1978
Março: Operation Litani.
Esta foi a primeira vez que Israel invadiu o Líbano a fim de aniquilar a OLP e surrupiar as terras férteis das chamadas Fazendas de Shabaa. Esta operação inicialmente chamada Avi Hachochma (Pai da Sabedoria) começou no dia 14 de março sem o nome idílico inicial e sim com o mais adequado ao massacre que durou sete dias.
O pretexto da IDF foi a retaliação ao que ficou conhecido em Israel como o Costal Road Massacre, uma operação do Fatah que deu toda errado e terminou muito mal. O plano de Abu Jihad era sequestrar turistas e diplomatas estrangeiros em um hotel de luxo no litoral de Israel a fim de trocá-los por prisioneiros políticos palestinos. Segundo um comandante do Fatah, a data foi escolhida de maneira a sabotar as negociações de Campo David entre Menachen Begin, Anwar Sadat, Jimmy Carter, e prejudicar o turismo em Israel.
Os 13 fedayin embarcaram no sul do Líbano no dia 09 de março. Consta que as armas que carregavam eram para proteção e dissuasão, mas acabaram sendo usadas em combate acirrado.
Os problemas começaram no início do trajeto. O tempo estava péssimo e dois fedayin morreram afogados no Mar Mediterrâneo. Em vez de voltarem, os outros onze decidiram levar o plano adiante.
Porém, seu equipamento de navegação era inadequado a tal tempo e um erro fez com que o barco aportasse a 64 quilômetros do lugar determinado. Em uma praia perto do kibbutz Ma'agan Michael (entre Haifa e Tel Aviv, fundado por imigrantes judeus em 1949). Aí improvisaram uma alternativa temerária de transporte ao destino final e tudo correu mal.
Logo de cara encontraram a fotógrafa estadunidense Gail Rubin na praia, perguntaram onde estavam, ela suspeitou, apavorou e temendo que soasse o alarme, a mataram. A moça era sobrinha do influente senador Democrata Abraham A. Ribicoff. Segundo os sobreviventes, quem matou Rubin foi outra jovem, a comandante do grupo palestino Dalal Mughrabi.
(Uma palavrinha sobre a bela e corajosa Dalal (foto ao lado). Seus pais eram de Jaffa, expulsos durante a Naqba para o Líbano onde tiveram de instalar-se. Dalal nasceu e foi criada em Sabra, um dos campos de refugiados palestinos em Beirute que ganharia uma horrível celebridade. Ela era uma menina precoce e super-dotada. Estudou enfermagem junto com a escola e integrou o serviço de comunicação do Fatah com 16 anos, durante a Guerra Civil libanesa em 1975. Trabalhou no serviço de comunicações até 1977 quando seguiu treinamento militar de três meses com brilho; saiu de lá com a patente de tenente. Recusou a proposta da OLP de cargo diplomático na Itália, compatível com sua acuidade intelectual, porque achava que com Israel a diplomacia não levava a nada.
Voltando ao Costal Road Massacre, os fedayin sequestraram um ônibus e a rota do kibbutz para Tev Aiv foi pontuada de imprevistos e reações precipitadas dos sesquestradores despreparados para o plano improvisado e confrontados à reação de passageiros agressivos e apavorados. Jogaram um dos primeiros fora do ônibus chamando a atenção, sequestraram outro veículo público, mataram uma criança em um carro acidentalmente, a polícia chegou aos montes e acabou conseguindo parar o veículo, o tiroteio começou e o ônibus acabou explodindo em chamas.
Até hoje a versão oficial israelense varia em relação ao que provocou o clímax macabro - explosão de granada dos fedayin ou de 'tiro-amigo' no tanque de gasolina. Os dois sobreviventes palestinos afirmam que o disparo veio de cima, de um helicóptero da IDF. Esta jamais admitiria o ocorrido. O chefe da brigada anti-terrorista israelense Assaf Hefetz recebeu a Israeli Police Medal of Courage por ter matado dois fedayin dentro do ônibus. Talvez Dalal fosse um deles.
