Após anos de processo, julgamento de corpo presente e póstumo, o Tribunal da Háguia absolveu o ex-presidente da Iugoslávia Slobodan Milosevic na semana passada.
Desde 2001 que Milosevic sofre uma linchagem midiática por ignorância ou interesses escusos dos donos dos jornais. Quem ousasse, como eu, chamar a atenção para a realidade era tratado como cúmplice de crime abominável. Entrevistá-lo, investigar em Belgrado, ninguém procurava. A verdade pouco importava. O que importava era a diabolização organizada.
Como acontece hoje em relação a Putin e Assad.
(Não que estes dois sejam santos, mas Putin não é pior do que Obama, e Assad não é pior do que os ditadores dos países árabes)
A grande mídia que o denegriu durante anos nem se dignou a dar a notícia em realce.
O veredito do Tribunal foi apresentado nos seguintes termos: 'Slobodan Milošević was the President of Serbia from 1989 to 1997 and then President of the Federal Republic of Yugoslavia from 1997 to 2000. He was charged by the International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia (ICTY) on the basis of both individual and superior criminal responsibility with genocide, crimes against humanity, violations of the laws or customs of war and grave breaches of the 1949 Geneva Conventions. These crimes were allegedly committed in Kosovo, Bosnia and Herzegovina and Croatia during the war in former Yugoslavia. He died on 11 March 2006, before the end of the trial.'
Eu sigo a Iugoslávia desde a adolescência, pessoalmente, e desde 1980, profissionalmente.
Na adolescência, na década de 70, tive uma colega iugoslava na escola em que estudei nos EUA. O Brasil estava em plena ditadura militar, a repressão corria solta e a doutrinação nas escolas era eficaz. Minha colega iugoslava quebrou então todos os preconceitos que os milicos nos inculcavam sobre os comunistas que "comiam criancinhas". E despertou minha atenção para o sistema e pelo governante do país, Josip Broz Tito.
Mais tarde, lamentei a morte de Tito em 1980 como se fosse compatriota do grande líder. E perguntei-me então o que seria desse país dividido étnico-religioso-culturalmente sem tal homem de punho e de carisma para dirigi-lo.
Preocupei-me sobretudo por sentir os interesses estrangeiros de quebrar a Iugoslávia na esperança de tirar proveito. Começando com a Alemanha, que visava recuperar sua hegemonia regional, perdida com a derrota na Segunda Guerra.
Lembro da emergência de Slobodan Milosevic e do comício fatídico no Centro Cultural de Polje, Kosovo, em abril de 1987, quando saiu em defesa dos sérvios locais - perseguidos, monastérios e igrejas ancestrais sendo depredados - que, ao manifestarem sua revolta, a polícia kosovar os atacara: "Vocês não serão batidos". Frase que a mídia internacional descreve, erroneamente, como o canto de guerra sérvio que abriu as portas à secessão.
Ora, a divisão estava sendo fomentada desde a morte de Tito e foi viabilizada com o desmantelamento da União Soviética e da queda do muro de Berlin em 1989 - ano em que Slobodan Milosevic foi eleito à presidência da república iugoslava.
Sloba (apelido de Milosevic) pegou um país em frangalhos e assediado por todos os lados: da Alemanha, pelo alto - com a cumplicidade passiva da Europa e dos EUA, e dos integristas muçulmanos, por baixo, que queriam a autonomia do Kosovo e da Bósnia - cuja população, pela força das armas, se convertera majoritariamente ao islamismo durante a ocupação otomona. Aliás, um dos passaportes de Ossama Bin Laden era bósnio.
A guerra civil poderia ter sido evitada se não tivesse havido ingerência estrangeira. Como na Síria em 2011.
Mas houve, e o conflito foi sangrento, durou anos e deixou cicatrizes difíceis de desaparecerem.
Na péoca, por onde andava no Ocidente ouvia lamentarem os "coitados dos bósnios".
Pessoas que jamais haviam se interessado pela Iugoslávia, que jamais haviam pisado em nenhuma das províncias, e que jamais tinham pensado em passear em Sarajevo, lamentavam com veemência o sítio dessa "cidade magnífica".
Seria risível, se o assunto e as consequências não fossem tão dramáticos.
No terreno, o que se via era atrocidade de todos os lados. Estupros como arma de dominação e vingança, execuções sumárias, vizinho esguelando vizinho, sérvios, bósnios, kosovars, lutavam com todas as armas.
Todos eram vítimas.
Todos eram algozes.
Cada um com seu motivo.
