domingo, 24 de março de 2013

Israel vs Palestina: História de um conflito XXX (09-10/2002)


As agressões de setembro de 2002 começaram no dia 03.
Faltou pouco para uma família palestina de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, ser esmagada por um caterpillar armado.
O mastodonte mecânico atacou na calada. Derrubou a parede da frente da casa em cima dos nove moradores que se encontravam na sala. Todos foram machucados, inclusive uma criança de 3 anos que   foi hospitalizada em estado grave.
O drama destes gazauís só foi notícia na Faixa. Para a mídia ocidental, não passava de uma demolição a mais. A prática israelense virara uma constante que em vez de indignar cada vez mais quem testemunhava, banalizara este crime de desapropriação violenta e ilegal nos territórios ocupados.
No dia 05, Ariel Sharon rejeitou o plano de paz da União Europeia sem nem se dar ao trabalho de analisá-lo. 
O plano propunha um esboço da Palestina sem fronteiras delimitadas. Estas seriam definidas após negociações intensivas que levariam a um Estado soberano três anos mais tarde. Ou seja, em 2005 - dez anos após o prazo dos Acordos de Oslo e jamais posto em prática.
O plano não podia ser mais ambíguo, mas mesmo assim Sharon declarou que era "inaceitável na presente forma." Que só "prejudicava" Israel no bloqueio da expansão territorial e na limpeza étnica que há anos vinha sendo praticada. 
Quanto a Yasser Arafat, fez um discurso conciliatório que Sharon irrelevou da primeira à última palavra.
A IDF (Forças Armadas israelense) respondeu com dois ataques.
Um deles em Beitunia, cidade vizinha a Ramallah e à Mukata'a do líder palestino. A operação causou uma morte e dois feridos graves. Na leva de rregularidades, "homens" de 15 a 65 anos foram presos e amontoados nas viaturas militares.
O outro ataque da IDF foi isolado. Em Gaza. Um tanque atirou em um carro matando seus dois ocupantes. 

No dia 12 foi a vez de Shujaiya, um bairro no leste de Gaza. De manhãzinha, na hora em que as feiras se abriam e os habitantes saíam para a igreja e a mesquita, dezenas de veículos militares "excursionaram" pelo bairro. Vandalizaram carros, destroçaram propriedades, aterrorizaram e impuseram toque de recolher às famílias.
No final do desfile destrutivo, uma casa tinha virado terreno vago, outras tinham ficado inabitáveis, e várias estavam com danos menores. Isto é, parede da frente derrubada, privacidade da família reduzida aos cômodos de trás e prejuízos enormes.
Mas isto também é uma constante e ficou longe dos jornais. Até eu resumo ao máximo. Se citasse todas as "operações" da IDF de demolição, vandalismo, destruição de propriedade, intimidação, terrorismo recreativo, encheria páginas e páginas de um relatório que no final ficaria monótono e repetitivo. Mas talvez ajudasse a explicar o porquê de bombas-suicidas explodirem de vez em quando em Israel e quão desigual eram (são) o tratamento que os dois povos recebem e a disparidade dos meios de combate.

Como por exemplo o que aconteceu no dia 16 e acontecia amiúde nos territórios ocupados. No checkpoint Abu-Holy, perto de Gaza, um soldado matou um palestino naquela mesma história do tiro ao alvo. Era um daqueles dias em que os soldados recebem ordens de azucrinar ao máximo a população local a encurralando mais tempo nas barragens. Em dias assim, em horas e lugares aleatórios (que são também mais correntes do que o suportável), os soldados param táxis e veículos particulares, obrigam todos os passageiros a descer, forçam os homens a tirarem a roupa, a exporem sua nudez aos filhos, a mulheres alheias e a estranhos que padecem da mesma sina. Ficam de molho durante um tempo suficiente para que a humilhação fique impressa na memória da vítima e que o respeito dos filhos vire fumaça. Depois são autorizados a seguir caminho.
De vez em quando um rebelde é punido com um tiro. Assim como os meninos quando jogam pedras nos soldados. Nos meninos atiram no joelho. Para o alvo perder para sempre a mobilidade. Isto quando não atiram no coração ou na cabeça. Nesse dia o exercício de tiro ao alvo fez mais uma vítima.
Uma banalidade.
E as agressões não vêm apenas dos soldados. Os "colonos" judeus contribuem bastante para o reino de terror ao qual os palestinos são submetidos no dia a dia. Os hebronitas são as maiores vítimas, mas não são as únicas.

