1969
Operation Noah ou Cherbourg Project: Aproveitando a distração da véspera do Natal, no dia 24 de dezembro os israelenses atacaram o porto de Cherbourg, na França, para "resgatar" cinco barcos Sa'ar 3 class que haviam encomendado, pago e que a França não entregara por causa do embargo de armas que o ex-presidente Charles de Gaulle impusera a Israel.
Embora a França, junto com a Inglaterra e os Estados Unidos, tivessem ganho a Guerra dos Seis Dias para Israel, após a vitória, Charles de Gaulle descobriu a verdadeira índole do Estado que defendera. Em total desacordo com o comportamento arrogante e expansionista dos líderes israelenses, as relações entre o herói francês presidente e a ogra Golda Meir foram se deteriorando após o ataque impune do aeroporto de Beirute até De Gaulle ordenar o embargo total de armas e armamentos para Israel, inclusive os que já tinham sido encomendados e pagos.
Quando Georges Pompidou o substituiu na presidência não revogou a medida.
Aí Golda Meir deu-se ao direito de organizar um comando militar para quebrar o embargo. A organização foi intrincada, mas simplificando, primeiro Isarel enganou os franceses transferindo os barcos para uma companhia Starboat registrada no Panamá com a cumplicidade da rede judia internacional e de um testa de ferro, o empresário norueguês Martin Siem. Os barcos foram contrabandeados durante a noite de Natal, quando o porto quase não estava guardado. Foi um jornalista que se deu conta, por acaso, 12 horas mais tarde, que os barcos haviam desaparecido e deu o alarme. Os franceses ficaram loucos de raiva e o ministro da Defesa Michel Debré ordenou que a Força Aérea afundasse os barcos que navegavam ostensivamente em direção do Canal de Gibraltar, onde contaram com a cumplicidade da Inglaterra para atravessar como se estivessem fazendo uma viagem legal, embora não ostentassem nenhuma bandeira e tivessem se recusado a identificar-se.
O "incidente" não foi mais longe porque os israelenses contavam com aliados influentes no governo francês e o Primeiro ministro Jacques Chaban-Delmas deu contra-ordem de não fazerem nada e deixarem os ladrões celebrarem este golpe dado nos ex-padrinhos na vitória de 1967 contra os países árabes.
(Uma ideia a Vladimir Putin para recuperar todos os produtos que encomendou, pagou e que os europeus não entregam por causa das sanções comerciais que Washington impôs a Moscou? Mas a Rússia não é Israel, que burla do mundo inteiro sem consequências, e Putin não é Netanyahu, que é o mal personificado e só pensa na limpeza étnica que vem empreendendo. Putin é responsável e sabe que infringir as leis internacionais acarretaria uma Terceira Guerra Mundial em que o mundo inteiro sairia perdendo.)
No primeiro semestre de 1970, Israel engajou-se no que chamou War of Attrition contra os países árabes. Os palestinos ficaram espremidos no meio. No dia 03 de maio de 1970 a IDF aproveitou para matar 22 resistentes no Vale do Jordão. Em junho, a IDF bombardeou a Síria com seus mirages franceses causando centenas de mortes - 'hundreds of Syrian casualties", como ficou para a história.
06 de setembro: Shelling of Lebanon. Aviões da IDF invadiram o espaço aéreo libanês e bombardearam quatro vilarejos. Mataram 20 pessoas, feriram 40 e forçaram a "migração" de milhares de moradores para o norte do país. Nos anais, esta operação consta como sendo de retaliação pelo ataque da FPLP ao ônibus escolar israelense que causara a morte de 12 civis israelenses, inclusive 9 meninos, e ferira 25 pessoas.
O ônibus saíra de Avivim cedo. Avivim é uma cidade da Alta Galileia situada a um quilômetro da Linha Azul que separa Israel do Líbano em terras palestinas onde grupos para-militares sionistas massacraram os habitantes da cidade palestina de Saliha ("Lugar bom/saudável", em árabe). Entre os dias 30 de outubro e 03 de novembro de 1948, Saliha foi a primeira das três cidadezinhas (Safsaf e Jish, são as outras duas) a serem riscadas do mapa durante a Naqba. Tropas da recém-criada IDF, sob o comando do general Moshe Carmel, invadiram a cidade e o relato oficial é que mataram os 94 habitantes que haviam "se escondido" na mesquita que bombardearam. Porém, um dos dois sobreviventes ao massacre prestou outro depoimento ao colega Robert Fisk no Líbano onde se refugiara.