O problema de guerra é que quanto mais dura, mais hediondos os crimes ficam. Morre um, vem a vingança; morre outro, a vingança dobra; outro, triplica, quaduplica, indefinidamente, até a humanidade desaparecer totalmente e só ficar a irracionalidade dos baixos instintos.
O imbecil do Bernard Henri Levy, um pseudo filósofo francês que ignora o que informação e reflexão significam, na época, chegou ao paroxismo da hasbara de 'ir ao terreno', fazer proselitismo na mídia francesa (como faz pelo sionismo) e rodar um filme que mereceu o fracasso que obteve. Confesso que nem perdi o tempo de assistir.
Eu tinha a impressão que, como na estória da Tchechênia, e hoje em Ucrânia, Síria, a manipulação da informação era alarmante.
É certo que Srebrenica povoa meus pesadelos. Mas não mais do que Sabra e Shatila ou o Líbano em 2006, Gaza em 2008, Gaza em 2012, Yarmouk desde o mesmo ano, Gaza em 2014, ..., enfim, a Palestina todos os dias do ano.
O atestado de óbito dizia 'ataque cardíaco', mas como diz o grande advogado francês Jacques Vergès, ataques cardíacos podem ser provocados. E no caso de Milosevic, não há sombra de dúvida que sua morte foi causada por um medicamento contra hipertensão que tomava e cujos efeitos ignorava. Os médicos nunca o informaram "por sigilo médico", apesar da informação ter sido transmitida à Casa Branca. Sloba pediu várias vezes para ser tratado em Moscou, pois sentia que estava definhando sem razão aparente e suspeitava de envenenamento - Quem não se lembra de Yasser Arafat?
O pedido foi negado, reiterado, negado e negadaoaté sua morte 'natural' acontecer.
O Tribunal, em cumplicidade com os EUA e seus aliados, executaram, por omissão, um homem que dez anos mais tarde inocentaram.
Quando Jacques Vergès foi contratado para defendê-lo, o pânico nas altas esferas internacionais ocidentais era quase palpável. Pois Vergès era um advogado que aplicava o método sui generis de atacar o leão invisível. De defender o criminoso para revelar quem estava por trás e combater o crime do qual ele era acusado.
Sloba era o cliente ideal. Nada o incriminava diretamente - segundo um eminente jurista britânico, no mínimo 80% dos atos de acusação teriam sido rejeitados por qualquer tribunal inglês como simples boatos. Quem o conhecia, o definia como um socialista boa gente cujo único objetivo politico era manter uma Iugoslávia multi-racial, multi-étnica, unida, estável.
Nunca demonstrou interesse de construir uma grande Sérvia e sim de manter a unidade da Iugoslávia na qual foi criado. Nada a ver com o projeto da grande Israel que Binyamin Netanyahu e seus cúmplices estão pondo em prática na Palestina com sua política genocida.
Slobodan Milosevic foi detido primeiro por razões políticas que a OTAN determinava. Só depois é que foram à busca de provas que o encriminassem, e não o contrario.
Procuraram durante 15 anos.
Todas as provas obtidas foram contrárias à pré-acusação e à linchagem midiática. Ele não era um criminoso de guerra que ordenara massacres e sim um chefe de estado que perdeu o controle de seu exército cego pela retaliação.
Milosevic não foi um Ben Gurion, uma Golda Meir, uns Ehud Barak, Shimon Peres, Ariel Sharon, Binyamin Netanyahu que deram as ordens de torura e extermínio a um serviço de inteligência e a um exército organizado e obediente que submete seus recrutas a uma doutrinação genocida.
Não, era claro que Milosevic perdera totalmente o contrôle para os comandantes militares que viam os sérvios serem trucidados, suas mulheres estupradas e só pensavam em vingança, que viraram bestas humanas.
O pior de tudo isso é que até o mês passado ainda havia jornalistas, 'analistas', cidadãos ocidentais normais mal-informados pela mídia local, que chegavam a compará-lo a Hitler. A ofensa que mais atingia esse homem cuja família combateu ferrenhamente os nazistas e que execrava toda a ideologia de superioridade étnica, expansionista e colonialista.
Ao contrario dos líderes israelenses citados acima e de todos os outros não citados.
Por que Slobodan Milosevic foi crucificado na mídia internacional e no Tribunal internacional e Tzipi Livni, Binyamin Netanyahu, Avigdor Lieberman estão livres?
Enquanto Sloba se debatia para provar sua inocência e por sua vida, George W. Bush e Tony Blair orquestravam um ataque brutal ilegal contra o Iraque que resultaria no assassinato do presidente do país e seus dois filhos, mais a morte de cerca de um milhão de cidadãos.
