Acho que anda faltando bom-senso nos palácios presidenciais do Ocidente.
O ministro das relações exteriores britânico, Philip Hammond, insinuou que Putin poderia acabar com a guerra na Síria com um simples telefonema. Não foi dito, mas ficou implícito que Bashrar el-Assad estaria do outro lado da linha: "There is one man on this planet who can end the civil war in Syria by making a phonecall and that’s Mr Putin,” foram as palavras exatas de Hammond.
Como se fosse possível acabar a guerra civil na Síria unilateralmente, sem que Barack Obama ligasse para Ankara, Doha e Ryad e dissesse, com firmeza, para botarem ordem nos 'rebeldes' que patrocinam.
Como se ao ver o exército sírio voltar para os quartéis e Assad demitir-se em seguida, el-Baghdadi fosse jogar a toalha e renunciar à constituição de seu Estado Islâmico com a ajuda do Nusra e bater em retirada.
O simplismo não simplifica nada, só complica, no terreno e a cabeça de quem ouve esses caras falarem abobrinha só para livrarem a cara.
Enquanto as conjeturas rolam e os governos ocidentais recriminam Putin por fazer o que eles não tiveram e não têm coragem, os soldados do Hizbollah e do exército iraniano continuam seu avanço de formiga empenhada em reconquistar cidade atrás de cidade com apoio aeronáutico russo.
Aleppo está em frangalhos, mas seus habitantes receberam esses estrangeiros uniformizados de braços abertos, assim como as duas outras cidades na fronteira com a Turquia.
Digam o que disserem, é inegável que a ofensiva de Aleppo foi crucial para o vislumbramento de uma possível vitória a médio prazo da campanha russa na Síria. Campanha esta que a Rússia concordou em suspender no dia 1° de março para possibilitar socorro humanitário. Obama conseguiu, com muito esforço, o mesmo compromisso do lado dos 'rebeldes' que patrocina. Quem viver, verá.
Falando nessa região a alto risco, os kurdos, fora dos holofotes da mídia, estão fazendo um trabalho impressionante de abelha obreira, sem asas, mas armados de determinação e perseverança incomparáveis - o PKK, Partido do Trabalhador Kurdo, assumiu o controle de áreas no Kurdistão turco e iraquiano que jamais controlara e está seguindo em frente, pois luta pela liberdade e também por um Estado.
E aí Erdogan se desmascara. Enfurecido, faz seis meses que vem atacando os kurdos, em vez do Daesh, e os russos. E em ataque de megalomania irresponsável, Erdogan ameaça o mundo com uma Terceira Guerra apoiado pelos venais príncipes sauditas, usando a OTAN como escudo, frágil.
Vladimir Vladimirovitch Putin foi claro com Obama ao telefone no domingo passado: Segure seus cachorros porque com tantos inimigos comuns, não é hora de enfrentarmos uma nova guerra mundial por causa de capricho de pirralhos. Ora, uma das coisas que irritam Erdogan é o fato dos kurdos estarem em ótimos termos com Washington desde que os Estados Unidos os ajudaram a defender Kobane.
Erdogan está brincando com fogo e corre o risco de sair calcinado. Na semana passada o Ministro das Relações Exteriores da Síria resolveu usar o canal oficial e mandar uma carta para a ONU avisando do que está acontecendo: "On February 13, via a checkpoint at Bab Al-Salam on the Turkish-Syrian border, 12 pickup vehicles equipped with 14.5-mm caliber machine guns entered the country. In the vehicles, there were approximately 100 militants. Presumably, most of them are Turkish soldiers and mercenaries. In the afternoon of February 13, 2016, heavy Turkish artillery struck places of residence of the Syrian Kurds, as well as positions of the Syrian army and settlements of Maranaz, Al-Malkiya, Ming, Ain Dakna, Bazi and Bug. These actions were a response to the offensive of the Syrian army in the north of Aleppo Province; an attempt to raise the morale of the terrorist groups.On February 14, Turkey continued shelling the Syrian territory. According to Turkish officials, the target was the positions of the Kurdish militias in Syria. Ankara stated that the Kurdish groups were closely associated with the Kurdistan Workers Party that is outlawed in Turkey and other countries." E o Ministro não deixou de lembrar Ban Ki Moon que Ankara continua a financiar "terrorist groups, such as Jabhat en-Nusra, Jabha Al-Shamiya, Ahrar al-Sham and other Al-Qaeda-associated groups."
