domingo, 8 de fevereiro de 2015

Israel vs Palestina: Operações militares II (07...1948-1949)



1948

Operation Danny Larlar. Esta operação do comando Palmach quebrou a trégua da posteriomente chamada guerra Israelo Árabe. Durou dez dias, de 9 a 19 de julho.
O objetivo das cinco brigadas de cerca de 6 mil soldados (liderados por Yigal Allon secundado por Yitzhak Rabin) e seus tanques e armas pesadas era capturar as cidades palestinas Lydda, Ramle, Latrun e Ramalla, que Israel considerava obstáculos aos transportes judeus para Jerusalém e "relief the threat to Tel Aviv". A operação foi em duas fases. A primeira de conquista de Lydda e Ramle foi alcançada no dia 13, quando ambas foram "esvaziadas" dos cerca de 70 mil habitantes. Restaram apenas umas centenas de gatos pingados vagando por ruas desertas e casas derrubadas. O aeroporto de Lydda e a estação ferroviária ficaram sob controle da IDF (Forças Armadas israelenses) já no dia 09.
A segunda fase era a de conquista de Latrun e de seu forte. No entando, este, em vez de civis palestinos amedrontados, estava protegido por resistentes determinados. Os batalhões israelenses ocuparam Saibit para cercar a cidade e sobretudo sitiar o forte e o atacaram duas vezes até serem vencidos pelo cansaço. Aí tiveram de desistir de Ramallah.

Documentário de Lauren Booth: Lydda death march

Operation Dekel: Foi a maior ofensiva israelense no norte da Palestina logo após a primeira trégua na chamada guerra Israelo-Árabe. Quem comandou a 7th Armoured Brigade foi o imigrante canadense Ben Dunkelman, que os israeenses chamavam de Benjamin Ben-David. O objetivo desta operação que contou com o apoio das Brigadas Carmeli e Golani entre os dias 8 e 18 de julho pretendia capturar Nazaré e a Baixa Galileia.
A data chave foi o dia 15 quando aviões de combate israelenses bombardearam Saffuriya espantando a população para Nazaré e para o Líbano. No fim da investida aérea só restava na cidade cerca de cem idosos que preferiram morrer do que abandonar sua casa.
No dia 16 Nazaré teve de render-se às já potentes forças armadas israelenses que só sofreram uma perda. Os resistentes eram poucos, suas armas obsoletas diante do arsenal da incipiente IDF e foram obrigados a buscar refúgio nas montanhas a fim de salvar a vida dos nazarenos.
Fato inusitado, Nazaré foi a única cidade palestina onde os moradores não foram forçados ao êxodo imediatamente. Graças a Dunkelman que recusou-se a obedecer as ordens de Haim Laskov para evacuar as famílias na marra.
Em seu livro Dual Allegiance, Dunkelman conta que "Haim Laskov [came] to me with astounding orders: Nazareth's civilian population was to be evacuated! I was shocked and horrified. I told him I would do nothing of the sort - in view of our promises to safeguard the city's people, such a move would be both superfluous and harmful. I reminded him that scarcely a day earlier, he and I,; as representatives of the Israeli army, had signed the surrender document in which we solemnly pledged to do nothing to harm the city or its population. When Haim saw that I refused to obey the order, he left."
Mas a esperança de escapar da diáspora durou pouco. Doze horas após a recusa de Dunkelman de faltar com a palavra, Laskov nomeou outro oficial, Avraham Yaffe, em seu lugar e este não teve nenhum escrúpulo de cumprir a ordem de expulsão dos nazarenos. Não fora ele que prometera e nem assinara nenhuma promessa contrária e isto lhe bastava. A moral que se danasse.
No final das contas David Ben-Gurion, sob pressão do padrinho estadunidense, acabou desistindo de "despopular" "totalmente" Nazareth de seus habitantes palestinos, cristãos, majoritariamente. 

Operation An-Far: Foi uma operação da Brigada Givati no fim da primeira trégua decretada pela ONU. Começou na noite de 8-9 de julho no sul da Judéia também com o fim de parar os egípcios e durou até o dia 15 de julho, aproveitando a atenção desviada para as operações Danny e Dekel. No fim os israelitas conseguiram conquistar o norte do Negev e o oeste do município de Hebron.
Como nos outros lugares, o 1st Batallion recebeu ordens de "expel the refugees encamped in the area". No fim da jornada militar, 16 vilarejos palestinos foram capturados, "despopulados" e mais de 20.000 refugiados engrossavam as estradas que levavam os nativos à diáspora.

