A DOP (Declaração de Princípios) assinada em Washington e os Acordos de
Oslo que a seguiriam, em teoria, deveriam propiciar independência, paz e
prosperidade aos palestinos.
Na prática, a humilhação
será multiplicada, assim como a privação de terra, liberdade e
recursos naturais, sobretudo de água.
Os Acordos preveem a
evacuação militar e civil da Cisjordânia e da Faixa de Gaza em 5 anos.
Em vez disso, os soldados da IDF
(Forças armadas de Israel) proliferarão ao rítmo das colônias.
Israel, em vez de devolver
territórios ocupados, procedeu a um corte kafkaiano da Cisjordânia. E no final,
ela parecia uma colcha de retalhos pontuada por checkpoints e não com o
país que os palestinos esperavam.
No plano político-militar, após o Massacre de Hebron, no Túmulo dos Patriarcas, os
colonos ficaram ainda mais agressivos, mas mesmo inconformados com a
impunidade dos cúmplices do atentado, os palestinos não revidaram,
apostando na paz que Arafat negociara.
Até o dia 28 de março de 1994,
quando Jabalia, o campo de refugiados na Faixa de Gaza onde a Intifada
começara, foi palco de uma nova tragédia que despertaria o braço armado do
Hamas.
Um policial israelense à paisana
abriu fogo contra jovens ativistas ferindo 49 deles e matando seis. Alguns
destes, retirados dos carros e executados friamente com tiro na
cabeça.
E no dia 04 de
abril, homens encapuzados bloquearam a cidadezinha de Aramta, no distrito
de Jezzine, no sul do Líbano, empurraram os habitantes para a praça
principal para brutalizá-los e capturar alguns homens e mulheres. Depois
voltaram e mataram duas pessoas e feriram seis outras aleatoriamente.
A tensão aumentou e o
Hamas desta vez revidou dois dias mais tarde.
No dia 06 de abril, dia em que
Israel celebra o Holocausto da Segunda Guerra Mundial,
em atentado-suicida, um carro explodiu do lado de um ônibus em
Afula, cidade israelense próxima da Linha Verde.
Oito pessoas morreram e
55 saíram feridas.
O atentado planejado pelo
especialista em bombas Yahya Ayyash (engenheiro de 28 anos que chefiava a
Brigada al-Qassan na Cisjordânia) inaugurou o novo modus operandis
do Hamas - atacar fora dos Territórios Ocupados; no último atentado na
Cisjordânia palestinos também haviam sucumbido e não queriam mais errar o alvo.
Afula foi a primeira
operação além da Linha Verde e da Faixa de Gaza - até então o Hamas
só atacava em suas fronteiras "com atos legítimos de resistência
contra os ocupantes civis e militares."
Aí começou uma cadeia,
pois insatisfeito com o resultado "desigual" de vítimas - do
Líbano, Jabalia mais as do Túmulo dos Patriarcas - o Hamas voltou a
atacar em Israel sete dias mais tarde. Na rodoviária de Hadera, explodindo um
ônibus que se dirigia a Tel Aviv. Seis pessoas perderam a vida e trinta foram
feridas.
Parecia então que a violência
recíproca estava encerrada.
Mas, não.
No dia 21, aviões de combate
israelense atiraram em um ônibus escolar em Nabatiyeh, também no Líbano,
ferindo dez crianças e e matando quatro.
A retaliação israelense à
retaliação do Hamas matando crianças no sul do Líbano era uma
mensagem clara aos palestinos deportados para que acalmassem os
camaradas nos Territórios.
Mas em vez de intimidader os
grupos de resistência armada, os caixõezinhos enfileirados fizeram foi aumentar
a raiva.
As pressões foram muitas sobre
Yitzhak Rabin para que parasse o carro da paz, assim como sobre Yasser Arafat,
mas os doi homens resistiram e mantiveram o encontro marcado no
Egito, em maio de 1994.
No dia 4, Israel e Palestina
selaram no Cairo a versão final da DOP assinada em Washington DC oito meses
antes.
As testemunhas de peso, os
ministros das Relações Exteriores dos EUA e da URSS, Warren Christopher e
Andrei Kozyrev, constituiam garantia de respeito à firma e parecia
que após 45 anos de conflito, a paz estava a caminho.
Este Acordo ficou conhecido como
de Gaza-Jericó.
Ele estabelecia a Autoridade
Palestina (AP) e dava 48 horas para a IDF evacuar o arsenal e os
batalhões de Jericó e, progressivamente, da Faixa de Gaza, pondo fim à
ocupação de 27 anos.
Forças militares palestinas
estavam prontas para substituir as do ocupante, a fim de manter a ordem.
As duas partes se comprometeram a
tomar várias providências imediatas, dentre elas, que a OLP impusesse fim
aos atentados e que em contrapartida Israel evacuasse e devolvesse à AP
terras e lhe cedesse terreno político-administrativo nos Territórios Ocupados.
Este compromisso ficou
conhecido informalmente em Israel como a barganha de terra por paz.
Apesar de não interromper a
colonização, Rabin, pressionado pela ala liberal que o havia elegido e
motivado pela crença pessoal que negociar era condição sine qua non à
segurança a curto prazo e à sobrevivência nacional, manteve a palavra em vários
pontos imediatos.
A bem da verdade, Rabin foi o
único primeiro ministro de Israel que fez algo concreto pela e para a paz.
Porém, de certa
maneira, talvez por hábito, usou a tática da desinformação, vigente desde
1948, para dar com uma mão e tirar com a outra o que pudesse tirar.
Neste caso imediato, tirou
espaço.
A colonização continuou
longe dos olhares da imprensa e com as reclamações palestinas abafadas
para que se chegassem aos ouvidos da ONU fossem desconsideradas.
Mas ao mesmo tempo, cumpriu sua
parte nas questões mais mediáticas, inclusive gelando várias
autorizações de construção de novas colônias.
Os que conviveram com Rabin dizem
que ele realmente acreditava na possibilidade de paz.
Havia encontrado Arafat, tinha
visto que o líder palestino era patriota e não o animal que seu colega de armas
Ariel Sharon odiava; enfim, o viu como um ser humano que pensa e
sente como os demais.
Contudo, os extremistas de ambos
os lados estavam de tocaia.
Quanto a Yasser Arafat, após 33
anos de exílio, retornou à Palestina no dia 1° de julho de 1994 como líder
nacional e internacionalmente incontestado. Tinha 65 anos.
Por causa das ameaças de morte
repetidas pelos colonos da invasão de Kfar Dorom, Rabin, temendo um
atentado, organizou um sistema de segurança jamais visto na
região desde a visita de Anuar Sadat.
Um atentado contra Arafat naquela
hora, naquela lugar, teria sido fatal para a paz.
Quanto ao líder da
OLP, antes de deixar o Cairo, disse ao então presidente Hosni Mubarak:
"Estou voltando para as primeiras terras palestinas livres.
Imagine quão emocionante isto é para o meu coração e meus sentimentos!"
O objetivo imediato era tomar
posse dos dois territórios cuja evacuação fora negociada.
Arafat chegou cercado de
soldados da OLP que ostentavam o boné vinho que os marca.
Ele também estava fardado e
com o tradicional keffiyeh palestino na cabeça quando atravessou a
fronteira entre o Egito e Rafah, na Faixa de Gaza, visivelmente emocionado.
Fez o V de vitória, mas ficou
exposto o mínimo necessário. Foi logo posto em um mercedes blindado que o
levaria de Rafah a Gaza.
Para evitar o perigo de Kfar Dorom,
o carro desviou a rota, mas ele viu de cara os efeitos concretos da
ocupação e os problemas que o esperavam.
