domingo, 8 de junho de 2014

Guerra ou Paz, that is the question

What a terrible thing war is, what a terrible thing!”
"Que coisa horrível é a guerra, que coisa horrível!"
Liev Nikolayevich Tolstói, em Guerra e Paz

"What is the cause of historical events? Power. 
What is power? Power is the sum total of wills transferred to one person. 
On what condition are the will of the masses transferred to one person? 
On condition that the person express the will of the whole people. 
That is, power is power. That is, power is a word the meaning of which we do not understand.” LNT
"O que causa eventos históricos? O poder.
O que é poder? Poder é a somatória de vontades transferidas para uma pessoa.
Em que condição as vontades das massas são transferidas para uma pessoa?
Na condição que esta pessoa exprima o desejo de seu povo todo.
Isto é, poder é poder. Isto é, poder é uma plavra cujo significado não entendemos." 

O mês de maio na Europa foi o de comemoração do Armistício da Segunda Guerra Mundial. As comemorações se estenderam até junho, quando os líderes dos países vitoriosos e vencida (a Alemanha e sua representante, Angela Merkell, admirável de dignidade ) se encontraram na França para celebrar o desembarque estadunidense na Normandia em 1944. No ano seguinte seria a infantaria russa que "salvaria a pátria" na frente oriental liberando os campos de concentração e chegando até Berlin, enquanto os aliados bombardeavam, do alto. 
Estes eventos me lembraram a mini-série alemã Unsere Mütter, Unsere Väter - Nossas mães, Nossos pais, que recomendo com entusiasmo. A quem ainda não assistiu, foi internacionalizada com o prefixo "Generation War" e foi passada na BBC, portanto pode ser baixada em algum site em VO com legenda em inglês e talvez até em espanhol.
Os filmes hollywoodianos sobre o assunto acabam me irritando por causa da romantização da guerra, do heroismo dos protagonistas, e do maniqueísmo insuportável que induz a crença que os Estados Unidos são o berço de soldados bravos que saem ao socorro dos necessitados a fim de proteger sua liberdade e a liberdade alheia com um altruísmo sem falhas.
É de amargar.
Mas o que mais me horripila é Hollywood incutir nos jovens a ideia errônea que apesar da violência (horrenda), há nobreza em guerra.
Não há.
Não há nenhuma nobreza em nenhuma em guerra.
Toda guerra é vil e todos os envolvidos, civis e militares, acabam cometendo no mínimo uma vileza que atormentará, quem tem consciência, a vida inteira.
Tirar a vida de outrem é anti-natural. Matar tem consequências até nos bandidos. Deixa sequelas indeléveis, às vezes invisíveis, e mesmo quando não são claramente nocivas ao que cometeu o crime ou à sociedade em que vive, prejudicam a pessoa ou outrem de maneira furtiva. 
Há uma frase chave no seriado (trailer abaixo), pronunciada por um jovem poeta que vira soldado, que define a verdade absoluta e irrefutável: Guerra desperta em cada pessoa o que ela tem de pior, seus piores sentimentos e o pior de sua personalidade. Guerra é o palco de situações de stress, conflito, perigo iminente elevados à potência máxima em comparação aos quais se vive no quotidiano levemente - e que mesmo em dose baixa, regulada, já revelam coisas más de si-mesmo, lá dentro. 
Revelar o que a pessoa tem de pior é a primeira e última verdade sobre guerra. O que vem no meio de ambas é o recheio de açõezinhas desumanas que desumanizam quem as comete e quem as sofre, de maneira diferente.
É por isso que Tony Blair e George W. Bush deveriam estar sendo julgados no Tribunal de Háguia, em vez do ex-Primeiro Ministro inglês estar pleiteando a presidência da Europa. Shame on him! Com o poder limitado que tinha em seu país cometeu um crime bárbaro destruindo o Iraque, imagine com o poder da Europa! Shame on him e em quem lhe paga (e a outros ex-) uma fortuna para palestrar. Que eu saiba, dirigir um país não dá nenhuma cultura e nenhum conhecimento do mundo. 

"I hate war as only a soldier who has lived it can, only as one who has seen its brutality, its futility, its stupidity." Dwight Eisenhower

Pois é, Barack Obama assumiu o governo dos Estados Unidos esquecido desta frase do ex-presidente Eisenhower. Ganhou um Nobel da Paz precipitadíssimo, baseado só em sua origem étnica e em promessas, e continuou as guerras. Indiretamente, como no Iraque; diretamente, como no Afeganistão; financeira e discursivamente, como na Síria e na Ucrânia; tecnologicamente, como nos drones armados que matam civis e "terroristas" aqui e acolá; cinematograficamente, oferecendo os meios do Pentágono à propaganda subliminar estadunidense através dos filmes holywoodianos; espionando, furtando segredos industriais de seus aliados; fomentando desordem em países em que o governo o desobece, como no Brasil, Turquia, Ucrânia, e outros mais em que a juventude vive grudada em redes sociais.
Os Estados Unidos não aprenderam nenhuma lição das guerras que fomentaram, nem das que monitoraram na calada, nem das que participaram.
Ou melhor, aprenderam da Segunda Guerra uma lição amoral: que guerra lhes traz prosperidade.
Mas isto não é lição nem aprendizado.
Dito isso, se eu fosse estadunidense teria votado em Barack Obama nas duas vezes em que foi candidato. Pois nos Estados Unidos, geopoliticamente, trata-se sempre de escolher entre dois males, e nesses casos, a pessoa com alguns valores humanistas e comprometida com multinacionais menos nocivas, que causam menos mal ao mundo. Pois o nosso problema é a relação deles com o mundo. Política interna é problema deles, só deles. Como deveriam ser nacionais os problemas dos países nos quais eles se metem mergulhados em devaneios. Como gostam de seara alheia!
(E agora, para completar, se meteram a cobrar, como a Máfia, de empresas financeiras estrangeiras que comercializam em dólar com países que eles, os Estados Unidos, bloqueiam. É de amargar. Agora perderam a ombridade e partiram para a bandidagem econômica. Se a multa ao banco BNP Paribas francês vingar, a chantagem vai ser um tiro no pé que vão pagar caro. É um precedente que vai levar o mundo inteiro, sobretudo os BRICs a pensar: mais cedo ou mais tarde vai sobrar pra nós... é melhor começarmos a negociar em outra moeda... E aí a jurupoca vai piar. Pois o crescimento estadunidense de 3% é uma quimera. Crescimento de um país que em cinco anos aumentou mais sua dívida pública em mais de 30%- de 12 a 16 trilhões de dólares! É brincadeira. O leão invisível é uma recessão da pesada. Quanto mais cedo se mudar a moeda comercial internacional, melhor será.
O franco suiço seria o ideal. Moeda estável em um país apolítico onde o dinheiro não tem cor, nem religião, nem raça, só valor comercial.
A mudança de moeda comercial me faz lembrar outra agressão mais do que desnecessária que destruiu um país inteiro e desestabilizou os vizinhos por causa de ganância gringa. A do Iraque. A razão invisível da invasão do país e da execução de Saddam Hussein era que ele estava mobilizando a OPEP para que deixassem de negociar o petróleo em dólar. E sem a moeda como valor de câmbio internacional, os Estados Unidos desmoronam na hora. (Com a chantagem ao BNPP vão começar outra guerra, esta, economico-financeira que perderão a médio prazo e aí terão de parar as demais.)

