domingo, 2 de junho de 2013

MONSANTO: Ogro dos seres vivos



No dia 25 de maio, mais de dois milhões de pessoas de 436 cidades de 52 países dos cinco continentes saíram à rua para protestar contra um predador universal.
Foi um movimento impressionante. Tanto pela disseminação geográfica variada quanto pelo método contemporâneo da internet e das redes sociais.
O que unia esses cidadãos do mundo nesse dia, nessa hora?
O repúdio à submissão à hegemonia destruidora da multinacional Monsanto.
Este monstro empresarial tem múltiplos tentáculos nocivos à natureza, à bio-diversidade e à humanidade.
Fabrica, entre outros, produtos fitosanitários comprovadamente tóxicos (agente laranja, Roundup, PCB) e sementes geneticamente modificadas. Estas estão para ser impostas a todos os agricultores do planeta e portanto, a nós consumidores, sabendo-se que são daninhos e sem que se saiba quão nocivos estes transgênicos são para nossa saúde e nossos órgãos reprodutores.
A Monsanto produz 90% dos OGM (Organismos Genéticamente Modificados) do mundo.
Um dos objetivos da firma estadunidense é patentear todas as sementes que vende aos agricultores. O que significa a privatização destas verduras, capins, plantas e legumes que crescem ( ou cresciam ) na natureza e pertenciam a todo mundo.
Esta piratagem agrícolo-industrial obrigaria (obrigará?) o agricultor a pagar anualmente um "imposto" à Monsanto ( que fiquem estéreis ou não, as sementes serão proibidas de reprodução).
Os milhões de cidadãos foram às ruas lutar pelo direito de continuar a escolher o que comem.
Isto só é possível com uma etiquetagem obrigatória dos OGMs e a possibilidade de cultivar terras sãs com sementes livres.
Como a humanidade vem fazendo durante milênios e sobrevivendo bem.
Quem não está ligado no problema crescente dos OGMs, ou seja, dos transgênicos, e nos danos que vêm causando, pode parecer aberrante que monstros como a Monsanto e outros gigantes da biotecnologia como Syngenta, Bayer, Dow, Dupont, estejam tentando e possivelmente consigam roubar da população mundial bens universais que pertencem à terra.
E a aberração não termina aí.
Esta piratagem da agricultura mundial que deteriora a qualidade do alimento que ingerimos e provoca não se sabe quantos males a médio e longo prazo, conta com a bênção de nossos governos.
Enfim, não de todos. Já foram banidos em vários países do planeta. No nosso não.
Nem nos Estados Unidos, nem nos demais países da América do Sul.
Lá nos EUA o lobby deles é poderosíssimo.
E no Brasil, quem os protege?
São nossos dirigentes que permitem que estes predadores se instalem e nadem de braçada em nossas terras férteis para torná-las áridas ou dependendentes.
A Monsanto age exatamente como os traficantes de droga para seduzir o jovem incauto e transformá-lo em drogado impotente.
Fazem a mesma coisa com agricultores e com as sementes que modificam genéticamente.
Os Estados Unidos são os maiores cúmplices da piratagem e do tráfico legalizado.
Vide a nova lei que o governo de Barack Obama aprovou em abril deste ano. Em um sigilo suspeito, as exações da multinacional foram legalizadas com nome próprio: Monsanto protection Act.
Na aula de biologia aprendemos que a cadeia dos seres vivos é composta por produtores, consumidores e decompositores.
Só pra revivar a memória.
Os produtores são organismos que fabricam sua própria matéria orgânica a partir de matéria inorgânica. Tais como dióxido de carbono, água, sais minerais. Estes seres vivos são plantas, algas e bactérias fotosintetizadoras.
Os consumidores são organismos que se alimentam de matéria orgânica viva. São divididos em herbívoros - que se alimentam de plantas; carnívoros, que se alimentam de animais herbívoros; e onívoros, que se alimentam de animais e plantas.
Os decompositores são organismos que se alimentam de detritos e os transformam em compostos inorgânicos. Como por exemplo os fungos e muitas bactérias. Têm a função de transformar detritos em matéria orgância.
Todos os organismos precisam de matéria e energia para cumprir suas funções vitais. Mas cada um a obtém de um jeito. O conjunto dos processos que permite aos seres vivos a incorporação e a utilização de substâncias destinadas a atuar como nutrientes é a chamada nutrição.
Sem nutrição adequada os seres vivos definham. O homem mal-nutrido nem pensa.
Esta cadeia tem funcionado há milênios, em harmonia. E desta depende a sobrevivência sã dos seres vivos.
A Monsanto veio bagunçar esta cadeia natural dos seres vivos; com boas intenções, dizia. E há muitos que acreditam.
Para inovar, pesquisar, inventar o futuro!
Para isso, introduziu  na cadeia viva componentes químicos produzidos artificialmente a fim de lucrar às custas da saúde pública. Enfim brinca com a sua saúde, a minha e de todo mundo.
