domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sochi: Olímpiada Guerra Fria?


Sochi (em fonética brasileira, Sôtie) é a cidade de Putin. Bem, Vladimir Vladimirovich Putin não nasceu lá e sim na então Leningrado, em outubro de 1952, mas Sôti não deixa de ser sua segunda casa.
Vladimir Vladimirovich considera quase como sua propriedade três cidades em sua pátria.
São Petersburgo, que os nativos chamam carinhosa e simplesmente de Peter; Moscou, em que o poder está fisicamente localizado e concentrado, portanto, onde Putin se esbalda; e Sochi, onde sempre tira férias com a família e os amigos íntimos, sobretudo Dimitri Anatolievitch Medvedev.
As redes televisivas do mundo apresentaram a cidade das Olimpíadas de inverno com prolixidade. Porém, a Sôtie que conheço é outra, é a geo-política, a do Poder russo.

Sochi fica no distrito Krasnodar Krai, que atrai turistas nacionais e estrangeiros do mundo inteiro. Isto porque embora esteja na mesma latitude de Vladivostok (cuja temperatura ivernal é de -20°), seu clima está longe da rudeza desta cidade siberiana. Sochi goza de uma natureza de rara beleza e de um clima ameno. No inverno a temperatura mínima é -3° e no verão a máxima é +30°.
Portanto no inverno quando a neve toma conta das montanhas, esquia-se no sol e sem congelar como nas outras partes da Rússia; e no verão, a estação balnerária é ensolarada e agradável com a orla de 147 quilômetros surpreendentemente coberta, na parte mais badalada, de palmeiras e coqueiros enfileirados.
Sochi ficou na moda na época de Josef (Iosef) Vissarionovich Stalin (presidente da União Soviética de 1922 a 1953).
Em 1937 Stalin construiu lá sua да́ча, datcha (casa de campo em russo) principal e desde então a cidade passou a atrair os аппара́тчик, aparatchiks, como eram chamados os funcionários públicos e do Partido Comunista, e a номенклату́ра, nomenclatura, como eram chamados os dirigentes do regime.
(A интеллигенция (inteliguêntzia), os dissidentes, veraneavam na Crimeia, atualmente na Ucrânia, em um lugar chamado Koktebel; que hoje sedia um festival de jazz e perdeu um pouco da alma intelectual)
Apesar do impulso dado por Stalin, Sochi só virou mesmo A estação de férias quase oficial dos aparatchiks e da nomenklatura a partir de 1954 quando Nikita Sergeyevich Khrushchev, presidente da União Soviética de 1953 a 1964, construiu a datcha presidencial Bocharov Ruchei - nome do riacho que desce de uma montanha vizinha.

O Distrito de Krasnodar Krai fica no sul da Rússia. No norte do Cáucaso. A oeste das perigosas repúblicas da Ingushetia e da Tchetchênia. Predominantemente islâmicas e rebeldes, onde a máfia reina.
O Cáucaso é uma linda região montanhosa entre os mares Negro e Cáspio. Vale visita. Evitando as repúblicas menos seguras devido a conflitos étnico-religiosos esporádicos como o Dagestão e Karachai, e as que sediam escaramuças mais assíduas e acirradas como na Tchetchênia e Igushetia (embora esta seja linda). As demais, Krasnodar Krai, Adygéa, Karachay/s Balkar e Tcherkessia, Assetia,-Alania, Rostov Oblast e Stavropol Krai, são bastante tranquilas e com muitas atrações turísticas inusitadas.
Sochi é calma porque é predominantemente cristã (cerca de 90% da população que frequenta suas 30 igrejas cristãs-ortodoxas e duas católicas, uma delas na praça principal), com uma população majoritariamente russa (70%) e armeniana (20%).
Há 5% de muçulmanos, convertidos durante o Imperio Otomano (1299–1923) nas numerosas guerras de expansão turco-maometana. Esta minoria religiosa frequenta a mesquita imponente que os Emirados Árabes construiram em um bairro central em 2008. Mesquita que tem cheiro de declaração-assentamento religioso-político, embora seus fieis sejam pacíficos e não ostentem nenhuma bandeira expansionista como os invasores judeus na Cisjordânia.