A única ação positiva que Obama fez (ou está fazendo sem fazer) desde que está no governo foi sucumbir à pressão de seus dois "segundos" católicos - vice-presidente Joe Biden e secretary of state John Kerry - e fazer ouvidos moucos a Binyamin Netanyahu, à AIPAC, e reconhecer, "com restrições", é claro! timidamendo, o novo governo de união Fatah e Hamas recém-formado.
Se Obama não fosse negro eu poderia usar nossa expressão banal "macaco está virando gente". Mas neste caso não posso porque apareceria alguém para dizer que é racista. Mas não é. Gente é gente. Macaco é animal. Quem mistura os dois é que tem problema.
O problema maior dos Estados Unidos é que seus presidentes dizem coisas tão inverossímeis e absurdas que nós jornalistas, e o leitor consciente, ficam boquiabertos com a sem-vergonhice. Quando é bobagem, a gente só ri. Mas quando leva a conflito inter-Estado, como agora, com esta questão ucraniana, dá vontade de dizer pra tomarem vergonha na cara e pararem de brincar de guerra só pra ganharem mais uns tostões furados que só vão adiar sua queda.
Para pessoas de bom senso, era óbvio que a Normandia era o lugar ideal para um encontro "improvisado" entre os presidentes da Rússia e da Ucrânia (ocorrido e bem sucedido) e os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos que incentiva o conflito. Mas não.
O medo que Obama tem Putin é tanto que transformou-se em ogeriza destrutiva. Em vez de buscar o diálogo e aceitar a aproximação da diplomacia moscovita, primeiro Obama encontrou Petro Poroshenko em Warsóvia, capital do país que o Kremlin considera vital à sua segurança, já que todas as vezes que a Rússia foi invadida o exército inimigo entrou pela Polônia.
A visita em si já foi uma provocação totalmente desnecessária e mal-vinda.
E lá, o que ele diz ao recém-eleito presidente de um país dividido, em chamas e que precisa urgentemente dialogar com Moscou (além das promessas de mundos e fundos para que os poloneses os deixem instalar base militar lá)?  
Ele diz, Russia is a bully.
E não para aí. Faz pose de John Wayne em pele de George Clooney e quer dar lição de moral, falando em anos negros do século XX. Peraí, Vietnã, Iraque, Palestina, ditaduras na América Latina, Guantánamo, Líbia, e a própria Ucrânia! Quem foi mesmo o patrocinador e protagonista dos horrores de tudo isso?
O comportamento que caracteriza a memória seletiva da Casa Branca exige que eu introduza duas frases de mais um escritor. Desta vez um francês do século XVII, François de la Rochefoucauld: L'hypocrisie est un hommage que le vice rend à la vertu - A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude. La vérité ne fait pas tant de bien dans le monde que ses apparences y font de mal - A verdade não faz tão bem ao mundo quanto sua aparência faz dano.
Em um mundo ideal, o sujo, imundo, não falaria do mal lavado. Sobretudo por próprio interesse militar de controle do ainda não conseguiu controlar no mundo.

Voltando ao Generation War, os três episódios mexeram comigo não apenas por causa da relatividade da História e da estória de cinco amigos - despedem-se no início da guerra marcando encontro para o Natal do mesmo ano quando celebrariam juntos a vitória, a expansão territorial, a erradicação dos povos e dos males que os sufocavam para implantarem o Grande Reich do qual um futuro redourado da Alemanha dependia. Conforme a propaganda nazista.
A emoção veio da história, dos fatos, do dia a dia, da brutalidade que transforma seres humanos em animais. Do horror de ver os sonhos individuais de cinco jovens diferentes unidos pela amizade, cheios de vida e de planos para um futuro recente, se transformarem em máquinas de guerra, pura e simplesmente. Pior do que isso, bucha de canhão, para os soldados, bestas enviadas ao matadouro por um homem, um único homem, que dava ordens horríveis a outros homens que as executavam.
Não consigo entender como alguém, como um governante, como uma população, opte pela guerra em vez do diálogo. É incompreensível. É intolerável. É injustificável.
E é claro que em um mundo de pessoas eminentemente éticas, as ordens cruéis, de líderes desnaturados, não seriam executadas - como faziam os soldados cristãos no início do cristianismo na clandestinidade - e os warmongers que governam teriam de sentar e negociar em vez de assassinar estrangeiros e compatriotas. Pois como diz o grande Tolstói em seu Guerra e Paz que conta a história da violenta invasão napoleônica da Rússia e a relatividade histórica: "To us, it is incomprehensible that millions of Christian men killed and tortured each other because Napoleon was ambitious or Alexander was firm, or because England's policy was astute or the Duke of Oldenburg was wronged. We cannot grasp what connection such circumstances have with the actual fact of slaughter and violence: why because the Duke was wronged, thousands of men from the other side of Europe killed and ruined the people of Smolensk and Moscow and were killed by them.”
O resultado dessa obediência anti-natural de jovens educados para respeitar a vida é o desastre pós-guerra. Como por exemplo a do Afeganistão, uma guerra contemporânea à qual muitos países ocidentais se solidarizaram obrigados para pagar justamente a dívida contraída com os EUA na Segunda Guerra Mundial. Só a Austrália perdeu mais soldados em solo nacional, por suicídio em trauma pós-guerra, do que no terreno, em combate.
Não há nada de romântico em guerra. Daí a importância de uma obra de ficção próxima da realidade. Ninguém sai de guerra sem sequela. Nem os que brincam de guerra eletrônica de olhos vidrados.