Operation Death to the Invaders: Foi consequência da An-Far. Foi levada a cabo dos dias 16 a 18 de julho no noroeste do deserto do Negev. Seu objetivo era ligar os vilarejos judeus da área ao resto do território que Israel conquistara e ao que a ONU lhe outorgara. Eram os egípcios que obstaculavam a passagem dos colonos e Israel renovou os ataques aéreos contra eles e vários vilarejos palestinos - Bayt Jibrin, Idnibba, Isdud, Jilya, Mughallis, Qazaza - graças a seus caças recém-comprados/doados por seus aliados sionistas milionários.

Operation Kedem: Também aconteceu em julho com o propósito de capturar Jerusalém Oriental, incluindo a Cidade Antiga que a ONU estabelecera que ficaria em território palestino.
O Irgun e a Stern gang foram encarregados da "limpeza", mas o comandante David Shaltiel preferiu esperar pelo reforço do Haganah, que fora peça fundamental no massacre de Deir Yassin.
Ordenou que as milícias do Irgun e Stern, sob o comando de Yehuda Lapidot, primeiro capturassem Malha. Lá foram surpreendidos com uma resistência palestina ferrenha que culminou com a morte de 17 israelitas e de muitos feridos. Os irgunistas reiteraram a investida mas acabaram fracassando. Então Shaltiel disse para baterem em retirada. Jerusalém ficaria para mais tarde.

View from above em 2015 
Qisarya, um dos vilarejos despopulados no sudoeste de Haifa,  no dia 15 de maio de 1948

Operation Shoter ou Jaba: Durou três dias - de 24 a 26 de julho - em uma área chamada Little Triangle no sul de Haifa.
As Brigadas Golani, Carmeli e Alexandroni do Haganah foram encarregadas desta tarefa que começou uma semana após a segunda trégua imposta, em vão, pelas Nações Unidas. As mulheres e crianças palestinas só contaram com a proteção de seus pais, irmãos e maridos improvisados em resistentes.
O objetivo desta investida israelita era "limpar" a estrada entre Haifa e Tel Aviv que os palestinos haviam bloqueado aos judeus que tinham de dar uma longa volta para chegar a seu destino.
Segundo as Nações Unidas - que concluiu que o ataque era injustificado - no dia 26 de julho quando os vilarejos de Ayn Ghazal, Ijzime Jaba haviam se rendido, o Little Triangle estava despopulado de mais 8.000 nativos. Mortos ou expulsos de suas casas. Os demais - Balad ash-Sheikh, Umm az-Zinat, Tantura já haviam sido "expurgados" em abril-maio, e Tira, no dia 16 de julho.

Operation GYS, sigla formada pelos nomes das brigadas do Haganah que participaram - Golani, Yiftach, Sergei.
Esta foi dividida em GYS1 e GYS2. Ambas no norte do Negev.
A primeira pretendia capturar Fallujah e Iraq al-Manshiyya a fim de enfraquecer os egípcios e abrir uma passagem para o Negev. Mas já no dia 27 o exército egípcio cercou os batalhões israelitas os obrigando a bater em retirada.
A segunda foi mais modesta e bem sucedida. Visava apenas abastecer os enclaves judeus nas paragens com víveres transportados por um comboio de 20 caminhões.
A terceira tentativa foi a Operation Way to the Negev, que fracassou e o transporte foi feito por via aérea durante dois meses em outra operação chamada Avak que durou de agosto a outubro.

Operations Moshe e Yoav, nas quais as tropas da IDF tomaram Beersheba, Beit Hanoun e ocuparam o Separation Corridor no dia 21 de outubro.