Foi acolhido em Gaza por milhares de simpatizantes animados e foi
ovacionado quando se dirigiu aos compatriotas da sacada do edifício que dias
antes era ocupado pelo Posto de Comando israelense que há anos fora
confiscado.
Naquele dia era, literalmente, o
salvador da pátria que parecia aos gazauís finalmente viável.
O discurso foi seguido com
atenção e interjeições de contentamento, mas as palavras que realmente
arrebataram os homens e mulheres presentes foram as dedicadas a Jerusalém.
Em poucas frases Arafat conseguiu conciliar as desavenças inernas
focalizando no objetivo comum que era libertação e liberdade.
A festa foi bonita. Durou três
dias e deixou o povo cheio de entusiasmo.
Em seguida um helicóptero o
levou a Jericó. E lá a festa foi alegre e regada de lágrimas.
Nos poucos dias entre a Faixa de
Gaza e a Cisjordânia, Arafat entendeu que sem o apoio financeiro prometido, ele
jamais conseguiria tirar a Palestina do buraco em que a ocupação a enterrara.
A Palestina produtiva e
exuberante que ainda vira em 1967 estava arruinada e o povo demolido por
dentro e por fora.
Só que os países milionários do
golfo que tinham prometido fundos para a reconstrução lhe deram as
costas por causa do seu apoio ao Iraque contra o Koweite, e Ahmed Qurei, um dos
negociadores-chave em Oslo, anunciou abertamente a falência econômica da OLP na
hora em que a Organização mais precisava de fundos para implementar sua parte
dos Acordos.
Mesmo assim Arafat esperava poder
financiar o desenvolvimento com ajuda do FMI (Fundo Monetário
Internacional), do Banco Mundial e da arrecadação fiscal - em teoria e
prática ainda seara de Israel até o estabelecimento de governo
palestino de direito e de fato. (Continuará na prática a ser depositado em
bancos israelenses até hoje e submetidos à boa vontade de Tel Aviv e dos
banqueiros para o repasse.)
Em vez de ficar na Cisjordânia,
Arafat resolveu instalar-se em Gaza.
Precisava reconciliar o Fatah e o
Hamas e esta união teria de ser feita na Faixa, aproveitando a ausência do
sheik Ahmed Yassin, preso em Israel.
Foi uma decisão política que deu
frutos.
Os gazauís o acolheram como líder
e ele foi empossado presidente, primeiro ministro, comandante e
porta-vos da Autoridade Nacional Palestina incipiente.
Logo um conselho publicou as Leis
Básicas da ANP e Arafat criou um comitê executivo de vinte membros
representativos das diversas facções palestinas.
Na impossiblidade legal de
organizar eleições, nomeou prefeitos para Gaza e Nablus, e substituiu as
autoridades administrativas do Hamas na área de educação, saúde e assuntos
sociais por executivos da OLP de confiança.
Para fechar com chave de ouro o
controle, nomeou-se presidente da organização financeira da Palestina
recém-criada pelo Banco Mundial - por onde passaria a maior parte dos
fundos que receberiam - e estabeleceu uma polícia militar chamada
Serviço de Segurança Preventiva - cumprindo com a obrigação de Oslo de manter a
ordem e prevenir atentados.
A SSP era composta de soldados
palestinos sob as ordens de Mohammed Dahlan e Jibril Rajoub; fiéis de Arafat
que a Anistia Internacional mais tarde acusaria de abusos de poder
e a PNA ídem. Por não investigar nem punir como devia os
excessos cometidos pela PSS (inclusive tortura e execução) de oponentes
políticos e dissidentes, e da prisão de ativistas de Direitos Humanos.
Arafat dizia que tinha de cumprir
a palavra dada a Rabin de controlar os extremistas. E ficou por isso.
No dia 17 de julho, a violência
mostraria de novo a cara.
Durante a travessia do checkpoint
de Eretz, na saída da Faixa de Gaza, trabalhadores palestinos foram
atacados por colonos armados, se defenderam como podiam, tiros foram dados
para todos os lados, e no final das seis horas de combate improvisado,
após intervenção de tanques e helicópteros da IDF (Forças Armadas de Israel), um soldado
jazia morto a bala, um colono e mais vinte soldados estavam
feridos, e entre os palestinos, duzentos sofreram ferimentos graves e
onze morreram no local.
Fontes israelenses e palestinas
descreveram a cena como uma zona de guerra ininterrupta.
A notícia correu a Faixa e uma
onda de protestos sacudiu os Territórios Ocupados.
Em Ramallah os comerciantes
fecharam as portas por causa da repressão militar, os alunos da Universidade de
Hebron saíram às ruas e dois deles foram baleados, e em Gaza gritos de
"vingança!" ressoaram na Brigada al-Qassan, atravessaram os
muros e arames farpados e no dia 25 a retaliação foi dramática.
Foi na noite da assinatura
do Tratado de Paz entre Israel e a Jordânia.
O atentado ficou conhecido
em Israel como o Massacre do Ônibus 5.
O golpe foi em pleno centro
de Tel Aviv - um ônibus na rua Dizengoff.
Causou a morte de 22 pessoas e
feriu cinquenta.
Foi um dos mais traumáticos
para os israelenses por ter sido o primeiro na capital e o mais espetacular - a
potência da explosão jogou o ônibus no ar com estrondo ouvido longe.
Yahya Ayyash encabeçava a lista negra do Shin-Beit (serviço
secreto interno de Israel) e a sua caça "justificou" aumento insuportável do regime de
terror imposto nas famílias palestinas na Cisjordânia e em Gaza.
E o círculo vicioso da
humilhação, arbitrariedade, rancor acumulado diante dos atos desumanos da IDF
fragilizava a autoridade conciliatória de Arafat e fortalecia a resistência
ativa do Hamas.
Prova disto é o caso do
próprio fabricante artesanal das bombas que a Brigada al-Qassan usava.
Yahya Ayyash era um
rapaz inteligente, ambicioso, falante; do bem, até certo dia.
Tinha planos acadêmicos que foram
frustrados quando, aceito em um mestrado na Jordânia, Israel negou-lhe visto de
saída da Cisjordânia e a arbitrariedade do ocupante despertou os instintos
desumanos que ele recriminava nos soldados e colonos que invadiam seu espaço e
regulamentavam suas idas e vindas.
Em vez de resistir com trabalho
industrial ou acadêmico, resolveu fabricar engenhos explosivos
para mostrar aos ocupantes que os estilhaços do terror quotidiano ao
qual os palestinos eram submetidos no dia a dia era um bumerangue que podia
atingi-los em casa.
Os meios de Ayyash eram os
piores possíveis, mas conseguiu seu objetivo.
A partir desse atentado em
plena Tel Aviv, nenhum israelense jamais sairia de casa tranquilo.
"Como nós desde 1967;
desde antes; desde a Naqba," me disse um ancião palestino segurando
a chave de casa com o olhar perdido no tempo e no espaço que o separavam
da vida que viera abaixo em um dia ensolarado de 1948.
Israel revidou no Líbano, no dia
8 de agosto, disparando um míssil contra a cidade de Deir Al-Zahranee
destruindo um prédio, matando oito pessoas e ferindo dezessete.
O alvo pareceia Os palestinos
diziam que o alvo eram os companheiros do Hamas deportados.
Apesar dos rancores e
pesares, os Acordos seguiram em frente.
Rabin desconfiava da cumplicidade
ou pelo menos da tolerância de Arafat em relação aos atentados, Arafat
desconfiava da morosidade da evacuação militar-civil combinada e das novas
construções que invadiam as terras de seus antepassados na Cisjordânia, mas os
dois homens iam aos trancos e barrancos tocando o barco da paz.