Cada pessoa que assiste ao Generation War vê o seriado de uma maneira.
Meus colegas ingleses, acostumados a analisar eventos, primeiro se indignaram com a "humanização" dos soldados e dos cidadãos alemães que foram cúmplices ativos ou passivos do nazismo. Em seguida, eles se perguntaram se ao analisar a História não cometiam o mesmo erro de carregar na tinta ao pintar o inimigo e romantizar ao falar sobre o seu lado. Atitude louvável.  
Quanto a mim, brasileira e de uma geração em que a Segunda Guerra foi aprendida na escola com uma ótica do vencedor, à qual o Brasil estava aliado, eu vi no seriado um testamento de repetição histórica.
Como a estória é contada por um dos rapazes, tenente da Wehrmacht - exército alemão, ela mostra a tática nazista transposta ao terreno dos soldados. A estratégia política implementada pelos militares que cumprem as ordens primeiro recalcitrantes e com o passar do tempo e do desgaste físico e moral, como máquinas.
...“Millions of men, renouncing their human feelings and reason, had to go from west to east to slay their fellows, just as some centuries previously hordes of men had come from the east to the west slaying their fellows.” LNT  
Minha emoção, o aperto no peito, não veio por causa do passado e sim por causa do presente. De ver a história do filme se repetindo na minha frente desde a década de oitenta do século XX, apenas quatro após o fim da Segunda Guerra. Apenas.
... “Each man lives for himself, uses his freedom to achieve his personal goals, and feels with his whole being that right now he can or cannot do such-and-such an action; but as soon as he does it, this action, committed at a certain moment in  time, becomes irreversible, and makes itself the property of history, in which is has not a free but a predestined significance. ” LNT  
Os cinco amigos poderiam ser cinco rapazes e moças israelenses em 2014. Com a diferença que todos iriam para o mesmo lugar, oprimir a mesma gente.
A propaganda nazista, publicada no Mein Kampf, que os alemães liam e em cujo autor, Adolf Hitler, acreditavam como se fosse deus encarnado, lembra a propaganda sionista pregada por Avigdor Lieberman, pela AIPAC, e incrementada por Binyamin Netanyahu, Edhu Barak, Shimon Peres, e outros da mesma laia que governa Israel década após década praticando coisas abomináveis.
Por ter visitado Auschwitz, ter sido uma boa aluna de História de Geopolítica, já desconfiava desta semelhança histórica. Vendo a história contada pelos alemães minhas suspeitas se confirmaram: os israelenses aprenderam com os nazistas e seguem sua prática à risca na Palestina.
É terrível. É o presente que machuca, que maltrata. O passado só deveria servir de ensinamento construtivo.
Em um mundo em que a moralidade fosse praxe.

It was necessary that millions of men in whose hands lay the real power - 
the soldiers who fired, or transported provisions and guns - 
should consent to carry out the will of these weak individuals...”  LNT

Generation War retrata a mentalidade da época e a execução das ordens no terrenos.
Primeiro a paranóia de que os judeus como um todo religioso eram os maiores vilões e se Hitler não agisse eles destruiriam seu país e o futuro dos alemães - como vêm fazendo os governos sucessivos de Israel com a propaganda do "perigo intrínseco que os palestinos representam".
Segundo, as invasões dos países vizinhos não-arianos cujos campos e cidades garantiriam prosperidade à Alemanha com o grande Reich abrindo as perspectivas de expatriação em formas de mini-colônias nos territórios ocupados pela força das armas - como fazem os israelenses na Ocupação, como se os palestinos fossem peões removíveis, descartáveis, para a raça superior ocupar suas terras ancestrais e fazê-las prosperar para os israelitas que merecem sempre mais, devido à sua superioridade.
Terceiro, a destruição de residências com propósito de intimidação e de limpeza de campo visual. Os nazistas queimavam as casas com as famílias dentro. Os israelenses as abocanham com os Bulldozers com o mesmo propósito e sem o menor constrangimento.
The strongest of all warriors are these two - Time and Patience.” LNT
Quarto, a duração de uma guerra além da previsão temporal e acima do limite de renovação de tropas. Na Alemanha nazista, foi a sucessão de mortes que levou ao recrutamento de meninos de até 13 anos - Em Israel estão indo mais longe; com a queda no recrutamento dos jovens judeus-israelenses, estão pressionando os cristãos palestino-israelenses a ingressarem na IDF para matarem seus parentes do outro lado da Linha Verde. A diferença é que os meninos alemães estavam intoxicados pela propaganda nazista e nela acreditavam piamente, enquanto que os cristãos árabes-israelenses têm notícia do que a IDF faz com seus familiares na Cisjordânia e na Faixa de Gaza (não tanto pela mídia israelense, pelo que filtra dos territórios palestinos ocupados e pelo que lhes contam os padres) e por isso objetam a contribuir com a raiz real dos males regionais.
Quinto, a espera, a fome, a sede, o cansaço e a impunidade que transformam rapazes bem criados em ladrões, predadores, bandidos uniformizados. Os soldados da Wehrmacht pilhavam os lares poloneses e russos para se alimentarem. Os soldados da IDF pilham os lares palestinos para a IDF economizar e levam "lembranças", se instalam à vontade e depredam a moradia da família, de passagem.
Sexto, a visão nazista dos judeus serem uma sub-raça desprezível que merecia ser extinta. Como os sionistas consideram os palestinos; " animais", como dizem, ou simples objetos em um espaço que os ocupantes querem vagar para seus "elevados" co-religionários judeus se instalarem.  