(Falando nisso, um relatório da Body Count revelou que a "guerra contra o terrorismo" posta em prática por Clinton, Bush e Obama é responsável pela morte do mínimo de 1.3 milhões de pessoas só no território do Iraque, Afeganistão e Paquistão. Sem contar Síria, Yemen, Egito, etc.
Por que Slova foi envenenado por omissão (?) e não viveu para celebrar a admissão de sua inocência?
Pela mesma razão que Saddam Houssein e o Iraque foram sacrificados.
Pela mesma razão que Gaddafi e a Líbia foram sacrificados.
Pela mesma razão que Bashar el-Assad e a Síria estão sendo sacrificados.
Porque era um nacionalista independente dos interesses da OTAN e que tinha segredos que incomodavam muita gente.
Tony Blair testemunhou contra Slova em seu julgamento. Tony Blair! Com que moral e com que interesse?
Jacques Vergès estava pronto para abrir a caixa de Pandora. Estava pronto para revelar todo o podre atrás do julgamento de Milosevic. Daqui a 50, 100 anos, quando algum pesquisador tiver direito de abrir os arquivos, talvez se saiba o que estava realmente por trás dessa farsa.
Enquanto isso, cuidado com a diabolização midiática de Assad e de Putin. Há interesses escusos abomináveis atrás dessas campanhas. Interesses visíveis e invisíveis que no final das contas nos prejudicam.
Quando os criminosos de guerra israelenses serão julgados na Háguia para, no mínimo, "servir de exemplo"?
E George W. Bush? E Tony Blair? Responsáveis pela emergência do Daesh.
Barack Obama também não tem ficha limpa.
E a ogra Hillary Clinton talvez ultrapasse todos eles causando a Terceira Guerra Mundial com sua cobiça, megalomania e a malvadeza que a caracterizam.
Quem viver, verá.
Article by Andy Wilcoxson: The Exoneration of Milosevic: the ICTY’s Surprise Ruling.
Video: Yugoslavia: The avoidable war
Video: Yugoslavia seen by a Serbian
Video: The Death of Yugoslavia
Desde 2001 que Milosevic sofre uma linchagem midiática por ignorância ou interesses escusos dos donos dos jornais. Quem ousasse, como eu, chamar a atenção para a realidade era tratado como cúmplice de crime abominável. Entrevistá-lo, investigar em Belgrado, ninguém procurava. A verdade pouco importava. O que importava era a diabolização organizada.
Como acontece hoje em relação a Putin e Assad.
(Não que estes dois sejam santos, mas Putin não é pior do que Obama, e Assad não é pior do que os ditadores dos países árabes)
A grande mídia que o denegriu durante anos nem se dignou a dar a notícia em realce.
O veredito do Tribunal foi apresentado nos seguintes termos: 'Slobodan Milošević was the President of Serbia from 1989 to 1997 and then President of the Federal Republic of Yugoslavia from 1997 to 2000. He was charged by the International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia (ICTY) on the basis of both individual and superior criminal responsibility with genocide, crimes against humanity, violations of the laws or customs of war and grave breaches of the 1949 Geneva Conventions. These crimes were allegedly committed in Kosovo, Bosnia and Herzegovina and Croatia during the war in former Yugoslavia. He died on 11 March 2006, before the end of the trial.'
Eu sigo a Iugoslávia desde a adolescência, pessoalmente, e desde 1980, profissionalmente.
Na adolescência, na década de 70, tive uma colega iugoslava na escola em que estudei nos EUA. O Brasil estava em plena ditadura militar, a repressão corria solta e a doutrinação nas escolas era eficaz. Minha colega iugoslava quebrou então todos os preconceitos que os milicos nos inculcavam sobre os comunistas que "comiam criancinhas". E despertou minha atenção para o sistema e pelo governante do país, Josip Broz Tito.
Mais tarde, lamentei a morte de Tito em 1980 como se fosse compatriota do grande líder. E perguntei-me então o que seria desse país dividido étnico-religioso-culturalmente sem tal homem de punho e de carisma para dirigi-lo.
Preocupei-me sobretudo por sentir os interesses estrangeiros de quebrar a Iugoslávia na esperança de tirar proveito. Começando com a Alemanha, que visava recuperar sua hegemonia regional, perdida com a derrota na Segunda Guerra.
Lembro da emergência de Slobodan Milosevic e do comício fatídico no Centro Cultural de Polje, Kosovo, em abril de 1987, quando saiu em defesa dos sérvios locais - perseguidos, monastérios e igrejas ancestrais sendo depredados - que, ao manifestarem sua revolta, a polícia kosovar os atacara: "Vocês não serão batidos". Frase que a mídia internacional descreve, erroneamente, como o canto de guerra sérvio que abriu as portas à secessão.