Сочи, enfim, Sôtie, é a menina dos olhos de Vladimir Vladimirovitch Putin.
É onde passa férias, como disse, e também onde leva os chefes de Estado estrangeiros para conversas em tête à tête, na residência oficial.
Putin transformou o Bocharov Ruchei em Sochi no alter-ego do Camp David do Presidente dos Estados Unidos.
Résidence Bocharov Ruchei de Poutine A Villa Bocharov Ruchei fica à beira do Mar Negro. Ficou prontinha em 1955. E além de Nikita Khrushchov tê-la usado bastante, Leonid Brezhnev e  Boris Yeltsin também desfrutaram de seus encantos. Mikhail Gorbatchev, pouco dado a esportes, usava outra datcha para veranear.
Mas de todos, Putin é quem mais aproveitou de Bocharov Ruchei. Desde que assumiu o governo no comecinho do terceiro milênio, ele a frequenta assiduamente para espairecer praticando vários esportes e para receber os tais convidados importantes.
A datcha tem 20 suites de hóspedes, uma sala de conferência, piscina, quadra de tênis, um heliporto e um mini-porto para o iate presidencial.

Porém, além desta datcha presidencial, Vladimir Vladimirovich há poucos anos construiu uma outra sua, privada.
Map showing location of the palaceAo contrário da Bocharov Ruchei, espaçosa mas relativamente simples em sua arquitetura sóbria dita staliniana, a datcha do cidadão Vladímir Vladimiróvitch em Sochi é de uma suntuosidade imperial. 
Um tipo de Hermitage (ex-palácio dos czares e atual museu petersburguês, único a rivalizar com o Louvre parisiense). Lembra construções do século XVIII e os palácios da nobreza russa.
A mansão fica em região montanhosa, no meio de uma floresta fechada e à beira do Mar Negro.
The Black Sea palaceNo início era uma datcha modesta de veraneio, com piscina e pronto. Hoje seu portão de ferro ostenta uma águia dourada imperial, a residência em si arbora uma série de colunas magestosas, o pátio rivaliza com os mais belos claustros, e em seus jardins tem até um teatro privado, pista de pouso para três helicópteros e alojamento para os seguranças.
Tudo isso para dizer que Putin não vai a Sochi apenas como presidente que quer ficar em paz. Ele está lá para ficar.
Foi por isso que insistiu e conseguiu que a partir de 2014 a cidade faça parte do circuito de Fórmula 1. A infraestrutura (US$50 bilhões foram gastos nestas Olimpíadas) já vão ser aproveitadas neste evento e em outro ainda mais popular e mais prestigiado, apesar de ser a curto prazo - a Copa do Mundo de 2018. O estádio ultra-moderno que acabou de ser inaugurado nestas Olimpíadas de Inverno vai sediar vários jogos .

Os gastos de Putin são mesmo mirabolantes. Porém, apesar da mídia ocidental preocupar-se muito com este desperdício - talvez, consciente ou inconscientemente, por inveja da Rússia dispor de meios para isto - uma pesquisa feita pelo centro de estudos Yuri Levada, organismo independente, confirmou que o povo, em grande maioria, não está nem aí para corrupção e gastos.
Nas Olimpíadas de Sôtie o Kremlin trava duas batalhas em frentes distintas. A primeira é a propaganda para tentar convencer os russos da importância das Olimpíadas para restaurar o prestígio internacional da Rússia.  A segunda, é o dispositivo policial sem precedente destinado a evitar atentados terroristas e ao mesmo tempo obstacular atos públicos dos "extremistas", ou seja, grupos de oposição, ecologistas, defensores de direitos humanos, etcétera.
Por enquanto Putin está vencendo a segunda Batalha.
E também a segunda, embora as pesquisas feitas em janeiro dissessem o contrário. De fato, até as vésperas do evento, os russos pareciam desinteressados. Porém, após a grande performance dos patinadores artísticos que valeu ao país as duas primeiras medalhas de ouro, o entusiasmo foi crescendo e estão esperando mais. Sobretudo de Yulia, a garota prodígio que conquistou não apenas o coração dos russos com sua graça e maestria; conquistou também os estrangeiros que apreciam o esporte no qual ela aos 15 anos já brilha. Que ainda não viram as proezas da Adelina (Sotnikova) que aos 17 anos vai certamente ganhar outro ouro para a Mãe Pátria.
Russia's Ksenia Stolbova and Fedor Klimov stand in second place, Russia's Tatiana Volosozhar and Maxim Trankov stand in first place and Germany's Aliona Savchenko and Robin Szolkowy stand in third place on the podium after the Figure Skating Pairs Free Skating Program at the Sochi 2014 Winter Olympics, February 12, 2014 (Reuters / Phil Noble)Sem contar a dobradinha dos casais,  Ksenia Stolbova & Feodor Klimov e os grandes Tatyana Volosozhar & Maxim Trankov que além de darem espetáculos memoráveis, mostraram com o Jesus Christ Superstar de Tatyana e Maxim a importância do cristianismo na Rússia e que na questão das Punks Putin tem apoio maioritaríssimo da população. 

