domingo, 7 de agosto de 2016

Israel vs Palestina : Operações militares XII (2006/07)

2006
Março: Operation Bringing Home the Goods.
O objetivo dessa operação realizada no dia 14 de março, foi sequestrar palestinos detidos em uma prisão de Jericó, na Cisjordânia, desde 2002. Relatei-a em detalhes no blog de 20/04/14. Os prisioneiros em questão eram acusados do assassinato do ministro israelense Rehavam Zeevi, em 2001 (blog de 16/09/12). Porém, no final do sítio da penitenciária sob controle da Autoridade Palestina, os cem soldados da IDF envolvidos diretamente na operação e os outros mil mobilizados na cidade com veículos armados, mataram dois guardas, feriram 28 pessoas dentro da prisão - fora, feriram um universitário e um menino - e sequestraram quase todos os prisioneiros, inclusive Ahmed Sa'adat, líder da Frente Popular pela Libertação da Palestina. Preso até hoje.
Junho-Novembro: Operation Summer Rains.
A morte de dois soldados e o sequestro do cabo Gilad Shalit da IDF pela resistência, no dia 25 de junho, foi a justificativa que Tel Aviv deu para essa primeira longa operação - de 28 de junho a 26 de novembro - faz parte da estratégia de aniquilamento material humano da Faixa de Gaza. Abordei-a no blog  de 04/05/14.
No dia 29 de junho, Israel sequestrou 64 afiliados ao Hamas, dentre eles, vinte deputados e oito ministros instalados em Ramallah. No dia 30 começaram os bombardeios. Foi então que Israel inaugurou duas estratégias. A primeira, de soltar panfletos de aviões ordenando que os gazauís abandonassem suas casas (sem dizer para onde podiam ir, já que a Faixa é cercada por terra, ar e mar); a segunda, foram as armas químicas que deixaram feridos, mortos e provocaram deficiências nas gerações futuras.
Israel perdeu três soldados durante os cinco meses (um deles por fogo amigo) e seis civis; cerca de 40 feridos. E deixou um prejuízo material de mais de US$15 milhões.
A Palestina perdeu 416 cidadãos. 124 resistentes e 222 civis - a maioria, mulheres e crianças.
Julho-Agosto: Operation Just Reward.
Chamada em Israel de Second Lebanon War e no Líbano de July War, essa ampla operação durou mais de um mês - do dia 12 de julho ao dia 14 de agosto.  Relatei-a em detalhes nos blogs de 18/05/14 e 01/06/14.
No decorrer dos bombardeios e ataques de infantaria, a IDF realizou três mini-operações com missões específicas a fim de corrigir erros e tentar ganhar a margem que apesar de sua superioridade militar e seu arsenal inesgotável, perdeu para o Hizbollah logo nos primeiros dias.
Agosto:
Operation Sharp and Smooth., também conhecida como Baalbek Operation, foi uma de muitas operações 'relâmpago' no contexto do grupo de Operations Changing Directions. Esta consistia de bombardear hospitais libaneses que tratavam, além de seus pacientes civis regulares, de feridos do Hizbollah.
Apesar de ser prática comum em hospitais, sobretudo os cristãos, de receberem qualquer pessoa necessitada, qualquer que seja sua ideologia e religião, Ariel Sharon achou que as instituições médicas mereciam punição por respeitarem o juramento de Hipócrates (integridade de vida, assistência aos doentes, desprezo pela própria pessoa) e botou a rede hospitalar do sul do Líbano para quebrar, literalmente.
A operação Baalbeck foi a que causou mais perdas. Daí seu destaque, embora tenha sido uma prática sistemática de vingança dos israelenses nas duas últimas semanas de combate.
A OSS aconteceu nos dois primeiros dias de agosto, quando a IDF, em desespero de causa, bombardeou um hospital libanês no Vale Bekaa, dizendo que era uma base do Hizbollah onde "guerrillas planned attacks together with Iranian instructors". Porém o governo libanês e a ONG Human Rights Watch desmentiram a hasbara e denunciaram a morte de 16 libaneses, quase todos civis - os militares do Hizbollah que se encontravam no hospital, estavam hospitalizado por ferimentos graves. Como nos outros 15 a 20 hospitais, de menor ou maior porte, bombardeados pela IDF durante a operação Mudança de Direção.
Operation Tyre raid. Foi o ataque de um prédio em Tiro, antiga cidade fenícia no sul do Líbano. A operação foi levada a cabo de madrugada, pelas forças especiais Shayetet 13.
À uma hora da manhã, o batalhão da IDF desembarcou de helicópteros em um laranjal no norte da cidade. Os soldados avançaram na calada até o prédio e atiraram copiosamente no segundo andar ferindo seus ocupantes com apoio dos helicópteros. Os militantes do Hizbollah que ocupavam o local reagiram à emboscada e resistiram quanto puderam ao assalto por terra, ar e mar (um navio israelense de combate estava esperando no litoral para repatriar seus soldados) e acabaram espantando seus agressores, que saíram mais surpreendidos do que eles. No final do assalto, por volta das 4 da manhã (a previsão de duração era 1h30), dois soldados israelenses gravemente feridos foram evacuados para o Rambam Hospital, em Haifa, Israel.
Inconformados com o fiasco (óbvio, apesar da IDF afirmar ter "shot two or three Hizbollah commanders", portanto, "taking out a key guerrilla unit involved in firing long-range rocket into Israel"), Ariel Sharon ordenou que a aviação da IDF retornasse a Tiro durante o dia para bombardear o prédio até as paredes serem reduzidas a um monte de entulhos.