No dia 17 de setembro de 2002, por exemplo, os invasores civis instalados nas colônias plantaram uma bomba no pátio de uma escola primária palestina em Yatt. A 15 quilômetros ao sul de Hebron. A bomba estava programada para explodir durante o recreio. Explodiu fora de hora. Por isto não houve perda humana, embora tenha chacoalhado a escola e ferido alguns professoros e muitos alunos.
Este tipo de ataque armado somado a tratamento cruel e escarnecedor dos colonos contra os palestinos, sobretudo as crianças, é quotidiano e crescente em estratagemas e violência.
Mas isso também já é uma banalidade.
Inclusive a destruição sistemática das lavouras e dos olivedos palestinos que resistiram ao tempo, a séculos de intempéries climáticas para serem destruídos por paulada e fogo provocado por mão "humana".

A resposta da resistência ou de dois pais fora de si por desalento, chegou dos dois lados da Linha Verde. De dentro, no checkpoint perto de Um El-Faham, um bomba-suicida explodiu levando consigo um soldado e ferindo dois outros.
De fora, em Tel Aviv, um bomba-suicida explodiu em um ônibus levando consigo cinco civis.
Nesse mesmo dia, o Quarteto sobre o Oriente Médio - Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas - elaboraram o Road Map for Peace, já anunciado em junho e que compreendia três fases, que deviam culminar com a autonomia palestina em 2005.
Porém, em Ramallah e em Gaza o ceticismo reinava quanto ao plano, à sua viabilização em tempo hábil, e à vontade do Quarteto de resistir às demandas gulosas do governo israelense.  

Enquanto o Quarteto lucubrava um caminho retalhado para a paz, Ariel Sharon só pensava em retaliar, atacar, e acabar com Yasser Arafat. 
No dia 21 de setembro de 2002, ele enviou um batalhão de tanques e caterpillars armados a Ramallah com a ordem de reduzirem a Mukata'a e as construções adjacentes a migalhas.
O batalhão postou-se em volta do complexo administrativo atirando sem parar. Tipo Bonny and Clide multiplicado por cem e armados de artilharia pesada.

Três dias mais tarde, no dia 24, foi o dia da Faixa de Gaza. A IDF investiu na calada da madrugada, desta vez com apoio aéreo. Com tropas, tanques, caterpillars armados, e os Apaches iluminando os alvos e limpando um e outro obstáculo com seus torpedos. Enquanto isso, a IDF ia abrindo passagem pelas ruas do norte e nordeste de Gaza logo depois da meia-noite.
Explodiram dinamites, demoliram casas, bombardearam fábricas. Visavam "terroristas e lugares onde fabricavam armas", foi a desculpa dada por Tel Aviv aos jornalistas, às ONGs de Direitos Humanos, a autoridades estrangeiras, enfim, a quem perguntasse a razão desta operação aleatória.
Nove pessoas morreram durante a investida e dezenas sofreram ferimentos leves ou graves.
No dia seguinte a IDF voltou à carga. Em um alvo reduzido.
Apesar disso, os soldados chegaram devidamente protegidos dentro dos tanques "crueis" que na IDF são sua segunda pele dos soldados.
Nessa investida, dinamitaram a casa do ex-prefeito de Dura. A destruição da residência de Namura foi uma punição pela suspeita de envolvimento de um dos filhos em uma operação militar da resistência contra soldados israelenses.
A família teve cinco minutos para deixar a casa com a roupa do corpo e mais nada. Perdeu todos os pertences. Além dos dois filhos que já estavam presos desde o ano anterior em uma prisão israelense. Talvez até sem julgamento, como centenas de prisioneiros políticos, não me lembro bem este caso preciso.
No mesmo dia, o Conselho de Segurança das Nações Unidas votaram mais uma Resolução - N° 1435 - exigindo que Israel terminasse o sítio da Mukata'a e de Yasser Arafat. Fazia dez dias que o líder palestino se encontrava detido no prédio administrativo bloqueado por batalhões irremovíveis.

