A revolta dos chefes de Estado ocidentais contra a espionagem celular e informática dos Estados Unidos não vai terminar em pizza como Washington queria e apostava.
Na imprensa internacional, tudo começou com o artigo de Glenn Greenwald, jornalista estadunidense residente no Rio de Janeiro, no jornal londoniano The Guardian. Glenn era um simples mensageiro do whitleblower estadunidense Edward Snowden.
Nas capitais mundiais que contam, tudo começou em Brasília com a nossa presidente/a Dilma.
Primeiro, Dilma revoltou-se nos bastidores, usando a/de diplomacia.
Porém, o diretor da NSA (a superpotente National Security Agency USA) lançou um comunicado de imprensa no dia 8 de setembro dando uma de Joãozinho sem braço que era um insulto à inteligência tupiniquim. "The United States," contra-informou, "collects foreign intelligence - just as many other governments do - to enhance the security of our citizens and protect our interests and those of our allies around the world."
Nem se deu ao trabalho de explicar porquê espionavam a Petrobrás e em quê a nossa petroleira constituía uma ameaça à segurança dos EUA.
Nem se deu ao trabalho de oferecer desculpas formais, mea culpa mea culpa etcétera e tal. Aí não deixou espaço para o Brasil receber a bofetada e voltar a dar a outra face. Somos cristãos, mas bobos, não.
Não sendo atendida, nossa presidenta foi ao palco das Nações Unidas.
Na imprensa internacional, tudo começou com o artigo de Glenn Greenwald, jornalista estadunidense residente no Rio de Janeiro, no jornal londoniano The Guardian. Glenn era um simples mensageiro do whitleblower estadunidense Edward Snowden.
Nas capitais mundiais que contam, tudo começou em Brasília com a nossa presidente/a Dilma.
Primeiro, Dilma revoltou-se nos bastidores, usando a/de diplomacia.
Porém, o diretor da NSA (a superpotente National Security Agency USA) lançou um comunicado de imprensa no dia 8 de setembro dando uma de Joãozinho sem braço que era um insulto à inteligência tupiniquim. "The United States," contra-informou, "collects foreign intelligence - just as many other governments do - to enhance the security of our citizens and protect our interests and those of our allies around the world."
Nem se deu ao trabalho de explicar porquê espionavam a Petrobrás e em quê a nossa petroleira constituía uma ameaça à segurança dos EUA.
Nem se deu ao trabalho de oferecer desculpas formais, mea culpa mea culpa etcétera e tal. Aí não deixou espaço para o Brasil receber a bofetada e voltar a dar a outra face. Somos cristãos, mas bobos, não.
Não sendo atendida, nossa presidenta foi ao palco das Nações Unidas.
O discurso da Dilma foi um dos pontos fortes da última sessão que reuniu os maiores e menores 194 chefes de Estado em Nova York, junto com o de Rohani, presidente do Irã, e Abu Mazem, presidente da Palestina.
Quando a presidente do Brasil botou a boca no trombone e deu ao mundo inteiro a notícia do cancelamento de sua visita a Washington (esperada ansiosamente por um bando de empresários gringos querendo fazer negócio à sua vantagem) alguns jornais estadunidenses ousaram fazer pouco caso, parafraseando o dito popular "quem não deve não teme" citando como reação séria a da Europa, que sofreu o mesmo estupro de privacidade calada.
Acho que a Dilma naquele dia com seu pronunciamento na ONU lavou a alma se não de todos, da maioria absoluta dos brasileiros. E de centenas de milhões de estrangeiros.
Eu, que acho a nossa presidente bastante competente (bem acima da média internacional inclusive do nosso vizinho norte-americano superpotente), aplaudi de pé e pensei: se fosse o Fernando Henrique teria engolido mais este sap, teria dito (em inglês para exibir erudição em vez de prestigiar a lingua pátria) algumas banalidades e no final teria quase se desculpado por ter sido espionado.
Quando a presidente do Brasil botou a boca no trombone e deu ao mundo inteiro a notícia do cancelamento de sua visita a Washington (esperada ansiosamente por um bando de empresários gringos querendo fazer negócio à sua vantagem) alguns jornais estadunidenses ousaram fazer pouco caso, parafraseando o dito popular "quem não deve não teme" citando como reação séria a da Europa, que sofreu o mesmo estupro de privacidade calada.
Acho que a Dilma naquele dia com seu pronunciamento na ONU lavou a alma se não de todos, da maioria absoluta dos brasileiros. E de centenas de milhões de estrangeiros.
Eu, que acho a nossa presidente bastante competente (bem acima da média internacional inclusive do nosso vizinho norte-americano superpotente), aplaudi de pé e pensei: se fosse o Fernando Henrique teria engolido mais este sap, teria dito (em inglês para exibir erudição em vez de prestigiar a lingua pátria) algumas banalidades e no final teria quase se desculpado por ter sido espionado.