Operation Hiram: Hiram foi o rei de Tyre que segundo o Antigo Testamento foi de grande importância na construção do templo de Salomão em Jerusalém.
Esta empreitada maléfica foi dirigida pelo general Moshe Carmel, visava a captura da Alta Galileia onde Fawzj al-Qawuil continuava resistindo ao assalto dos invasores com um grupo de palestinos e sírios. Durou 60 horas. Do dia 29 a 31 de outubro. Ficou na história por causa dos massacres que a marcaram.
Centenas de palestinos foram exterminados e mais de 50 mil se safaram fugindo para o Líbano onde virariam refugiados. Foi assim que o recém-auto-criado Estado de Israel assumiu o controle da Galileia. Região que na partilha a ONU definira que ficaria na Palestina.
No dia 26 de setembro David Ben Gurion já anunciara o que pretendia. Disse à sua equipe que na provável retomada do combate (após a trégua que a ONU forçara no dia 18 de julho) a Galileia ficaria naki (limpa) e reik (vazia). Dito e feito.
Na madrugada do dia 22 de outubro, sob provocação, a resistência palestina atacou soldados da IDF e Israel disse que então "felt free to do as it pleased." E foi o que fez.
As centenas de soldados das brigadas Carmeli, Golani, Oded e Seventh estavam preparadas e atacaram sem piedade. A ordem era "to destroy the enemy in the central Galilee pocket", ocupar a Galileia inteira e estabelecer uma nova fronteira. O comandante Yigael Yadin recebeu um bilhete de Weitz ordenando inclusive a expulsão dos "refugiados" das áreas conquistadas.
As primeiras cidades a sofrerem o ataque dos caças israelenses foram SalihaTarshiha, Jish e Sa'sa.
Na primeira, 24 habitantes foram mortos de imediato e cerca de 60 foram enterrados nos escombros das casas bombardeadas. Em Jish, segundo um relatório da própria IDF, "150-200 Arabs, including a number of civilians died in the battle". De fato, mais de 200 corpos foram encontrados lá.
E depois de conquistarem Safsaf, as tropas israelenses continuaram a ensanguentar casas, ruas e cidades.
Em poucas horas, 15 vilarejos foram riscados do mapa e insatisfeito com o massacre, Ben Gurion autorizou suas tropas a caçarem no Líbano os palestinos que escaparam.
Nas últimas horas da operação, o general Makleff, enibriado pelo rio de sangue derramado, solicitou permissão ao Primeiro Ministro para ir até Beirute e ocupá-la - alegando que conseguiria alcançar seu objetivo em 12 horas.
No entanto, Ben Gurion recusou, não por commpaixão ou menos ambição expansionista e sim por recear a reação internacional ao genocídio que já estava sendo condenado até por judeus ilustres como Hanna Arendt e Albert Einstein, que sem papas na língua, chamavam os grupos para-militares judeus de terroritas.
Além disso, já havia libaneses ricos e poderosos espalhados pelo mundo, ao contrário dos palestinos que não tinham dinheiro nem padrinho.
Diante da amplidão dos massacres, a ONU decretou que um cessar-fogo começasse no dia 31 de outubro, às 11 horas.
Então, em telex datado das 10 horas desse dia, o general Moshe Carmel enviou a seus batalhões a seguinte ordem: "Do all in your power for a quick and immediate "tihur" (clearing) of the conquered areas of all the hostile elements in line with the orders that have been issued. The inhabitants of the areas conquered should be assisted to leave".
A determinação onusiana de cessar-fogo caiu no vazio.
Do dia 31 de outubro ao dia 01 de novembro, os soldados israelenses entraram em Hula e renovaram o holocausto, este, não de judeus, mas de árabes cristãos e muçulmanos.
Espantar os moradores, forçá-los ao êxodo, não era tarefa assim tão fácil.
Cerca de 50 homens capturados foram executados em uma casa que depois foi explodida para não ficar rastro. Ninguém nos vilarejos resistira.
No fim deste massacre entre os muitos que ficaram conhecidos como Naqba, cerca de 400 civis palestinos estavam mortos, 550 detidos, dezenas de vilarejos da Galileia estavam destruídos, e como disse Ilan Pappe dando exemplo de apenas quatro cidades: Kfar Bir'im, Malkiyya, Rama e Suhmata, "the only village to remain intact was Tama. The other three were occupied and destroyed." Segundo o professor israelense, o "Hebrew noun tihur (cleansing) assumed new meanings during this time period."
Novo significado de "limpeza", mas em sentido amplo. Além de passar a significar expulsão e destruição de uma cidade, passou a significar também outras atividades tais como operações de "caça" humana e expulsões.
O jornalista inglês Robert Fisk entrevistou vários palestinos refugiados no Líbano e Nimr Aoun, um dos dois sobreviventes do massacre em Saliha, contou o seguinte: when the Jewish army arrived, leaflets were handed over to villagers saying they would be spared if they surrendered, which they duly did. The area was surrounded by thirteen tanks (/other accounts speak of 10 armoured cars) and, while the villagers stood together, the Israelis opened fire." Ele sobreviveu, apesar de ferido, se escondendo sob cadáveres de amigos e familiares e depois se arrastando durante a noite, encontrando um burro e alcançando Maroun onde foi socorrido. Nimr Aoun contou também que The villagers were summoned from a crier to assemble in the village square in front of a mosque. Two Israeli officers sipped coffee as the locals gathered. The crowd was then asked to hand over their weapons, and then the Arabic-speaking officer turned to converse with his troops, after which machine guns on top of the armoured cars opened fire and killed some 70 villagers. The corpses were left to rot for four days, and then Israeli bulldozers came and piled them into the mosque, which was then blown up with explosives". Segundo Aoun, os moradores se alojaram precariamente nas imediações ou no sul do Líbano com parentes esperando que os para-militares israelitas partissem para poderem retornar às suas casas. Retorno que nunca conseguiram. Acabaram tendo de instalar-se em campos de refugiados no subúrbio de Shabriha em Tyr.
A carnificina foi tão grande que até um oficial do Haganah, Yoseph Nahmani, desabafou sobre seus líderes sionistas: Where did they come by such a measure of cruelty, like Nazis? Is there no more humane way of expelling the inhabitants than by such methods?'
Pelo jeito, não. Aprenderam a lição dos nazistas e a aprimoraram na "limpeza" da Palestina.
Assim terminou o ano de 1948. Com a Naqba de vento em popa e com os palestinos perdendo a Galileia, região preponderantemente cristã que caiu em mãos de pessoas sem nenhum respeito pelos sítios cristãos.


Nesse ano ainda houve uma sequência de operações militares mais ou menos bem-sucedidas contra os egípcios para o controle da Palestina.
Operation Shmone, no dia 9 de novembro.
Operation Lot: A fim de criar um corredor para o Mar Morto, esta operação que ocorreu do dia 23 a 25 de novembro foi possível por causa da conquista de Beersheba no mês anterior.
Operation Assaf: Operaçãozinha executada entre as duas grandes de Yoav e Horev para controlar o Negev.
No dim de 1948 o território palestino estava diminuído de dois terços.


Em 1949, apenas uma operação se ressaltou. Com muitas batalhas semelhantes à de 1948.
Operation UvdaUvda significa Fato em hebraico. Isto porque os israelenses queriam assegurar a posse, de fato, do sul do deserto do Negev, cuja propriedade a Jordânia reivindicava embora a ONU a houvesse presenteado a Israel ao fazer a partilha da Palestina.
Esta operação foi conduzida pela IDF dos dias 5 a 10 de março e foi a última da chamada Arab-Israeli War. Seu objetivo era capturar o que "lhe era devido".
Israel sempre se preocupou em lucro em todos os sentidos. Queria o que a ONU lhe havia dado sem ceder um milímetro do que era do Direito alheio ancestral e do Direito internacional propriamente dito. A Naqba aconteceu também por isso, pela cobiça sionista insasiável.
Nesse período, mais de 400 cidades palestinas foram despopuladas. Muitas delas foram completamente destruídas após serem pilhadas. (Blog de 15/05/11)


Norman Finkelstein explica o "armistício" de 1949

Documentário de Rawan Damen: Al Nakba  
II
In English, legendado em português (102'')

Depoimento de Uri Avnery, ex-para-militar do Hagannah, sobre estas operações militares israelenses.
1948
"One day, I hope, a "Truth and Reconciliation Commission", on the South African model, will be set up her, It should be composed of Israeli, Palestinian and international historians, whose job will be to establish what really happened in this country in 1948.
In the 60 years that have passed since then, the events of the war have been buried under layer upon layer of Israeli and Palestinian, Jewish and Arab propaganda. A quasi-archeological excavation is needed in order to expose the bottom layer. Even the eye-witnesses who are still alive sometimes have problems distinguishing between what they actually saw and the myths that have twisted and falsified the events almost beyond recognition.
I am one of the eye-witnesses. In the last few days, on the occasion of the 60th anniversary, dozens of radio and television interviewers from all over the world have been asking me to describe what actually happened. Here are some of these questions and my answers to them. (If I repeat things I have already written about, I apologize.)
- How was this war different from others?
First of all, it was not one war but two, which followed one another without a break.
The first war was fought between the Jews and the Arabs in the country. It started on the morrow of the UN General Assembly resolution of November 29, 1947, which decreed the partition of Palestine between a Jewish and an Arab state. It lasted until the proclamation of the State of Israel on May 14, 1948. That day marked the start of the second war - the one between the State of Israel and the neighboring countries, which threw their armies into the battle.
This was not a war between two countries for a piece of land between them, like the wars between Germany and France over Alsace. Neither was it a fratricidal struggle, like the American Civil War, where both sides belonged to the same nation. I categorize it as an "ethnic war".
Such a war is fought out between two different peoples who live in the same country, each of which claims the whole country for itself. In such a war, the aim is not only to achieve a military victory, but also to take possession of as much of the country as possible without the population of the other side. That is what happened when Yugoslavia broke up and when, not by accident, the odious term "ethnic cleansing" was born.
- Was the war inevitable?
At the time, I hoped until the last moment that it could be avoided (about that, later.) In retrospect it is clear to me that it was already too late.
The Jewish side was determined to establish a state of its own. This was one of the fundamental aims of the Zionist movement, founded 50 years earlier, and was strengthened a hundredfold after the Holocaust, which had come to an end only two and a half years before.
The Arab side was determined to prevent the establishment of a Jewish state in the country which they (rightly) considered an Arab country. That's why the Arabs started the war.
- What did you, the Jews, think when you went to war?
When I enlisted at the beginning of the war, we were totally convinced that we were faced with the danger of annihilation and that we were defending ourselves, our families and the entire Hebrew community. The phrase "There Is No Alternative" was not just a slogan, but a deeply felt conviction. (When I say "we", I mean the community in general and the soldiers in particular.) I don't think that the Arab side was imbued with quite the same conviction. That was their undoing.
This explains why the Jewish community was totally mobilized from the first moment on. We had a unified leadership (even The Irgun and the Stern Group accepted its authority) and a unified military force, which rapidly assumed the character of a regular army.
Nothing like this happened on the Arab side. They had no unified leadership, and no unified Arab-Palestinian army, which meant they could not concentrate their forces at the crucial points. But we learned this only after the war.
- Did you think that you were the stronger side?
Not at all. At the time, the Jews constituted only a third of the population. The hundreds of Arab villages throughout the country dominated the main arteries that were crucial to our survival. We suffered heavy casualties in our efforts to open them, especially the road to Jerusalem. We honestly felt that we were "the few against the many".
Slowly, the balance of power shifted. Our army became more organized and learned from its experience, while the Arab side still depended on "faz'ah" - the one-time mobilization of local villagers equipped with their own old weapons. From April 1948 on, we started to receive large quantities of light weapons from Czechoslovakia, which were sent to us on Stalin's orders. In the middle of May, when the expected intervention of the Arab armies was approaching, we were already in possession of a contiguous territory.
- In other words, you drove the Arabs out?
This was not yet "ethnic cleansing" but a by-product of the war. Our side was preparing for the massive attack of the Arab armies and we could not possibly leave a large hostile population at our rear. This military necessity was, of course, intertwined with the more or less conscious desire to create a homogeneous Jewish territory.
In the course of the years, opponents of Israel have created a conspiracy myth about " plan D", as if it had been the mother of ethnic cleansing. In reality that was a military plan for creating a contiguous territory under our control in preparation for the crucial confrontation with the Arab armies.
- Do you say that at this stage there was not yet a basic decision to drive all the Arabs out?
