orquestras europeias com louvores, e além das nacionalidades argentina, espanhola e israelense, solicitiou e obteve da Autoridade Nacional Palestina nacionalidade palestina honorária, que ostenta com orgulho.
Barenboim virou quase persona non grata em Israel, por causa de seu humanismo e sua posição clara.
Lembro com emoção do concerto de sua orquestra internacional em Ramallah em 2005 e do escândalo que causou em Israel. Ariel Sharon quase teve um infarto de tanta raiva.
Aliás, o maestro humanista já causara escândalo maior em Tel Aviv em 2000. Nesse ano foi convidado para participar de um festival de música clássica e viu sua escolha do primeiro ato das Valquírias, de Rcihard Wagner (compositor preferido de Hitler e por isso, odiado por judeus extremistas)  vetado pelos organizadores do evento. Daniel Barenboim foi obrigado a substitiui-lo por Schumann e no final da representação da Berlin Staatskapelle, no bis, anunciou: "Despite what the Israel Festival believes, there are people sitting in the audience for whom Wagner does not spark Nazi associations. I respect those for whom these associations are oppressive. It will be democratic to play a Wagner encore for those who wish to hear it. I am turning to you now and asking whether I can play Wagner". Seguiu-se um longo debate com alguns na sala chamando o maestro de fascista e no final, esta minoria obtusa retirou-se da sala e a maioria absoluta ficou para ouvir uma bela performance do prelúdio da ópera Tristão e Isolda, de Wagner. Foi aplaudido efusivamente.
Pois bem, a nova batalha músico-política do maestro humanista de 72 anos é estender a mão para o Irã através da música. Como se sabe, o Irã assinou um tratado nuclear com as potências ocidentais em agosto deste ano - abordarei este assunto m outro momento - e Barenboim quer ajudar a desdemonizar o país.
Uma representação de Daniel Barenboim no Irã será um gesto significativo de aproximação do país com o Ocidente. E um passo importante na derrubada das barreiras culturais entre este povo culto, que é o iraniano, com os europeus, igualmente cultos, e os estadunidenses, menos; bem menos.
O concerto em Teerã já fora marcado, mas devido à força do lobby israelense, foi adiado sem data. Mas a representação é uma questão de tempo e a retomada de relações artístico-culturais entre a Europa e o Irã está em bom caminho. O diretor do Museu do Louvre, um dos dois museus maiores (em grandeza e em tamanho) do mundo (o outro é o Hermitage, em São Petersburgo, Rússia).
De qualquer jeito, iga o que disser Miri Regev e faça o que fizer esta ministra que chamou a imigração judeu-sudanesa em Israel de "câncer", a reaproximação com o Irã é inevitável e Angela Merkel talvez demore, mas tem de acabar concordando com Daniel Barenboim, se não quiser que a hipocrisia reine também na Alemanha. Pois ela  já mandou um pacote de empresários a Teerã para conquistar o mercado. A delegação era composta de cem pessoas chefiadas pelo vice-chanceler alemão em pessoa. Como vetar a representação de uma orquestra depois dessa manobra comercial?
Ali Rahbari está ansioso para receber seu colega: “The Staatskapelle Berlin with its music director Daniel Barenboim is currently in talks with Iran about a possible concert of the Staatskapelle in Tehran,” said a statement by Staatskapelle Berlin. German foreign minister Steinmeier has taken on the patronage of this concert and supports Daniel Barenboim’s commitment to make music accessible to people beyond any national, religious or ethnic boundaries. This is very important for us. We have prepared our own orchestra for a collaboration with them and we are very pleased to be involved.”
A tal da Miri Regev (que não tem nenhum parentesco com o great deceiver ex-porta-voz de Netanyahu e atual embaixador de Israel em Londres, Mark Regev, mas é da mesma linha da hasbara dura) não desiste de sua campanha difamatória e obscurantista:  "I think it would behoove Germany to cancel the appearance of the orchestra and its conductor. There’s no reason to celebrate; certainly not with an orchestra.”
Só ela e seus chefes do Likud, partido israelense de extrema-direita que elegeu Netanyahu,  concordam com isso.
O presidente da Áustria, Heinz Fischer, está com viagem marcada para Teerã neste mês. Será a primeira visita oficial de um presidente europeu ao Irã e os preparativos de acolhida estão intensos. No fim de agosto a Inglaterra reabriu sua embaixada.
O ministro das relações extreriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeie deve ir a Teerã em outubro. Especula-se que a representação de Barenboim coincida... Será imperdível. Eu sou fã de carteirinha desde a primeira vez que vi o maestro no palco há três décadas - com as mãos no piano ou com a batuta, Daniel Barenboim é extraordinário, de uma potência digna do grande Furtwangler, o qual não iguala, mas chega pertinho. (Sua representação completa dos Anéis de Liebelung do Wagner foi a melhor que já assisti na minha vida. Se houver DVD, recomendo. Como tudo dele.)