E como lucra!
(Tanto ou mais do que os fabricantes de cigarro, mas estes são obrigados a estampar nas carteiras: O Ministério de Saúde Adverte. Por que não a mesma advertência nos produtos transgênicos?)
No início de 2013 reuniu os acionistas para anunciar seus lucros mirabolantes.
Sua renda global em 2012 chegou a US$2.4 bilhões. Por extenso, dois bilhões novecentos e quarenta milhões de dólares.
O aumento do herbicida roundup, que domina o mercado dos EUA e está em crescimento vertiginoso na América Latina (!), é um dos responsáveis por este sucesso nas vendas.
Ao explorar a patente de algodão, soja e milho transgênicos, a Monsanto garante um controle insidioso nas indústrias agrícolas do nosso continente americano do Canadá, passando pelo Brasil até o Chile.
Nos Estados Unidos, a firma tentacular estava sendo investigada pelo Departamento de Justiça por violação da lei anti-trust. Pois pratica atividades anticompetitivas em relação a outras companhias biotécnicas.
Contudo, apesar de provas irrefutáveis, a investigação foi fechada na surdina antes do fim do ano.
O modesto objetivo do processo de OSGATA vs MONSANTO que começou em 2011, visava obter proteção legal para os fazendeiros que desejassem continuar a investir em uma agricultura convencional saudável. Pois está ficando quase impossível a um fazendeiro do nosso continente plantar uma semente que não seja transgênica.
O que nos obriga, nós consumidores que vamos acabar sem escolha, a comer legumes, bolachas, e quantos produtos mais genéticamente modificados. Mesmo sem vontade de aderir ao futurismo incerto que está condenando à morte a biodiversidade e os produtos naturais.
No Brasil, que eu saiba, por enquanto, ninguém levou a Monsanto a Tribunal para defender o direito de plantar sementes naturais e de alimentar-se de produtos que até dez anos atrás eram cem por cento orgânicos.
Ora, a Monsanto abusa de patentes.
Entre 1997 e 2010, o "ogro" processou 144 camponeses estadunidenses que plantavam milho e soja sem pagar pedágio ao mastondonte pirata. Sem contar os 700 processos acertados fora do tribunal.
Muitos destes camponeses nunca plantaram e jamais plantariam sementes transgênicas.
Nos EUA não se usa a palavra corrupção com a mesma facilidade que no Patropi. Lá corrupção tem apelido imponente.
Mas é o que é.
Por que será que os tribunais federais protegem supostos direitos da Monsanto lucrar com um sistema de patentes de plantas naturais que além de amoral - para pessoas que acreditam em valores sociais - é contrária inclusive aos princípios capitalistas básicos? Já que vai de encontro à sacrosanta liberdade de mercado e à liberdade individual?
Se fosse no Brasil, as pessoas envolvidas seriam um prato suculento para a Polícia Federal.
Aliás, espero que ela esteja atenta à influência maléfica da Monsanto. Ora, o que envolve a saúde da população é tão ou mais importante do que desvios de dinheiro para político. Ou não?
Espero que aja logo para defender os interesses do povo brasileiro contra este ogro que além de predar nossas riqueza naturais, impõe a nossos fazendeiros sementes que não necessitamos.
Sem contar os herbicidas que atacam e corroem as células humanas.
Pois a Monsanto não oferece, impõe a semente.
Tem fama de recorrer à intimidação de fazendeiros que resistem a seus produtos transgêncios e a seus herbicidas nocivos para a saúde de todo mundo.
O pior é que os produtos transgênicos contaminam as lavouras vizinhas.
Esta contaminação, acidental ou proposital, onera as plantações dos fazendeiros que resistem e dificulta tanto a produção orgânica que muitos acabam desistindo de remar contra a maré devastadora.
Aí param de produzir o milho, a soja, ou o que quer que seja que produziam.
Não tenho as estatísticas brasileiras, mas nos Estados Unidos, estima-se que 88 por cento do milho e 93 por cento da soja produzida no país já sejam transgênicos.
E a Monsanto sabe que nenhum consumidor bem-informado quer comprar produtos genéticamente modificados.
Ninguém quer ser cobaia de uma firma venal que joga com a vida e a saúde alheia como se o mundo fosse um imenso laboratório rentável.
Acontece que o consumidor não sabe o que compra no supermercado e nem na feira.
O movimento popular internacional é justamente para que o cidadão normal, você, eu, todos nós, tenhamos o direito de saber o que comemos. Já que nossos governos se dobraram à Monsanto como a matriz estadunidense.
No caso brasileiro, que se saiba, tudo começou no governo de Fernando Henrique Cardoso. Como é um homem letrado, não dá para dizer que foi por ignorância. Por que terá permitido a invasão da Monsanto?
No ano passado nos Estados Unidos, uma juiza, Naomi Reice Buchwald, chegou a dizer que os fazendeiros haviam criado "a controversy where none exists".