"The same question arose in every soul: 
"For what, for whom, must I kill and be killed?" LNT

E por último, os alemães começaram a guerra com auto-estima elevada, impulsionados pela pseudo-nobreza de sua tarefa, e com o passar dos meses, dos anos, se depararam com a inutilidade e bestialidade de seus atos e com a consciência do julgamento que os esperava por tamanha barbaridade - os russos morriam aos milhões em todas as frentes de combate, mas avançavam, avançavam, pois defendiam sua terra e lutavam por sua liberdade, e por ondem os alemães passavam semeavam ressentimento, ódio, desastre.
Exatamente como a primeira geração de israelenses que começou lutando por um Estado, por valores que consideravam válidos, e depois disso vieram os das gerações seguintes que lutam por objetivos vergonhosos que os diminuem a seus próprios olhos e fazem com que os estrangeiros os desprezem.    
Até o uso da chantagem para garantir uma rede de espionagem de irmão contra irmão deve ter sido importada dos campos de concentração. Pois em guerra é assim. No final das contas, todo mundo quer salvar a pele e todo mundo espera que o companheiro de armas, o vizinho do lado, receba a punição ou a bala, em seu lugar. E no final do dia, o que se quer mesmo é estar vivo e de barriga cheia.
O instinto de preservação individual e dentro do grupo é humano, apesar da desumanidade intrínseca à sua aplicação em situações extremas. Os judeus não são exceção. Os palestinos também não. 
É uma minoria, mínima, que preserva a integridade absoluta em quaisquer situações de ameaça e perigo.
Os outros 99,9 por cento se rendem à expectativa alheia e às suas próprias fraquezas. É humano, dizem. Os que recuperam sua humanidade a posteriori têm problema de consciência e tentam redimir o mal causado. Foi o que fez a sociedade alemã no pós-guerra.
É o que fazem os reservistas da IDF Breaking the Silence.

A man's every action is inevitably conditioned by what surrounds him and by his own body.” LNT

Neste domingo, 08 de junho, Mahmoud Abbas e Shimon Peres estão no Vaticano a convite do Papa para uma "oração" conjunta. 
Como se sabe, o Presidente de Israel não tem nenhum poder concreto, concentrado nas mãos do Primeiro Ministro. Ou seja, nas mãos do ogro Binyamin Netanyahu que está longe de aprovar qualquer processo de conciliação que obstacule seus projetos de limpeza étnica. Portanto, Shimon Peres foi ao Vaticano cumprir seu papel de relações públicas e não de interlocutor político. Em suma, um golpe publicitário de demonstração de " boa vontade" enquanto Netanyahu dá a resposta violenta sionista ao governo unificado palestino: A construção de mais 1.500 unidades de colonização em invasões/"assentamentos" judeus na Cisjordânia. Se não fosse tão espertinho, Shimon Peres poderia ser chamado de fantoche. Não pode. Fantoche não tem vontade. Peres tem, a sionista, a de Netanyahu, embora venda imagem contrária.
Every reform by violence is to be deprecated, because it does little to correct the evil while men remain as they are, and because wisdom has no need of violence.” LNT
O Presidente da Autoridade Palestina é outra história. Estava enfraquecido, mas fortaleceu-se com a nova composição do governo unitário. A reaproximação do Fatah e Hamas, ou seja, a reunião da OLP (Organização da Libertação da Palestina, que Yasser Arafat encabeçava) como era no início, reforça sua autoridade. Contanto que não se deixe intimidar por Netanyahu e seus cúmplices e volte atrás.
O segundo passo são as eleições marcadas para o fim do ano. Cruciais.
O terceiro é a eleição de Marwan Barghuti à Presidência. O verdadeiro herdeiro de Yasser Arafat. O homem que canaliza o respeito de todas as facções militares e de todos os partidos palestinos. O homem que o próprio Desmond Tutu chama de Nelson Mandela palestino. (Eu, pessoalmente, acho Barghuti melhor, pois embora seja consensual e tenha se tornado pacifista após militância ativa na resistência militar quando dirigia o Tanzim - braço armado de Abu Ammar (Yasser Arafat) e do Fatah - não tem rabo preso em nenhum lugar e não sente necessidade de agradar sempre.)
Aí, os problemas da ocupação serão resolvidos na marra ou calmamente.
Aí palestinos e israelenses viverão lado a lado, se entre-ajudando, como bons vizinhos. Olhando pra frente.
A extensão das colônias, a imigração de "bons judeus religiosos" para a Jerusalém ocupada, são gestos que o "moralista" Barack Obama, tão bonzinho, deveria condenar e deixar a ONU agir mandando soldados para derrubar o muro construído além da Linha Verde, evacuar os invasores, e fazer Israel respeitar as leis internacionais.
Aí o mundo diria: Rogue State of Israel, nunca mais! Viva a paz de israelenses e palestinos vivendo lado a lado, de um lado e de outro, submetidos às leis do Estado em que estão instalados!
Paz, até outro povo desmemoriado, em outro lugar, repita a História errada.

It seems as though mankind has forgotten the laws of its divine Saviour, Who preached love and forgiveness of injuries, and that men attribute the greatest merit to skill in killing one another.” LNT

Talvez eu tenha resolvido fazer essa digressão sobre guerra neste domingo também por causa da visita do Papa ao Oriente Médio.
Antes de falar nisso, abro parênteses para voltar a citar Tolstói: Como há caras repulsivas no mundo! Para mim, até 2006, as mais repulsivas eram as de Augusto Pinochet e Ariel Sharon. Tony Blair e George W. Bush seguiam, mas com menos veemência porque cometem o mal por ambição, ignorância e não por maldade intrínseca. Penso.
Depois de 2006, continuo com aversão à cara de Tony Blair e outros de então, como Avigdor Lieberman, Shimon Peres, etcétera. A de Binyamin Netanyahu é a pior.