E talvez devido à tenacidade de
ambos, em outubro de 1994, um ano após a assinatura da DOP em
Washington, Yasser Arafat e Yitshak Rabin retornaram à Escandinávia.
Desta vez para receber
o Prêmio Nobel da Paz que compartilharam com Shimon Peres (ninguém sabe
porque cargas d'água) e o mundo inteiro celebrou os mentores da conciliação -
cada vez mais precária.
Aliás, na estória dos dois pesos
e duas medidas, um dos membros da comissão do Nobel, Kare Kristiansen,
demitiu-se por causa do "passado violento" de Arafat.
Ninguém levantou a lebre do
"passado violento" de Rabin no grupo
para-militar Haganah que causou tanto dano na Naqba (http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6317608786765905828#editor/target=post;postID=8102076944804480241),
nem do seu papel na IDF nos anos seguintes e no Ministério da Defesa
durante a ocupação do Líbano na década de 80, em que aconteceram os massacres
de Sabra e Chatila.
Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades, já dizia Camões.
Seu compatriota José Saramago
diria que o valor da vida e o terror dos atos não são vistos da mesma
forma pelos ocidentais vulneráveis à propaganda sionista.
E dentro e fora da Linha
Verde, os sionistas extremistas estavam cada vez mais
agitados.
E o Hamas, que Arafat às vezes
acalmava mas sabia que era um mal necessário para manter a
pressão sem a qual nenhum acordo seria respeitado, estava à espreita de um
movimento em falso para dar o bote nos que o caçavam.
Documentártio Journeyman: The
Man behind the Peace
Post Scriptum: No dia 05 de
julho de 1994, o poeta-resistente palestino Tawfiq Zayyad morreu em um acidente
no Vale do Jordão quando estava voltando de Jericó para Nazaré onde fora dar as
boas-vindas ao presidente da Organização de Libertação da Palestina - OLP -
Yasser Arafat em sua volta do exílio.
Tawfee é o autor de Unadikum
- Chamando você, o poema que apela para os palestinos da diáspora não
esquecerem os compatriotas ocupados, que ficaram na Palestina depois da Naqba
sob as botas e as jacotas dos ocupantes israelenses civis e militares. Virou o
hino de resistência do povo palestino após o cantor-compositor libanês Ahmad
Qaboor musicá-lo e cantá-lo junto com a orquestra bósnia. A nova geração
conhece melhor a versão que o Darg Team gravou em um vídeo-homenagem a Vittorio
Arrigoni, sobre quem já falei neste blog.
Eis o poema musicado: Unadikum ''I call to you all:
I
take your hand and hold it tightly.
I kiss the ground on which you place your feet.
I know that for you I would give my life.
My life I would give for you.
I kiss the ground on which you place your feet.
I know that for you I would give my life.
My life I would give for you.
I
offer you the light of my eyes,
The fire of my heart:
For this pain that I suffer
Is only a small part of your pain.
The fire of my heart:
For this pain that I suffer
Is only a small part of your pain.
I
never have sold my country
And I have been willing to serve,
To face the invader with steadfastness and courage,
An orphan willing to die.
And I have been willing to serve,
To face the invader with steadfastness and courage,
An orphan willing to die.
Carrying
my people on my shoulders,
You will see my flag raised high,
And a mountain clothed in the green of the olive branch
For those who will come after.
I call to you all!'
You will see my flag raised high,
And a mountain clothed in the green of the olive branch
For those who will come after.
I call to you all!'
Tawfiq, conhecido por sua poesia
de protesto - nasceu em maio de 1929 na Galileia e era fluente em inglês, russo
e hebraico, além da sua lingua materna. Formou-se em literatura na Universidade
de Moscou e ao voltar para a Palestina foi eleito prefeito de Nazaré pela
primeira vez em 1973 como candidato do Rakah - partido comunista, então, a
única via de expressão política acessível aos palestinos que sobreviveram à
Naqba na parte territorial que Israel auto-determinou seu Estado. Na época
causou alarme em Israel. Tinham razão, pois ele militou incessantemente para
melhorar as condições de tratamento de seus compatriotas tanto em Israel quanto
nos territórios palestinos ocupados.
Tawfiq dizia: "É graças à
determinaçãoe perseverança dos palestinos que ficaram dentro da Palestina
[falava nos dois lados da Linha Verde] década a década sob condições intoleráveis
de perseguição e discriminação que o mundo agora conhece a existência do povo
palestino e de seu direito à auto-determinação".
Tawfiq foi inclusive deputado no
Knesset e quando lhe perguntaram onde aprendera a falar hebraico, respondeu:
"Em suas prisões". O que era um fato. Graças a seu depoimento em
livro, soube-se das condições desumanas de detenção e das torturas que Israel
aplicava nos prisioneiros polítiocos palestinos. Virou herói de seus
compatriotas logo cedo, quando, usando de suas prerrogativas conseguidas com o
mandato político, conseguiu visitar uma das prisões em que os palestinos eram
enjaulados.
Seu relatseus compaqcomo
político, visitou uma prisão que seu sE apó em Israel e ele virou o herói de
seus companheiros de detenção durante e após passar pelas masmorras de Israel.
O relatório que co-redigiu com
Tawfiq Toubi sobre as prisões e os campos de detenção israelenses foi
apresentado à ONU no dia 29 de outubro de 1987 com uma descrição detalhada das
torturas e durante sua vida toda lutou para melhorar as condições de
encarceramento, na maioria das vezes aleatório, de seus compatriotas e contra a
política israelense do "Iron Fist", punhos de ferro contra o
povo ocupado.
Tawfiq fez tanto alarde que
conseguiu que uma comissão de inquérito investigasse suas denúncias (nessa
época ainda havia israelenses no Knesset preocupados com Direitos Humanos) e a
comissão foi à prisão Al-Fara'h em que 2.200 jovens palestinos eram presos em
condições repugnantes. O jornal israelense Hamishmar publicou na época extratos
deste que reproduzo junto com outros relatos na íntegra obtida em inglês: "... Al-Far’ah is a special prison for boys and
adolescents between 14 and 20 years of age. Sometimes the prisoners are no more
than 12 or 13 years old ... most of them are school students or young workers
... After the arrest procedure begins the course of torture and abuse, which
lasts for several months and sometimes for a longer period.
"Among
the prisoners are some who have been arrested for the fourth or fifth time or
even for the ninth time ... Before the sentence of imprisonment is passed on
the detained youth or before he is released as innocent, he may spend at least
several months in gaol."
With
regard to the methods followed by the Israeli authorities at the time of the
arrest of an Arab youth, the two Knesset members say in their report that
"it is customary for a youth to be arrested at home in the middle of the
night by a number of army soldiers. The arrest is made by force and with abuse
and insults, and the youth is led off in iron shackles. He is then taken to the
nearest military post in the town nearest to his home. The following morning he
is moved to Al-Far’ah gaol".
On
the subject of interrogation and the use of various kinds of torture on Arab prisoners
in Al-Far’ah prison, the report says:
"...
Following his arrival at Al-Far’ah, the arrested person is immediately put in
the interrogation section, which they call the 'stable', where there are small
cells. Here they ask the arrested youth to lie down on the line down the center
of the floor after putting a special blindfold on him and chaining his hands
... The youth is left in this condition for three or four days, after which
they take him to the cell. Between the 'stable' and the cell, interrogation of
the prisoner takes several weeks and is accompanied by beatings, abuse and
various other kinds of humiliation. The sole purpose of this brutal
interrogation is to force the youth to confess to the charges that the
investigator wants him to confess to, thus providing evidence against other
prisoners, including other detained youths whom he has never seen in his
life".