A prova que Obama não tem nenhuma solução melhor do que a de Putin aconteceu no dia 13 de fevereiro. O vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden manifestou sua preocupado com as iniciativas lamentáveis da Turquia em ligação para o primeiro ministro Ahmet Davutogly. 'Pediu' para pararem de bombardear a Síria. Porém, no dia seguinte o vice-primeiro ministro abriu o jogo na televisão. A preocupação da Turquia é o poder na região - poder que não tem desde que o império otomano desmoronou no fim da Primeira Guerra, mas a megalomania da Turquia continua imperial: "If we do not do what we need to do, in the future Ankara will not have any influence on its neighbors, although what is happening in Syria affects Turkey directly," disse Davutogly como se seu país tivesse algum poder efetivo.
O ministro das relações exteriores britânico, Philip Hammond, insinuou que Putin poderia acabar com a guerra na Síria com um simples telefonema. Não foi dito, mas ficou implícito que Bashrar el-Assad estaria do outro lado da linha: "There is one man on this planet who can end the civil war in Syria by making a phonecall and that’s Mr Putin,” foram as palavras exatas de Hammond.
Como se fosse possível acabar a guerra civil na Síria unilateralmente, sem que Barack Obama ligasse para Ankara, Doha e Ryad e dissesse, com firmeza, para botarem ordem nos 'rebeldes' que patrocinam.
Como se ao ver o exército sírio voltar para os quartéis e Assad demitir-se em seguida, el-Baghdadi fosse jogar a toalha e renunciar à constituição de seu Estado Islâmico com a ajuda do Nusra e bater em retirada.
O simplismo não simplifica nada, só complica, no terreno e a cabeça de quem ouve esses caras falarem abobrinha só para livrarem a cara.
Enquanto as conjeturas rolam e os governos ocidentais recriminam Putin por fazer o que eles não tiveram e não têm coragem, os soldados do Hizbollah e do exército iraniano continuam seu avanço de formiga empenhada em reconquistar cidade atrás de cidade com apoio aeronáutico russo.
Aleppo está em frangalhos, mas seus habitantes receberam esses estrangeiros uniformizados de braços abertos, assim como as duas outras cidades na fronteira com a Turquia.
Digam o que disserem, é inegável que a ofensiva de Aleppo foi crucial para o vislumbramento de uma possível vitória a médio prazo da campanha russa na Síria. Campanha esta que a Rússia concordou em suspender no dia 1° de março para possibilitar socorro humanitário. Obama conseguiu, com muito esforço, o mesmo compromisso do lado dos 'rebeldes' que patrocina. Quem viver, verá.
E aí Erdogan se desmascara. Enfurecido, faz seis meses que vem atacando os kurdos, em vez do Daesh, e os russos. E em ataque de megalomania irresponsável, Erdogan ameaça o mundo com uma Terceira Guerra apoiado pelos venais príncipes sauditas, usando a OTAN como escudo, frágil.