A visita do papa Francisco a Israel e à Jerusalém ocupada só confirmou o mau-caratismo do Primeiro Ministro israelense. Obrigar o Papa a prosternar-se no memorial às vítimas de atentados da resistência palestina foi um golpe baixo indígno até de indivíduos de seu naipe.
Porém, Abu Mazen (Mahmoud Abbas) recebeu Francisco como um amigo, emocionado e sorridente. Portanto, quando Netanyahu forçou a barra o bem já fora feito e não havia como apagar a imagem da parada espontânea de Francisco no "muro da vergonha", "muro do  apartheid, que corta Belém como uma jararaca.

Francisco quebrou o protocolo e fez seu terceiro gesto político em favor da Palestina fazendo uma pausa para meditação diante do muro. E não em qualquer lugar. No pedaço em que estava pichado Free Palestine, do lado de uma menininha com a bandeira hasteada. A imagem seria mostrada rapidamente nas telinhas e gravada e exposta em todos os jornais do mundo que não são controlados pelo lobby pro-ocupacionista. Na Inglaterra foi capa até do Financial Times. Na França, de nenhum dos grandes jornais... No Brasil não sei se algum editor foi autorizado a publicá-la com destaque...

O primeiro gesto político do Papa foi ir a Belém diretamente de Amman, sem passar por Tel Aviv como fazem todos os chefes de Estado e tinham feito outros papas. 
Francisco teve coragem de fazer o gesto político, simbólico e de peso, de chamar e tratar a Palestina como Estado. Teria sido mais contundente se em Israel só tivesse ido ao muro das lamentações e ao monumento ao holocausto, mas seu amigo argentino-rabino deve ter usado sua influência para que agradasse a gregos e troianos.
De qualquer jeito, foi um comportamento cristão. Mas foi claro que o Papa tomou o partido do presente. 

A Segunda Guerra, o holocausto, fazem parte do passado do qual os mea culpa nunnca acabam e parecem nunca bastar. O presente abominável é a ocupação da Palestina e a repetição da História da vítima virando algoz e se condenando à instabilidade.
A luta de hoje é contra a ocupação, o muro do apartheid e a limpeza étnica não mais na Europa e sim na palestina, diária, posta na prática por pessoas que se dizem religosas. 
Nesta história contemporânea de ocupação, como nas precedentes, todo mundo perde. O ocupado, que sofre dia e noite e resiste; e o ocupante que se auto-condena a viver em sobressalto e empenha sua alma no processo de usurpação.

Não vou jogar pedra no Francisco por ele ter agradado os israelenses, embora eu não gostaria que tivesse feito nem que fizesse, porque fez mais do que todos os chefes de Estado que visitaram a região fizeram. Inclusive Barack Obama, François Hollande e nossos presidentes. 
Ao se referir aos territórios ocupados desde 1967 como Palestina, o Papa afirmou publicamente o estatuto conferido pela ONU em 2012. Estatuto que foi, reiterada e raivosamente, rejeitado por Tel Aviv e Washington - onde ninguém se lembra da frase sábia de Dwight Eisenhower: Peace and justice are two sides of the same coin.
Como seria bom que lembrassem. O reconhecimento, de fato, sem chantagens, do atual governo palestino unitário e o respeito ao resultado das futuras eleições seriam um primeiro passo, largo.
Já falei em um blog anterior sobre a verdadeira teoria sionista de Theodor Herzl, portanto hoje cedo a palavra a Uri Avnery, tão surpreendido quanto eu com esta parada do Papa, para explicar quem foi ele e o que era seu "sionismo", de fato. Depois continuo embaixo.