Enquanto a controvérsia continua, a Orquestra Filarmônica de Teerã também continua seu sucesso, com todas as apresentações lotadas. Inclusive o recente concerto conjunto com a Orquestra Filarmônica da China, quando os músicos reunidos interpretaram a Quinta sinfonia de Tchaikovsky.
O programa desta temporada 2015/16 inclui óperas notáveis como a Flauta Mágica, de Mozart; Hansel e Gretel, de Engelbert Humperdinck (foi Richard Strauss que a dirigu na estreia em 1893 e Gustav Mahler na segunda apresentação no ano seguinte) e Gianni Schicchi, de Puccini.
Com ou sem a aprovação de Israel, o Irã está incontornável e Teerã está voltando à moda e recuperando seu merecido status dos anos dourados. Já estava em tempo. Agora só falta a velha guarda religiosa ficar menos rigorosa e os aiatolás apoiarem a abertura de Rouhani, sem baixar a guarda, pois Israel e o ISIL/Daesh estão à espreita.

Listening Post: Under Scrutiny  - Selling the Iran-US deal

Filme do cineasta húngaro István Szabó sobre o processo do maestro Wilhelm Furtwangler, interpretado pelo ator sueco Stellan Skarsgard : Taking Sides (2001)http://tinyurl.com/q4pxxqx. Filme onde Harvey Keitel interpreta com esmero a ignorância dos oficiais estadunidenses.
E recomendo também todas as gravações de Furtwangler. Incomparáveis, sobretudo as sinfonias do Beethoven - A Sétima é divina. Eis abaixo o trailer do filme.

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PALESTINA : Agosto em fotos / August in picturesA monthly roundup of photographs documenting Palestine, Palestinian life, politics and culture, and international solidarity with Palestine.

NEWS
September 15th: Norman Finkelstein at Yale Debate Union
Conferência de Norman Finkelstein na Escócia, em Glasgow, 31/08/15
Norman F.'s talk in Glasgow  
1. Israel in Palestine: Separating fact from fiction. Marwan Bishara
2. Can UK parliament ignore 100,000 calls for Netanyahu's arrest?Ali Abunimah
3.Campus informants prompt debate at West Bank schoolsThe PA's practise of paying university students for information has become prevalent, staff and students say.
4. Israel plans to demolish 17,000 Arab buildings in West Bank, UN says. UN finds only 33 of 2,020 Palestinian planning applications approved, with demolitions causing poverty and leaving families in ‘state of chronic uncertainty’
5. Palestinian mother injured in arson attack diesRiham Dawabsha's toddler son and husband had died after firebombing of their West Bank home by alleged Jewish settlers.
Uri Avnery : The Face of a Boy. 05/09/2015
"The misdeeds of Napoleon's occupation army in Spain were not photographed. Photography had not yet been invented. the valiant fighters against the occupation had to rely on Francisco Goya for the immortal painting of the resistance.
The partisans and underground fighters against the German occupation of their countries in World War II had no time to take pictures. Even the heroic uprising of the Jewish Ghetto in Warsaw was not filmed by the participants. The Germans themselves filmed their atrocities, and, being Germans, they catalogued and filed them in an orderly way.
In the meantime, photography has become common commonplace. The Israeli occupation in the Palestinian occupied territories is being filmed all the time. Everybody now has cellular phones that take pictures. Also, Israeli peace organizations have distributed cameras to many Arab inhabitants.
Soldiers shoot with guns. The Palestinians shoot pictures.
It is not yet clear which are more effective in the long run: the bullets or the photos.
A test case is a short clip taken recently in a remote West Bank village called al-Nabi Saleh.
Every Israeli has seen this footage many times by now. It has been shown again and again by all Israeli TV stations. Many millions around the world have seen it on their local TV. It is making the rounds in the social media.
The clip shows an incident that occurred near the village on Friday, two weeks ago. Nothing very special. Nothing terrible. Just a routine event. But the pictures are unforgettable.
The village al-Nabi Saleh is located not far from Ramallah in the occupied West Bank. It is named in honor of a prophet (Nabi means prophet in both Arabic and Hebrew) who lived before the time of Muhammad and is said to be buried there. His extensive tomb is the pride of the 550 inhabitants.
Al-Nabi Saleh is build on the remains of a crusader outpost, which in its turn was built on the remains of a Byzantine village. Its history probably goes back to ancient Canaanite times. I believe that the population of these villages has never changed – they just changed their religion and culture according to the powers that be... They were in turn Canaanites, Judaeans, Greeks, Romans, Byzantines and finally Arabs [Palestinians].