Ora, a divisão estava sendo fomentada desde a morte de Tito e foi viabilizada com o desmantelamento da União Soviética e da queda do muro de Berlin em 1989 - ano em que Slobodan Milosevic foi eleito à presidência da república iugoslava.
Sloba (apelido de Milosevic) pegou um país em frangalhos e assediado por todos os lados: da Alemanha, pelo alto - com a cumplicidade passiva da Europa e dos EUA, e dos integristas muçulmanos, por baixo, que queriam a autonomia do Kosovo e da Bósnia - cuja população, pela força das armas, se convertera majoritariamente ao islamismo durante a ocupação otomona. Aliás, um dos passaportes de Ossama Bin Laden era bósnio.
A guerra civil poderia ter sido evitada se não tivesse havido ingerência estrangeira. Como na Síria em 2011.
Mas houve, e o conflito foi sangrento, durou anos e deixou cicatrizes difíceis de desaparecerem.
Na péoca, por onde andava no Ocidente ouvia lamentarem os "coitados dos bósnios".
Pessoas que jamais haviam se interessado pela Iugoslávia, que jamais haviam pisado em nenhuma das províncias, e que jamais tinham pensado em passear em Sarajevo, lamentavam com veemência o sítio dessa "cidade magnífica".
Seria risível, se o assunto e as consequências não fossem tão dramáticos.
No terreno, o que se via era atrocidade de todos os lados. Estupros como arma de dominação e vingança, execuções sumárias, vizinho esguelando vizinho, sérvios, bósnios, kosovars, lutavam com todas as armas.
Todos eram vítimas.
Todos eram algozes.
Cada um com seu motivo.
O problema de guerra é que quanto mais dura, mais hediondos os crimes ficam. Morre um, vem a vingança; morre outro, a vingança dobra; outro, triplica, quaduplica, indefinidamente, até a humanidade desaparecer totalmente e só ficar a irracionalidade dos baixos instintos.
O imbecil do Bernard Henri Levy, um pseudo filósofo francês que ignora o que informação e reflexão significam, na época, chegou ao paroxismo da hasbara de 'ir ao terreno', fazer proselitismo na mídia francesa (como faz pelo sionismo) e rodar um filme que mereceu o fracasso que obteve. Confesso que nem perdi o tempo de assistir.
Eu tinha a impressão que, como na estória da Tchechênia, e hoje em Ucrânia, Síria, a manipulação da informação era alarmante.
É certo que Srebrenica povoa meus pesadelos. Mas não mais do que Sabra e Shatila ou o Líbano em 2006, Gaza em 2008, Gaza em 2012, Yarmouk desde o mesmo ano, Gaza em 2014, ..., enfim, a Palestina todos os dias do ano.
Porém, Slobodan Milosevic - que nunca foi um criminoso degenerado como Ariel Sharon, Binyamin Netanyahu, Ehud Barak; e nem um lobo em pele de carneiro como Shimon Peres, Tzipi Livni, Tony Blair e Hillary Clinton - foi levado ao banco dos réus da Háguia 'para servir de exemplo", segundo um tal Michael J. Kelly em seu artigo tendencioso que deu a volta ao mundo e virou má-referência em cursos de Direito: Can Sovereigns Be Brought to Justice? Artigo desacreditado também por conter citações de Eli Wiesel, que queria dar lições de genocídio ao mesmo tempo que apoiava a limpeza étnica da Palestina.
Pois bem. Sloba foi detido em 2001 e levado para a Háguia, onde ficou preso até 2006 quando morreu envenenado. O atestado de óbito dizia 'ataque cardíaco', mas como diz o grande advogado francês Jacques Vergès, ataques cardíacos podem ser provocados. E no caso de Milosevic, não há sombra de dúvida que sua morte foi causada por um medicamento contra hipertensão que tomava e cujos efeitos ignorava. Os médicos nunca o informaram "por sigilo médico", apesar da informação ter sido transmitida à Casa Branca. Sloba pediu várias vezes para ser tratado em Moscou, pois sentia que estava definhando sem razão aparente e suspeitava de envenenamento - Quem não se lembra de Yasser Arafat?
O pedido foi negado, reiterado, negado e negadaoaté sua morte 'natural' acontecer.
O Tribunal, em cumplicidade com os EUA e seus aliados, executaram, por omissão, um homem que dez anos mais tarde inocentaram.