A Europa parou o carro da Monsanto no Oceano Atlântico.
Na França, a guerra popular contra os produtos transgênicos é quotidiana.
Espero que no Brasil a população acorde antes que o nosso país em que "tudo o que se planta/va da/va", perca toda a riqueza do solo por causa de mais um predador estrangeiro.
Abby Martin on Monsanto 06/16
Histórico da Monsanto

. 1901, John Francis Quenny dá à sua nova empresa Monsanto Chemical Works o sobrenome da esposa Olga Mendez Monsanto.
. 1917, a firma se lança na produção de sacarina.
. 1929, começa a produzir aspirina.
. 1929, compra a companhia Rubber Services Laboratories de Akron, Ohio, e Nitro, na West Virginia.
A multinacional se lança então na indústria química pesada. Nitro será um de seus centros de produção PCB.
. 1935, a firma expande suas atividades à produção de sabão e detergentes industriais. Começa então a produzir fósforo.
. 1937, o Dr. Emett Kelly, chefe do serviço médico da firma, descobre os perigos da exposição ao PCB.
. 1938, apesar desta descoberta, a firma se lança no mercado de plástico com numerosos produtos contendo PCB.
. 1939-1945, cientistas da Monsanto participam do "projeto Manhattan".
Este produzirá a primeira bomba atômica da história. Charles Thomas, futuro membro do comitê de direção da firma, assistirá aos testes e à explosão da Bomba A. 
1949, acidente industrial na fábrica Nitro. Muitos operários são expostos a produtos químicos derivados de petroquímicos.
. 1955, a firma compra as refinarias de Lion Oil e começa a produzir fertilizantes à base de derivados petroquímicos.
. 1959, a firma inaugura uma nova filial chamada Monsanto Electronics Co, em Palo Alto. Lá produz silicone ultra puro para indústrias de ponta. Mais tarde a Agência Americana de Proteção classificará o local de produção "superfund site". Ou seja, zona contaminada por detritos perigosos a serem rapidamente despoluídos.
No mesmo ano, a firma descobre o 2, 4, 5-T e o mistura com o 2,4-D para fabricar o herbicida Lasso. O herbicida mais conhecido da Monsanto. Ou melhor, mais conhecido pelo seu apelido: Agente Laranja. Este desfolhante será vendido ao Exército estadunidense para ser usado no Vietnã de 1961 a 1971, com os danos que se conhece e que as fotos ao lado mostram.
O Agente Laranja foi produzido por várias firmas, dentre elas a Dow Chemicals. Estes herbicidas conjugados continham forte concentração de dioxina. Tão forte que causou problemas médicos até nos soldados estadunidenses. Até hoje afeta a população vietnamita com deformações congênitas.
. 1969, O Instituto Nacional da Saúde dos EUA revelou o resultado de um estudo sobre o Agente Laranja.
Ratos expostos a altas doses do desfolhante desenvolviam deformações fetais e pariam crias mortas.
. 1970, os EUA criaram a Agência Americana para Proteção do Meio-Ambiente.
No mesmo ano, a FDA - Food and Drug Administration, encarregada da proteção e promoção da saúde pública nos EUA, descobre que o PCB da fábrica da Monsanto contaminara Anniston e toda a vizinhança.
1972, o professor Berg ultrapassa a "barreira das espécies" combinando a ADN de uma planta com um gen proveniente de uma bactéria.
1975, a Monsanto começa a comercializar o Roundup. Herbicida à base de glifosato.
Estudos posteriores indicariam que até em pequenas quantidades o pesticida pode ser nocivo à saúde humana.
1976, a firma produz Cycle-Safe. A primeira garrafa plástica para refrigerante. Após análise, a FDA retirou a garrafa do mercado nacional por suspeita de ser cancerígena.
Seu uso fora dos EUA é um enigma.
1977, os Estados Unidos proíbem a venda do PCB (Polychlorinated Biphenyl - Bifenilos Policlorados).
O efeito mais comum de exposição aos PCBs é cloroacne, uma escamação dolorosa que desfigura a pele, semelhante à acne.