Daesh ataca kurdos em guerra suja
Erdogan está brincando com fogo e corre o risco de sair calcinado. Na semana passada o Ministro das Relações Exteriores da Síria resolveu usar o canal oficial e mandar uma carta para a ONU avisando do que está acontecendo: "On February 13, via a checkpoint at Bab Al-Salam on the Turkish-Syrian border, 12 pickup vehicles equipped with 14.5-mm caliber machine guns entered the country. In the vehicles, there were approximately 100 militants. Presumably, most of them are Turkish soldiers and mercenaries. In the afternoon of February 13, 2016, heavy Turkish artillery struck places of residence of the Syrian Kurds, as well as positions of the Syrian army and settlements of Maranaz, Al-Malkiya, Ming, Ain Dakna, Bazi and Bug. These actions were a response to the offensive of the Syrian army in the north of Aleppo Province; an attempt to raise the morale of the terrorist groups.On February 14, Turkey continued shelling the Syrian territory. According to Turkish officials, the target was the positions of the Kurdish militias in Syria. Ankara stated that the Kurdish groups were closely associated with the Kurdistan Workers Party that is outlawed in Turkey and other countries." E o Ministro não deixou de lembrar Ban Ki Moon que Ankara continua a financiar "terrorist groups, such as Jabhat en-Nusra, Jabha Al-Shamiya, Ahrar al-Sham and other Al-Qaeda-associated groups."
A prova que Obama não tem nenhuma solução melhor do que a de Putin aconteceu no dia 13 de fevereiro. O vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden manifestou sua preocupado com as iniciativas lamentáveis da Turquia em ligação para o primeiro ministro Ahmet Davutogly. 'Pediu' para pararem de bombardear a Síria. Porém, no dia seguinte o vice-primeiro ministro abriu o jogo na televisão. A preocupação da Turquia é o poder na região - poder que não tem desde que o império otomano desmoronou no fim da Primeira Guerra, mas a megalomania da Turquia continua imperial: "If we do not do what we need to do, in the future Ankara will not have any influence on its neighbors, although what is happening in Syria affects Turkey directly," disse Davutogly como se seu país tivesse algum poder efetivo.
Russia warns of danger of World War after Saudi Arabia sends troops to Syria
Por sua vez, o senador republicano John McCain disse que a estratégia de Putin na Síria era "exacerbate the refugee crisis and use it as a weapon to divide the transatlantic alliance and undermine the European project”. Sua tentativa de exonerar Erdogan de sua culpa óbvia (de meter o bedelho onde não foi chamado) e culpabilizar Putin pelas divisões na Europa (que eclodem sozinhas com divergências que parecem cada vez mais incontornáveis) foi mais uma de suas tiradas ditadas pela mesma ignorância geopolítica que demonstrou ao participar de um comício de grupos de extrema-direita na Ucrânia sem saber quem eram aqueles fascitas com quem confraternizava. Seria uma piada se o assunto não fosse tão sério.
Nesse ínterim, o primeiro ministro russo, Dimitri Medvedev, avisou que uma investida terrestre na Síria provocaria uma longa guerra. E aproveitou a Conferência de Segurança em Munique para instar os países ocidentais a parar de antagonizar a Rússia e passar a colaborar, a fim de evitar uma nova guerra fria que prejudicará a luta contra o inimigo comum que todos querem derrotar. Depois botou os pingos nos iis sobre diversos tópicos: "There is still no united Europe, all world economies show weak growth. Conflicts rage in the Middle East and Northern Africa, we are in the middle of a migration collapse. Relations between the European Union and Russia are ruined. Almost every day they call Russia the main threat for NATO, Europe, the U.S. and other countries. It makes me wonder if we are in 2016 or in 1962.” Sobre a Ucrânia, disse que o conflito tem de ser regulamentado pela implementação dos acordos de Minsk; botou o dedo na ferida do verdadeiro perigo global: "Terrorism will become the new type of world war;" e deu uma alfinetada em seus colegas: "I think that the Islamic State should thank my colleagues [heads of Western countries] that canceled collaboration with Russia's special services.”
Este antagonismo a Putin é mais por despeito do que por supostos mal-feitos. Digo supostos porque Putin não fez nada mais do que os Estados Unidos fazem. Só que fez às vistas e em benefício da Rússia e não dos 1 por cento de magnatas que dominam o mundo.