The
report then proceeds to describe the methods of torture used by Israeli
interrogators in Al-Far'ah. All are inhumane methods aimed at breaking the
prisoner physically and psychologically and turning him into a docile tool in
the hands of the interrogators.
The
report states:
"...
Torture includes confinement with plastic shackles attached to a hoist. The
shackles resemble a thin loop of plastic 60 to 70 cm long and 7 cm wide on one
side, tapering to 2 cm wide on the other. Then they place this loop around the
prisoner's wrists and insert the narrow side in a special aperture in the wide
side. Thus, every time the youth wishes to move one of his hands, this loop
becomes tighter and exerts very harsh pressure on-bone and flesh. At this
point, the resultant pains are unbearable ... Another kind of torture, commonly
used in Al-Far’ah is to lift the prisoner on a hoist, in this, the interrogator
places shackles on the hands and feet of the prisoner, after bringing his feet
and hands close together, and then they proceed to suspend him as on a winch.
This method of torture causes terrible and unbearable pains, and blood begins
to flow from the detained youth's mouth and from his hands and feet, which are
wounded. In some circumstances, a prisoner exposed to the 'winch' method
becomes crippled and disabled and is unable to walk ...”
With
regard to conditions inside the cells, the report states:
"There are no beds for
prisoners to sleep in. They sleep on filthy, stinking matresses. The cells are
full of all kinds of stinging mosquitoes, which cause great pain when they
sting a human being. Rats run about freely all over the prison. Prisoners are not
allowed to wear their clothes but wear them until fresh ones are brought during
a family visit. The sunshine does not enter the prison cells at all, and the
only treatment for all illnesses is invariable, namely, 'Akmol’, a kind of
aspirin tablet. Once every two weeks they are given a piece of meat weighing
only 40 grams. There is no dining-room in Al-Far'ah because the prison
administration has abolished the dining-room and converted it to cells."
At
the end of the report, the two Knesset members, Ziad and Toubi affirm that the
mere existence of this prison, the detention of 13- and 14-year-old youths, the
acts of torture that take place there and the inhumane living conditions that
prevail all constitute a clear violation of all international covenants and
customs relating to human rights and the rights of prisoners and detainees.
The
brutal practices in Al-Far'ah prison do not constitute a special case. All Arab
prisoners in other Israeli gaols suffer the same as the prisoners in Al-Far’ah
in one form or another. In the place of the "stable" at Al-Far'ah, in
the Ansar-2 prison camp in Gaza, there is what is known as the "health
room" which is a special cell for the torture of prisoners. A number of
those who have been detained in Ansar-2 have stated that Israeli gaolers use
the "health room" as a room for training in the arts of boxing and
karate, using, instead of the punching-bags normally employed in these arts,
Arab prisoners blindfolded and with their hands tied behind them.
In
Junayd prison in the town of Nablus, the security prisoners sent a letter to
the Israeli Minister of Police and the Director of the Prisons Administration
containing their requests, which the Prison Administration had procrastinated
in granting, the most prominent of these requests being a halt to beatings, a
change in the manner of treatment, the removal of the asbestos which denied
them light and a guarantee of freedom of movement within the prison sections.
In
Jerusalem, the Friends of Prisoners Association sent a note to the Israeli
Minister of Police asking him to close the Kfar Yona prison because it did not
meet the minimum conditions to permit a man of flesh and blood to remain there.
Conditions included the wire netting over all windows, obstructing ventilation
and light, the dampness, which caused disease, the appalling lack of cleaning
materials, denial of prisoners' right to exercise one hour a day and food that
was deficient in quantity and quality.
The
note gave a number of examples of prisoners suffering from chronic diseases who
ought to be moved from the prison immediately and given the necessary care.
Parents
of Palestinian prisoners in Ashkelon prison said that their sons complained of
a number of major deficiencies. The most important was the inadequate quantity
and poor quality of the food provided them, denial of their right to read and
write because of the shortage of available books and the confiscation by the
prison authorities of any papers found in the possession of a prisoner.
Relatives
of female Arab prisoners in Ramleh prison said that they suffered under
difficult conditions of imprisonment, inasmuch as they were allowed to go into
the prison courtyard for only one half hour a day, they were permitted visits
only once a month by a limited number of relatives, and they were forced to
work and wait on Israeli women gaolers.
After his passing, problems at
that same prison resurfaced. One mission to
further investigate the problems at Al-Far'ah prison was
conducted in 2003 by Michel Tubiana, President of the French League for Human
Rights and Vice-President of the FIDH, and Philippe Kalfayan, Deputy Secretary
General of the FIDH. That took place from 17 to 22 February 2003 in Israel and
the Occupied Palestinian Territories.
Infelizmente, apesar das
denúncias, as condições melhoraram a curto prazo, mas o tratamento repugnante
voltaria mais tarde. Em 2011 soube-se de casos semelhantes aos que Tawfee
denunciara e seu relatório foi republicado. Em vão. Pois os palestinos são tão
desumanisados pelas autoridades israelenses que tratá-los pior do que animais
choca pouca gente.
Tawfee morreu prefeito de Nazaré,
membro do Knesset, um dos políticos palestinos mais respeitados, e, sobretudo,
cheio de esperanças que Yasser Arafat conseguisse acabar com a ocupação e
conquistar dignidade para seu povo tão mal-tratado.
Vamos ver o que o presidente da
OLP conseguirá nos próximos capítulos de nossa história.
O grande Edward Said
traça um paralelo entre o
holocausto judeu e a ocupação da Palestina
"The tragedy of the
people of Palestine is that their country was ‘given’ by a foreign power to
another people for the creation of a new state.
The result was that many hundreds
of thousands of innocent people were made permanently homeless.
With every new conflict their
numbers increased.
How much longer is the world
willing to endure this spectacle of wanton cruelty?
It is abundantly clear that the
refugees have every right to the homeland from which they were driven, and the
denial of this right is at the heart of the continuing conflict.
No people anywhere in the world
would accept being expelled en masse from their country; how can anyone require
the people of Palestine to accept a punishment which nobody else would tolerate?
A permanent just settlement of
the refugees in their homeland is an essential ingredient of any genuine
settlement in the Middle East".
Bertrand Russell, na International
Conference of Parlimentarians, no Cairo, em fevereiro de 1970.
Como disse anteriormente, os Acordos de Oslo são compostos de vários Acordos previstos na DOP - Declaração de Princípios - assinada na Casa Branca em 1993.
Oslo I, é conhecido como os Acordos do Cairo, assinados lá em maio de 1994.
É o que autoriza o estabelecimento da Autoridade Palestina e determina a autonomia parcial progressiva dos Territórios Ocupados, a entrega imediata de Jericó e a Faixa de Gaza à OLP, e a retirada israelense em cinco anos.
Como os atentados recíprocos e o comportamento agressivo dos colonos ameaçavam o cumprimento dos tratados da DOP, no dia 02 de fevereiro de 1995, para dar uma mãozinha ao diálogo, Hosni Mubarak organizou na capital do Egito uma reunião de cúpula com representantes de Israel, Palestina e Jordânia.
Foi um Encontro regional histórico por ter sido o primeiro que contou com a presença de Israel, portanto, de todos os interessados na solução do problema.
As discussõs duraram seis horas, e no final, os participantes lavraram um documento em que concordavam em continuar os esforços no sentido da conciliação, condenavam a violência intermitente, e solicitavam maior assistência internacional à incipiente Autoridade Palestina, que já governava oficialmente a Faixa de Gaza e a Cisjordânia sem meios de impor a ordem necessária.