No fim havia 38 israelenses mortos e 71 feridos. Dos 11 palestinos que chegaram à praia, apenas dois estavam vivos - Khaled Abu Asba e Hussein Fayyad, condenados a penas intermináveis mas que cumpriram só sete anos. Foram soltos em 1985 justamente em uma troca de prisioneiros como a que queriam realizar no dia 09 de março de 1978. Nesse dia haviam acordado ansiosos para libertar seus companheiros e no dia 11, aos 19 anos, Dalal jazia sem vida junto com oito jovens camaradas. Mais um, dois, 9, 11, talentos palestinos desperdiçados por causa de uma injustiça que não acabava.
No balanço que seguiu o 'incidente', até a revista estadunidense Times argumentou que o número de mortos se devia muito mais ao despreparo dos policiais israelenses apavorados que atiraram a esmo do que de represália dos fedayin. Contudo, foram estes que levaram a culpa das mortes de qualquer jeito porque Israel jamais reconhece um erro. E como seus governantes praticam a vingança desproporcional desde os primórdios e a hasbara como palavra de ordem, Menachen Begin aproveitou o pretexto para pôr em prática a Operation Litani, programada há semanas.
O pretexto imediato para bombardear o sul do Líbano em 1978 foi o incidente acima. O mediato foi que" os campos de refugiados palestinos serviam também de base da OLP criando quase um Estado dentro de um Estado", induzindo a opinião pública desinformada a achar que os campos de refugiados eram uma autarquia militarizada voluntária.
Esta foi a primeira vez que Israel invadiu o Líbano a fim de aniquilar a OLP e surrupiar as terras férteis das chamadas Fazendas de Shabaa. Esta operação inicialmente chamada Avi Hachochma (Pai da Sabedoria) começou no dia 14 de março sem o nome idílico inicial e sim com o mais adequado ao massacre que durou sete dias.
O pretexto da IDF foi a retaliação ao que ficou conhecido em Israel como o Costal Road Massacre, uma operação do Fatah que deu toda errado e terminou muito mal. O plano de Abu Jihad era sequestrar turistas e diplomatas estrangeiros em um hotel de luxo no litoral de Israel a fim de trocá-los por prisioneiros políticos palestinos. Segundo um comandante do Fatah, a data foi escolhida de maneira a sabotar as negociações de Campo David entre Menachen Begin, Anwar Sadat, Jimmy Carter, e prejudicar o turismo em Israel.
Os 13 fedayin embarcaram no sul do Líbano no dia 09 de março. Consta que as armas que carregavam eram para proteção e dissuasão, mas acabaram sendo usadas em combate acirrado.
Os problemas começaram no início do trajeto. O tempo estava péssimo e dois fedayin morreram afogados no Mar Mediterrâneo. Em vez de voltarem, os outros onze decidiram levar o plano adiante.
Porém, seu equipamento de navegação era inadequado a tal tempo e um erro fez com que o barco aportasse a 64 quilômetros do lugar determinado. Em uma praia perto do kibbutz Ma'agan Michael (entre Haifa e Tel Aviv, fundado por imigrantes judeus em 1949). Aí improvisaram uma alternativa temerária de transporte ao destino final e tudo correu mal.
Logo de cara encontraram a fotógrafa estadunidense Gail Rubin na praia, perguntaram onde estavam, ela suspeitou, apavorou e temendo que soasse o alarme, a mataram. A moça era sobrinha do influente senador Democrata Abraham A. Ribicoff. Segundo os sobreviventes, quem matou Rubin foi outra jovem, a comandante do grupo palestino Dalal Mughrabi.
(Uma palavrinha sobre a bela e corajosa Dalal (foto ao lado). Seus pais eram de Jaffa, expulsos durante a Naqba para o Líbano onde tiveram de instalar-se. Dalal nasceu e foi criada em Sabra, um dos campos de refugiados palestinos em Beirute que ganharia uma horrível celebridade. Ela era uma menina precoce e super-dotada. Estudou enfermagem junto com a escola e integrou o serviço de comunicação do Fatah com 16 anos, durante a Guerra Civil libanesa em 1975. Trabalhou no serviço de comunicações até 1977 quando seguiu treinamento militar de três meses com brilho; saiu de lá com a patente de tenente. Recusou a proposta da OLP de cargo diplomático na Itália, compatível com sua acuidade intelectual, porque achava que com Israel a diplomacia não levava a nada.