Quando Jacques Vergès foi contratado para defendê-lo, o pânico nas altas esferas internacionais ocidentais era quase palpável. Pois Vergès era um advogado que aplicava o método sui generis de atacar o leão invisível. De defender o criminoso para revelar quem estava por trás e combater o crime do qual ele era acusado.
Sloba era o cliente ideal. Nada o incriminava diretamente - segundo um eminente jurista britânico, no mínimo 80% dos atos de acusação teriam sido rejeitados por qualquer tribunal inglês como simples boatos. Quem o conhecia, o definia como um socialista boa gente cujo único objetivo politico era manter uma Iugoslávia multi-racial, multi-étnica, unida, estável.
Nunca demonstrou interesse de construir uma grande Sérvia e sim de manter a unidade da Iugoslávia na qual foi criado. Nada a ver com o projeto da grande Israel que Binyamin Netanyahu e seus cúmplices estão pondo em prática na Palestina com sua política genocida.
Slobodan Milosevic foi detido primeiro por razões políticas que a OTAN determinava. Só depois é que foram à busca de provas que o encriminassem, e não o contrario.
Procuraram durante 15 anos.
Todas as provas obtidas foram contrárias à pré-acusação e à linchagem midiática. Ele não era um criminoso de guerra que ordenara massacres e sim um chefe de estado que perdeu o controle de seu exército cego pela retaliação.
Milosevic não foi um Ben Gurion, uma Golda Meir, uns Ehud Barak, Shimon Peres, Ariel Sharon, Binyamin Netanyahu que deram as ordens de torura e extermínio a um serviço de inteligência e a um exército organizado e obediente que submete seus recrutas a uma doutrinação genocida.
Não, era claro que Milosevic perdera totalmente o contrôle para os comandantes militares que viam os sérvios serem trucidados, suas mulheres estupradas e só pensavam em vingança, que viraram bestas humanas.
O pior de tudo isso é que até o mês passado ainda havia jornalistas, 'analistas', cidadãos ocidentais normais mal-informados pela mídia local, que chegavam a compará-lo a Hitler. A ofensa que mais atingia esse homem cuja família combateu ferrenhamente os nazistas e que execrava toda a ideologia de superioridade étnica, expansionista e colonialista.
Ao contrario dos líderes israelenses citados acima e de todos os outros não citados.
Por que Slobodan Milosevic foi crucificado na mídia internacional e no Tribunal internacional e Tzipi Livni, Binyamin Netanyahu, Avigdor Lieberman estão livres?
Enquanto Sloba se debatia para provar sua inocência e por sua vida, George W. Bush e Tony Blair orquestravam um ataque brutal ilegal contra o Iraque que resultaria no assassinato do presidente do país e seus dois filhos, mais a morte de cerca de um milhão de cidadãos.
(Falando nisso, um relatório da Body Count revelou que a "guerra contra o terrorismo" posta em prática por Clinton, Bush e Obama é responsável pela morte do mínimo de 1.3 milhões de pessoas só no território do Iraque, Afeganistão e Paquistão. Sem contar Síria, Yemen, Egito, etc.
Por que Slova foi envenenado por omissão (?) e não viveu para celebrar a admissão de sua inocência?
Pela mesma razão que Saddam Houssein e o Iraque foram sacrificados.
Pela mesma razão que Gaddafi e a Líbia foram sacrificados.
Pela mesma razão que Bashar el-Assad e a Síria estão sendo sacrificados.
Porque era um nacionalista independente dos interesses da OTAN e que tinha segredos que incomodavam muita gente.
Tony Blair testemunhou contra Slova em seu julgamento. Tony Blair! Com que moral e com que interesse?
Jacques Vergès estava pronto para abrir a caixa de Pandora. Estava pronto para revelar todo o podre atrás do julgamento de Milosevic. Daqui a 50, 100 anos, quando algum pesquisador tiver direito de abrir os arquivos, talvez se saiba o que estava realmente por trás dessa farsa.
Enquanto isso, cuidado com a diabolização midiática de Assad e de Putin. Há interesses escusos abomináveis atrás dessas campanhas. Interesses visíveis e invisíveis que no final das contas nos prejudicam.
Quando os criminosos de guerra israelenses serão julgados na Háguia para, no mínimo, "servir de exemplo"?
E George W. Bush? E Tony Blair? Responsáveis pela emergência do Daesh.
Barack Obama também não tem ficha limpa.
E a ogra Hillary Clinton talvez ultrapasse todos eles causando a Terceira Guerra Mundial com sua cobiça, megalomania e a malvadeza que a caracterizam.
Quem viver, verá.
Article by Andy Wilcoxson: The Exoneration of Milosevic: the ICTY’s Surprise Ruling.
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