"During his short visit to Israel, Pope Francis laid a wreath on the grave of Theordor Herzl. That was not a usual gesture. Foreign heads of state are obliged to visit Yad Vashem, as did the Pope, but not the grave of Herzl. It is not like the Tomb of the Unknown Soldier in Paris.  
So why Herzl’s grave? 
Obviously, this gesture was intended to emphasize the Zionist character of the state.
Herzl was the founder of modern political Zionism. He is officially called “the Visionary of the State”. His is the only picture decorating the Knesset plenum hall. If we had saints, he would be St. Theodor.
Probably, Francis did not give another thought to this gesture. If so, it’s a pity. The Argentine Pope could have found a lot of interest in this colorful Viennese journalist and playwright.
Because if Herzl had had his way, Francis would have been greeted by President Peres and Prime Minister Netanyahu in Spanish. He would have honored Herzl’s grave in the Jewish State somewhere south of Buenos Aires.
If Francis had never heard of this episode, he is not the only one. The vast mass of Israelis has not either. It is not taught in Israeli schools. It is hidden rather shamefully.
Israelis know about “Uganda”. Shortly before his early death, Herzl was invited by the British government to implement his ideas in part of British East Africa (actually, it was the Kenyan highlands, a plateau with a mild climate, which later became a part of Kenya.)
By that time, Herzl had despaired of getting Palestine from the Turkish Sultan. The Kenyan project, which could be implemented at once, attracted him and his main supporter, Max Nordau, who advised him to take it at least temporarily, as a “night asylum”.
But the Russian Zionists, the bulwark of the movement, rebelled. Palestine or nothing. Herzl was overruled by his admirers and died soon after of a broken heart, it was said.
This episode is well known. Much has been written about it. Some would say that if during the 1930s a Jewish Commonwealth had existed in Africa, many European Jews could have been saved from the Nazis.
But the Argentine chapter has been erased. It did not fit the image of the Visionary of the State on the walls.
Herzl's long trek to Zionism started when, as a Hungarian-born Jewish student in Vienna, he encountered anti-Semitism. His logical mind found the answer. Being a playwright, he described the scene: all Austrian Jews, except himself, would march in an orderly fashion to the Cathedral and convert en masse to Catholicism. The pope would have been enthusiastic.
However, Herzl soon learned that neither would the Jews accept baptism (“the Jews are afraid of water,” Heinrich Heine once joked), but the nationalist Goyim did not dream of accepting them into their ranks. How could they? Jews were everywhere, in many different countries, so how could they sincerely join any national movement?
That’s when Herzl had his historic insight: if the Jews could not join any of the national movements that were mushrooming in Europe, why shouldn’t they constitute themselves as a separate, new-old nation?
For Herzl, that was a sober, rational idea. No God involved, no Holy Scriptures, no romantic nonsense. Palestine did not enter his mind. Nor had he any interest in the religious fantasies of Christian Zionists in Britain and the US, like Alfred Balfour.
Herzl’s project was fully completed, up to the smallest detail, and written down in the brochure that became the Zionist Bible “Der Judenstaat”, before he even started to think seriously about the place where it should be realized.
The pamphlet started as a speech he made to the “family council” of the Rothschilds, the richest Jews on earth. He expected them to finance the project.
The text is immortalized in his Diaries, a very well-written document covering several books. On page 149 of the first book of the original German print, after explaining his plans, he remarks that “I can tell you everything about the ‘promised Land’ except its location.” This will be left to a conference of outstanding Jewish geographers, who will decide where to set up the Jewish state, after examining all the geological, climatic, “in short, the natural circumstances, taking into account the most modern investigations”. It is a “purely scientific” decision to make.
In the end, when the pamphlet came out under the title “Der Judenstaat”, the location was almost ignored. Less than a page was devoted to it, under the expressive title: “Palestine or Argentina?”
Herzl clearly preferred Argentina. The reason for this has also been forgotten.
A generation before Herzl, Argentina consisted mainly of the north of the country, around Buenos Aires. The vast south, called Patagonia, was almost empty.
At the time, Argentina started a campaign of conquest, that many today consider genocidal. The indigenous pre-Columbian population, including a tribe of “giants” (two meters tall) was annihilated or pushed out. That was called, almost in Zionist fashion, “the desert campaign”.
Such genocidal campaigns were at the time quite usual. The US ran one against the “red Indians”. The Germans committed genocide in today’s Namibia, and the mass-murderer was feted in the Kaiser’s Germany as a national hero. The King of the Belgians did something similar in the Congo.
What Herzl saw with his mind’s eye was a huge new country more or less empty, just waiting to be turned into a Jewish state. He thought that the Argentine government would give it up for money. The remaining local population could be pushed out or enticed to move somewhere else, but “only after they had exterminated all wild animals.”
(Anti-Israeli propagandists use this sentence as if it was aimed at the Palestinians. That is quite untrue. Herzl could not possible have written such a thing about Palestine as long as the Muslim Caliph was the sovereign of the country.)
...Herzl detested Palestine. Most of all he detested Jerusalem.
Curiously enough for the prophet of Zionism, he long refused to visit Palestine. He crisscrossed Europe from London to St Petersburg, from Istanbul to Rome, in order to meet the Great of the World, but did not set foot in Jaffa until he was practically compelled by the German Kaiser.
Wilhelm II, a romantic and rather unstable type, insisted on meeting the Leader of the Jews in a tent near the gates of Jerusalem. It was in November, the mildest month in this country, but Herzl suffered terribly from the heat, especially as he would not take off his heavy European suit.
...Herzl fled the town and the country as quickly as he could. The Holy City, for which his successors are today ready to shed much blood, looked to him ugly and dirty. He escaped to Jaffa, and there climbed in the middle of the night onto the first available ship going to Alexandria. He claimed to have heard rumors about a plot to kill him.
All this could have been food for the pope’s reflections, if he had been focused on the past. But Francis lives in the present and held out his arms to the living, especially the Palestinians.
Instead of entering the land through Israel, like everybody else, he borrowed a helicopter from King Abdallah II and flew directly from Amman to Bethlehem. This was a kind of recognition of Palestinian statehood. On his way back from Bethlehem to the helicopter, he suddenly asked to stop, went up to the occupation Wall and laid his hands on its ugly concrete, as his predecessors had done at the Western Wall. His prayer there could only be heard by God.
From there the pope flew to Ben-Gurion airport, as if he had just arrived from Rome. He marched on the red carpet between Peres and Netanyahu (since neither of the two would cede the honor to the other).  I don’t know what the pope found to talk about with this shallow duo, but I would surely have enjoyed listening in to a conversation between the two intelligent Argentinians, Francis and Herzl."

"The majority of people paid no attention to the general course of events 
but were influenced only by their immediate personal interests.” LNT

Pois é, como disse Uri, ao nomear a Palestina com nome prório e alto, o Papa afirmou a nação como uma realidade moral que tem de ser endossada por todos os países e pessoas de boa vontade - os cristãos de porta-estandarte. Apelou claramente para uma solidariedade global em torno dos palestinos e seus direitos fundamentais.
Sua parada no muro do apartheid foi um momento dramático para quem lá estava. Era como se o desejo de todos os palestinos, vivos e assassinados, e também, porque não dizer, do desejo da maioria absoluta dos repórteres que cobrem este conflito amoral, houvesse se materializado por intervenção divina. Foi um momento pungente. Desses momentos raros na vida de um repórter. O de estar diante da História.
É a primeira vez na vida que uso esta palavra "pungente" fora do Hino, mas foi a primeira que me veio à mente; a mais adequada à estranha sensação de concretização de um anseio que por parecer inacessível nem é verbalizado, só de brincadeira, entre colegas, entre amigos. E se...!
Pois bem, e se...! Foi. Aconteceu de repente, num piscar de olhos, de maneira surpreendente.
A interrupção imprevista do cortejo, a parada na frente do muro, à distância ideal para a foto dentro do contexto em que o muro foi feito, seguida da oração com a cabeça baixa, encostada no cimento armado que separa Belém de Jerusalém, a mão apoiada neste cimento frio, a perder de vista, que é em si a odiada metáfora da crueldade israelense, da ilegalidade, da opressão do forte sobre o fraco,...
Enfim, a sequência de todos estes gestos espontâneos inspirados pelo Ser que Francisco representa na terra foi uma contribuição indelével da legitimidade da guerra justa, válida, a da resistência não-violenta pela emancipação que o Movimento Nacional Palestino espalhou pelo mundo e que o mundo vem abraçando através do boicote cidadão e da pressão sobre seus governantes sempre que possível.
Acho que nestas mais de três décadas de exercício jornalístico, de testemunho de conflitos, nunca vivi uma epifania semelhante a esta.