Por outro lado, a pergunta deveria ser: por que o presidente da Rússia tomou a dianteira da real/geopolítica mundial destronando os Estados Unidos?
Nesse ínterim, o primeiro ministro russo, Dimitri Medvedev, avisou que uma investida terrestre na Síria provocaria uma longa guerra. E aproveitou a Conferência de Segurança em Munique para instar os países ocidentais a parar de antagonizar a Rússia e passar a colaborar, a fim de evitar uma nova guerra fria que prejudicará a luta contra o inimigo comum que todos querem derrotar. Depois botou os pingos nos iis sobre diversos tópicos: "There is still no united Europe, all world economies show weak growth. Conflicts rage in the Middle East and Northern Africa, we are in the middle of a migration collapse. Relations between the European Union and Russia are ruined. Almost every day they call Russia the main threat for NATO, Europe, the U.S. and other countries. It makes me wonder if we are in 2016 or in 1962.” Sobre a Ucrânia, disse que o conflito tem de ser regulamentado pela implementação dos acordos de Minsk; botou o dedo na ferida do verdadeiro perigo global: "Terrorism will become the new type of world war;" e deu uma alfinetada em seus colegas: "I think that the Islamic State should thank my colleagues [heads of Western countries] that canceled collaboration with Russia's special services.”
Pravda: "How Russia défends its aviation in Syria from Turkey and from NATO"
Este antagonismo a Putin é mais por despeito do que por supostos mal-feitos. Digo supostos porque Putin não fez nada mais do que os Estados Unidos fazem. Só que fez às vistas e em benefício da Rússia e não dos 1 por cento de magnatas que dominam o mundo.
Por outro lado, a pergunta deveria ser: por que o presidente da Rússia tomou a dianteira da real/geopolítica mundial destronando os Estados Unidos?
Porque apesar dos discursos, restrições de liberdade individual e policiamento triplicado, os serviços de inteligência ocidentais não têm nem idéia de como combater o terrorismo de maneira eficaz.
Desde que George Bush formou Ossama Bin-Laden e outros extremistas muçulmanos para combater a Rússia no Afeganistão, que o vulcão do terrorismo internacional irrompeu e foi crescendo em um emaranhado indecifrável tanto para a CIA quanto para os demais serviços de inteligência ocidentais.
Bush pai cutucou o extremismo islâmico com vara curta, Bill Clinton não soube como controlar o vulcão, quando este entrou em erupção no governo de W. Bush, este atacou o problema criando mecanismos de cerceamento de liberdades democráticas de seus cidadãos; institucionalizou o termo "rendition" que autoriza o sequestro de um indivíduo em qualquer país do mundo a fim de detê-lo, sem direito a defesa, em presídios infames para 'interrogatório' em território estrangeiro (tipo Guantánamo - blog 19/05/13) não sujeitos às restrições legais estadunidenses; e desenvolveu a política dos drones armados, estes assassinos teleguiáveis que tiram a vida de uma família inteira do outro lado do planeta sem os EUA perder nem um soldado.
E o que todas essas medidas contestáveis resolveram? Nada.
Os milhões de habitantes dos países ocidentais, e até dos países árabes fora do eixo sunita extremista, vivem à mercê de milhares de guerreiros pré-fabricados.
Putin entrou em cena não por querer rivalizar com a Casa Branca no controle do mundo e sim porque a liderança estava vaga por causa da fraqueza de Washington e da incompetência lá demonstrada.
O erro maior que os governos ocidentais cometeram foi tratar cada problema como uma crise separada. Já Putin, olhou, enxergou e trata Ártico, Criméia, Ucrânia, Países bálticos, Iraque, Síria como um todo problemático com facetas locais, em uma estratégia global.