Essas substâncias quando dentro do organismo dos seres vivos são transportados pela corrente sanguínea até os músculos e o fígado. E tendem a acumular-se nos tecidos adiposos viscerais onde, estimulando as enzimas hepáticas, causam alterações na função do fígado. Nos seres humanos são também observados os seguintes efeitos: hiperpigmentação, problemas oculares, elevação do índice de mortalidade por câncer do fígado e vesícula biliar, dores abdominais, tosse crónica, irregularidade menstrual, cansaço, dor de cabeça e nascimentos prematuros com deformações.
Estudos toxicológicos realizados em cobaias têm demonstrado que a contaminação por PCBs pode causar alterações nas funções reprodutivas dos organismos, como na maturação sexual e efeitos colaterais que permitem que os PCBs possam propagar-se através da bioacumulação, o que afeta todas as espécies.
. 1978, Veteranos da Guerra do Vietnã abrem um processo contra os produtores do Agente Laranja.
. 1979, um trem que carregava 70 mil litros de clorofenol descarrilha em Missouri, nos EUA. A carga vinha da fábrica da Monsanto e continha dioxina.
. 1980, a firma começa a testar em fazendas a Recombinant Bovine Somatropin (rBST), ou Recombinant Bovine Groth Hormone (rBGH), isto é, o hormônio do crescimento leiteiro.
. 1981, a firma farmacêutica G. D. Searle é autorizada a comercializar o NutraSweet. Um substituto do açucar rejeitado pela FDA por causa de estudos que sugeriam uma possível ligação entre o consumo do produto e riscos de câncer no cérebro.
A Searle será comprada pela Monsanto em 1985 para virar sua filial farmacêutica.
. 1983, representantes da Monsanto e de dois outros laboratórios anunciam simultaneamente que conseguiram inserir uma construção genética nas células de tabaco. O gen em questão era  resistente a um antibiótico.
. 1984, Abertura nos EUA do processo "Kemmer vs Monsanto".    
. 1986, a firma é condenada por negligência pela exposição de um operário à benzina em uma de suas fábricas de Chocolat Bayou no Texas. Tem de pagar US$100 milhões à família de Wilbur Jack Skeen, morto de leucemia por causa disso.
. 1986, a firma gasta milhares de dólares com advogados para que impeçam a Proposition 65. Iniciativa do estado da Califórnia visando regulamentar a descarga de produtos tóxicos perto de reservas de água potável.
. 1987, os veteranos do Vietnã ganham o processo.
A fim de evitar escândalo, a Monsanto e os produtores do Agente Laranja acertam com as vítimas. Desembolsam US$180 milhões debaixo do pano.
Na época, a Monsanto apresentou "provas decisivas" da ausência de ligação entre a exposição à dioxina e os numerosos câncers dos quais sofriam os veteranos.
Na década de 90 seria demonstrado claramente que os tais "estudos" haviam sido manipulados.
. 1989, Margaret Miller, ex-pesquisadora da Monsanto, entra na FDA.
No mesmo ano Samuel Epstein revela no Los Angeles Times que a Monsanto revende a cooperativas leite e carne das fazendas onde testam o rBGH, sem avisar os compradores da modificação genética do que compram.
. 1990, Greenpeace revela no relatório Science for Sale que cientistas da Monsanto manipularam os estudos da dioxina a fim de obter conclusões não cancerígenas para o homem.
Tais "estudos" haviam servido à defesa da firma no processo dos veteranos contra o Agente Laranja.
. 1991, Michael R. Taylor, ex-advogado da Monsanto, é nomeado para o cargo recém-criado de Deputy Commissioner for Policy da FDA. Cargo que o põe abaixo apenas do presidente e que é determinante na aprovação da política do órgão.
(Foi então que assinou um Federal Register que determinava que "milk from cows treated with BGH did not have to be labeled as such."