E Putin em Sochi? É irrelevante, neste contexto esportivo em que o orgulho da Rússia predomina.
Ele é sim um conquetel Molotov ambulante. Pois é a mistura de agente de elite do KGB, dirigente soviético, Czar e homem religioso que usa constantemente uma corrente com a cruz da mãe contra o peito.
Portanto, inspira na população sentimentos também ambíguos. Ele é respeitado, temido, admirado, e até querido em seus momentos de prosternação religiosa e quando dá orgulho aos compatriotas. Apesar dos pesares, ele é gostável. Aliás, tinha gente que gostava até de Ariel Sharon! Gostar de Putin é muito mais fácil. Nem dá pra comparar alguém que massacra e alguém que esbanja dinheiro e vaidade.
Dito isto, respeito, temor, admiração e gostar pontualmente ou um pouco bastam para Vladimir Putin ser eleito, pois os russos são patriotas acima de tudo.
É o mesmo patriotismo que fez com que defendessem Leningrado e Stalingrado até o fim mesmo morrendo de fome. E é o patriotismo que faz com que mantenham Putin no comando apesar de todos os seus defeitos  e de sua ostentação em todos os planos.
De certo modo, como Barack Obama que decepcionou seus eleitores com um health care mínimo, outras medidas populistas e promessas não cumpridas, mas os estadunidenses  não querem, de jeito nenhum, perder o que lhes resta de esperança.

Trocando em miúdos, as Olimpíadas de Inverno de Sochi são sim de Putin. Ele se investiu pessoalmente na organização desde o início.
Primeiro, escolheu o mestre do evento. Konstantin Lvovich Ernst. Diretor Geral do Canal 1 da Televisão pública russa, o comunicador de 52 anos é um dos âncoras mais queridos da Rússia. Ele é amigo do Presidente e há anos orquestra o Desfile anual do Dia da Vitória, em Moscou. (Sua esposa, Larissa Sinelshchikova, dirige outro Canal de televisão, o Praça Vermelha.)
Konstantin é formado em Biologia, mas provou ser mesmo um homem de mídia da pesada. No início da Abertura um dos aneis olímpicos não acendeu e o que ele fez na mesa de edição? Jogou as imagens bem sucedidas no ensaio e o mundo inteiro viu os cinco aneis acesos enquanto no estádio os presentes só viam quatro (pretendem corrigir o erro no fechamento com um toque bem humorado).
Passou batido. 
Enfim, teria passado batido se tivesse sido em outro país que não tivesse um presidente tão omnipresente, tão invejado e tão controvertido.
Alguns jornais estrangeiros logo disseram que Konstantin Lvovich perdera as graças de Vladimir Vladimirovitch que queria, mais do que esperava, que tudo fosse perfeito para mostrar a magestade da Rússia, e a própria.
Mas falaram por falar. Putin saiu do estádio satisfeito após mostrar o fausto da cultura musical da Mãe Rússia, de seu balé primoroso e de sua história dos primórdios a hoje.

As Olimpíadas de Sochi mostraram também a mesquinharia da Guerra Fria versão light (mas de efeitos catastróficos como é o caso da Síria).
Primeiro, Barack Obama fez a desfeita de não comparecer à abertura alegando questões de segurança, como se Putin não fosse capaz de manter os "rebeldes" (palavra da moda) caucasianos à distância.
Depois, a rede de televisão que detinha os direitos exclusivos não passou a abertura ao vivo e quando a mostrou ao público gringo, cortou os momentos que favoreciam a Rússia. A mídia estadunidense não suporta nenhum chefe de Estado que não peça bença aos EUA e pior ainda, que trate seu Presidente como inferior hierárquico.
Pois Putin é atrevido e, a bem da verdade, é um pavão, como 90% dos presidentes.  E após a humilhação das Olimpíadas de Vancouver, em que a Rússia saiu do Canadá de mãos abanando, Putin passou quatro anos incentivando seus atletas e dando verbas à Federação Olímpica para que seu país ficasse entre os três primeiros. De preferência, na frente dos Estados Unidos, que também investiram muito para não fazer feio na casa do maior rival de quem têm bastante despeito.
O jogo de hockey foi uma Batalha travada na quadra entre os jogadores mas também entre os dois presidentes. Putin perdeu e engoliu em seco. Obama sorriu escancarado por ter ganho de Putin pelo menos esta batalha no gelo.