Pois a Rússia sabe que o Daesh não está sozinho na emboscada aos países democráticos. Na Síria, age através do Nusra. E reforçado pelo Estado Islâmico, o al-Qaeda re-emergiu do eclipse em que Baghdadi o colocara e também está mostrando as caras na Síria, assim como no Yemen, Somália, Paquistão, Índia e Afeganistão. Neste último, vem retomando as bases deixadas por Bin Laden apesar (ou por causa) da presença estadunidense. Presença esta infrutífera, já que não conseguiu destronar os taliban e além disso, atraiu extremistas piores ainda - fanáticos religiosos e mercenários estrangeiros.
Pois esses três grupos terroristas não contam apenas com muçulmanos que interpretam as palavras de Maomé errado. Contam também com uma carrada de 'voluntários' estrangeiros com nenhum conhecimento do Alcorão e que se danam para Alah.
Paradoxalmente, o Afeganistão é hoje um 'centro de formação' e de proliferação de terroristas maior do que antes dos bombardeios e da ocupação que os Estados Unidos e seus aliados começaram em 2001. Isto porque ocuparam sem levar melhoramentos para a população. Muito pelo contrário, já que o Afeganistão subsiste hoje graças ao tráfico de heroina, cuja fabricação foi multiplicada nos últimos quinze anos.
Putin entendeu o perigo dessa política estéril de "War to terror" guiada por Washington. Viu que ela não tem rumo definido nem perspectiva de final feliz. Ele não quer que a Rússia se transforme no que os países ocidentais, sem estratégia para avançar em direção à vitória nessa guerra, sejam obrigados a uma estratégia de recuo que implique, como diz David Kilcullen em transformar a Europa e a América do Norte em estados policiais. Com mecanismis mais intrusivos de vigilância e detenção sumária, com forças mais armadas, com leis mais permissivas ao uso de força letal, com limitações de assembléias e uso de espaço público. Em suma, de igual a pior do que era o Cone Sul na época dos regimes militares.
Concluo com uma volta ao Afeganistão que citei acima, vendo o poder de Putin aumentar a olhos vistos, o presidente da Polônia pediu socorro na semana passada, dizendo que o próximo passo que o Kremlin daria seria em direção de Varsóvia. Mas deve ter sido para chamar atenção para a Polônia. Nada leva a crer que Putin queira ir além da Criméia (que sempre considerou russa) e do acordo que já está fazendo com a Ucrânia (que volta à estaca menos, menos, zero, pior do que antes de deixar-se levar pelas promessas interesseiras ocidentais.
Os boatos mais fiáveis são que Moscou possa dar um passo, sim, mas para outro lado. Para o Afeganistão, que os EUA & aliados nunca conseguiram controlar e deixaram em situação pior do que encontraram. A relação Rússia & Afeganistão é outra história. Não as estórias de Khaled Hosseini.
Primeiro, é uma história de cooperação (toda a infraestrutura do país foi instalada pelos russos e é ainda a única que perdura) e depois, de ocupação, e uma consequente deterioração. Só em 1979, sete anos mais tarde, Gorbatchev chamou civis e soldados de volta para casa.
Mas quando se pergunta a um afegão como ele veria um retorno dos russos, ele responde sem pestanejar que seria com olhos muito melhores dos que veem a ocupação gringa. Esta já dura 15 anos sem nenhum melhoramento para o país. Só prejuízo. A não ser em Kabul, onde negócios milionários se fazem nos dois hotéis 5 estrelas da cidade ( blog 31/07/11).
Se o extremismo continuar a ganhar terreno no norte do Afeganistão, Putin deve tomar providência porque o Cáucaso, acalmado a duras penas, só precisa de uma faísca para pegar fogo novamente e recair na areia movediça do extremismo, do qual Moscou já padeceu várias vezes.
Finalizo cedendo a palavra a James Cockburn, um dos pouquíssimos jornalistas ocidentais que conhecem o Oriente Médio e não se deixam enganar pelo discurso e a propaganda dos comunicados de imprensa dos membros da OTAN sob a batuta da Casa Branca: Syria: The winners and losers are becoming clear in this war. The war is far from over, but the faint shape of an endgame is coalescing amid the bloodbath.