A Dilma (que alguns compatriotas míopes ou mal-intencionados chamam de mandona e outros adjetivos misóginos depreciativos que não usariam se ela fosse homem - se fosse, diriam que dá firmeza porque tem pulso forte) indignou-se com a afronta ilegalíssima e perigosa para a nossa Pátria Amada Salve Salve, deu um chapéu no Obama que estava fazendo careta ameaçadoras em vez de tocar a bola no campo da lealdade e marcou um gol de placa. Quando marcou o gol diplomático, Dilma suscitou surpresa e admiração nas capitais europeias, até na Rússia, o Brasil subiu, no mínimo, mais um degrau na escada de influência diplomática internacional e passou vergonha nos demais presidentes e primeiros ministros que ficaram de braços cruzados.
Ora em julho deste ano Obama ao ser interpelado deixara claro que espionava seus aliados europeus "If that weren't the case, then there'd be no use for an intelligence service". Deixando margem à interpretação que os Estados Unidos não confia em ninguém e não considera nenhum país amigo. Ou melhor, ou pior, declarou publicamente o que todos sabem, que, tirando Israel, os Estados Unidos não são amigos permanentes de ninguém e que com eles, conduzir diplomacia na base de confiança é ingenuidade infantil da parte do outro lado.
Esta posição grave constitui um golpe fatal nas relações diplomáticas internacionais e certamente inaugura uma nova era de reestruturação de cadeias e aliados.
A Europa ficou estática. No fundo, ninguém se importou dos EUA estarem espionando o Brasil ou qualquer outro telefone que não fosse o próprio.
Solidariedade internacional? Respeito mútuo? Zero.
Os Primeiros Ministros da França e da Inglaterra estavam na lista dos espionados, mas ficaram de braços cruzados tremendo de medo do Big Brother - este, o real, do escritor inglês George Orwell e seu visionário 1984, que, diga-se de passagem, deveria ser obrigatório nas escolas.
Demorou a cair a ficha que eles também estavam sendo espionados e que também tinham direito à privacidade.
A Alemanha demorou mais do que o Brasil a descobrir os fios invisíveis da espionagem, mas acabou descobrindo e reagindo. Aí se aliou ao Planalto na batalha pela privacidade, e pela proteção de dados confidenciais nacionais do governo, das empresas e dos cidadãos em geral.
Angela Merkel ficou na dela até descobrir que ela também fora visada pessoalmente. Seus celulares e emails, assim como os de dezenas de alemães com segredos nacionais e outros milhares com vida privada que têm o direito de manter privada. Foi só então que ficou chateada. E as conversas dela são ouvidas desde 2002, segundo o Der Spiegel.
Ora em julho deste ano Obama ao ser interpelado deixara claro que espionava seus aliados europeus "If that weren't the case, then there'd be no use for an intelligence service". Deixando margem à interpretação que os Estados Unidos não confia em ninguém e não considera nenhum país amigo. Ou melhor, ou pior, declarou publicamente o que todos sabem, que, tirando Israel, os Estados Unidos não são amigos permanentes de ninguém e que com eles, conduzir diplomacia na base de confiança é ingenuidade infantil da parte do outro lado.
Esta posição grave constitui um golpe fatal nas relações diplomáticas internacionais e certamente inaugura uma nova era de reestruturação de cadeias e aliados.
A Europa ficou estática. No fundo, ninguém se importou dos EUA estarem espionando o Brasil ou qualquer outro telefone que não fosse o próprio.
Solidariedade internacional? Respeito mútuo? Zero.
Os Primeiros Ministros da França e da Inglaterra estavam na lista dos espionados, mas ficaram de braços cruzados tremendo de medo do Big Brother - este, o real, do escritor inglês George Orwell e seu visionário 1984, que, diga-se de passagem, deveria ser obrigatório nas escolas.
Demorou a cair a ficha que eles também estavam sendo espionados e que também tinham direito à privacidade.
A Alemanha demorou mais do que o Brasil a descobrir os fios invisíveis da espionagem, mas acabou descobrindo e reagindo. Aí se aliou ao Planalto na batalha pela privacidade, e pela proteção de dados confidenciais nacionais do governo, das empresas e dos cidadãos em geral.
Angela Merkel ficou na dela até descobrir que ela também fora visada pessoalmente. Seus celulares e emails, assim como os de dezenas de alemães com segredos nacionais e outros milhares com vida privada que têm o direito de manter privada. Foi só então que ficou chateada. E as conversas dela são ouvidas desde 2002, segundo o Der Spiegel.