O problema desta Guerra Fria versão século XXI é que ela não tem as "vantagens" internacionais da precedente.
Quando a União Soviética e os Estados Unidos eram os dois polos de poder mundial, da década de 50 à de 80 do segundo milênio, havia um certo equilíbrio que garantia uma paz relativa ao planeta.
É claro que a paz coletiva era cara individualmente. Havia a repressão nos países da cortina de ferro, as ditaduras patrocinadas pelos EUA na América Latina, guerras como a do Vietnã, etc.
Porém havia um equilíbrio que impedia que os Estados Unidos nadassem de braçada como se o mundo inteiro lhes pertencesse e os estrangeiros tivessem de pedir licença e bença até para ir ao banheiro.
O desmantelamento da União Soviética e o posterior enfraquecimento da Rússia deu aos Estados Unidos uma supremacia bélica desastrosa em todos os níveis.
A balança ficou desequilibrada durante mais de quinze anos. Até Vladimir Putin assumir o poder e começar a levantar a Mãe Pátria.
Sua volta à presidência coincidiu com o governo de Barack Obama que canalizava esperanças nacionais e simpatia internacional. Simpatia gratuita que lhe valeu até um Prêmio Nobel precipitadíssimo, pois em seus governos tem feito mais guerras do que paz. Simplesmente porque o presidente dos Estados Unidos, qualquer que seja o partido, deve contas às coorporations, ou seja, grandes grupos financeiro-industriais, e aos lobbies, que o elegeram.
Vladimir Putin é antipatizado no mundo inteiro. Fisicamente por causa de sua postura auto-suficiente de primeiro da classe; politicamente por causa do poder concreto que detém e do pouco caso que faz dos demais; abstratamente porque para a Europa Ocidental e os Estados Unidos ele encarna o passado e o Poder com o qual rivalizaram durante mais de quatro décadas; e concretamente porque não faz graça para ninguém, nem para a imprensa, que adora ser paparicada mesmo que seja para ouvir meias ou não  verdades. Mas ele é autônomo.
Antes a Rússia era o bicho-papão comunista que "engolia criancinhas" e do qual os governos democráticos ocidentais "tinham" de distanciar seus cidadãos.
Hoje o discurso mudou mas o urso é tratado do mesmo jeito. Dizem que a Rússia é o "paraíso da corrupção" e de um governo autoritário que legisla até contra homossexuais (que depois de Israel e do de armamento, dispõem do lobby mais influente no Ocidente).
Aí Putin sofre uma perseguição constante da mídia. Os adjetivos negativos pululam de todos os lados: perigoso, manipulador, mentiroso, déspota, etcétera e tal.
Isto porque Putin fala o que pensa e faz o que fala publicamente.
Ao invés de Obama que fala uma coisa, faz outra e amiúde sai pela tangente.
Putin é sim um déspota acostumado com a disciplina do KGB que faz tudo para que sua opinião reine. É abrupto, ríspido, golpeia pessoalmente e deixa a mão exposta. Impõe regras aos países aos quais pede lealdade, mas retribui com benesses e lealdade. Não deve seu cargo a ninguém portanto não tem rabo preso. É bilionário mesmo; sua fortuna foi feita há anos, no fim da URSS.
E é aí também que o sapato aperta. As coorporations ocidentais ainda não conseguiram engolir o fato de a fortuna das estatais soviéticas terem ficado restritas aos cidadãos russos. De nenhum milionário estrangeiro ter podido parasitar as riquezas industriais e naturais da Rússia. Putin é também um empecilho a este 1% de predadores mundiais.
E Obama? É um democrata criado com a ideia do poder supremo dos EUA e que tudo pode, em nome da segurança nacional. Golpeia através de terceiros e usa todos os meios para obter o fim que almeja: tirar os EUA do buraco em que vem se afundando de maneira aparentemente irremediável. Deve seu cargo a gregos e troianos que vira e mexe lhe pedem contas e uma mãozinha cá e acolá. Conversa fiado e vira e mexe vai pra cima do muro.
Quanto à vaidade, ambos têm toneladas.
Obama é simpático, mas limitado. Putin é intelectualmente mais bem preparado; só línguas, além do russo, fala umas quatro, inclusive inglês. Obama nem espanhol fala.
Obama é sorridente, Putin é carrancudo; Obama tenta salvar as conquistas estadunidenses, Putin quer levar os russos para um futuro dourado.
Nenhum dos dois faz uma política social de qualidade. Ambos privilegiam o capital com uma nuancinha relevante.
Obama continua a incentivar a competição e o American Way of Life do dinheiro mestre. Putin "obriga" os oligarcas a investirem no Bolshói, no Kirov, em museus, teatros, enfim, na cultura que para as gerações passadas era fundamental. Até o patrão do Chelsea, o oligarga russo Roman Arkadyevich Abramovich, quinta fortuna da Rússia, teve de entrar na jogada para retornar à Mãe Pátria. Além de "patrocinar" o clube de futebol CSKA de Moscou, patrocinou a contratação do técnico holandês Guus Hiddink para a seleção russa, eventos culturais e uma galeria de arte em Moscou. 