No dia 28, atendendo ao apelo de Marwan Barghouti - preso, mas ainda com voz ativa na liderança palestina - passeatas de milhares de compatriotas do líder do Tanzim eclodiram nas principais cidades da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. As vias se coloriram de bandeiras e as cabeças e os pescoços de mulheres, homens e crianças se cobriram de kefiés (kūfīyāt em árabe)  pretos e vermelhos para ocupar o terreno em comemoração do início dessa Intifada Al-Aqsa.
Na Faixa, soldados israelenses abriram fogo contra uma destas passeatas pacíficas em Dir al Balah matando um jovem de 17 anos. Logo depois atiraram em crianças que lhes jovagam pedras na porta da escola bloqueada. Seis meninos foram feridos gravemente.
Mas as ruas não se esvaziaram. As famílias continuaram a desafiar o toque de recolher e o estado de sítio o dia todo na Palestina inteira. Só pararam na hora  marcada por Marwan Barghuti.
No dia seguinte, sob pressão dos Estados Unidos, Sharon acabou com o sítio da Mukata'a. Entretanto, manteve Arafat detido nas ruínas da sede do governo palestino.
No dia 30, tanques israelenses bombardearam vários bairros residenciais de Gaza. Os feridos foram muitos. Em uma só casa mataram uma mulher de 43 anos e seus seis filhos. Em outra feriram gravemente seis membros de outra família, e assim por diante.
No mesmo dia, soldados da IDF mataram um menino no campo de refugiados de Balata. O menino estava voltando da escola para casa quando foi baleado. O "acidente" foi posto na conta da necessidade de Israel "impor respeito ao toque de recolher" que impedia a ida ao trabalho e às aulas. O menino foi morto "para servir de exemplo".
Serviria. Mas não de obediência e sim para a continuidade da resistência nas gerações futuras.

Outubro começou em efervescência.
As comemorações de dois anos de Intifada foram um sucesso popular. Porém, mais de doze palestinos de idades variadas foram assassinados neste período. Inclusive dois adolescentes que foram mortos nas passeatas.
Os enterros foram imensos e os nervos dos participantes estavam à flor da pele, além da tristeza ambiente.
No dia 03, Ariel Sharon, no final de sua visita à Rússia, contribuiu ao aumento da tensão.
Fez um convite público aos judeus russos para que emigrassem para Israel - seu objetivo foi sempre incitar a imigração askenasi, ou seja, de judeus brancos, de olhos claros, descendentes de filhos de mães louras europeias convertidas ao judaismo.
Para completar a provocação, o Primeiro Ministro israelense declarou que no processo de importação deste monte de imigrantes precisaria alojá-los.
Onde mesmo?
Em Israel?
Não, nos territórios palestinos ocupados.
Para isto invadiria mais terras e demoliria mais moradias palestinas  para criar novos "assentamentos" a fim de alojar ilegalmente estes "colonos" importados.
A notícia caiu na Palestina como uma bomba. No sentido figurado.
No sentido físico, além de declarar publicamente que infrigiria ainda mais as leis internacionais, Sharon ordenou a retomada de operações militares na Faixa de Gaza.
Desta vez mandou a IDF investir o bairro Amal, em Khan Younés, no início da madrugada.
O barulho dos Apaches foi logo seguido de fogos de artilharia pesada contra as casas e seus ocupantes adormecidos.
Enquanto isso, os tanques e os caterpillars armados terminavam o trabalho derrubando residências e causando estragos.
No final do ataque noturno, dezessete habitantes jaziam mortos - metade deles eram crianças - e mais de oitenta feridos graves esperavam socorro das ambulâncias que as barreiras bloqueavam.
A brutalidade do ataque aos civis foi difícil de ser acobertadas.