Nimr Aoun (então com 33 anos), conta o massacre na praça principal da seguinte fora: "When the Jewish army arrived, leaflets were handed over to villagers saying they would be spared if they surrendered, which they duly did. The area was surrounded by thirteen tanks and, while the villagers stood together, the Israelis opened fire". Ele sobreviveu, apesar dos ferimentos, se escondendo sob os cadáveres metralhados e depois se arrastando durante a noite até encontrar ajuda. Os corpos dos homens, mulheres e crianças foram deixados apodrecendo durante quatro dias enquanto a IDF prosseguia seus massacres. Depois chegaram os bulldozers, os empilharam dentro da mesquita que só então foi bombardeada a fim de esconder a selvageria.
Muitos sobreviventes das cidades destruídas durante a Naqba esperavam retornar e por isso se instalaram no sul do Líbano no subúrbio de Shabriha, em Tyr e em outras cidades no sul do Líbano. Engrossaram o êxodo palestino que começou em 1948 e foi até o início da década de 50. A triste Naqba. Um deles, Nahmani, disse: "Where did hey come by such a measure of cruelty, like Nazis? . . Is there no more humane way of expelling the inhabitants than by such methods?'
Com o tempo os israelenses responderiam a esta pergunta aprimorando tais métodos a fim de "asseptizar" a limpeza étnica.
Enquanto isso, no dia 07 de setembro a PFLP respondeu com o sequestro de três aviões, da SwissAir e TWA que foram dirigidos para a Jordânia e da PanAm para o Cairo.
No dia 09 de setembro, um outro voo da BOAC foi desviado para Zarqa, e o grupo palestino de resistência declarou que os sequestros tinham o objetivo de "bring special attention to the Palestinian problem". Todos os passageiros foram evacuados e eles explodiram os aviões vazios na frente das câmeras. Irritaram o rei Hussein e este se aliou aos israelenses para uma represália "exemplar" à ousadia da resistência palestina.
No dia 15 de setembro, o rei Hussein da Jordânia protagonizou uma operação contra os palestinos da Jordânia onde Israel seria coadjuvante (blog 01/01/12). No final desta, o massacre que ficou para a História como Black September deixou em 11 dias mais de 5.000 civis palestinos mortos. Em seguida os grupos de resistência se mudaram para o Líbano e uma facção mais combativa criou o grupo Black September que viraria o pesadelo de Israel nos anos seguintes.
1972
Maio: Operation Isotope.
No dia 08 quatro membros do Black September desviaram para o aeroporto Lod (hoje, Ben Gurion) de Israel um voo da companhia belga Sabena que se dirigia a Viena. Logo depois, os dois homens e as duas mulheres responsáveis pelo sequestro separaram os passageiros judeus, inclusive o piloto inglês, dos demais e solicitaram sua troca por 315 prisioneiros políticos palestinos, caso contrário, explodiriam o avião, disseram.
No dia 09, o ministro de Segurança de Israel Moshe Dayan ordenou a Operação Isotope comandada pelo futuro primeiro ministro Ehud Barak e que teve a participação de Binyamin Netanyahu, que seria ferido por fogo amigo.
A operação foi conduzida pelas forças especiais da IDF Sayeret Mat'kal, também conhecidas como General Staff Reconnaissance Unit 269 que começou a operar em 1957 e continua operacional.
Os soldados se aproximaram do avião disfarçados de técnicos de manutenção, o tomaram de assalto matando os dois rapazes palestinos e o sequestro terminou com três passageiros feridos.
As duas sequestradoras saíram vivas e condenadas a prisão perpétua - seriam libertadas em 1982 em uma troca de prisioneiros após a Guerra do Líbano de 1982.
Mais tarde a IDF comprou o avião da Sabena para fins de espionagem e operações de longa-distância.
Junho: Operation Crate 3.
A mesma unidade especial Sayeret Mat'kal sequestrou cinco oficiais de Inteligência síria que estavam com palestinos na fronteira a fim de trocá-los por três soldados israelenses detidos na Síria.
Setembro: No dia 8, aviões da IDF bombardearam dez bases da OLP na Síria e no Líbano, "in response to the Munich Massacre", matando mais de 200 pessoas. Civis, em grande maioria. A punição coletiva é proibida pelas leis internacionais e as Nações Unidas reagiram com uma proposta de Resolução condenando o crime. Os Estados Unidos vetaram a resolução e Israel não sofreu nenhuma repreensão
A partir de então começaria a terrível operação Wrath of God ou Bayonet. Durou duas décadas. Veremos a sangueira que derramou no próximo capítulo.
History of the PLO - Black September II (24')
BRASIL - https://goo.gl/IYmpOC
Olimpíadas sem Apartheid / Follow the ‘Olympics without Apartheid’
Embora a França, junto com a Inglaterra e os Estados Unidos, tivessem ganho a Guerra dos Seis Dias para Israel, após a vitória, Charles de Gaulle descobriu a verdadeira índole do Estado que defendera. Em total desacordo com o comportamento arrogante e expansionista dos líderes israelenses, as relações entre o herói francês presidente e a ogra Golda Meir foram se deteriorando após o ataque impune do aeroporto de Beirute até De Gaulle ordenar o embargo total de armas e armamentos para Israel, inclusive os que já tinham sido encomendados e pagos.
