domingo, 31 de dezembro de 2017

Israel vs Palestina: Operações Militares XVI (2013-2014)

2013
31 de janeiro: Jamraya airstrike. Bombardeio de um edifício público em Jamraya, na Síria.
Tel Aviv pretextou visar um comboio transportando armas para o Hezbollah. Porém, o alvo real era o Centre D'Etudes et de Recherches Scientifiques - CERS, acrônimo que identifica o centro de pesquisa militar da Síria.
Hafez el Assad assinou o decreto de criação do CERS em 1969. Foi construído e equipado em dois anos e começou a funcionar em 1971 com equipamentos sofisticados. Seu primeiro diretor foi Abdullah Watiq Shahid, físico nuclear de renome internacional que desenvolveu projetos civis até 1973, quando Hafez autorizou intercâmbio entre o CERS e o exército. A partir de então (até hoje) o CERS é a agência principal de desenvolvimento de armamento do país.
O que em si não é crime. Mas como no Oriente Médio só Israel é autorizado a fabricar armas tradicionais, químicas e nucleares, em 2005, George W. Bush publicou a Ordem Executiva 13382 proibindo cidadãos estadunidenses e residentes de fazer negócios com o CERS. O primeiro ministro de então era o general Ariel Sharon.
Aproveitando a deixa, em 2010, Israel alegou que o centro de pesquisa sírio transferira armas para o Hezbollah e o Hamas. E no processo de hasbara (propaganda em hebraico) que sempre precede uma ação militar recriminável, disse que a comunidade internacional devia avisar Damasco que o centro tinha de ser demolido.
Da palavra ao gesto, no fim de janeiro de 2013, a IDF bombardeou o complexo do CER, localizado em Jamraya.
O ataque foi realizado por dez jatos que voaram do Mediterrâneo sobre o Líbano monitorados por radares da OTAN. Os jatos lançaram oito mísseis no CERS, do espaço aéreo libanês, sem entrar na Síria. Retornaram como haviam ido.
Este ataque foi seguido por outro no aeroporto de Damasco nos dias 3 e 5 de maio.
No dia 5 de julho, foi a vez de Israel bombardear um depósito de anti-mísseis em Samiyah, perto de Latakia - quinta cidade síria, com maioria cristã (70%) que abriga um campo de refugiados palestinos originários majoritariamente de Jafa e da Galileia.
No dia 13 de julho, Barack Obama e Binyamin Netanyahu realizaram ataque conjunto em outro depósito de anti-mísseis provenientes da Rússia. No dia 30 de outubro, a IDF bombardeou Snawbar com o mesmo objetivo oficial de destruir armamento inimigo. O real era de enfraquecer a capacidade de defesa da Síria, para quando terminar a guerra civil, o país ficar à mercê dos dois países agressores.
De lá para cá, Israel levou a cabo várias operações de bombardeio na Síria e no sul do Líbano, com o mesmo objetivo de sempre: enfraquecer o exército nacional sírio e o Hezbollah.