Foi a conhecida punição coletiva que em vez de ser dissuasiva, só motivou mais o Hizbollah, que em poucas horas voltou a lançar foguetes no norte de Israel, quase do mesmo lugar e demonstrou satisfação por ter se defendido do assalto com sucesso, apesar da surpresa e da desproporção de meios.
Operation Change of Directions 11. Esta foi a operação do desespero, de vingança louca por uma derrota vergonhosa. Durou do dia 11 ao dia 14 de agosto e constituiu a ofensiva final, antes de Israel entregar os pontos e o Hizbollah cantar a vitória que deixou Tel Aviv e Washington estupefatos.
Em desespero de causa, a IDF convocou centenas de reservistas a fim de realizar uma investida massissa de infantaria com apoio de helicópteros em uma operação mista aéro-terrestre jamais vista na história da IDF; nem quando as forças armadas de Israel eram os grupos terroristas para-militares que protagonizaram a Naqba.
O plano era simples. Os batalhões marchariam da Galileia ao Líbano pelas margens do rio Litani "mopping-up", limpando as infra-estruturas do Hizbollah e seus militantes.
No terreno, a facilidade planejada foi desmentida logo de cara.
O Hizbollah estava atento, e Hassan Nasrallah, seu líder, deu uma ordem piedosa a seus oficiais que provaria sua superioridade moral em relação a Sharon e à impiedosa IDF. E demonstraria que em guerra é possível, sim, ter um mínimo de ética. A tática de Nasrallah foi de sacrificar o comandante dos batalhões e poupar os soldados para que batessem em retirada sãos e salvos. Nessa estratégia, em dois dias a IDF perdeu mais de 35 oficiais e 400 soldados que reagiram, foram evacuados, feridos.
Diante da derrota inquestionável, demonstrada pelos batalhões que marchavam de volta pra casa - mostrada nos noticiários das redes de televisão de Tel Aviv para o país inteiro, e para o Pentágono, que 'aconselhou' Ehud Olmert a parar de ouvir seu chefe de gabinete, general Moshe Ya'alon, e bater em retirada porque dera com os burros n'água desde o começo.
O Knesset avaliou o fiasco desse jeito: "Operation Changing Direction 1 was meant to be a large, broad grouperation, which would fundamentally alter reality in Southern Lebanon and the image of the whole operation in the military sense". Porém, com o grande número de baixas, sobretudo nas batalhas de Sulouqi/al-Hujeir e na planície Bmaryamin, "the operation faded away on its own". Em outras palavras, "the illusions of the Israeli leadership imploded and tis only concern was how to end the war aquickly as possible". A conclusão do Knesset foi que "Israel did not succeed in defeating the enemy, which is made up of only a coup thousands".
Foi consciente deste fato e negando, publicamente, a derrota, que Israel recebeu de braços abertos a proposta de cessar-fogo conforme a Resolução 1701 apresentada pelo Conselho de Segurança da ONU no dia 13 de agosto.
Foi a primeira vez na História que um país derrotado se beneficiava no fim de uma guerra. Além do mais, uma guerra que provocara. Foi outro presente que Israel ganhou de Washington.
A Resolução 1701 ordenava o desarmamento do  Hizbollah nos seguintes termos: "disarmament of all armed groups in Lebanon in accordance with Taif Accords and of Security Council resolutions 1559 (2004) e 1680 (2006)" que privilegiavam Israel e diabolizavam os grupos de resistência libaneses.
Os líderes do Hizbollah leram a resolução e não enganram ninguém. Aceitaram o cessar-fogo, porém, não aceitaram o desarmamento até que "the last Israeli occupation soldierd left Lebanese territory, which includes the Shebaa farms occupied by Israel in 1967". Como Nasrallah contava com o apoio do governo libanês, a UNIFIL desligou a bomba instalando soldados da ONU na fronteira.
No dia 14 de agosto, os libaneses choravam 1.191 mortos durante a Operation Just Reward.
Aliás, os libaneses não parariam de chorar, até hoje. Pois, nessa investida, a IDF encharcou os vilarejos libaneses de uma bomba química, fósforo branco, e espalhou bombas a fragmentação por todo lado, a fim de assegurar-se que a guerra continuaria e que, a médio prazo, tivesse vitória assegurada, como na Faixa de Gaza.
Novembro: Operation Autumn Clouds.
Esta foi uma investida terrestre e aérea especificamente contra Beit Hanoun, na Faixa de Gaza. Seu objetivo era complementar e finalizar o trabalho da Operation Summer Rains. Durou uma semana. Começou na madrugada do dia 31 de outubro e terminou no dia 07 de novembro. Abordei-a no blog de 26/06/14.
A justificativa dada para essa operação foi de resgate do cabo da IDF preso em Gaza e acabar com os túneis da resistência. Porém, os bombardeios foram indiscrimados e no final, 86 palestinos estavam mortos, mais da metade eram civis, inclusive crianças. Israel perdeu um soldado.
Em seguida, a Faixa foi mais uma vez vedada aos observadores internacionais. O arcebispo sul-africano Desmond Tutu liderava a comissão de investigação cuja entrada foi barrada. Apesar do bloqueio ilegal, o relator da ONU, com base em dados evidentes, concluiu: "it seems clear that the indiscriminate firing of shells into a civilian neighbourhood with no apparent military objective conssituted a war crime, to which both the commanding officer and those who launched the 30-minute artillery attack should be held criminally responsible."
Não foram.