Quando Georges Pompidou o substituiu na presidência não revogou a medida.
Aí Golda Meir deu-se ao direito de organizar um comando militar para quebrar o embargo. A organização foi intrincada, mas simplificando, primeiro Isarel enganou os franceses transferindo os barcos para uma companhia Starboat registrada no Panamá com a cumplicidade da rede judia internacional e de um testa de ferro, o empresário norueguês Martin Siem. Os barcos foram contrabandeados durante a noite de Natal, quando o porto quase não estava guardado. Foi um jornalista que se deu conta, por acaso, 12 horas mais tarde, que os barcos haviam desaparecido e deu o alarme. Os franceses ficaram loucos de raiva e o ministro da Defesa Michel Debré ordenou que a Força Aérea afundasse os barcos que navegavam ostensivamente em direção do Canal de Gibraltar, onde contaram com a cumplicidade da Inglaterra para atravessar como se estivessem fazendo uma viagem legal, embora não ostentassem nenhuma bandeira e tivessem se recusado a identificar-se.
O "incidente" não foi mais longe porque os israelenses contavam com aliados influentes no governo francês e o Primeiro ministro Jacques Chaban-Delmas deu contra-ordem de não fazerem nada e deixarem os ladrões celebrarem este golpe dado nos ex-padrinhos na vitória de 1967 contra os países árabes.
(Uma ideia a Vladimir Putin para recuperar todos os produtos que encomendou, pagou e que os europeus não entregam por causa das sanções comerciais que Washington impôs a Moscou? Mas a Rússia não é Israel, que burla do mundo inteiro sem consequências, e Putin não é Netanyahu, que é o mal personificado e só pensa na limpeza étnica que vem empreendendo. Putin é responsável e sabe que infringir as leis internacionais acarretaria uma Terceira Guerra Mundial em que o mundo inteiro sairia perdendo.)
Israel built with the denial of Palestine
1970
06 de setembro: Shelling of Lebanon. Aviões da IDF invadiram o espaço aéreo libanês e bombardearam quatro vilarejos. Mataram 20 pessoas, feriram 40 e forçaram a "migração" de milhares de moradores para o norte do país. Nos anais, esta operação consta como sendo de retaliação pelo ataque da FPLP ao ônibus escolar israelense que causara a morte de 12 civis israelenses, inclusive 9 meninos, e ferira 25 pessoas.
O ônibus saíra de Avivim cedo. Avivim é uma cidade da Alta Galileia situada a um quilômetro da Linha Azul que separa Israel do Líbano em terras palestinas onde grupos para-militares sionistas massacraram os habitantes da cidade palestina de Saliha ("Lugar bom/saudável", em árabe). Entre os dias 30 de outubro e 03 de novembro de 1948, Saliha foi a primeira das três cidadezinhas (Safsaf e Jish, são as outras duas) a serem riscadas do mapa durante a Naqba. Tropas da recém-criada IDF, sob o comando do general Moshe Carmel, invadiram a cidade e o relato oficial é que mataram os 94 habitantes que haviam "se escondido" na mesquita que bombardearam. Porém, um dos dois sobreviventes ao massacre prestou outro depoimento ao colega Robert Fisk no Líbano onde se refugiara.
Nimr Aoun (então com 33 anos), conta o massacre na praça principal da seguinte fora: "When the Jewish army arrived, leaflets were handed over to villagers saying they would be spared if they surrendered, which they duly did. The area was surrounded by thirteen tanks and, while the villagers stood together, the Israelis opened fire". Ele sobreviveu, apesar dos ferimentos, se escondendo sob os cadáveres metralhados e depois se arrastando durante a noite até encontrar ajuda. Os corpos dos homens, mulheres e crianças foram deixados apodrecendo durante quatro dias enquanto a IDF prosseguia seus massacres. Depois chegaram os bulldozers, os empilharam dentro da mesquita que só então foi bombardeada a fim de esconder a selvageria.
Muitos sobreviventes das cidades destruídas durante a Naqba esperavam retornar e por isso se instalaram no sul do Líbano no subúrbio de Shabriha, em Tyr e em outras cidades no sul do Líbano. Engrossaram o êxodo palestino que começou em 1948 e foi até o início da década de 50. A triste Naqba. Um deles, Nahmani, disse: "Where did hey come by such a measure of cruelty, like Nazis? . . Is there no more humane way of expelling the inhabitants than by such methods?'