Putin cerceia a liberdade de quem considera que ultrapassa os limites da sacrossanta família ao ponto de ordenar a prisão das tais cantoras punk do Pussy Riot - que viraram coqueluche nos Estados Unidos como se tivessem o talento de uma Yulia Lipnitskaya...
Obama vigia seus compatriotas com os drones espiões, ouve conversa alheia como se tivesse direito, no mundo inteiro e transmite as informações para o afilhado Israel; persegue e prende contraditores e quem ousar denunciar seus malfeitos que se cuide. Edward Snowden é um dos que pagam o pato.
Trocando em miúdos, Obama não é melhor pessoa do que Putin. E os interesses dos dois, no fundo, são os mesmos. Os meios variam, mas nem tanto. A diferença é mesmo o olhar da mídia e a imagem que esta dá dos dois presidentes.
Na questão Síria, por exemplo, Obama, após aprovar em Genebra em 2012 o plano de Kofi Annan que resolvia o problema, voltou atrás e deu o bote vetando na ONU. Hoje fecha os olhos aos extremistas que estão destruindo a Síria, apresenta a Putin um plano impossível e informa a mídia que o Presidente da Rússia é que é responsável pelo impasse das negociações.
Como sempre, como acontece entre Israel e a Palestina quando Tel Aviv exige a Cisjordânia em troca dos palestinos virarem cidadãos israelenses de última classe.
Questão de contra-informação. Os Estados Unidos e Israel são mestres no assunto.

Concluindo com Sochi, Sochi não foi boicotada pela Europa e pelos Estados Unidos como alguns vêm insinuando . Acontece que tinha obras demais para fazer na cidade e foi tudo feito a toque de caixa e de última hora. Ao ponto das empresas organizadoras de eventos só disporem de informações para planejamento em novembro de 2013. Só três meses antes das Olimpíadas. O que inviabilizou a organização de grupos de convidados. O público das Olimpíadas, ao contrário da Copa do Mundo, é composto majoritariamente de convidados dos patrocinadores e de empresas privadas que usam o evento para promover-se ou premiar funcionários. A coca-cola, por exemplo, levou 5.000 convidados às Olimpíadas de Londres. Sem estes estrangeiros, a festa fica menos exuberante nas arquibancadas e nas ruas da cidade.
É o caso de Sochi, que está até calma.
Mas os sete mil atletas estão se esbaldando na Vila Olímpica e nas dependências esportivas. Estas sim, segundo os interessados, estão pra gringo nenhum botar defeito.
E os russos, segundo pesquisa, estão pouco ligando para os que estão torcendo contra e que estão botando mau-olhado na equipe deles.  Vibram com seus atletas e querem medalhas. De ouro, de preferência, já que são estas que os porão ou não no alto do podium geral.
Enfim, como nós brasileiros queremos uma sexta estrela na camiseta da Seleção em agosto de 2014.

Quanto à moral na estória de Sochi, não há, já que Israel participa das Olimpíadas sob silêncio geral, apesar da campanha mundial de boicote.  E isto é problema global, que diz respeito a todos os países das Nações Unidas. Já corrupção e política interna é problema só dos russos. Eles são capazes de resolver seus problemas sem ingerência externa.
Ingerência é necessária e bem-vinda quando há mais de um país envolvido e que um povo invade e oprime outro. Como é o caso da ocupação israelense da Palestina.

Eis a lista dos produtos a serem boicotados, sem esquecer de verificar o código barra.


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