The latest occupation (until now) is the Israeli. These new occupiers have no interest in converting the locals. They just want to take their land, and, if possible, induce them to go away. On part of the lands of Nabi Saleh an Israeli settlement called Halamish ("flint") was set up.
The conflict between the village and its new "neighbors" started immediately. Between them is an ancient well, which the settlers have renovated and claim as their own. The village is not ready to give it up.
Like in many other villages in the area, such as Bil'in, on every Friday, right after the prayers in the mosque, a demonstration against the occupation and the settlers takes place. A few Israeli peace activists and international volunteers take part in them. The demonstrators are generally non-violent, but on the fringes teen-agers and children often throw stones. The soldiers shoot rubber-covered steel bullets, tear gas and stun grenades, and sometime live bullets.
As in many small Arab villages, most inhabitants belong to one extended family, in this case the Tamimis. One Tamimi boy was shot dead in one of the demonstrations, a girl was shot in the foot. It is a Tamimi boy who features in the recent event.
The clip that rocked the world starts with one lone soldier, who was obviously sent to arrest a boy who had (or had not) thrown a stone.
The soldiers jumps across the rocky terrain, looks for the boy who is hiding behind a rock and catches him. It is 12 year old Muhammad Tamimi, with one arm in a plaster cast.
The soldier puts his arm around the neck of the boy, who cries in terror. Soon his 14 year old sister appears, and soon after that his mother and other women. They all tear at the soldier, who tries to push them away with his other arm. During the wild struggle, the sister bites the arm of the soldier, the one which holds his gun.
The soldier is masked. This is a new thing. Why are they masked? What are they hiding? After all, they are not Russian policemen who fear the revenge of the gangsters. When I was a soldier, long ago, masks were unknown.
During the melee, one of the women succeeds in ripping the soldier's mask off. We see his face – just an ordinary young man, recently out of high school, who is obviously at a loss of what to do. There seem to be photographers all around. One sees their feet.
Would the soldier have used his gun if the photographers had not been there? Hard to say. Recently a brigade commander shot and killed a boy who had thrown a stone at his car. The army condones and even lauds such acts of "self defense".
For some minutes the scene goes on – the boy crying and pleading, the women pushing and hitting, the soldier pushing back, everybody shouting. Then another soldier approaches and tells the first soldier to release the child, who is seen running away.
We don't know who the soldier is. It is hard to guess his background. Just a soldier, one of many who enforce the occupation, who face the demonstrations every week.
Another angle to the event is provided by one of the protesters off camera, so to speak, who was caught for a fleeting moment. He was recognized.
He is a teacher who bears the names of two illustrious persons – the Zionist founder Theodor Herzl and the composer Franz Schubert. Herzl Schubert is a veteran left-wing peace activist. I have met him in many demonstrations.
On the morrow of the showing of the footage on all Israeli television stations, the cry went up to dismiss him. What, a leftist peace demonstrator in the schoolroom?
Schubert was not accused of preaching his opinions in class. His peace activities did not take place during working hours. The very fact that he took part in a demonstration in his own free time was enough. His case is now "being considered" by the education ministry.
This, by the way, is no exceptional case. A respected female educator who was chosen as headmistress of an art school was blocked by the discovery that many years ago she had signed a petition calling on the army to allow soldiers to refuse service in the occupied territories. The petition did not call for refusal but only respect for the moral decision of the refusers. That is enough. The ministry, now led by a nationalist-religious demagogue, promised "to consider the matter".
These cases of a new McCarthyism concern, of course, only leftists. No one demands the dismissal of the rabbi who prohibits the selling or renting of apartments to Arabs [Palestinian survivors of the Naqba who became second class Israeli citizens]. Or the rabbi who wrote that under certain conditions it is permissible to kill non-Jews, including children. Their salaries are paid by the state.
Many millions around the world must by now have seen the Nabi Saleh footage. It is impossible to assess the extent of the damage.
It is not that this clip is especially revolting. Nothing terrible happens. It is the face of the occupation, the present face of Israel, that imprints itself on the minds of the viewers...
...The Israel that presents itself to the world now is a state of occupiers, of oppressors, of brutal colonizers, of soldiers armed to the teeth who arrest people in the middle of the night and persecute them during the day.
This face changes the perception of Israel throughout the world. Every TV clip and news item adds imperceptibly to this change. The attitude of ordinary people around the world, also including Jews, is changed. The damage is lasting and probably irremediable.
The terrified face of young Muhammad Tamimi may well haunt us for a long time to come."
Obs: Uri Avnery comenta o vídeo que publiquei no blog da semana passada. O episódio anterior ao qual ele se refere, do outro menino assassinado cuja foto mostro acima, ocorreu em 2011. A vítima foi Muhammad Bilal Abdul Salam Al-Tamini. Os ativistas israelenses do +972mag relatam o episódio no seguinte site: http://972mag.com/when-a-child-becomes-an-enemy/13767/.