Voltando ao Costal Road Massacre, os fedayin sequestraram um ônibus e a rota do kibbutz para Tev Aiv foi pontuada de imprevistos e reações precipitadas dos sesquestradores despreparados para o plano improvisado e confrontados à reação de passageiros agressivos e apavorados. Jogaram um dos primeiros fora do ônibus chamando a atenção, sequestraram outro veículo público, mataram uma criança em um carro acidentalmente, a polícia chegou aos montes e acabou conseguindo parar o veículo, o tiroteio começou e o ônibus acabou explodindo em chamas.
Até hoje a versão oficial israelense varia em relação ao que provocou o clímax macabro - explosão de granada dos fedayin ou de 'tiro-amigo' no tanque de gasolina. Os dois sobreviventes palestinos afirmam que o disparo veio de cima, de um helicóptero da IDF. Esta jamais admitiria o ocorrido. O chefe da brigada anti-terrorista israelense Assaf Hefetz recebeu a Israeli Police Medal of Courage por ter matado dois fedayin dentro do ônibus. Talvez Dalal fosse um deles.
No fim havia 38 israelenses mortos e 71 feridos. Dos 11 palestinos que chegaram à praia, apenas dois estavam vivos - Khaled Abu Asba e Hussein Fayyad, condenados a penas intermináveis mas que cumpriram só sete anos. Foram soltos em 1985 justamente em uma troca de prisioneiros como a que queriam realizar no dia 09 de março de 1978. Nesse dia haviam acordado ansiosos para libertar seus companheiros e no dia 11, aos 19 anos, Dalal jazia sem vida junto com oito jovens camaradas. Mais um, dois, 9, 11, talentos palestinos desperdiçados por causa de uma injustiça que não acabava.
No balanço que seguiu o 'incidente', até a revista estadunidense Times argumentou que o número de mortos se devia muito mais ao despreparo dos policiais israelenses apavorados que atiraram a esmo do que de represália dos fedayin. Contudo, foram estes que levaram a culpa das mortes de qualquer jeito porque Israel jamais reconhece um erro. E como seus governantes praticam a vingança desproporcional desde os primórdios e a hasbara como palavra de ordem, Menachen Begin aproveitou o pretexto para pôr em prática a Operation Litani, programada há semanas.
Thames Television: Entrevista com Yasser Arafat - 30/03/1978 (4')
O pretexto imediato para bombardear o sul do Líbano em 1978 foi o incidente acima. O mediato foi que" os campos de refugiados palestinos serviam também de base da OLP criando quase um Estado dentro de um Estado", induzindo a opinião pública desinformada a achar que os campos de refugiados eram uma autarquia militarizada voluntária.
Não era e não é bem assim. O estatuto dos refugiados palestinos nunca foi o mesmo dos refugiados de outras nacionalidades. Estes têm nacionalidade reconhecida e por isso dependem do UNHCR (UN High Commissioner for Refugees) que assiste e acompanha sua reacomodação alhures. Os palestinos são um caso a parte e assim foram tratados. A ONU criou para eles o UNRWA (UN Relief and Works Agency for Palestinian Refugees). O que na prática significa que os palestinos gozam de auxílio médico/educativo, mas não de um sistema de reinserção nos países onde vivem. São apátridas e sem direitos cívicos sobretudo no Líbano. Portanto, foram obrigados a estabelecer um sistema administrativo interno independente do do país em que vivem sem direitos cívicos. Não é que a OLP controlasse os campos como quartéis e sim que estabelecia infra-estrutura socio-político-educativa que possibilitasse vida dígna a seus compatriotas. As bases militares ocupavam uma pequena parte dos campos, que eram mesmo destinados às famílias vítimas da diápora. O número de refugiados no Líbano era 300 mil dos quais apenas um por cento eram fedayin.
Apesar disso ser de conhecimento público, em nome da segurança de Israel, em 1968 a IDF começou a bombardear esporadicamente estes enclaves civis. Bombardeavam barracas e matavam as famílias com facilidade o que levou os palestinos a construírem casas com tetos sólidos para proteger-se das bombas do inimigo que além de enxotá-los de casa os perseguia além das fronteiras.
Menachen Begin estava louco para invadir o Líbano. Tanto que em novembro de 1977 provocara uma troca de tiros na fronteira, que levou à morte de alguns soldados da IDF e de setenta palestinos e libaneses. Em 1978 a IDF mobilizou 25.000 soldados para a invasão programada. E dessa vez eles não ficaram na fronteira. Adentraram o território alheio com tanques e veículos armados com apoio aéreo e naval. Os 3.000 resistentes da OLP jamais conseguiriam defender os campos nem as cidades libanesas. As famílias que conseguiram, escaparam pelas estradas lotadas em direção ao norte. As que não conseguiram escapar, foram bombardeadas.