Contudo, comoveu menos o público internacional do que a soldada morta por um bomba-suicida que explodiu em Tel Aviv no dia 10, ferindo mais dez militares.
A retaliação a esta ação da resistência foi imediata. Foram três dias de repressão e destruição na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Sharon mandou que a IDF pegasse pesado. Nos campos e nas cidades.
Os caterpillars foram vorazes. Esmagaram lavouras e demoliram moradias em cadeia. Muitas durante a noite.
Em Rafah, uma família nem teve tempo de escapar. O bulldozer esmagou o caçula dentro de seu carrinho que estava na sala.      
No dia 15, a IDF prendeu o Mufti (intérprete do Alcorão, como o Fariseu era do Talmud israelita) de Jerusalém.
O motivo dado foi o sermão que o religioso fizera na mesquita Aqsa na sexta-feira anterior. No sermão, o religioso falou no nazismo israelense contra os palestinos.
Além  de ser interrogado sobre isso, Ikrema Sabri foi questionado também sobre uma entrevista em que dissera que "um povo tem todo direito de defender-se contra os opressores e atormentadores que ocupam seu país militarmente."

No dia 16, após longa pesquisa e estatística, a B'Tselem divulgou um relatório acusando as forças de ocupação israelense de visarem deliberadamente a morte de crianças palestinas.
Neste relatório, a ONG israelense de Direitos Humanos demonstrou que 80% dos palestinos assassinados pela IDF durante o toque de recolher eram crianças.
"Curfew", disse o relatório Lethal Curfew, "is no longer a tool to meet specifi security needs, bu a sweeping means to collective punishment". "Shooting a person simply because he left his home during curfews constitutes excessive use of force". "And it creates problems for hundreds of Palestinians, increasing malnutrition and disrupting schools, and are so extensive that they violate the right to freedom of  movement included in internacional law."
O relatório fez um pouco de barulho na mídia liberal e entre os pacifistas de maneira geral, mas ficou por isso.
No dia seguinte a IDF continuou sua campanha militar matando mais três meninos de 9, 12 e 13 anos no sul da Faixa de Gaza. Duas mulheres, de 72 e 32 anos. E dois homens de 27 e 45 anos, mortos em uma mercearia.
O número de feridos, nem anotei. É incrível como tudo na vida, por pior que seja, quando se repete muito acaba ficando repetitivo, se banaliza. É terrível!

No dia 19, milhares de gazauís seguiram a procissão funerária de Karam Mohammed Abu Obeid. Um militante das Brigadas Qassam que morreu no dia anterior em um confronto com soldados perto da colônia judia Doget, no norte da Faixa. Dois soldados israelenses foram feridos.
No dia 21, um carro-bomba explodiu no norte de Israel matando 14 pessoas. Incluindo os dois palestinos que jogaram o jipe carregado de explosivos artesanais na traseira do ônibus. A maioria dos passageiros eram soldados a caminho de Tel Aviv.
No dia seguinte, Ariel Sharon tomou medidas retaliativas draconianas.
Uma delas foi maquiavélica.
Soldados da unidade especial entraram em Nablus de ônibus na calada da noite para pôr o plano em prática.
O atentado foi orquestrado em dois tempos. Os soldados à paisana penetraram no campo de refugiados de Balata aparentemente à caça de "terroristas". Abandonaram o veículo e algumas horas mais tarde, quando os moradores de Balata estavam acordando, a bomba que a IDF deixara escondida explodiu ferindo treze pessoas.