O papa Francisco reconhece seu dever e a importância da herança que recebeu  e da confiança que pelo menos um bilhão e duzentos milhões de católicos depositam nele.
Ele vem levando aos católicos, e também às outras centenas de milhões de protestantes, enfim, a todos os cristãos, a consciência dos tormentos que afligem o mundo contemporâneo.
Ele vem encarnando um espírito de justiça e uma espiritualidade sem precedentes na história da Igreja desde que ela distanciou-se dos valores impressos no Novo Testamento.
Francisco é um exemplo concreto de calor humano, simpatia, empatia com os pobres e oprimidos. Sua identificação com a brutalidade das vítimas de guerra é quase física.
Suas posições são concretas assim como são seus engajamentos. Seu comportamento está em fase com a atualidade, com os eventos que ocupam a mente de quem se preocupa consigo mesmo, com seu bairro, com seu estado, com seu país, e com o mundo do qual faz parte, fatalmente.
Que ele aponte para as atrocidades das guerras civis na Síria, na Ucrânia, ou para o sofrimento ao que o povo palestino vem sendo confrontado desde a Naqba, sua empatia é visível e credível.
O papa Francisco desafia os ocidentais a agirem como cidadãos peregrinos. A serem cidadãos de uma nação e de todas as nações unidas em interesse público. Ele responsabiliza, incita o cristão a agir da melhor maneira possível contra a injustiça flagrante e escondida.
O Francisco é um presente. Ele, a autoridade mais universalmente aclamada moral e espiritualmente, falou, mostrou o caminho, e lá em Washington Joe Biden e John Kerry ouviram, reconheceram o traçado, e estão tentando segui-lo contra todas as expectativas da quadrilha que ocupa e suga a Palestina.
A batalha vai ser ferrenha, pois Binyamin Netanyahu e sua corja vivem um desenfreado delírio racisto-megalomaníaco de limpeza étnica e expansão territorial para estabelecer o Grande Israel em cima de quantos lares destruírem e de quantos cadáveres pisarem. Binyamin Netanyahu quer Guerra e não Paz.

Mesmo sabendo disso, no domingo, dia 8 de junho, no Vaticano, o Papa disse ao Presidente palestino e ao Presidente israelense que eles têm de corresponder ao desejo de paz de seus povos respectivos e têm de encontrar a força para perseverar no diálogo.
E terminou com um pedido: "Peace making calls for courage, much more so than warfare." e a Deus,  "Instil in our hearts the courage to take concrete steps to achieve peace."
Abu Mazen (Mahmoud Abbas) disse que pediu para Deus "bring comprehensive and just peace to our country and region so that our people and the peoples of the Middle East and the whole word would enjoy the fruit of peace, stability and coexixtence."
Shimon Peres, que estava lá de bobeira já que estava para deixar a presidência, fez média: "It is within our power to bring peace to our children. This is our duty, the holy mission of parents."
Khaled Meshall, o líder do Hamas, concorda plenamente.
Binyamin Netanyahu, não deu um pio e continuou agindo. Ou seja, invadindo, invadindo, invadindo, em nome de seu projeto infame que diz ser "sionista". Palavra que usa de propósito para cooptar judeus mal-informados ou mal-intencionados, de fora, que financiam Guerra através das invasões civis na Cisjordânia.
Resta esperar que sejam menos do que ele imagina e que os que forem maus como ele, não sejam ricos... E que a PAZ predomine.

The subject of history is the life of peoples and of humanity. To catch and pin down in words, that is to describe directly the life, not only of humanity, but even of a single people, appears to be impossible.”
What a terrible thing war is, what a terrible thing!”
Liev Nikolayevich Tolstói, em Guerra e Paz

 
A mãe dos dois adolescentes palestinos assassinados friamente por um soldado da IDF em maio solicitou intervenção do Papa para a punição do/s culpados. A IDF "investigou" e "tomou providência", brandíssima, e agiu como se fosse um ato isolado. 
Não é. 
A diferença é que este foi registrado por uma câmera da ONG de Direitos Humanos B'Tselem no vídeo acima.