Durante os sete dias de ofensiva a IDF 'capturou' cerca de 10 quilômetros de terreno em um ataque conjunto em todas as bases da OLP situadas na fronteira. A infantaria foi dividida entre dois comandantes que atacaram simultaneamente enquanto tropas de paraquedistas ocupavam todas as pontes no rio Litani fechando a OLP em uma armadilha da qual 80% dos fedayin escaparam por um triz reagindo contra os soldados ao bater em retirada. Cerca de 300 foram mortos durante o ataque surpresa. Mas o pior foi o que a IDF fez aos civis. Mais de 1.500 palestinos e libaneses perderam a vida. O número de desabrigados que escaparam para o norte foi de cerca de 285.000, 3/4 de libaneses e 1/4 de palestinos. Israel perdeu 23 soldados.
Havia tropas sírias nas imediações, mas não intervieram e a IDF não mexeu com elas.
A IDF usou bombas de fragmentação estadunidenses e o presidente Jimmy Carter foi o primeiro a condenar o uso da arma que Henry Kissinger fornecera a Israel no governo de Richard Nixon, além da tecnologia nuclear.
"This use of the cluster bombs violates the legal agreement between Israel and the US because the weapons have been provided for defensive purposes agains and attack". Carter estava coberto de razão porque as bombas não foram usadas em defesa própria. Foram usadas com o objetivo de minar o sul do Líbano e continuar a matar até depois do ataque terminado.
Além de desrespeitar o trato feito com Nixon, Israel 'transferiu' armamento fornecido pelso EUA à milícia de extrema-direita do libanês Saad Haddad, em outra violação das leis estadunidenses. Traição que não servivria de lição a Washington. Mas pelo menos dessa vez Jimmy Carter encurtou o massacre ao tomar a iniciativa de informar o Congresso dos EUA do crime que Israel estava cometendo, o que resultaria no corte da ajuda militar. Carter contou mais tarde que quando ia tomar a providência seu embaixador em Tel Aviv o informou que Menachen Begin informara oficialmente a Embaixada que a operação terminara. Enfim, na fala.
Nesse ínterim, no dia 19 de março, as Nações Unidas aprovaram as Resoluções 425 e 426 exigindo a retirada das tropas israelenses. Em seguida a UNIFIL (UN Interim Force in Lebanon) foi criada e no dia 23 os soldados da ONU instalaram um quartel em Naqoura, no sulzinho do Líbano. A primeira coisa que fizeram foi começar o processo de desminagem das bombinhas deixadas por Israel em todo o sul e que causariam centenas de aleijamentos e mortes futuras, sobretudo de meninos.
A Resolução 425 não fez com que Israel parasse as hostilidades. Como sempre acontece, quando sabe que vai a IDF ter de parar uma operação aproveita para causar o máximo de dano material e humano despejando bombas de fragmentação. Foi o que fizeram nos dois últimos dias que seguiram a Resolução.
No dia 28 o general Emmanual Erskine, comandante da UNIFIL, encontrou Yasser Arafat em Beirute para a assinatura do acordo de cessar-fogo. A pesquisadora inglesa Helena Cobban descreve este momento como "a turning-point in the history of the Palestinian resistance moment" porque foi o primeiro acordo púlbico de cessar-fogo entre a OLP e Israel intermediado oficialmente pelas Nações Unidas. De fato, era em si um reconhecimento político-diplomático da Organização de Libertação da Palestina como representante da nação que nem Israel nem a ONU reconheciam.
Alguns líderes de segundo escalão do Fatah discordaram da assinatura do acordo. Mohammad Daoud Oudeh, kunya, Abu Daoud, foi um deles. Desligou-se do Fatah levando consigo 80 fedayin com a intenção de romper o cessar-fogo, mas Arafat e Abu Jihad ordenaram a prisão de todos os envolvidos na dissenssão. Mais tarde Abou Daoud seria acusado de colaborar com o renegado Abu Nidal para quebrar a promessa de Arafat .