A chanceler alemã também tentou as vias diplomáticas. Quando não dava mais para segurar a irritação e o sentimento de impotência pela impossibilidade real de gozar de meios de comunicação móvel e webiano fiáveis, resolveu pegar o telefone fixo e falar com seus vizinhos para convencê-los a uma ação europeia.
Convenceu a duras penas o primeiro ministro francês François Hollande a fazer uma declaração conjunta, e depois até James Cameron foi pressionado pela opinião pública britânica para que também reagisse.
Convenceu a duras penas o primeiro ministro francês François Hollande a fazer uma declaração conjunta, e depois até James Cameron foi pressionado pela opinião pública britânica para que também reagisse.
Mas Angela Merkel entendeu logo que os homens que a cercavam na Europa eram meio fracos e que tinha mesmo de aliar-se era a outra mulher do outro lado do Atlântico, se quisesse obter resultados.
Aí começou a dupla dinâmina Dilma/Merkel. E a brincadeira entre os jornalistas internacionais virou "coitado do Obama!" "Obama que se cuide porque essas duas são poderosas!" com o maior respeito do mundo.
Angela Merkel é filha de teólogo e formou-se em Física na Universidade Karl Marx, de Leipzig, na antiga Alemanha Oriental. Seu dossiê na Stasi (polícia comunista de repressão da época) a descreve como hostil ao regime autoritário e simpatizante do sindicato polonês Solidarność. Recusou o "convite" de ser dedo-duro e foi coerente com suas ideias custasse o que custasse. Como a Dilma, do outro lado.
As duas têm o mesmo perfil, fortes, competentes e determinadas.
As duas são hoje, junto com Vladimir Putin, os três chefes de Estado mais potentes do mundo.
As duas são hoje, junto com Vladimir Putin, os três chefes de Estado mais potentes do mundo.
Barack Obama não conta porque seu poder é inerente ao cargo de presidente dos Estados Unidos. É e será ainda por algum tempo. Não por causa do país propriamente dito, decadente e falido, e sim por causa das fortunas privadas, das corporations, do controle cibernético - Google, Yahoo, Facebook, Twitter, Apple e outros fornecedores de informação para a NSA espionar seus próprios cidadãos e os cidadãos estrangeiros.
Pois o mais rentável mesmo é a espionagem industrial que os EUA fazem através dos mesmos veículos que usam para espionar nossos governantes e nós mesmos.
Pois o mais rentável mesmo é a espionagem industrial que os EUA fazem através dos mesmos veículos que usam para espionar nossos governantes e nós mesmos.
A Chanceler alemã queria um tratato europeu de não-espionagem e a Presidenta do Brasil queria uma Resolução formal das Nações Unidas.
As duas chefes de Estado se uniram e acabaram liderando um movimento Europa-América Latina contra a piratagem de informação público-administrativa e privada desenvolvida e praticada pelos Estados Unidos.
O que começou como um "rompante" da Dilma em Nova York em setembro virou um movimento internacional amplo e de peso que ela lidera de Brasília.
O que começou como um "rompante" da Dilma em Nova York em setembro virou um movimento internacional amplo e de peso que ela lidera de Brasília.
O Brasil e a Alemanha redigiram uma proposta conjunta de Resolução que será apresentada à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas nesta sexta-feira e deverá ser votada o mais tardar no fim de novembro deste ano.
O objetivo de Dilma e Merkel é atualizar a Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos que foi estabelecia em 1976, antes da existência da Internet.
O Brasil e a Alemanha querem acrescentar, entre outras linhas, a que diz que "no one shall be subjected to arbitrary or unlawful interference with his privacy, family, home or correspondence, nor to unlawful attacks on his honor and reputation" extensivo ao espaço cibernético.
Embora o governo estadunidense insista no discurso da necessidade de sua espionagem na luta anti-terrorista, para proteger-se e proteger seus "aliados", seus atos provam o contrário.
Os documentos revelados por Edward Sowden mostram claramente que espionam os outros países em conferências que visam acordos econômicos, a OEA (Organização dos Estados Americanos), a Petrobras e outras petroleiras, ministros e ministérios encarregados de recursos em minas e energia, e os líderes democraticamente eleitos nos países ocidentais aliados dos Estados Unidos e milhões de pessoas nestes Estados.
Inclusive o nosso.
No final da contas, por mais que o Presidente dos Estados Unidos minta de cara lavada para seus pseudo-aliados e para o mundo todo, desde Julian Assange, Bradley Manning e Edward Snowden surgiram no cenário internacional, suas falcatruas de espionagem político-econômico-social têm os dias contados e não poderão mais ser usadas como arma para levar vantagem.
(A quem quiser detalhes sobre reuniões espionadas aconselho a leitura do artigo The End of Hypocrisy, de Henry Farrel e Martha Finnemore, publicado pela revista Foreign Affairs deste mês.)