Embora seu nome não conste do documento da FDA de 1992 sobre plantas alimentícias genéticamente modificadas, dizem que a co-autoria é dele.
A evolução das pesquisas transgênicas aconteceu durante as presidências de Ronald Reagan, dos Bush pai e filho e de Clinton. Obama e o Congresso dos EUA continuaram apadrinhando a Monsanto.
O documento que abria a caixa de Pandora tem três tópicos predominantes: (1) U.S. policy would focus on the product of GM techniques, not the process itself, (2) only regulation grounded in verifiable scientific risks would be tolerated, (3) GM products are on a continuum with existing products and, therefore, existing statutes are sufficient to review the products."
A Monsanto fica protegida ainda mais quando é dito que "transferred genetic material and the intended expression product or products" in food derived from GM crops as food additives subject to existing food additive regulation, under which that material may be considered either generally recognized as safe (GRAS) or not, initially at the producer's determination."
Ou seja, o produtor do transgênico é que determina se sua produção é segura para o consumidor ou não. Só há supervisão quando ele mesmo pede...)
Voltando à história cronológica, no mesmo ano 1991 a Monsanto foi condenada a pagar multa de US$1.2 milhões por dissimulação de descarga de água poluída no Mystic River de Connecticut.
. 1992, a FDA publica sua regulamentação de Taylor acima citada no Federal Register. Jornal Oficial de lá.
. 1993, a FDA autoriza a comercialização do Posilac da Monsanto. Nome comercial do hormônio de crescimento leiteiro (rBGH).
O Posilac é o primeiro produto originário da pesquisa transgênica a ser autorizado no mercado.
No mesmo ano, a firma patenteia o seu primeiro OGM (Organismo Genéticamente Modificado) resistente ao herbicida Roundup. Trata-se da soja Roundup Ready (RR). Solicita então autorização para comercializá-la em 1994.
. 1995, começa nos EUA o processo "Abernathy vs Monsanto" por causa da contaminação de Anniston pelo PCB.
No mesmo ano Robert Shapiro, ex-advogado da Searle, ex-presidente da Nutra-Sweet, ex-vice-presidente da Monsanto, sobe à presidência da firma. Dá início à chamada "revolução cultural" do grupo.
(O apelido vem dos meios da "revolução cultural" maoísta e não de seu projeto socialista.)
. 1996, a firma, grande "patrocinadora" da campanha de Bill Clinton, quando este é reeleito presidente dos Estados Unidos chegar a prestar homenagem à Monsanto em discurso no ano seguinte.
Mas assim mesmo, apesar de todo apoio político caro, neste ano o Tribunal de Nova York condena a firma por publicidade mentirosa sobre a "biodegrabilidade" do deserbante Roundup.
. 1997, o jornal Seattle Times denuncia fatos que incriminam a Monsanto. A firma teria vendido 6 mil toneladas de detritos perigosos a vários produtores de fertilizante. Tais detritos estavam contaminados pelo metal pesado kadmium. Suspeito de provocar vários tipos de câncer, disfuncionamento renal e problemas para gravidez.
No mesmo ano a Fox News censura uma reportagem da jornalista investigativa Jane Akre sobre a Monsanto - detalhes no documentário The Corporation abaixo.
Jane e o ex-marido Steven Wilson trabalharam meses na matéria sobre biotecnologia agrícola e o BGH da Monsanto.
Seus editores da Fox rejeitaram o minucioso relatório por não ser "breakthrough journalism"...
Após reescrever o relatório mais de 80 vezes e insistir sobre a comprovada veracidade da matéria, Jane acabou sendo demitida.
A rede decidiu exercer "its option to terminate their employment contracts without cause," e não renovou o contrato do casal em 1998.
Começou então um dos processos jornalísticos mais seguidos na história dos Estados Unidos.