A IDF acabou se retirando do Líbano, mas antes armou e deixou em seu lugar a milícia libanesa de extrema-direita South Lebanon Army sob o comando do major Saad Haddad. A SLA era um bando de extremistas cooptados por Israel e como Israel, se achavam intocáveis. No dia 19 lançaram os mísseis estadunidenses que Israel lhes dera no quartel da UNIFIL matando dois soldados europeus. Como esta não tomou providência, em 1980 sequestraram três soldados irlandeses da UNIFIL e mataram dois deles. Por que os irlandeses? Porque o jornal de direita isralense Jerusalem Post os acusava de simpatia pela OLP.
Escaramuças intermitentes continuariam até a próxima grande operação israelense no Líbano. Aliás a Operation Litani serviria de modelo para as operações seguintes. Como diria o analista libano-estadunidense Pierre Tristam: "Protestations made no difference. Israel’s method was to brook no opposition, political or military. The invasion of 1978 set a pattern that would be repeated on a huge scale in 1982, and again in 2006, and on smaller scales many times in between, as Israeli governments pledged to eradicate “terrorism” while merely causing massive loss of civilian life and fostering new and powerful breeds of opposition in Lebanon without ever coming closer to resolving the problem of belligerence on its northern frontier. The same Israeli pattern was applied to the Palestinian territories, as Palestinian attacks were followed by massive, punitive retaliations that claimed mostly civilian lives in Gaza and the West Bank".
Apesar disso ser de conhecimento público, em nome da segurança de Israel, em 1968 a IDF começou a bombardear esporadicamente estes enclaves civis. Bombardeavam barracas e matavam as famílias com facilidade o que levou os palestinos a construírem casas com tetos sólidos para proteger-se das bombas do inimigo que além de enxotá-los de casa os perseguia além das fronteiras.
Menachen Begin estava louco para invadir o Líbano. Tanto que em novembro de 1977 provocara uma troca de tiros na fronteira, que levou à morte de alguns soldados da IDF e de setenta palestinos e libaneses. Em 1978 a IDF mobilizou 25.000 soldados para a invasão programada. E dessa vez eles não ficaram na fronteira. Adentraram o território alheio com tanques e veículos armados com apoio aéreo e naval. Os 3.000 resistentes da OLP jamais conseguiriam defender os campos nem as cidades libanesas. As famílias que conseguiram, escaparam pelas estradas lotadas em direção ao norte. As que não conseguiram escapar, foram bombardeadas.
Durante os sete dias de ofensiva a IDF 'capturou' cerca de 10 quilômetros de terreno em um ataque conjunto em todas as bases da OLP situadas na fronteira. A infantaria foi dividida entre dois comandantes que atacaram simultaneamente enquanto tropas de paraquedistas ocupavam todas as pontes no rio Litani fechando a OLP em uma armadilha da qual 80% dos fedayin escaparam por um triz reagindo contra os soldados ao bater em retirada. Cerca de 300 foram mortos durante o ataque surpresa. Mas o pior foi o que a IDF fez aos civis. Mais de 1.500 palestinos e libaneses perderam a vida. O número de desabrigados que escaparam para o norte foi de cerca de 285.000, 3/4 de libaneses e 1/4 de palestinos. Israel perdeu 23 soldados.
Havia tropas sírias nas imediações, mas não intervieram e a IDF não mexeu com elas.
A IDF usou bombas de fragmentação estadunidenses e o presidente Jimmy Carter foi o primeiro a condenar o uso da arma que Henry Kissinger fornecera a Israel no governo de Richard Nixon, além da tecnologia nuclear.
"This use of the cluster bombs violates the legal agreement between Israel and the US because the weapons have been provided for defensive purposes agains and attack". Carter estava coberto de razão porque as bombas não foram usadas em defesa própria. Foram usadas com o objetivo de minar o sul do Líbano e continuar a matar até depois do ataque terminado.
Além de desrespeitar o trato feito com Nixon, Israel 'transferiu' armamento fornecido pelso EUA à milícia de extrema-direita do libanês Saad Haddad, em outra violação das leis estadunidenses. Traição que não servivria de lição a Washington. Mas pelo menos dessa vez Jimmy Carter encurtou o massacre ao tomar a iniciativa de informar o Congresso dos EUA do crime que Israel estava cometendo, o que resultaria no corte da ajuda militar. Carter contou mais tarde que quando ia tomar a providência seu embaixador em Tel Aviv o informou que Menachen Begin informara oficialmente a Embaixada que a operação terminara. Enfim, na fala.