2007
Setembro: Operation Orchard.
Operação israelense relâmpago de bombardeio de um suposto sítio nuclear na região de Deir ez-Zor, na Síria, no dia 06 de setembro.
Os esquadrões de forças especiais da IDF (Forças armadas de Israel) Shaldag e Sayeret Matkal infiltrraram-se no local na véspera e se posicionaram para sinalizá-lo com holofotes.
O ataque foi realizado pela Israeli Air Force (IAF) com oito aeronvaves militares. Uns usados para desativar os radares sírios, outros carregavam as bombas (Maverick AGM-65), um tanque externo e os demais escortavam a esquadra.
O ataque foi coordenado com o governo de George W. Bush, embora este tenha recusado participar diretamente.
A esquadra israelense retornou pelo espaço aéreo turco, cujo primeiro ministro Recept Tayyp Erdogan, recebeu um telefonema de seu homólogo israelense 'explicando' o acontecimento e mandando um recado para Bashar el-Assad que vazou desse jeito: Israel would not tolerate another nuclear plant, but that no further action was planned. Ehud Olmert acrescentou que Israel did not want to play up the incident, was still interested in peace with Syriain and that if Assad chose not to draw attention to the 'incident', he would do likewise.
Mas Assad não ficou calado. Sua carta a Ban Ki Moon reclamava do "breach of airspace", e denunciava "it is not the first time Israel has violated Syrian airspace".
Após a quebra de silêncio do presidente sírio, no dia 16, o chefe de inteligência israelense Amos Yadlin vangloriou-se diante de uma comissão parlamentar que Israel reconquistara sua "deterrent capability". A reconquista da capacidade de dissuasão não era certa, mas o aumento de 10 pontos de aprovação de Olmert nas pesquisas de opinião da noite pro dia, sim.
No dia seguinte, talvez por ter ficado sabendo que Bashar el-Assad estava com uma bomba química pronta para ser lançada em Israel, Edud Olmert tentou acalmá-lo declarando estar pronto para fazer as pazes "without preset conditions and without ultimatums".
Bashar recuou por temer que Israel jogasse uma de suas dezenas (centenas?) de bombas atômicas em Damasco.
O jornal egípcio AL-Ahram comentou o "syncrhonized silence of the Arab world".
O silêncio da "comunidade internacional" não surpreendeu. Foi mais uma prova do sucesso da Doutrina Begin (the common term for the Israeli government's preventive strikes to maintain its opaque monopoly of weapons of mass destruction in the Middle East).  Pois o 'motivo' do ataque foi a Síria ter "failed to provide necessary cooperation with the IAEA investigation of the site", enquanto que Israel negava/nega o óbvio e proibia/proíbe sistematicamente vistoria de suas centrais nucleares.
O então presidente da Atomic Energy Agency (IAEA) Mohammed el-Baradei criticou a operação israelense dizendo "to bomb first and ask questions later undermines the system and doesn't lead to any solution to any suspician."
 
NEWS
Mensagem do lider do Hizbollah Sayyed Hassan Nasrallah:
Saudi Arabia's Wahhabi culture is behind world terrorism.


PALESTINA
 

Weekly

In September 2012, Israeli security forces put up a chain-link along al-Ibrahim street in Hébron, in the West Bank, separating paved road from a narrox, rough walkway. Since then, B'Tselem has twice documented security forces denying Palestinians access to the paved roda, despite official claims that there is no such prohibition. On 25 July 2016, B'Tselem wolunteer Raied Abu Ramileh filmed an Israeli occupation soldier seizing the bicycle of 8-year-ol Anwar Burqan and throwing it in the bushes for riding it down the paved road, which reserved for Jewish settlers. 
On 24 May 2016, dozens of soldiers spread through the Streets of the Jaber neighbourhood in Hébron, gathering children and teens. They stood 20 of them against a wall, asked them about a stone-throwing incident earlier that day, protographed each one and let them go. At least 14 were minors, seven including Under the age of criminal liability. The goal of this conduct appears to have been to intimidate the children and deter them from throwing stones, in blatant disregard of the military's duty to protect the rights of minors.
It happens very often in the Palestinian Occupied Territories.
Whitewashing Israel's crimes
On 9 December 2011 Tamini was hit by a tear-gas canister fired at him from close range while throwing stones at a protest. He died the next day. Two years later the MAG Corps closed the case on untenable ground; B'Tselem appealed the decision. Israeli Military Prosecution denied the appeal in Feb.2016, citing implausible scenarios to absolve the  shooter and his commanders for criminal liability, thereby sending, once again, a messaage that Israeli soldiers may act with impunity and underscoring the limitations of a system that does not examine policy or the responsibility of senior officers.


Palestina nas Olimpíadas no Rio
BRASILn


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