One has to remember the political situation: according to the UN resolution, the "Jewish state" was to include more than half of Palestine (as it existed in 1947 under the British Mandate). In this territory, more than 40% of the population was Arab. The Arab spokesmen argued that it was impossible to set up a Jewish state in which almost half the population was Arab and demanded the withdrawal of the partition resolution. The Jewish side, which stuck to the partition resolution, wanted to prove that it was possible. So there were some efforts (in Haifa, for example) to convince the Arabs not to leave their homes. But the reality of the war itself caused the mass exodus.
It must be understood that at no stage did the Arabs "flee the country". In general, things happened this way: in the course of the fighting, an Arab village came under heavy fire. Its inhabitants - men, women and children - fled, of course, to the next village. Then we fired on the next village, and they fled to the next one, and so forth, until the armistice came into force and suddenly there was a border (the Green Line) between them and their homes. The Deir Yassin massacre gave another powerful push to the flight.
Even the inhabitants of Jaffa did not leave the country - after all, Gaza, where they fled, is also a part of Palestine.
- In that case, when was the start of the "ethnic cleansing" you spoke about?
In the second half of the war, after the advance of the Arab armies was halted, a deliberate policy of expelling the Arabs became a war aim on its own.
For truth's sake, it must be remembered that this was not one-sided. Not many Arabs remained in the territories that were conquered by our side, but, also, no Jew remained in the territories that were conquered by the Arabs, such as the Etzion Bloc kibbutzim and the Jewish Quarter in the Old City of Jerusalem. The Jewish inhabitants were killed or expelled. The difference was quantitative: while the Jewish side conquered large stretches of land, the Arab side succeeded only in conquering small areas.
The real decision was taken after the war: not to allow the 750 thousand Arab refugees to return to their homes.
- What happened when the Arab armies entered the battle?
At the beginning, our situation looked desperate. The Arab armies were regular troops, well trained (mostly by the British), and equipped with heavy arms: warplanes, tanks and artillery, while we had only light weapons - rifles, machine guns, light mortars and some ineffective anti-tank weapons. Only in June did heavy arms start to reach us.
I myself took part in the unloading of the first fighter planes that reached us from Czechoslovakia. They had been produced for the German Wehrmacht. Over our heads "German" planes on our side (Messerschmitts) were fighting "British" planes flown by Egyptians (Spitfires) .
- Why did Stalin support the Jewish side?
On the eve of the UN resolution, the Soviet representative, Andrei Gromyko, gave a passionately Zionist speech. Stalin's immediate aim was to get the British out of Palestine, where they might otherwise allow the stationing of American missiles. A sometimes forgotten fact should be mentioned here: the Soviet Union was the first state to recognize Israel de jure, immediately after the declaration of independence. The US recognized Israel at the time only de facto.
Stalin did not turn his back on Israel till some years later, when Israel openly joined the American bloc. At that time, Stalin's anti-Semitic paranoia also became apparent. The policy-makers in Moscow were then of the opinion that the rising tide of Arab nationalism was a better bet.
- What did you personally feel during the war?
On the eve of the war, I still believed in a "Semitic" partnership of all the inhabitants of the country. One month before the outbreak of war I published the booklet "War or Peace in the Semitic Region", in which I propounded this idea. In retrospect it is clear to me that this was far too late.
When the war broke out, I immediately joined a combat brigade (Givati). In the last days before I was called up I managed - together with a group of friends - to publish another booklet, entitled "From Defense to War", in which I proposed conducting the war with a view to the nature of the subsequent peace. (I was much influenced by the British military commentator Basil Liddell Hart, who advocated such a course during World War II.)
My friends at the time tried very strongly to convince me not to enlist, so I could remain free for the much more important task of voicing my opinions throughout the war. I felt that that they were quite wrong - that the place of every decent and fit young man at such a time was in the combat units. How could I stay at home when thousands of my age-group were risking their lives day and night? And besides, who would ever listen to my voice again if at the crucial moment of our national existence I did not fulfill my duty?
At the beginning of the war I was a private soldier in the infantry and fought around the road to Jerusalem, and in the second half I served in the Samson's Foxes motorized commando unit on the Egyptian front. That allowed me to see the war from dozens of different vantage points.
Throughout the war I wrote up my experiences. My reports appeared in the newspapers at the time and were later collected in a book entitled "In the Fields of the Philistines, 1948" (which will soon appear in English). The military censors did not allow me to dwell on the negative sides, so immediately after the war I wrote a second book called "The Other Side of the Coin", disguised as a literary work, so I did not have to submit it to censorship. There I reported, inter alia, that we had received orders to kill every Arab who tried to return home.
- What did the war teach you?
The atrocities I witnessed turned me into a convinced peace activist. The war taught me that there is a Palestinian people, and that we shall never achieve peace if a Palestinian state does not come into being side by side with our state. That this has not yet happened is one of the reasons why the 1948 war is still going on to this very day." Uri Avnery, 10/05/2008


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