Bush pai cutucou o extremismo islâmico com vara curta, Bill Clinton não soube como controlar o vulcão, quando este entrou em erupção no governo de W. Bush, este atacou o problema criando mecanismos de cerceamento de liberdades democráticas de seus cidadãos; institucionalizou o termo "rendition" que autoriza o sequestro de um indivíduo em qualquer país do mundo a fim de detê-lo, sem direito a defesa, em presídios infames para 'interrogatório' em território estrangeiro (tipo Guantánamo - blog 19/05/13) não sujeitos às restrições legais estadunidenses; e desenvolveu a política dos drones armados, estes assassinos teleguiáveis que tiram a vida de uma família inteira do outro lado do planeta sem os EUA perder nem um soldado.
E o que todas essas medidas contestáveis resolveram? Nada.
Os milhões de habitantes dos países ocidentais, e até dos países árabes fora do eixo sunita extremista, vivem à mercê de milhares de guerreiros pré-fabricados.
Putin entrou em cena não por querer rivalizar com a Casa Branca no controle do mundo e sim porque a liderança estava vaga por causa da fraqueza de Washington e da incompetência lá demonstrada.
O erro maior que os governos ocidentais cometeram foi tratar cada problema como uma crise separada. Já Putin, olhou, enxergou e trata Ártico, Criméia, Ucrânia, Países bálticos, Iraque, Síria como um todo problemático com facetas locais, em uma estratégia global.
Pois a Rússia sabe que o Daesh não está sozinho na emboscada aos países democráticos. Na Síria, age através do Nusra. E reforçado pelo Estado Islâmico, o al-Qaeda re-emergiu do eclipse em que Baghdadi o colocara e também está mostrando as caras na Síria, assim como no Yemen, Somália, Paquistão, Índia e Afeganistão. Neste último, vem retomando as bases deixadas por Bin Laden apesar (ou por causa) da presença estadunidense. Presença esta infrutífera, já que não conseguiu destronar os taliban e além disso, atraiu extremistas piores ainda - fanáticos religiosos e mercenários estrangeiros.
Pois esses três grupos terroristas não contam apenas com muçulmanos que interpretam as palavras de Maomé errado. Contam também com uma carrada de 'voluntários' estrangeiros com nenhum conhecimento do Alcorão e que se danam para Alah.
Paradoxalmente, o Afeganistão é hoje um 'centro de formação' e de proliferação de terroristas maior do que antes dos bombardeios e da ocupação que os Estados Unidos e seus aliados começaram em 2001. Isto porque ocuparam sem levar melhoramentos para a população. Muito pelo contrário, já que o Afeganistão subsiste hoje graças ao tráfico de heroina, cuja fabricação foi multiplicada nos últimos quinze anos.
Putin entendeu o perigo dessa política estéril de "War to terror" guiada por Washington. Viu que ela não tem rumo definido nem perspectiva de final feliz. Ele não quer que a Rússia se transforme no que os países ocidentais, sem estratégia para avançar em direção à vitória nessa guerra, sejam obrigados a uma estratégia de recuo que implique, como diz David Kilcullen em transformar a Europa e a América do Norte em estados policiais. Com mecanismis mais intrusivos de vigilância e detenção sumária, com forças mais armadas, com leis mais permissivas ao uso de força letal, com limitações de assembléias e uso de espaço público. Em suma, de igual a pior do que era o Cone Sul na época dos regimes militares.
Os boatos mais fiáveis são que Moscou possa dar um passo, sim, mas para outro lado. Para o Afeganistão, que os EUA & aliados nunca conseguiram controlar e deixaram em situação pior do que encontraram. A relação Rússia & Afeganistão é outra história. Não as estórias de Khaled Hosseini.