O documento final não menciona nenhuma reclamação em relação às colônias que em vez de diminuir, aumentavam, com grande insatisfação e cobrança do povo palestino nessa área da qual dependia a soberania que a presença dos colonos ameaçava.
Oslo II é conhecido como os Acordos de Taba, assinados em duas etapas em setembro de 1995.
Este é o mais complicado e até surreal.
Representantes da OLP e de Israel concluíram as negociações em Taba, no dia 24.
No dia 28, o primeiro ministro Yitzhak Rabin e o presidente da OLP Yasser Arafat repetiram o gesto de 2003 em Washington com testemunhas célebres. O presidente Bill Clinton e representantes da Rússia, Noruega, Jordânia, Egito e da União Europeia.
Assim todos viravam testemunhas e se uma das partes desse para trás ou saísse fora dos trilhos e eles não fizessem nada, virariam cúmplices.
Este Acordo interino Israelo-Palestino previa a dissolução da administração israelense e a retirada militar, com um calendário par a transmissão de poder e responsabilidade à Autoridade palestina interina soberana.
Ele precisava também as modalidades de participação das eleições dos palestinos na Cisjordânia, Jerusalém e Faixa de Gaza, e previa que o pleito acontecesse sob observação internacional.
Estes Acordos representavam um grande passo para a efetivação da Declaração de Princípios de 1993.
Embora a primeira etapa da retirada civil e militar israelense dos Territórios Ocupados nem tivesse começado, Taba tratava da segunda etapa de evacuação com se a primeira fosse fato consumado.
No dia 28, o primeiro ministro Yitzhak Rabin e o presidente da OLP Yasser Arafat repetiram o gesto de 2003 em Washington com testemunhas célebres. O presidente Bill Clinton e representantes da Rússia, Noruega, Jordânia, Egito e da União Europeia.
Assim todos viravam testemunhas e se uma das partes desse para trás ou saísse fora dos trilhos e eles não fizessem nada, virariam cúmplices.
Este Acordo interino Israelo-Palestino previa a dissolução da administração israelense e a retirada militar, com um calendário par a transmissão de poder e responsabilidade à Autoridade palestina interina soberana.
Ele precisava também as modalidades de participação das eleições dos palestinos na Cisjordânia, Jerusalém e Faixa de Gaza, e previa que o pleito acontecesse sob observação internacional.
Estes Acordos representavam um grande passo para a efetivação da Declaração de Princípios de 1993.
Embora a primeira etapa da retirada civil e militar israelense dos Territórios Ocupados nem tivesse começado, Taba tratava da segunda etapa de evacuação com se a primeira fosse fato consumado.
Estabeleceu setores e um calendário para a retirada da IDF de seis cidades e 400 cidadezinhas da Cisjordânia até o início do ano seguinte.
O setor A, de 47,6 km² (6% da área global), excetuava Jerusalém e englobava todas as outras cidades palestinas - Belém, Jenine, Kalkiliya, Naplus, Ramallah, Tulkarm, e Hebron, que abrigavam 47.6% da população.
Neste setor A a autoridade civil e militar palestina seria completa.
O setor B, de 33,8 km² (4% da área global), englobava 400 cidadezinhas, excluindo alguns campos de refugiados.
Neste setor, a Autoridade Palestina teria o controle civil, mas tinha de compartilhar o controle militar com a IDF, que teria "preponderaria por razões de segurança".
O setor C, de 424 km² (52% da área global), compreendia "o resto", toda a área que os israelenses chamavam "sensíveis". Ou seja, as zonas militares e estratégicas, as estradas e as colônias.
Neste vasto setor, os israelenses ficavam com prerrogativas administrativas e e de segurança exclusivas. Nelas, a Autoridade Palestina não readquiriria nenhuma voz ativa.
O resto do território palestino, de 102,4 km² (13% da área global) era composto de reservas naturais (que desde então vêm sendo paulatinamente invadidadas pelos colonos).
No final das contas, os palestinos recuperavam controle parcial de 90% da população, mas de apenas 30% do território ao qual foram reduzidos após 1967. Pouca coisa, de fato.
Oslo II foi uma faca de dois gumes também no tocante à locomoção e à segurança dos nativos.
De um lado introduziu o conceito importate de "segurança de passagem", que permitia aos palestinos transitar entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, caminho que os obriga a atravessar o território israelense que está entre um e outro.
Do outro, precisava que a implementação deste Acordo de passagem não pode prejudicar os direitos de Israel, "por razões de segurança", de fechar os pontos de passagem e proibir ou limitar a entrada em Israel de pessoas e veículos procedentes de um dos dois territórios palestinos.
Este é um dos pontos que o documento estatua claramente, embora os palestinos tivessem veementemente discordado - a segurança de Israel prevalesce sobre qualquer Acordo.
O que na prática, sem arbitragem da ONU, invalida todos.
No tocante à autonomia administrativa, os palestinos elegeriam, sob monitoria internacional e por voto direto, 88 parlamentares com responsabilidade Legislativa e Executiva na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Apesar de obter muito menos do que a soberania total que almejavam, os palestinos estavam conservando a calma e a reunião estava até "civilizada".
Até o Primeiro Ministro de Israel impor um Acordo Especial que minava o terreno da paz só de ser cogitado (e continua sendo se não o maior, um dos grandes pontos de discórdia entre as partes).
Hebron. O ambiente ferveu quando a cidade foi abordada à parte. A negociação acirrada entre Yasser Arafat e Shimon Peres sobre o assunto durou uma semana.
Até Arafat, acusado de má-vontade, baixar os braços.
O adendo de Hebron foi lavrado e deixou o gosto amargo de derrota nos membros do Fatah e de cólera nos do Hamas.
Este parágrafo ao qual na época os comunicadores israelenses conseguiram dar aparência anódina, era de importância vital para a paz a curto, médio e longo prazo.
Ele permitia que os soldados da IDF ficassem em Hebron "para proteger os colonos judeus" até estes serem evacuados.
Eles jamais seriam evacuados e os soldados multiplicariam a razão de três por colono.
(Voltarei a este tema específico e prioritário em outra oportunidade.)
Em tese, estes Acordos II formalizavam os três anteriores de 1994.
O de Gaza-Jericó, de abril-maio, que incluía o Protoclo Econômico e Transferência de Poderes e Responsabilidades para a OLP; o Acordo de Transferência de Poder, selado no Erez Crossing, na Faixa de Gaza; o Protocolo de Transferência complementar de poder e responsabilidades, assinado no Cairo no dia 27 de agosto, conhecido como Protocolo de Transferência Maior further.
O documento assinado em Washington tem um preâmbulo que engloba a Resolução 242 e 338 das Nações Unidas, a Conferência de Madri e acordos que a antecederam. Este Acordo Interino de 1995 engloba todos e transformou-se na base de negociações e acordos posteriores.
Grosso modo, o Acordo reconhecia a autonomia de um governo palestino, um conselho eleito.
Porém, mais uma vez, uma cláusula estabelecia como princípio fundamental que "nenhum dos lados iniciará ou tomará nenhuma providência no sentido de mudar o estatuto da Cisjordânia e da Faixa de Gaza enquanto as negociações quanto a este estatus estiverem pendentes."
O que na prática significava que era a terceira e última etapa da DOP de 1993 que concluiria o processo de paz. E esta foi marcada para maio de 1996, quando se definiria de uma vez por todas a situação dos colonos e a fronteira definitiva entre Israel e Palestina.
O que na prática significava que era a terceira e última etapa da DOP de 1993 que concluiria o processo de paz. E esta foi marcada para maio de 1996, quando se definiria de uma vez por todas a situação dos colonos e a fronteira definitiva entre Israel e Palestina.
A reunião terminou com animação e otimismo.
Com a farsa de Oslo, as pressões sobre Rabin e Arafat vinham de todos os lados.
Arafat vendendo a alma e Rabin dando a impressão de estar cedendo algo.
Rabin era visto por uns como herói da paz e pela extrema-direita sionista como traidor por "devolver parte da Terra Prometida" aos nativos.
Rabin se mantinha no cargo graças ao apoio dos deputados árabes no Knesset. Poucos de seus colegas judeus o apoiavam, embora estivesse fazendo um bom negócio para Israel, já que conseguira impor os parágrafos sobre a segurança israelense prioritária, a permanência em Hebron a médio prazo, e adiar a decisão sobre Jerusalém.
O crédito que merecia foi calado, o sectarismo falou mais alto e dois meses depois, no dia 04 de novembro, o primeiro ministro pacifista foi assassinado.
Rabin foi baleado às 21h30 em Tel Aviv, na Praça dos Reis de Israel - que agora leva seu nome - quando entrava no carro após discursar em uma manifestação pela paz.
Recebeu duas balas nas costas. Foi levado para o hospital Ichilov e morreu na mesa de operação.
(Dois anos depois o governo divulgaria partes do relatório de inquérito, nas quais aparecia que Avishai Raviv, ex-agente do Shin Bet - Serviço Secreto interno de Israel - com várias agressões a palestinos na ficha, sabia da ameaça que pairava sobre Rabin e tinha calado o perigo. Virou um bode expiatório sob medida, atrás do assassino que puxara o gatilho).
A morte de Rabin foi um golpe frontal contra a paz.
Para os democratas e liberais de Israel e do mundo, o assassinato foi um choque brutal.
Para Yasser Arafat, que tinha aprendido a respeitar e apreciar o adversário, foi um baque.
Shimon Peres assumiu o governo, mas não tinha carisma nem força de vontade para levar a cabo o projeto que era mais de Rabin do que próprio.
Sua ideologia e seus interesses não eram bem os mesmos, embora na época desse a impressão do contrário. A médio prazo tiraria a máscara.
O ano estava acabando e no dia 01° de janeiro de 1996, Yasser Arafat, que pretendia levar adiante o pleito, instou o povo que votasse, mesmo que não fosse nele, a fim de oficializar o governo.
A campanha estava animada, mas no dia 5, o Shin Bet conseguiu assassinar Yahya Ayyash, líder da Brigada al-Qassan na Cisjordânia.
Um agente entregou um celular para o tio de um amigo de Ayyash lhe dar, sob ameaça de dizer ao Hamas que a família inteira dedurava, o tio pensava que o telefone só estivesse grampeado, mas quando Ayyash foi usá-lo, o Shin Bet detonou à distância a bomba interna que tinham colocado.
A vingança foi premeditada nos mínimos detalhes - quem com ferro fere, com ferro será ferido. A hierarquia militar e de espionagem de Tel Aviv celebrou a vitória efusivamente. O inimigo n°1 de Israel estava morto.
Como se assassinar Ayyash sem pôr fim na ocupação servisse para algo além de cantar de galo.
O enterro de Ayyash foi seguido por mais de cem mil pessoas.
Nos dois meses seguintes, logo após o luto muçulmano de quarenta dias, quatro bombas-suicidas explodiriam em Jerusalém e Ashkelon matando 60 israelenses, "para mostrar que a ocupação gerava milhares de Ayyashs potenciais; Ayyash não era um algoz, mas um mártir a mais da humilhação e usurpação quotidiana que Israel nos impõe," diz um de seus contemporâneos.
A cantora libanesa Fairuz, uma celebridade nos países árabes, fez uma música para ele: Talfan Ayyash, Ayyash telefonou e em 2010, a rua em que está sendo construída a sede da Autoridade Palestina em Ramallah recebeu o nome dele.
Se tivesse sido preso em vez de executado, talvez não tivesse virado símbolo e exemplo de resistência para alguns jovens frustrados que seguiriam seus passos.
Aliás, se vivesse em um país livre e soberano, teria seguido seus planos de fazer o mestrado na Jordânia e estaria dando aulas na Universidade ou seria executivo de uma grande firma que aprecia talentos, em vez de ter matado tanta gente e ter morrido com 29 anos.
No dia 13 de março, o egípcio cristão que presidia a ONU, Boutros Boutros-Ghali, reuniu nove chefes de Estado em Charm el-Cheikh, no Egito, a fim de retomar o caminho interrompido pela morte de Rabin, mas no fim do Encontro Boutros-Ghali só conseguiu lavrar em documento uma declaração comum de apoio político e econômico à continuidade das negociações, nos entremeios das condenações costumeiras à violência, sem nada concreto sobre a segurança dos palestinos.
Esta lacuna dos dois pesos e duas medidas levou a Anistia Internacional a lançar um apelo para que os participantes não privilegiassem a luta contra o "terrorismo" em detrimento dos Direitos Humanos," e outras ONGs humanitárias lembrarem, com voz fraca, que tomassem em conta que o mesmo "terrorismo" circunstancial que condenavam, durante a Segunda Guerra e a ocupação nazista, era considerado resistência ao ocupante indesejado que impunha sua arbitrariedade.
Shimon Peres sabia disso, pois Yitzhak Rabin lhe havia ensinado, mas só se preocupava com o seu lado e a curto prazo.
Não contava com a força da reação à execução de Ayyash, e ficou tão preocupado com a cadeia de protesto que poderia representar que começou a libertar prisioneiros políticos para acalmar os ânimos.
Para matar dois coelhos com uma cajadada só e não demonstrar fragilidade, entreabria os portões dos presídios dizendo que era em cumprimento de parte do protocolo assinado por Rabin. No mesmo fôlego, anunciou eleições nacionais para maio e urgiu Yasser Arafat a tomar providências junto ao Hamas para que parasse os atentados de retaliação.
Mas enquanto no palco da mídia demonstrava boa vontade, nos bastidores os soldados invadiam casa atrás de casa em Cirjordânia e Gaza. Oficialmente em busca de suspeitos, oficiosamente para aterrorizar, por medida de represália.
As casas dos três bombas-suicidas foram explodidas em punição coletiva às famílias e no fim de março a IDF já tinha prendido centenas de palestinos de todas as idades.
Shimon Peres já voltara atrás na responsabilidade assumida com Arafat e no dia 1° de abril lavou as mãos, quando anunciou que talvez convocasse referendum antes de assinar os Acordos previstos para maio.
Os palestinos ficaram desconfiados da recalcitrância de Peres, as prisões massivas despertaram o Hezbollah no Líbano, e foguetes voaram contra uma cidade israelense fronteiriça, sem vítimas.
A retaliação da IDF foi desproporcional, mobilizando navios de combate e helicópteros para bombardear o vizinho.
Do dia 02 ao dia 18, a IDF matou tantos civis e forçou ao êxodo tantas famílias, que não deu para o mundo ignorar o depoimento das testemunhas no terreno - representantes da ONU e da Anistia Internacional - que viram idosos, mulheres e crianças serem assassinadas friamente.
Pressionaram Bill Clinton e no dia 27 os EUA anunciaram que Shimon Peres e o primeiro ministro do Líbano Rafic Hariri concordavam em cessar-fogo.
Antes disso, as bombas da IDF mataram 98 civis no campo de refugiados palestinos de Cana, no sul do Líbano.
O luto estendeu-se à Cisjordânia e Gaza, e Arafat engolindo dor e raiva, acalmou a duras penas um contra-ataque.
A situação periclitava e Bill Clinton resolveu conversar com Yasser Arafat no dia 02 de maio, a fim de prevenir as prováveis represálias do Hamas após a quarentena do luto.
Pressionou a parte mais fraca em público e por vias diplomáticas tentou incutir bom senso no outro lado com sucesso relativo.
No mesmo dia Shimon Peres anunciou que cumpriria uma parte sensível dos Acordos, de retirar tropas de Hebron, a fim de dar ao presidente dos EUA uma margem de manobra e a barganha mínima que lhe faltava para acalmar Arafat.
Porém, macaco velho e conhecendo Peres por fora e por dentro, Arafat entendeu que não podia sair dos Estados Unidos sem proteção garantida, sem a qual sabia quão vãs eram as promessas feitas pelo Primeiro Ministro interino que queria salvar a pele a curto prazo.
No dia seguinte apelou para Boutros Ghali. Pediu que a ONU se engajasse mais nas negociações programadas para o dia 05, estando o mais presente possível.
E tinha razão, logo que o diálogo começou, a IDF, como se de propósito para minar o terreno já movediço, sequestrou um dirigente do Hamas, que caiu na armadilha anunciando que voltaria ao ataque, mas acalmou-se em seguida para deixar Arafat reabrir o diálogo.
Mas a paz que periclitava desde a morte de Rabin se distanciaria ainda mais. Desta vez por decisão das urnas.
No dia 28, os israelenses votaram e seus votos sancionaram o Partido Trabalhista dando uma vitória apertada ao partido de extrema-direita Likud.
Foi assim que Binyamin Netanyahu chegou ao governo pela primeira vez.
Temendo o fim do processo de paz, no dia 05 de junho Yasser Arafat se reuniu em Amman com o rei Hussein da Jordânia e Hozni Mubarak para que com apoio dos vizinhos árabes conseguisse fazer a pressão sobre Israel que a ONU negava, apesar da boa vontade de Boutros Ghali, por estar de mãos amarradas.
Em vão. Os vizinhos árabes os deixaram na mão por razões práticas e pragmáticas.
No dia seguinte, o novo primeiro ministro Binyamin Netanyahu, sentindo firmeza de seu lado, declarou então que não dividiria Jerusalém com os palestinos, e os ânimos voltaram a exaltar-se.
Yasser Arafat entendeu a provocação, instou seus compatriotas a manterem a calma, e sob instância sua, o Hamas, no dia 20, propôs a Israel cessar-fogo recíproco, libertação dos prisioneiros políticos palestinos e o cumprimento do Acordo de abertura da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Dois dias depois uma cúpula árabe se reuniu no Cairo para discutir os planos do novo primeiro ministro israelense e concluiu que Netanyahu tinha de concordar com o Estado da Palestina com capital em Jerusalém.
A resposta de Netanyahu foi rápida e categórica.
Não contava "abdicar" de nenhum pedaço de terra para um Estado palestino.
O tom em Tel Aviv tinha mudado. Era mais do que claro.
A paz que Rabin e Arafat haviam tentado alicerçar e com a qual sonhavam se distanciava.
"I enter negotiations with Chairman Arafat, the leader of the PLO, the representative of the Palestinian people, with the purpose to have coexistence between our two entities, Israel as a Jewish state and Palestinian state, entity, next to us, living in peace. "
Yitzhak Rabin
The price of Oslo
Arafat vendendo a alma e Rabin dando a impressão de estar cedendo algo.
Rabin era visto por uns como herói da paz e pela extrema-direita sionista como traidor por "devolver parte da Terra Prometida" aos nativos.
Rabin se mantinha no cargo graças ao apoio dos deputados árabes no Knesset. Poucos de seus colegas judeus o apoiavam, embora estivesse fazendo um bom negócio para Israel, já que conseguira impor os parágrafos sobre a segurança israelense prioritária, a permanência em Hebron a médio prazo, e adiar a decisão sobre Jerusalém.
O crédito que merecia foi calado, o sectarismo falou mais alto e dois meses depois, no dia 04 de novembro, o primeiro ministro pacifista foi assassinado.
Rabin foi baleado às 21h30 em Tel Aviv, na Praça dos Reis de Israel - que agora leva seu nome - quando entrava no carro após discursar em uma manifestação pela paz.
Recebeu duas balas nas costas. Foi levado para o hospital Ichilov e morreu na mesa de operação.
(Dois anos depois o governo divulgaria partes do relatório de inquérito, nas quais aparecia que Avishai Raviv, ex-agente do Shin Bet - Serviço Secreto interno de Israel - com várias agressões a palestinos na ficha, sabia da ameaça que pairava sobre Rabin e tinha calado o perigo. Virou um bode expiatório sob medida, atrás do assassino que puxara o gatilho).
A morte de Rabin foi um golpe frontal contra a paz.
Para os democratas e liberais de Israel e do mundo, o assassinato foi um choque brutal.
Para Yasser Arafat, que tinha aprendido a respeitar e apreciar o adversário, foi um baque.
Shimon Peres assumiu o governo, mas não tinha carisma nem força de vontade para levar a cabo o projeto que era mais de Rabin do que próprio.
Sua ideologia e seus interesses não eram bem os mesmos, embora na época desse a impressão do contrário. A médio prazo tiraria a máscara.
O ano estava acabando e no dia 01° de janeiro de 1996, Yasser Arafat, que pretendia levar adiante o pleito, instou o povo que votasse, mesmo que não fosse nele, a fim de oficializar o governo.
A campanha estava animada, mas no dia 5, o Shin Bet conseguiu assassinar Yahya Ayyash, líder da Brigada al-Qassan na Cisjordânia.
Um agente entregou um celular para o tio de um amigo de Ayyash lhe dar, sob ameaça de dizer ao Hamas que a família inteira dedurava, o tio pensava que o telefone só estivesse grampeado, mas quando Ayyash foi usá-lo, o Shin Bet detonou à distância a bomba interna que tinham colocado.
A vingança foi premeditada nos mínimos detalhes - quem com ferro fere, com ferro será ferido. A hierarquia militar e de espionagem de Tel Aviv celebrou a vitória efusivamente. O inimigo n°1 de Israel estava morto.
Como se assassinar Ayyash sem pôr fim na ocupação servisse para algo além de cantar de galo.
O enterro de Ayyash foi seguido por mais de cem mil pessoas.
Nos dois meses seguintes, logo após o luto muçulmano de quarenta dias, quatro bombas-suicidas explodiriam em Jerusalém e Ashkelon matando 60 israelenses, "para mostrar que a ocupação gerava milhares de Ayyashs potenciais; Ayyash não era um algoz, mas um mártir a mais da humilhação e usurpação quotidiana que Israel nos impõe," diz um de seus contemporâneos.
A cantora libanesa Fairuz, uma celebridade nos países árabes, fez uma música para ele: Talfan Ayyash, Ayyash telefonou e em 2010, a rua em que está sendo construída a sede da Autoridade Palestina em Ramallah recebeu o nome dele.
Se tivesse sido preso em vez de executado, talvez não tivesse virado símbolo e exemplo de resistência para alguns jovens frustrados que seguiriam seus passos.
Aliás, se vivesse em um país livre e soberano, teria seguido seus planos de fazer o mestrado na Jordânia e estaria dando aulas na Universidade ou seria executivo de uma grande firma que aprecia talentos, em vez de ter matado tanta gente e ter morrido com 29 anos.
No dia 13 de março, o egípcio cristão que presidia a ONU, Boutros Boutros-Ghali, reuniu nove chefes de Estado em Charm el-Cheikh, no Egito, a fim de retomar o caminho interrompido pela morte de Rabin, mas no fim do Encontro Boutros-Ghali só conseguiu lavrar em documento uma declaração comum de apoio político e econômico à continuidade das negociações, nos entremeios das condenações costumeiras à violência, sem nada concreto sobre a segurança dos palestinos.
Esta lacuna dos dois pesos e duas medidas levou a Anistia Internacional a lançar um apelo para que os participantes não privilegiassem a luta contra o "terrorismo" em detrimento dos Direitos Humanos," e outras ONGs humanitárias lembrarem, com voz fraca, que tomassem em conta que o mesmo "terrorismo" circunstancial que condenavam, durante a Segunda Guerra e a ocupação nazista, era considerado resistência ao ocupante indesejado que impunha sua arbitrariedade.
Shimon Peres sabia disso, pois Yitzhak Rabin lhe havia ensinado, mas só se preocupava com o seu lado e a curto prazo.
Não contava com a força da reação à execução de Ayyash, e ficou tão preocupado com a cadeia de protesto que poderia representar que começou a libertar prisioneiros políticos para acalmar os ânimos.
Para matar dois coelhos com uma cajadada só e não demonstrar fragilidade, entreabria os portões dos presídios dizendo que era em cumprimento de parte do protocolo assinado por Rabin. No mesmo fôlego, anunciou eleições nacionais para maio e urgiu Yasser Arafat a tomar providências junto ao Hamas para que parasse os atentados de retaliação.
Mas enquanto no palco da mídia demonstrava boa vontade, nos bastidores os soldados invadiam casa atrás de casa em Cirjordânia e Gaza. Oficialmente em busca de suspeitos, oficiosamente para aterrorizar, por medida de represália.
As casas dos três bombas-suicidas foram explodidas em punição coletiva às famílias e no fim de março a IDF já tinha prendido centenas de palestinos de todas as idades.
Shimon Peres já voltara atrás na responsabilidade assumida com Arafat e no dia 1° de abril lavou as mãos, quando anunciou que talvez convocasse referendum antes de assinar os Acordos previstos para maio.
Os palestinos ficaram desconfiados da recalcitrância de Peres, as prisões massivas despertaram o Hezbollah no Líbano, e foguetes voaram contra uma cidade israelense fronteiriça, sem vítimas.
A retaliação da IDF foi desproporcional, mobilizando navios de combate e helicópteros para bombardear o vizinho.
Do dia 02 ao dia 18, a IDF matou tantos civis e forçou ao êxodo tantas famílias, que não deu para o mundo ignorar o depoimento das testemunhas no terreno - representantes da ONU e da Anistia Internacional - que viram idosos, mulheres e crianças serem assassinadas friamente.
Pressionaram Bill Clinton e no dia 27 os EUA anunciaram que Shimon Peres e o primeiro ministro do Líbano Rafic Hariri concordavam em cessar-fogo.
Antes disso, as bombas da IDF mataram 98 civis no campo de refugiados palestinos de Cana, no sul do Líbano.
O luto estendeu-se à Cisjordânia e Gaza, e Arafat engolindo dor e raiva, acalmou a duras penas um contra-ataque.
A situação periclitava e Bill Clinton resolveu conversar com Yasser Arafat no dia 02 de maio, a fim de prevenir as prováveis represálias do Hamas após a quarentena do luto.
Pressionou a parte mais fraca em público e por vias diplomáticas tentou incutir bom senso no outro lado com sucesso relativo.
No mesmo dia Shimon Peres anunciou que cumpriria uma parte sensível dos Acordos, de retirar tropas de Hebron, a fim de dar ao presidente dos EUA uma margem de manobra e a barganha mínima que lhe faltava para acalmar Arafat.
Porém, macaco velho e conhecendo Peres por fora e por dentro, Arafat entendeu que não podia sair dos Estados Unidos sem proteção garantida, sem a qual sabia quão vãs eram as promessas feitas pelo Primeiro Ministro interino que queria salvar a pele a curto prazo.
No dia seguinte apelou para Boutros Ghali. Pediu que a ONU se engajasse mais nas negociações programadas para o dia 05, estando o mais presente possível.
E tinha razão, logo que o diálogo começou, a IDF, como se de propósito para minar o terreno já movediço, sequestrou um dirigente do Hamas, que caiu na armadilha anunciando que voltaria ao ataque, mas acalmou-se em seguida para deixar Arafat reabrir o diálogo.
Mas a paz que periclitava desde a morte de Rabin se distanciaria ainda mais. Desta vez por decisão das urnas.
No dia 28, os israelenses votaram e seus votos sancionaram o Partido Trabalhista dando uma vitória apertada ao partido de extrema-direita Likud.
Foi assim que Binyamin Netanyahu chegou ao governo pela primeira vez.
Temendo o fim do processo de paz, no dia 05 de junho Yasser Arafat se reuniu em Amman com o rei Hussein da Jordânia e Hozni Mubarak para que com apoio dos vizinhos árabes conseguisse fazer a pressão sobre Israel que a ONU negava, apesar da boa vontade de Boutros Ghali, por estar de mãos amarradas.
Em vão. Os vizinhos árabes os deixaram na mão por razões práticas e pragmáticas.
No dia seguinte, o novo primeiro ministro Binyamin Netanyahu, sentindo firmeza de seu lado, declarou então que não dividiria Jerusalém com os palestinos, e os ânimos voltaram a exaltar-se.
Yasser Arafat entendeu a provocação, instou seus compatriotas a manterem a calma, e sob instância sua, o Hamas, no dia 20, propôs a Israel cessar-fogo recíproco, libertação dos prisioneiros políticos palestinos e o cumprimento do Acordo de abertura da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Dois dias depois uma cúpula árabe se reuniu no Cairo para discutir os planos do novo primeiro ministro israelense e concluiu que Netanyahu tinha de concordar com o Estado da Palestina com capital em Jerusalém.
A resposta de Netanyahu foi rápida e categórica.
Não contava "abdicar" de nenhum pedaço de terra para um Estado palestino.
O tom em Tel Aviv tinha mudado. Era mais do que claro.
A paz que Rabin e Arafat haviam tentado alicerçar e com a qual sonhavam se distanciava.
Yitzhak Rabin
“Actually—and this was where I began to feel seriously uncomfortable—some such divine claim underlay not just 'the occupation' but the whole idea of a separate state for Jews in Palestine.
Take away the divine warrant for the Holy Land and where were you, and what were you? Just another land-thief like the Turks or the British, except that in this case you wanted the land without the people.
And the original Zionist slogan—'a land without a people for a people without a land'—disclosed its own negation when I saw the densely populated Arab towns dwelling sullenly under Jewish tutelage.
You want irony?
How about Jews becoming colonizers at just the moment when other Europeans had given up on the idea?”
Take away the divine warrant for the Holy Land and where were you, and what were you? Just another land-thief like the Turks or the British, except that in this case you wanted the land without the people.
And the original Zionist slogan—'a land without a people for a people without a land'—disclosed its own negation when I saw the densely populated Arab towns dwelling sullenly under Jewish tutelage.
You want irony?
How about Jews becoming colonizers at just the moment when other Europeans had given up on the idea?”
Christopher Hitchens, Hitch-22
Reservista da IDF, Forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence
Shovrim Shtika - Breaking the Silence
Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/;
Lista de produtos das colônias a serem boicotados:
Lista de produtos das colônias a serem boicotados:
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