Nesse dia, um membro da resistência disse, olhando os feridos, "Os sucessivos governos israelenses, que ocupam nossas terras e nos oprimem, maltratam, humilhan, nunca entenderam que se a Palestina fosse livre, soberana e com um Exército devidamente constituído, prescindiríamos de subterfúgios artesanais e lutaríamos de igual para igual para defender nossa Nação. Os bombas-suicidas são resultado do desespero, da impotência, da precariedade. Já eles [os israelenses] são uma das maiores potências bélicas do mundo, têm as armas mais sofisticadas que fabricam e que recebem dos Estados Unidos, e tentam nos espantar recorrendo aos nossos meios alternativos. Não despertam medo e sim desprezo. Pela covardia de nem se mostrarem, de atacarem de noite e deixarem a bomba explodir mais tarde. Se tivéssemos um quinto das armas que têm, já teríamos conquistado nossa independência há muito tempo, pois temos toda a coragem que lhes falta."
No dia 27, um bomba-suicida explodiu no posto de gasolina de uma colônia judia. Além dele, três soldados morreram e mais de trinta pessoas ficaram feridas.
A IDF retaliou na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Precisamente, em Jenin e em Rafah.
Em 36 horas, mataram dois adolescentes, demoliram residências e deixaram mais de vinte feridos graves.
Na saída, levaram dezenas de jovens prisioneiros.
Uma ruptura política em Israel marcou o fim do mês de outubro.
Os seis ministros do Partido Trabalhista se demitiram. Em protesto à verba que Ariel Sharon conferira à colonização no orçamento de 2003.
Assim terminou o governo de união nacional que já estava mais do que fragilizado.
O Primeiro Ministro, do partido Likud, ficou apenas com 55 dos 120 deputados do Knesset.
A aliança Sharon-Peres continuaria, já que o ex-pacifista do Partido Trabalhista estava para debandar publicamente para o outro lado.
E o bulddozer Ariel Sharon mais uma vez honrou seu apelido. Não se daria por vencido. Faria o que queria fazer há muito tempo e para manter as aparências se continha. Anunciou sua intenção de negociar com a extrema direita para continuar seu projeto de ocupação tranquilo.
Sim. Por incrível que pareça, havia uma direita mais extrema do que o Likud. Pessoas mais próximas de Ariel Sharon e de seus objetivos.
Veremos quem são no próximo capítulo.


Documentário Writers on the Borders, de Samir Abdallah e José Reynès, que documentam a visita que escritores consagrados tais José Saramago, Russel Banks, Bei Doo, Breyten Brejtenbach, Vincenzo Consolo, Juan Gortisolo, Wole Soyinka fizeram ao grande poeta palestino Mahmoud Darwich em 2002.

Reservistas da IDF, Forças israelenses de ocupação
Shovrim Shtika - Breaking the Silence
"For me as commander, that was extremely frightening. It was a team that had just concluded its basic infantry training, they had not had any kind of anti-terrorism warfare practice, the kind they hold at Adam. So it was quite scary for me, they were really young soldiers. We entered on jeeps in a rapid convoy and everyone had his antitank missile and something else. Only my own crew. . . let's say there were three crews and each had its mission within a larger scale operation. We had to mark houses to be taken over, searched. So we'd arrive in jeeps and close in on the house. We also had to search for someone inside the house, conduct an arrest while we're at it, so we had three tasks: closing in, doing what was needed, and waiting. At the time, closing in on the house was usually done with the "neighbor procedure". We'd go next door and ask someone to come with us. He'd knock on the door and wake the people up, asking them all to get out. Anyway, as we were doing this and starting getting back, we heard a phone ringing inside the home of the guy we were after, probably being warned. Okay, they opened the door and got the people out, and he wasn't there. We found his brother or something. So he'd be taken away instead, and the house would be searched. That was the usual procedure."
Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/;
Lista de produtos das colônias a serem boicotados:

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