Primeiro, é uma história de cooperação (toda a infraestrutura do país foi instalada pelos russos e é ainda a única que perdura) e depois, de ocupação, e uma consequente deterioração. Só em 1979, sete anos mais tarde, Gorbatchev chamou civis e soldados de volta para casa.
Mas quando se pergunta a um afegão como ele veria um retorno dos russos, ele responde sem pestanejar que seria com olhos muito melhores dos que veem a ocupação gringa. Esta já dura 15 anos sem nenhum melhoramento para o país. Só prejuízo. A não ser em Kabul, onde negócios milionários se fazem nos dois hotéis 5 estrelas da cidade ( blog 31/07/11).
Se o extremismo continuar a ganhar terreno no norte do Afeganistão, Putin deve tomar providência porque o Cáucaso, acalmado a duras penas, só precisa de uma faísca para pegar fogo novamente e recair na areia movediça do extremismo, do qual Moscou já padeceu várias vezes.
Finalizo cedendo a palavra a James Cockburn, um dos pouquíssimos jornalistas ocidentais que conhecem o Oriente Médio e não se deixam enganar pelo discurso e a propaganda dos comunicados de imprensa dos membros da OTAN sob a batuta da Casa Branca: Syria: The winners and losers are becoming clear in this war. The war is far from over, but the faint shape of an endgame is coalescing amid the bloodbath.
Inside Story: Syria War: Will cessation of hostilities lead to talks?
O Daesh no Iraque: 'In five years there won't be any Yazidis left here'. Many members of the Yazidi religious minority in Iraq, fearing persecution, are choosing to migrate to Germany.
Apartheid Adventures
Seleção de clips: https://youtu.be/qQx9OhOEQDA?list=PLJs9AxPZQG7vd3sHFpWjJ61bF_HYZTsE0
RESPEITO! Palestinian Journalist on Hunger Strike.
Apelo da esposa de Mohammad al-Qiq e comunicado da Addameer sobre o que está acontecendo. 18:02:2016.
"The Palestinian Human Rights Organizations Council (PHROC) expresses its severe condemnation of the Israeli High Court decision of 16 February 2016 rejecting the demands of hunger-striking administrative detainee Mohammad Al-Qeiq of being released and transferred to a hospital in Ramallah. This decision is especially troublesome given Al-Qeiq's dire and deteriorating health condition, and PHROC considers it to be tantamount to imposing the death penalty on Al-Qeiq. Al-Qeiq’s health has worsened over the past two weeks, and Al-Qeiq has lost consciousness numerous times due to the continuation of his hunger strike, which has lasted for 86 days. PHROC is therefore deeply concerned that Al-Qeiq may suffer a heart attack due to his deteriorating medical condition. PHROC also condemns the High Court’s decision not to release and transfer Al-Qeiq, given that he is being held without trial or charge, and his health condition negates the possibility that his release would pose any viable security risk. Mohammad Al-Qeiq, a 33-year-old Palestinian journalist from Ramallah, was arrested by the Israeli Occupation Forces (IOF) from his home without an arrest warrant on the 21st of November 2015 and has been held since then without charge or trial. Al-Qeiq began a hunger strike on the 25th of November 2015, in protest of his administrative detention. As with all other administrative detainees, Al-Qeiq's detention is based on secret information to which he and his attorney do not have access. The military court judge has claimed that the secret file includes information indicating that Al-Qeiq encouraged incitement through his journalism.PHROC also strongly condemns the forced treatment of Mr. Al-Qeiq, who has been given medical treatment against his will. Mr. Al-Qeiq has been hand-cuffed to the hospital bed despite his critical condition and has been subjected to degrading and ill-treatment at the hands of Israeli prison guards and the Israeli Prison Service. We express our grave concern that such practices violate the human dignity and personal autonomy of detainees, and may amount to torture. We are further concerned that if Al-Qeiq continues his hunger strike, he may be forcibly-fed by the Israeli government, as it refuses his release. Israel's force-feeding law has been condemned by both the UN Special Rapporteur on Torture and the UN Special Rapportuer on the right to health.