Com o tempo os israelenses responderiam a esta pergunta aprimorando tais métodos a fim de "asseptizar" a limpeza étnica.
Enquanto isso, no dia 07 de setembro a PFLP respondeu com o sequestro de três aviões, da SwissAir e TWA que foram dirigidos para a Jordânia e da PanAm para o Cairo.
No dia 09 de setembro, um outro voo da BOAC foi desviado para Zarqa, e o grupo palestino de resistência declarou que os sequestros tinham o objetivo de "bring special attention to the Palestinian problem". Todos os passageiros foram evacuados e eles explodiram os aviões vazios na frente das câmeras. Irritaram o rei Hussein e este se aliou aos israelenses para uma represália "exemplar" à ousadia da resistência palestina.
No dia 15 de setembro, o rei Hussein da Jordânia protagonizou uma operação contra os palestinos da Jordânia onde Israel seria coadjuvante (blog 01/01/12). No final desta, o massacre que ficou para a História como Black September deixou em 11 dias mais de 5.000 civis palestinos mortos. Em seguida os grupos de resistência se mudaram para o Líbano e uma facção mais combativa criou o grupo Black September que viraria o pesadelo de Israel nos anos seguintes.
1972
Maio: Operation Isotope.
No dia 08 quatro membros do Black September desviaram para o aeroporto Lod (hoje, Ben Gurion) de Israel um voo da companhia belga Sabena que se dirigia a Viena. Logo depois, os dois homens e as duas mulheres responsáveis pelo sequestro separaram os passageiros judeus, inclusive o piloto inglês, dos demais e solicitaram sua troca por 315 prisioneiros políticos palestinos, caso contrário, explodiriam o avião, disseram.
No dia 09, o ministro de Segurança de Israel Moshe Dayan ordenou a Operação Isotope comandada pelo futuro primeiro ministro Ehud Barak e que teve a participação de Binyamin Netanyahu, que seria ferido por fogo amigo.
A operação foi conduzida pelas forças especiais da IDF Sayeret Mat'kal, também conhecidas como General Staff Reconnaissance Unit 269 que começou a operar em 1957 e continua operacional.
Os soldados se aproximaram do avião disfarçados de técnicos de manutenção, o tomaram de assalto matando os dois rapazes palestinos e o sequestro terminou com três passageiros feridos.
As duas sequestradoras saíram vivas e condenadas a prisão perpétua - seriam libertadas em 1982 em uma troca de prisioneiros após a Guerra do Líbano de 1982.
Mais tarde a IDF comprou o avião da Sabena para fins de espionagem e operações de longa-distância.
Junho: Operation Crate 3.
A mesma unidade especial Sayeret Mat'kal sequestrou cinco oficiais de Inteligência síria que estavam com palestinos na fronteira a fim de trocá-los por três soldados israelenses detidos na Síria.
Setembro: No dia 8, aviões da IDF bombardearam dez bases da OLP na Síria e no Líbano, "in response to the Munich Massacre", matando mais de 200 pessoas. Civis, em grande maioria. A punição coletiva é proibida pelas leis internacionais e as Nações Unidas reagiram com uma proposta de Resolução condenando o crime. Os Estados Unidos vetaram a resolução e Israel não sofreu nenhuma repreensão
A partir de então começaria a terrível operação Wrath of God ou Bayonet. Durou duas décadas. Veremos a sangueira que derramou no próximo capítulo.
Palestinos forçados a deixar suas terras até hoje na famigerada Área C
PS. Operações israelenses contra os outros vizinhos
1969
Julho: Operations Boxer 1-2-3. Uma série de ataques da IDF a instalações SAM egípcias a fim de assentar sua supremacia regional.
Operation Bulmus 6. Bombardeio aéreo de fortes egípcios na Ilha Verde no Golfo de Suez no dia 19 de julho.
Setembro: Operation Raviv. Bombardeio aéreo de radares egípcios em Ras Abu-Daraj e Ras Za'arfrana no dia 09. Ficou conhecida como A Guerra das 10 Horas. Guerra em sentido único, como Israel gosta.
Operation Escort. que iniciou a Ten-Hour War, foi no mesmo dia 09 para preparar a operação Raviv. A Shayetet 13, forças navais especiais da IDF, torpedearam os navios egípcios ancorados em Ras Sadat.
Dezembro: Operation rooster 53. Logo depois do Natal, nos dias 26 e 27, os israelenses foram capturar o sistema de radar egípcio P-12.
1970
Operation Priha - Blossom. Entre janeiro e abril de 1970, também conntra bases militares do Egito.
1973
Yom Kippour War.
Documentário Al Jazeera: História da OLPHistory of the PLO - Black September II (24')
BRASIL - https://goo.gl/IYmpOC
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