"Imagine a war breaking out between Israel and Jordan... what will be the first act of the occupation authority? Establish a settlement in Petra? Expropriate land near Aqaba? 
No. 
The very first thing will be to decree that the territory will henceforth be known as “Gilead and Moab”.
All the media will be ordered to use the biblical name. All government and court documents will adopt it. Except for the radical Left, nobody will mention Jordan anymore. All applications by the inhabitants will be addressed to the Military Government of Gilead and Moab.
Why? Because annexation starts with words.
Words convey ideas. Words implant concepts in the minds of their hearers and speakers. Once they are firmly established, everything else follows.
... Recently I listened to a speech by a left-wing politician, and was disturbed when she spoke at length about her struggle for a “political settlement” with the Palestinians.
When I remonstrated with her, she apologized. It was a slip of the tongue. She had not meant it that way.
In Israeli politics, the word “peace” has become poison. “Political settlement” is the vogue term. It is meant to say the same. But of course, it doesn’t.
“Peace” means much more than the formal end of warfare. It contains elements of reconciliation, of something spiritual. In Hebrew and Arabic, Shalom/Salaam include wellbeing, safety and serve as greetings. “Political settlement” means nothing but a document formulated by lawyers and signed by politicians.
... When the Israeli Left gives up the term Peace, this is not a tactical retreat. It is a rout. Peace is a vision, a political ideal, a religious commandment, an inspiring idea. Political Settlement is a subject for discussion.
Peace is not the only victim of semantic terrorism. Another is, of course, the West Bank.
All TV channels have long ago been ordered by the government not to use this term. Most journalists in the written media also march in step. They call it ”Judea and Samaria”.
“Judea and Samaria” means that the territory belongs to Israel, even if official annexation may be delayed for political reasons. “West Bank” means that this is occupied territory.
By itself, there is nothing sacred about the term “West Bank”, which was adopted by the Jordanian ruler when he illegally incorporated the area in his newly extended kingdom. This was done in secret collusion with David Ben-Gurion, Israel’s first Prime Minister, who wanted to erase the name “Palestine” from the map. The legal basis was a phony conference of Palestinian “notables” in Jericho.
King Abdallah of Jordan divided his fief into the East Bank (of the Jordan river) and the West Bank.
So why do we insist on using this term? Because it means that this is not a part of Israel, but Arab land that will belong – like the Gaza Strip - to the State of Palestine when peace (sorry, a Political Settlement) is achieved.
Until now, the semantic battle remains undecided. Most Israelis talk about the “West Bank”. “Judea and Samaria” has remained, in common parlance, the realm of the settlers.
The settlers, of course, are the subject of a similar semantic battle.
In Hebrew, there are two terms: Mitnahalim and Mityashvim. They essentially mean the same. But in common usage, people use Mitnahalim when they mean the settlers in the occupied territories, and Mityashvim when they speak about settlers in Israel proper.
The battle between these two words goes on daily. It is a fight for or against the legitimacy of the settlement beyond the Green Line. Up to now, our side seems to have the upper hand. The distinction remains intact. If someone uses the term Mityashvim, they are automatically identified with the political Right.
The Green Line itself is, of course, the leftist concept. It makes a clear distinction between Israel proper and the occupied territories. The color comes from the fact that this border - actually the 1949 armistice line – was always marked on the maps in green. Until.
Until the (left-wing) Minister of Labor, Yigal Alon, decreed that henceforth the Green Line would no longer be marked on any map. Under an old law dating back to the British Mandate, the government owns the copyright for all maps printed in the country, and the Minister of Labor was in charge.
This remained so until Gush Shalom sued the government in the Supreme Court. Our argument was that since on the two sides of this line different laws apply, the citizens must have a map that shows them what law they have to obey at a given place. The ministry gave in and promised the court that it would print maps with the Green Line marked.
For lack of an alternative, all Israelis use the term “Green Line”. Since Rightists do not recognize this line at all, they have not invented an alternative word. For some time they tried the term “Seam-Line”, but this did not catch on.
A LINE between what? At the beginning of the occupation, the question arose what to call the areas just conquered.
We of the peace camp called them, of course, “occupied territories”. 
The Right called them “liberated territories” and floated the slogan “Liberated territories will not be returned”, a catchy rhyme in Hebrew. 
The government called them “administered territories” and later “disputed territories”.
The general public just settled for “the territories” – and that is the term used nowadays by everybody who has no interest in stressing his or her political conviction every time these areas are mentioned.
This raises the question about the Wall.
When the government decided to create a physical obstacle between Israel and the Occupied Territories – partly for expansion, partly for genuine security reasons – a name was needed. It is built mainly on occupied land, annexing in practice large areas. It is a fence in open areas, a wall in built-up ones. So we simply called it “the Wall” or “the Fence”, and started weekly demonstrations.
The “Wall/Fence” became odious around the world. So the army looked around for a term that sounded non-ideological and chose “separation obstacle”. However, this term now appears only in official documents.
With whom are we negotiating about the Political Settlement? Ah, there is the rub.
For generations, the Zionist movement and the State of Israel denied the very existence of a Palestinian people.
In the 1993 Oslo Agreement, this idiotic pretense was dropped and we recognized the PLO as the “representative of the Palestinian people”. But the Palestinian state was not mentioned, and until this very day our government abhors the terms “Palestinian state” or “State of Palestine”.
Even today the term “Palestinians” evokes conscious or unconscious rejection. Most commentators speak about a political settlement with “our neighbors” – by which they do not mean the Egyptians, Jordanians, Syrians or Lebanese, but You Know Who.
In Oslo, the PLO negotiators strenuously insisted that their new state-in-the-making should be called the “Palestinian National Authority”. The Israeli side vehemently objected to the word “National”. So the agreement (actually a “Statement of Principles”) calls it the “Palestinian Authority” and the Palestinians themselves call it the “Palestinian National Authority”. Palestinians who need urgent medical treatment in Israeli hospitals are turned back if they bring financial documents signed by the “Palestinian National Authority”.
So the fight goes on along the semantic front. For me, the really crucial part is the fight for the word Peace. We must reinstate it as the central word in our vocabulary. Clearly, loudly, proudly.
As the hymn of the peace movement (written by Yankele Rotblit as an appeal by the fallen soldiers to the living) says:
“Therefore, sing a song to peace / Don’t whisper a prayer / Sing a song to peace / In a loud shout!”
Uri Avnery, 26/04/2014
Acima trailer e extratos com os irmãos do seriado Generation War e em seguida o comentário de Uri Avnery sobre os três episódios. Que a carapuça sirva.
"Even worse [about the nazi spirit in the series] is the deadening atmosphere of universal agreement. From the highest officer to the lowliest maid, everybody is repeating endlessly the propaganda slogans of the regime. Not out of fear, but because they believe every word of the all-pervading propaganda machine. They hear nothing else.
It is immensely important to understand this. In the totalitarian state, fascist or communist or whatever, only the very few free spirits can withstand the endlessly repeated slogans of the government. Everything else sounds unreal, abnormal, crazy. When the Soviet army was already fighting its way through Poland and nearing Berlin, people were unwavering in their belief in the Final Victory. After all, the Führer says so, and the Führer is never wrong. The very idea is preposterous.
It is this element of the situation that is difficult for many people to grasp. A citizen under a criminal totalitarian regime becomes a child. Propaganda becomes for him reality, the only reality he knows. It is more effective than even the terror.
This is the answer to the question we cannot abstain from asking again and again: How was the Holocaust possible? It was planned by a few, but it was implemented by hundreds of thousands of Germans, from the engine driver of the train to the officials who shuffled the papers. How could they do it?
They could, because it was the natural thing to do. After all, the Jews were out to destroy Germany. The communist hordes were threatening the life of every true Aryan. Germany needed more living space. The Führer has said so.
That’s why the film is so important, not only for the Germans, but for every people, including our own.
People who carelessly play with ultra-nationalist, fascist, racist, or other anti-democratic ideas don’t realize that they are playing with fire. They cannot even imagine what it means to live in a country that tramples on human rights, that despises democracy, that oppresses another people, that demonizes minorities. The film shows what it is like: hell."
Uri Avnery, 01/03/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário