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domingo, 17 de outubro de 2010

Água potável só para os abastados?



“Dever-se-ia dar liberdade total de consumo ao usuário de água e deixar os mecanismos de preço equilibrarem a oferta e a demanda”.
Esta manhã esta frase me veio à cabeça sem razão explícita. Mas ao contrário da de Frontinus sobre os aquedutos, ela jamais poderia ser minha. Eu a li em um jornal econômico respeitadíssimo e quem a escreveu é simpatizante do ultra-liberalismo que acha que a água é uma mercadoria à qual deveria aceder (sem comedimento) apenas quem pode pagar pelo ouro azul o que paga pelo que doura cofres, dedos e orelhas da elite financeira do mundo.
Para estes capitalistas irredutíveis a educação do consumidor chateia porque acham os gestos básicos quotidianos cansativos e desnecessários para os ocidentais que (ainda) não foram atingidos pela penúria que reina em outros lugares do planeta. Acham que estão livres do perigo, que a água potável correrá sempre em suas torneiras e que as garrafas de água mineral que compram no supermercado ou nas lojas especializadas vêm de fontes inesgotáveis, e puras. E se estas se esgotarem, restar-lhes-á o recurso de baldear a da Bacia Platina, da Bacia Amazônica ou de qualquer outra fonte alheia conquistável. Pois o capital que não tem ética não tem cultura e nem fronteiras.
Ele sabe e ignora que causa e efeito não é uma teoria teórica e sim concretíssima e que quanto mais se consome água, mais barragens e mais usinas têm de ser construídas, pessoas desalojadas, água desviada, poluída e escasseada para quem dela necessita e que acaba sem acesso a um simples copo por dia.
Para os que pensam diferente do autor desta frase acima, ou seja, que sabem que a água é um patrimônio universal e a água potável um direito inalienável de todos os cidadãos com meios e sem meios para adquiri-la, segue um lembrete de como preservar nossas duas pródigas bacias e nossos belos rios os protegendo de hidrelétricas que os danifiquem.
Você já deve saber que economizando água economiza energia, já que o aquecedor elétrico do chuveiro pode consumir até 50% da que gasta. Mas a água-energia usada por uma família é irrisória comparada com a quantidade usada nas próprias usinas que a tratam para que ela chegue potável até nossas casas. A maioria destas só funciona com muita água. As elétricas e as nucleares. Estas últimas então ingurgitam cerca de 685 bilhões de litros diários.
Economizando água se economiza energia. Economizando energia se economiza água. É a relação causa e efeito que os ultra-liberais não querem que façamos nunca. Mas fazemos, no mínimo fechando a torneira ao escovar os dentes, tomando banhos curtos, e ao sair de casa, desligando o computador, conferindo as torneiras, apagando as luzes, e comprando um filtro de barro cuja água é mais gostosa do que a engarrafada.
Com os garrafões que chegam em casa (com água vinda de onde mesmo?) o brasileiro acabou esquecendo o filtro de barro, mas garanto que eles ainda existem. Se não no supermercado, no mercado central ou em lojas populares de pratos, talheres e panelas no centro da cidade.
Não é só na Europa e nos Estados Unidos que a água da torneira é potável. Nas capitais brasileiras também ela é segura. Se não for ou se você achar que não é, peça contas à companhia de saneamento que está aí para fornecer água salubre. É assim que as condições de vida melhoram e as coisas evoluem. A reivindicação do direito a um bem público básico vale mais do que um voto de desagravo sem uma postura quotidiana cívica.
Aliás, acho que o antigo Filtro, objeto típico que foi posto fora de casa pela "marquetada" água industrializada, dá um ar sadio a qualquer cozinha. Mostra também que não se vota Verde só por modismo, mas para um Brasil são em todos os sentidos.

http://www.youtube.com/watch?v=dULLWb4EFPw
http://www.youtube.com/watch?v=Se12y9hSOM0