Apoiados na lei da Flórida que protege whistleblowers, o casal processou a Fox por retaliação por não terem concordado em distorcer ou suprimir a matéria que incriminava a Monsanto.
Em um comunicado conjunto, Jane e Steven disseram que "were repeatedly ordered to go forward and broadcast demonstrably inaccurate and dishonest versions of the story," e "were given those instructions after some very high-level corporate lobbying by Monsanto (the agriculture company that makes the hormone) and also ... by members of Florida’s dairy and grocery industries."
O julgamento começou no ano 2000. Apesar de recusar a maioria das acusações do casal, o júri aprovou o  argumento de whistleblower e a Fox foi condenada a pagar ao casal US$425 mil dólares.
A Fox entrou com liminar e um batalhão de advogados. Em 2003 ganhou a causa com o argumento que Jane e Steven não enquadravam na lei em questão.
Foi um escândalo na época e Robert F. Kennedy Jr. inclusive citou Steven em seu livro Crimes Against Nature, quando Steven perguntou "What reporter is going to challenge a network ... if the station can retaliate by suing the reporter to oblivion the way the courts are letting them do to us?"
Jane e Steven tiveram a consolação de ganharem o prêmio Goldman Environmental Prize pelo relatório. E também o de Ética em Jornalismo, da Society of Professional Journalists.
Voltando à nossa cronologia do ogro dos seres vivos...
. 1999, após fortes pressões internacionais e interdição da ONU, a firma é obrigada a deixar de comercializar sementes com gens "terminator" que esterilizam os grãos.
(Em todos os países ou "algumas" sementes foram mandadas para países emergentes?...)
. 2001, Ignacio Chapela e David Quist, biólogos da Universidade de Berkeley, na Califórnia, publicam um artigo explosivo na revista Nature de 29-11-2001.
O artigo aprovado pela comunidade científica informa que o milho "criollo" mexicano foi contaminado pelos gens RR e Bt da Monsanto.
A firma usa todos os recursos jurídicos e lobbies possíveis para difamar Ignacio e David.
Perseguiram tanto os biólogos e a Nature que conseguiram obrigar a revista a uma negativa jamais vista.
No dia 04 de abril de 2002, Nature publica uma nota editorial inabitual em que refuta o artigo de Ignacio e David. No mesmo ano recusa um artigo do professor Exequiel Ezcuarra, presidente do Instituto Mexicano de Ecologia, que confirmava os resultados dos biólogos estadunidenses.
. 2002, em compensação, em fevereiro desse ano a Monsanto é condenada novamente. Desta vez através de sua filial Solutia, pela poluição do território de Anniston e do sangue da população local com PCB.
O Tribunal condena a multinacional a pagar 700 milhões de dólares.
. 2003, Solutia, a filial Monsanto que produz os PCBs, declarou falência por causa dos litígios e compensações financeiras exigidas nos processos por poluição.
. 2006, o jornal inglês The Guardian fez uma revelação chocante sobre Sir William Richard Shaboe Doll, considerado o maior epidemologista do século XX.
(Sir Doll foi pioneiro na pesquisa que provava que fumar provoca câncer, que radiação provoca leucemia, que asbestos-amianto provoca câncer do pulmão e o álcool, câncer de mama.)
Documentos encontrados em sua biblioteca mostravam que há anos firmas farmacêuticas o remuneravam por consultoria. Estes pagamentos incluíam um salário diário de US$1.500 da Monsanto. A cooperação entre o ogro e o cientista durou de  1976 a 2002.
. 2007, um tribunal francês condena a Monsanto por publicidade mentirosa sobre o caráter biodegradável do Roundup.
. 2013, Barack Obama assina o Monsanto Protection Act, que protege os criminosos de colarinho branco de processos legítimos de assassinato através de alimentos.