Nesse ínterim, no dia 19 de março, as Nações Unidas aprovaram as Resoluções 425 e 426 exigindo a retirada das tropas israelenses. Em seguida a UNIFIL (UN Interim Force in Lebanon) foi criada e no dia 23 os soldados da ONU instalaram um quartel em Naqoura, no sulzinho do Líbano. A primeira coisa que fizeram foi começar o processo de desminagem das bombinhas deixadas por Israel em todo o sul e que causariam centenas de aleijamentos e mortes futuras, sobretudo de meninos.
A Resolução 425 não fez com que Israel parasse as hostilidades. Como sempre acontece, quando sabe que vai a IDF ter de parar uma operação aproveita para causar o máximo de dano material e humano despejando bombas de fragmentação. Foi o que fizeram nos dois últimos dias que seguiram a Resolução.
No dia 28 o general Emmanual Erskine, comandante da UNIFIL, encontrou Yasser Arafat em Beirute para a assinatura do acordo de cessar-fogo. A pesquisadora inglesa Helena Cobban descreve este momento como "a turning-point in the history of the Palestinian resistance moment" porque foi o primeiro acordo púlbico de cessar-fogo entre a OLP e Israel intermediado oficialmente pelas Nações Unidas. De fato, era em si um reconhecimento político-diplomático da Organização de Libertação da Palestina como representante da nação que nem Israel nem a ONU reconheciam.
Alguns líderes de segundo escalão do Fatah discordaram da assinatura do acordo. Mohammad Daoud Oudeh, kunya, Abu Daoud, foi um deles. Desligou-se do Fatah levando consigo 80 fedayin com a intenção de romper o cessar-fogo, mas Arafat e Abu Jihad ordenaram a prisão de todos os envolvidos na dissenssão. Mais tarde Abou Daoud seria acusado de colaborar com o renegado Abu Nidal para quebrar a promessa de Arafat .
A IDF acabou se retirando do Líbano, mas antes armou e deixou em seu lugar a milícia libanesa de extrema-direita South Lebanon Army sob o comando do major Saad Haddad. A SLA era um bando de extremistas cooptados por Israel e como Israel, se achavam intocáveis. No dia 19 lançaram os mísseis estadunidenses que Israel lhes dera no quartel da UNIFIL matando dois soldados europeus. Como esta não tomou providência, em 1980 sequestraram três soldados irlandeses da UNIFIL e mataram dois deles. Por que os irlandeses? Porque o jornal de direita isralense Jerusalem Post os acusava de simpatia pela OLP.
France 2 entrevista Yasser Arafat no Líbano - 29/08/1978 (3')
Escaramuças intermitentes continuariam até a próxima grande operação israelense no Líbano. Aliás a Operation Litani serviria de modelo para as operações seguintes. Como diria o analista libano-estadunidense Pierre Tristam: "Protestations made no difference. Israel’s method was to brook no opposition, political or military. The invasion of 1978 set a pattern that would be repeated on a huge scale in 1982, and again in 2006, and on smaller scales many times in between, as Israeli governments pledged to eradicate “terrorism” while merely causing massive loss of civilian life and fostering new and powerful breeds of opposition in Lebanon without ever coming closer to resolving the problem of belligerence on its northern frontier. The same Israeli pattern was applied to the Palestinian territories, as Palestinian attacks were followed by massive, punitive retaliations that claimed mostly civilian lives in Gaza and the West Bank".
Robert Fisk, o jornalista-especialista do Oriente Médio mais antigo e mais bem informado sobre o Líbano, conta "In 1978, Begin spoke about Israel’s determination to 'root out the evil weed of the PLO.' This sort of metaphor became a constant refrain in Israel. Weeds had to be destroyed, torn out by their roots. The Palestinians—civilians as well as guerillas—were part of ‘a cancer,’ one of the invading soldiers would later tell us. Once he had retired, one of Israel’s senior army officers would compare the Palestinians to ‘cockroaches.’ Above all else, they were terrorists. Terrorists, terrorists, terrorists. The word was ubiquitous, obsessive, cancerous in its own special way. Terrorists were animals. Animals had to be put down. The PLO was a terrorist organization. Terrorists, terrorists, terrorists. Israel radio used the word in every broadcast, almost every sentence.”