Concluindo, vale lembrar que nesta trama toda da hipocrisia em que os EUA levam sempre a melhor, a NSA espiona metadata e ciberneticamente, diretamente, a CIA mexe os pauzinhos derrubando governos, semeando discórdia, rebeldia interna, que desestabilizem a economia e os dirigentes dos países com os quais discordam ou que queiram controlar em benefício próprio.
Aliás, a NSA é a maior fornecedora de informação para Israel. Fizeram até um documento top secret revelado por Snowden. Todos os dados recolhidos pela NSA são transmitidos a Tel Aviv. Inclusive os dados do governo, das indústrias e dos cidadãos brasileiros. É por isso que os dois países são adiantados tecnologicamente e ganham tantos contratos. Não é porque são mais inteligentes do que os demais, é porque aplicam a Lei do Gérson ao máximo, em toda ilegalidade.
Esses serviços de inteligência predadores influenciam também as redes sociais em que a juventude está ligada o tempo todo engolindo fofoca como se fosse informação confirmada. É a arma mais eficaz.
A Dilma deveria era ter dado asilo para Snowden para o Brasil desfrutar de seus conhecimentos em todas as áreas. É assim que os Estados Unidos fazem. Cooptação de cérebros é um grande passo para o desenvolvimento porque já chegam formados e prontos para serem "usados". Putin, o homem mais poderoso do mundo, entendeu direitinho a jogada.
PS1: ISRAEL vs PALESTINA
Neste domingo 27 de outubro de 2013, a Fundação Ahmed Kathrada lançou uma campanha internacional para a libertação de Marwan Barghuti, o líder do Fatah que está preso em Israel desde 2002, e de todos os prisioneiros políticos palestinos.
Esta Fundação é a mesma que lançou a campanha internacional em 1963 para a libertação de Nelson Mandela detido pelo regime sul-africano do apartheid.
Mandela e Barghouti, dois intelectuais que seguiram o mesmo percurso de resistência contra opressores ganaciosos e violentos.
Mandela lutou contra o apartheid do regime dos afrikaaners na África do Sul, onde os nativos negros eram tratados como cidadãos de última classe.
Barghouti lutou contra a ocupação israelense violenta que desde 1948 maltrata, humilha e rouba terra palestina delimitada pela ONU.
A esposa de Marwan, Fadwa, advogada de Direitos Humanos na Cisjordânia, viajou para Robben Island (onde Mandela foi preso durante 18 anos) com Issa Qaraqe, ministro palestino dos prisioneiros políticos, e cinco nobelizados da Paz a fim de marcar o evento.
Marwan foi o primeiro membro do Congresso palestino a ser detido por Israel e o mais eminente dos 5.000 palestinos encarcerados pelos ocupantes. Dentre eles, 236 meninos, 14 mulheres e 14 parlamentares.
A União Europeia e o Parlamento Europeu aderiram ao movimento e também soilicitam sua libertação com urgência.
Marwan Barghuti é a figura chave da reconciliação entre o Fatah e o Hamas e o único considerado por todos os palestinos com autoridade para negociar uma paz justa e definitiva.
Sua libertação é crucial para o fim do conflito.
Junto minha voz à de Fadwa, dos nobelizados e dos demais seres humanos que apoiam esta causa.
PS2. O Pink Floyd Roger Waters deu uma entrevista ao jornal israelense Yediot Ahronot que, naturalemente, distorceu suas palavras.
Para corrigir o "erro", Roger publicou em seu Facebook uma carta aberta para esclarecer os fatos.
Publicou também a transcrição completa da conversa que teve com o jornalista Alon Hadar.
E lembrou a carta aberta que enviou aos colegas roqueiros na qual explica o porquê de seu ativismo no BDS - Movimento Internacional de Boicote a Israel e os convida a fazerem o mesmo.
Eis um extrato do que disse Roger Waters.
"The fact is that there are different rules of law for Arabs and Jews. Completely different. In the occupied territories, Jews are governed under a civil law and have completely different rules in terms of their movement and so on and so forth … and the occupied people, the Palestinians, are under martial law. And it’s a completely different set of laws. They also have completely different sets of documents.
It’s just like the old pass laws in South Africa. It is apartheid. Clear and simple. If you go and look at the definition of what the crime of apartheid is, then it describes perfectly what’s going on in the West Bank. And not quite so perfectly, but also, Gaza, which is under siege, it’s completely surrounded. They have no freedom. When one race or ethnic group subjugates another race or ethnic group, to its power and control, that is the crime of apartheid."
Documentário de Scott Nobel: Counter Intelligence - The Company (1h18')
Documentário australiano da Journeyman: In Google we Trust (trailer de 4')