Seeds of DeathUnveiling the Lies of GMOs
dirigido e produzido por Gary Null 

E no Brasil, quão grandes e quão potentes são os tentáculos da Monsanto?
Ao ponto dos brasileiros serem condenados a ingerir ingenuamente alimentos transgênicos e se envenenarem dia a dia com agrotóxicos?
O que todos os consumidores merecem e os milhões que desfilaram pelas ruas reivindicam é simples: Aviso em letras lisíveis que o produto à venda tem componente genéticamente modificado, em que dose e os perigos que representa para a saúde humana.
Depois, quem quiser consumi-los, consome, e quem quiser boicotá-los, boicota, em conhecimento de causa.
Ouvi dizer que as terras transgências já ocupam 55% da superfície cultivada no nosso país.
Porém, nem todos os agricultores são venais e mal-informados. Ainda há quem cultive semente natural.
Há quem resista.
Enquanto não houver lei que proteja o consumidor, é melhor fazer compra de frutas e legumes na feira e perguntar ao feirante a procedência do que vende.
Em Goiânia, tem verdura orgânica no Mercado do Bairro Popular duas vezes por semana. Não são tão "bonitas" quanto as transgênicas e às vezes têm um corozinho (que prova que não são "fertilizadas" artificialmente). Mas são saudáveis. Têm gosto de infância.
Porém, uma fiscalização honesta da Prefeitura seria bem-vinda para garantir que algum espertinho não polua as bancas destes agricultores que penam com suas hortas orgânicas.

Embora seja goiana, não sou grande especialista em agricultura, mas me preocupo com o que como.
Por exemplo, prefiro manga rosa, sabina, abacaxi, coquinho, espada, meio empretejadas, do que este batalhão de mangas com nomes estrangeiros que não existiam na minha infância: Haden, Tommy, Atkins, Kent, Keitt, Palmer... que têm a mesma cara uniformizada.
Sementes importadas de que laboratórios? Enxertadas, geneticamente modificadas, como? Fertilizadas com que fertilizante?
Estas fabricações contemporâneas enfeitam e monopolizam as bancas dos supermercados e ninguém se espanta. E só nas feiras é que se encontra (pelo menos na minha Goiânia) frutas e legumes nativos e até goiaba com bicho em vez daquelas goiabonas sem gosto lustradas como as maçãs, mangas e as demais frutas geneticamente modificadas.
Só se encontra fruta boa como "outrora", natural, de vários gostos e formas, em feira, mas mesmo assim, cuidado! A beleza do alimento é relativamente proporcional à sua fiabilidade. Quanto mais perfeito, quanto mais uniforme, mais perigoso ele é.
Há meninos e até jovens no nosso país que nunca nem experimentaram manga de quintal brasileiro! E não entendem de onde vem a expressão "chupar manga", pois as pré-fabricadas só podem ser comidas a faca e garfo. E as melancias, mexiricas, uvas sem caroço? Alguém já se perguntou como é possível uma fruta nascer sem muda? Só em laboratório.
Paro por aqui passando uma informação que tive de uma amiga médica: o morango e o tomate são os produtos mais perigosos, pois são os que mais retêm agrotóxico.
Informe-se e abra os olhos!

Comitê de Direção da Monsanto nesta data
http://www.organicauthority.com/foodie-buzz/guess-whos-on-monsantos-board-of-directors.html

Site de Combat Monsanto - construindo um mundo livre de Monsanto 
http://www.combat-monsanto.co.uk/spip.php?rubrique33#titre

Atuação da Monsanto nos EUA. No Brasil está no mesmo caminho de degeneração.

Documentário francês da TV pública franco-alemã ARTE
De Marie-Monique Robin : Le Monde selon Monsanto

The World According to Monsanto, in English

Documentário canadense de 2003 The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power
Escrito pelo professor de Direito da University of British Columbia Joel Bakan.
Dirigido por Jennifer Abbot e Mark Achbar. 
Versão Original legendado em português.

Abby Martin, Breaking the Set: Monsanto, History & Legacy

Um comentário:

  1. Uma pergunta que não quer calar.Estes senhores da Monsanto seriam masoquistas ao ponto de desejarem provar do próprio veneno caso o mundo seja dominado por estas sementes ou teriam alguma horta orgânica só pra eles???

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