O jornalista do NYTimes (jornal porta-voz do governo israelense) William Farrell confirmou em seu artigo a hasbara da razão da Operation Litani até depois de ver quão impossível era improvisar um ataque tão estratégico e devastador em três dias. "For some Israel’s response to the Palestinian raid on March 11 was warranted. For others the military response was an overreaction. While for still others, there is a desire, perhaps a need, to see the bloody episode recede into memory,” disse.
Nisso ele tinha razão. Quando comecei a trabalhar em 1982 Fisk era o único que ainda tocava nesse assunto. Hoje, ninguém se lembra da Operation Litani. Enfim, quem a viveu e sofreu suas terríveis consequências se lembram perfeitamente. E é verdade que ela estabeleceu o modelo de todas as outras carnificanas que Israel protagonizaria no Líbano e na Palestina.
O jornalista do NYTimes (jornal porta-voz do governo israelense) William Farrell confirmou em seu artigo a hasbara da razão da Operation Litani até depois de ver quão impossível era improvisar um ataque tão estratégico e devastador em três dias. "For some Israel’s response to the Palestinian raid on March 11 was warranted. For others the military response was an overreaction. While for still others, there is a desire, perhaps a need, to see the bloody episode recede into memory,” disse.
Nisso ele tinha razão. Quando comecei a trabalhar em 1982 Fisk era o único que ainda tocava nesse assunto. Hoje, ninguém se lembra da Operation Litani. Enfim, quem a viveu e sofreu suas terríveis consequências se lembram perfeitamente. E é verdade que ela estabeleceu o modelo de todas as outras carnificanas que Israel protagonizaria no Líbano e na Palestina.
Palestinian Refugee Camps in Lebanon (2006 - 3 partes)
I (28')
II (26)
III
NEWS
Enquanto isso, na Palestina, a Intifada continua, e com repressão cada vez mais violenta. 121 palestinos já foram assassinados por soldados ou colonos israelenses. Dentre eles, 25 meninos.
6.500 palestinos, resistentes ou não, estão detidos em prisões israelenses, dentre eles, 450 meninos e 5 deputados.
As moças continuam ativas na luta pela liberade e a IDF continua infiltrando agentes perturbadores nos grupos palestinos para dar o bote, como mostra a foto abaixo.
Desde o início de outubro, Isarel deteve 2.256 palestinos, incluindo 399 meninos, e 247 moças e rapazes foram postos em detenção administrativa, ou seja, sem acusação e sem direito a defesa.
22 israelenses foram mortos no processo de resistência palestina.
Desde o início de outubro, Isarel deteve 2.256 palestinos, incluindo 399 meninos, e 247 moças e rapazes foram postos em detenção administrativa, ou seja, sem acusação e sem direito a defesa.
22 israelenses foram mortos no processo de resistência palestina.
This year, Palestinians marked International Human Rights Day - 10 December 2015 – mourning over 121 Palestinians including 25 children who were killed by IOF (Israeli Occupation Forces) and settlers in the past two months. Today, over 6,500 Palestinians remain imprisoned by Israel including at least 450 children, 587 Palestinians held under arbitrary administrative detention without charge or trial and five members of the Palestinian Legislative Council. In the past two months, Israeli Occupation Forces have escalated oppressive policies and practices against Palestinians in the occupied territory in a flagrant violation of fundamental human rights and freedoms. Since the beginning of October IOF has been conducting a mass arrests campaign in the occupied territory whereby over 2,256 Palestinians were arrested including at least 399 children as well as 247 Palestinians who were placed under administrative detention without charge or trial. Addameer (prisoners support and human rights association) continues to monitor the Israeli occupation’s daily policies of arbitrary arrest and detention of Palestinians, the widespread use of torture and ill-treatment as well as the extrajudicial executions of Palestinians by IOF forces. These policies are aimed at imposing collective punishment against Palestinians for their uprising against Israel’s oppression and outrages against their fundamental rights and inherent dignity which International Human Rights Law aims to preserve.
Eis o mapeamento da resistência: https://siddadel.ushahidi.io/views/map/
Israeli forces kill Palestinian accused of knife attack. Clashes erupt after death of youth in Hebron, followed by separate gunfire incident in West Bank, with suspect on run.
Norman Finkelstein : IS THERE A NEW “NEW ANTI-SEMITISM”? PART 4. Read at Byline: https://www.byline.com/project/13/article/661
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