2014
12-30 de junho: Operation Brother's Keeper.
Três yishuv (colonos judeus) foram capturados no ponto de ônibus da colônia ilegal Gush Etzion, na Cisjordânia. Com o pretexto de resgatá-los, a IDF (Forças israelenses de ocupação) armou uma operação de repressão que lembrou as manobras militares da Segunda Intifada. O subterfúgio não escondeu o objetivo real que era atingir o Hamas em todas suas atividades sociais. Embora o Shin Bet soubesse que o partido não tinha nenhum envolvimento na ação politico-militar, comprovadamente, independente e isolada.
Tudo começou no dia 23 de abril quando o Hamas e o Fatah reataram suas relações políticas e decidiram formar um governo unitário e convocar eleições. Notícia bem-recebida nas capitais europeias e americanas, mas Binyamin Netanyahu ficou possesso com a perspectiva de perder a possibilidade de demonizar o Hamas a fim de dizimá-lo sem reação internacional.
Para pressionar o Fatah a voltar atrás, Israel primeiro retirou-se das negociações ditas de "paz" patrocinadas por John Kerry.
Depois, no dia 15 de maio durante as celebrações da Nakba, soldados da IDF atiraram em adolescentes palestinos em Beitunia, na Cisjordânia. Dois, um de 16 e outro de 17, morreram na hora; outro sobreviveu ao tiro no peito; assim como os oito outros baleados nos braços e nas pernas para ficarem deficientes.
O comportamento dos soldados israelenses de brincar de tiro a alvo humano é corriqueiro; entretanto, nesse dia, a agressão foi registrada por uma câmera de segurança. As imagens foram postadas na internet e foram vistas em toda a Palestina, provocando ira e indignação.
No dia 02 de junho, o governo unitário foi empossado. Os postos chave foram confiados a intelectuais independentes dos dois partidos e Mahmoud Abbas continuou na presidência. O Hamas fez o sacrifício político de declinar representação, privilegiando a unidade e o bem geral.
No dia 12, três jovens yishuv foram sequestrados no ponto de ônibus de sua colônia, uma das mais radicais na Cisjordânia ocupada.
Netanyahu aproveitou para destilar a hasbara que o Hamas era responsável e tinha de pagar. Sua acusação era falsa.
Considerando a enxurrada de abusos diários que a população palestina sofre dos soldados e dos colonos israelenses fanáticos e violentos, era fácil entender que o ato desesperado podia vir de qualquer cidadão revoltado com o recente assassinato impune dos adolescentes palestinos.
O surpreendente é o contrário, que atos como este sejam tão raros.
O Hamas negou participação, mas Netanyahu continuou a acusar o partido mesmo já tendo detido os dois responsáveis e estes terem afirmado, mesmo tendo sido "induzidos" a mentirem, que tinham agido de própria iniciativa.
A Brother's Keeper foi uma operação de hasbara típica. A polícia israelense soube no dia seguinte ao sequestro que os rapazes estavam mortos, já que um deles ligou para emergência e o barulho dos tiros foi captado no telefonema - a informação foi escondida para justificar a busca que não passava de uma manobra de abusos, prisões, assassinatos, demolições de casas, depredação e fechamento de órgãos de imprensa e organismos educacionais e sociais.
As primeiras vitimas foram os membros do Hamas libertados durante o acordo de troca de prisioneiros em que o soldado da IDF Gilad Shalit fora libertado em 2011 - todos foram presos de novo sem motivo algum.
Então ficou claro que era um ataque direto ao Hamas e não uma tentativa de localizar os yishuv. Em poucos dias, cerca de 800 palestinos foram detidos em prisão administrativa - sem acusação nem direito de defesa.  Peter Lerner, porta-voz da IDF, reconheceu que a operação era  "também" para "debilitar" o Hamas, sua infraestrutura e suas instituições educativas e sociais. E asfixiar mais ainda a Faixa de Gaza.
O outro objetivo era provocar uma reação militar que sabiam inevitável. Conseguiu. Foguetes artesanais esporádicos foram lançados no sul de Israel, mas não pelo Hamas e sim por grupos de resistência independentes.
No dia 20 os corpos dos yishuv foram "descobertos" por soldados e outros yishuv.
No dia 29, aviões de combate israelenses bombardearam 12 "alvos" em Gaza matando um membro do Hamas.
No dia 30, mais bombardeios mataram outra pessoa, feriram três gravemente e o Hamas respondeu lançando foguetes em Ashkelon, sem ferir ninguém.
No dia 01 de julho, no funeral dos três yishuv, Binyamin Netanyahu incitou o ódio: "horrific darkness of those who seek our destruction — despicable kidnappers of children, heinous murderers whose brothers rejoice at the spilling of innocent blood”, e foi recriminado até por sionistas estrangeiros por estar pondo lenha na fogueira. Dito e feito, em Jerusalém um bando de yishuv desfilou gritando "Morte aos árabes" e espancando os palestinos que encontravam.
No dia 2 de julho, Muhammad Abu Khdeir, adolescente palestino de 16 anos, foi sequestrado e queimado vivo, chocando o mundo civilizado com a barbaridade do ato dos yishuv.
No dia 4 de julho foi o funeral de Abu Khdeir. No dia 06, as brigadas al-Qassam, a ala militar do Hamas, entraram em cena em solidariedade aos compatriotas brutalizados na Cisjordânia durante o funeral. Lançaram de Gaza um primeiro foguete no sul de Israel, quebrando a trégua que respeitavam desde a Operation Pillar of Defence em novembro de 2012, apesar de Israel tê-la quebrado logo em 2013.
Foi o suficiente para o primeiro ministro Binyamin Netanyahu, secundado pelo presidente Shimon Peres, lançar uma ofensiva paralela desmesurada na Faixa de Gaza.


08 de julho a 26 de agosto : Operation Protective Edge.
A nova ofensiva militar de Israel estava longe de ser improvisada. Foi meticulosa e letal. Em 48 horas, a IDF matou 64 palestinos, dentre estes, 12 crianças.
Dia 14
Dia 17
dia 22
dia 24
31 de julho

6 de agosto

Durante 50 dias Israel usou seu arsenal tradicional e ilegal mais sofisticado na Faixa de Gaza. No final, segundo a ONU, 2.131 palestinos estavam mortos: 1.473 civis, dos quais 501 eram crianças; 11.100 feridos graves, incluindo 3.374 crianças; e 373.000 crianças estavam com sequelas psicológicas.
Do lado israelense, a perda foi de 71 pessoas: 66 soldados. 5 civis e um operário tailandês.
A IDF dizimou 17.000 hectares de infraestrutura agrícola; ou seja, quase toda. 128 lojas e indústrias foram desmanteladas integralmente e 419 muito danificadas.
A infraestrutra de energia elétrica e de saneamento foi destruída, assim como 22 hospitais e postos médicos, 22 escolas e 118 danificadas. 18.000 residências foram demolidas, por tanques ou do alto, deixando cerca de 110.000 pessoas sem teto.
Para melhor compreensão dê uma olhada nos artigos deste blog Rogue State of Israel de julho e agosto de 2014.
No fim dos 50 dias

Trégua durável?
Um ano depois

Balanço de Eran Efrati

Are you buycotting Israel?


PALESTINA
DAILY LIFE UNDER OCCUPATION
The Israeli military destroy three housing units leaving eight families without homes and displacing 37 peoles - 22 of which are children. Durante a operaçao militar em Gaza. Uma constante na Cisjordânia. 18/18/14


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