PHROC holds that the use of administrative detention as a policy practiced by the occupying state is systematic and arbitrary, and in contravention of international law. The use of administrative detention has attracted widespread condemnation from local and international organizations as a violation of fundamental human rights as stated by the European Union on the 27 January 2016, which expressed “their longstanding concern about the extensive use by Israel of administrative detention without formal charge.” PHROC is particularly concerned that the potential implementation of force-feeding on Al-Qeeq could amount to torture, and may result in his death. This practice also severely threatens the human dignity of prisoners and detainees on hunger strike.
Therefore, PHROC calls on all international organizations, including the United Nations, the International Committee of the Red Cross, the European Union, and all High Contracting Parties to the Fourth Geneva Convention to fulfill their obligations towards protecting human rights and enforcing the implementation of international humanitarian law, especially when grave breaches are being perpetrated in times of war and occupation. We call on the aforementioned actors to push the Israeli government to immediately release Al-Qeiq and pressure Israel to end the use of administrative detention as practiced by the Israeli Occupation Authorities."
Mohammed Al-Qeeq: A Timeline of Major Events.
Inside Story: Is hunger strinking an effective protest?
E na Palestina, a nova geração comemorou os 11 anos de resistência ao muro em Bil'in,
onde palestinos e estrangeiros humanos participam de uma passeata todas as sextas feiras desde 2005.
Protests in Bil'in mark 11 years of popular struggle
Amanhã começa a Israeli Apartheid Week. Consulte no seguinte site os locais e a contribuição que você pode dar individualmente ou em grupo: apartheidweek.org/.
UK: February 22-28
Europe: February 29-March 7
Palestine: March 7-19
South Africa: March 1-10
Arab World: March 20-26US: various, including March 27-April 3
Latin America: April 10-24
Canada: various throughout March, check with local organisers.
Europe: February 29-March 7
Palestine: March 7-19
South Africa: March 1-10
Arab World: March 20-26US: various, including March 27-April 3
Latin America: April 10-24
Canada: various throughout March, check with local organisers.
Israeli Apartheid Week com Apartheid Adventures
Algumas considerações:
ResponderExcluir-Penso que as referências em seu texto ao q está acontecendo como "guerra civil"(sic) ao invés de guerra ao terrorismo e "rebeldes"(sic) ao invés de terroristas deveriam ficar nas propagandas do Ocidente visto que não condiz com a realidade e nem com o perfil de jornalista séria como vossa senhoria.
-"Putin não fez nada mais do que os Estados Unidos fazem. Só que fez às vistas..".Se quis dizer dentro das LEIS INTERNACIONAIS está corretíssima.
-"os serviços de inteligência ocidentais não têm nem idéia de como combater o terrorismo de maneira eficaz."LOL.Enquanto em seus textos houver a negação ou omissão da ligação direta da CIA e o aparecimento e crescimento do terrorismo mundial os seus leitores continuarão lendo um nonsense como este.
-Apesar de entender a busca diplomática incessante por parte da Rússia pra por fim à esta guerra isto só vem adiando paradoxalmente o seu fim que só virá após um conflito maior.Assim como essa política adiou sua entrada na Síria esse cessar-fogo(vai dar água tb) vai servir pra esse propósito de adiar,adiar,adiar...
A Síria é um daqueles casos em q as coisas vão ter q ficar muito piores do que já estão antes de começar a melhorar.
Como já mencionei em post anterior esta guerra será decidida pela força num jogo ganha-perde e só terminará quando chegar na origem dela chamada "Israhell".Estes são meus 5cents.
Pra sua apreciação:
ResponderExcluirhttp://www.orientemidia.org/como-a-turquia-apoia-os-jihadistas/?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook&utm_campaign=como-a-turquia-apoia-os-jihadistas