O dia 14 de fevereiro é o dia de São Valentino. Dia dos namorados e dos entes queridos em muitas partes do mundo.
A pintura acima, do pintor holandês do século XVII David Teniers III, mostra o monge Valentino de Terni ajoelhado diante de Nossa Senhora, pedindo sua bênção. Quadro que pode ser interpretado como um sinal de respeito à mãe de Jesus e também ao gênero feminino que ela representa.
Neste 14 de fevereiro de 2013 mulheres de todos os países do planeta dançaram pelo bilhão de mulheres que pelo menos uma vez na vida serã vítimas de violência sexual e física.
São Valentino padeceu de morte extremamente violenta.
Por fé e insubmissão.
Sua vida foi dedicada à afeição, à amizade, ao amor.
Monge cristão do século III - quando o Cristianismo era ilegal e os cristãos eram perseguidos e enxotados de Jerusalém e de Roma - Valentino chamou a atenção de Claudius II por causa de seus feitos.
Diz a lenda histórica que um dos informantes do imperador romano contou-lhe que havia um homem, de túnica branca, ouvindo e aconselhando jovens nas catacumbas, além de unir muitos deles matrimônio, em nome de Cristo. Este subversivo que os poderosos da época combatiam.
Claudius II ordenou sua prisão e Valentino foi capturado rapidamente. Pois sua clandestinidade era mais do que relativa, já que todos sabiam a que vinha e muitos conheciam seu paradeiro. Tanto nos subterrâneos da capital do império quanto no bairro cristão em que residia.
Sua casa, como as dos demais seguidores do crucificado chamado de Cristo, arborava o desenho discreto de um peixe. E neste, o acrônimo de Jesus, em grego ΙΧΘΥΣ - ichtus.
Preso, Valentino é julgado por Asterius, que questiona sua fé cristã e pede que lhe prove o poder do santo homem que inspira as ações do monge e dá-lhe força e confiança para não temer nem o poder do César.
No recinto estava Júlia, filha do guarda da presídio. Uma menina cega que há dias servia o prisioneiro que, a seu pedido, lhe descrevia o mundo e a transportava ao caminho de bondade que ele seguia desde a juventude, nas pegadas do homem que através dele, o tribunal romano julgava.
No recinto estava Júlia, filha do guarda da presídio. Uma menina cega que há dias servia o prisioneiro que, a seu pedido, lhe descrevia o mundo e a transportava ao caminho de bondade que ele seguia desde a juventude, nas pegadas do homem que através dele, o tribunal romano julgava.
O juiz apontou para Júlia e prometeu então a Valentino o que ele quisesse em troca de uma prova da onipotência do tal Jesus Cristo. "Restabeleça sua visão", teria desafiado, "e em troca lhe darei o que quiser, para si mesmo ou para quem escolher".
Valentino rezou o Pai Nosso, tocou os olhos da menina, uma luz penetrou por todas as janelas e frestras da sala de julgamento..., e ao abrir os olhos Júlia estava enxergando. Cega, nunca mais.
O milagre convenceu mais do que os Evangelhos que Valentino tentara inculcar nos pagãos que zombavam das histórias e dos ensinamentos do Homem que ele representava.
Entusiasmado, o juiz Asterius não tardou a ser batizado junto com a família e mais quarenta pessoas.
Entusiasmado, o juiz Asterius não tardou a ser batizado junto com a família e mais quarenta pessoas.
Enquanto isto, Júlia celebrava com o pai a vista recuperada e a notícia do milagre e do batizado de altas personalidades romanas era propagada pelos quatro cantos de Roma até o palácio imperial. Lá, Claudius II não gostou nem um pouco de saber que o cristão que prendera estava solto e que provara ter poderes superiores aos dele.
Despeitado, o imperador ordenou que voltasse a ser preso.
Questionou-o pessoalmente, forçou-o a renegar Jesus Cristo, e diante da fé inabalável do monge, sentenciou-o ao flagelamento e à pena de morte quando seu corpo tivesse sofrido as dores do chicote.
Questionou-o pessoalmente, forçou-o a renegar Jesus Cristo, e diante da fé inabalável do monge, sentenciou-o ao flagelamento e à pena de morte quando seu corpo tivesse sofrido as dores do chicote.
A execução foi levada a cabo no dia 14 de fevereiro do Ano Dominus 269.
Valentino foi retirado de sua cela, chicoteado por vários legionários e em seguida, decapitado na Via Flamínia, na capital do império.
Valentino foi retirado de sua cela, chicoteado por vários legionários e em seguida, decapitado na Via Flamínia, na capital do império.
Valentino morreu nos primóridos do Cristianismo. No período da clandestinidade, da fé que movia montanhas e transformava quem a abraçasse. Época em que os cristãos se recusavam a servir Exército, a pegar em armas, a tirar vidas, a ferir e enganar o próximo, qualquer que fosse sua raça, credo e nacionalidade.
As mulheres eram então tratadas por estes judeus e pagãos convertidos à doutrina do Cristo com a deferência devida às duas Marias de sua vida, a Madalena e a Virgem.
Hoje o mundo é outro.
Os cristãos ainda são a religião monoteísta dominante com seus dois bilhões, dos quais 1.2 bilhões de católicos. Porém, o respeito às mulheres não é mais lei nem nos países ocidentais em que os ensinamentos de Jesus deveriam ditar os atos.
Quanto mais fora deles, onde as mulheres são muitas vezes consideradas cidadãs de segunda classe. Sem palavra. Sem direitos. Sem defesa da brutalidade.
Nós no Brasil temos delegacias que recebem e defendem as que criam coragem de denunciar. Mas mesmo assim, quantas sofrem caladas, como se as criminosas fossem elas e não os degenerados que as atacam?
Quanto mais fora deles, onde as mulheres são muitas vezes consideradas cidadãs de segunda classe. Sem palavra. Sem direitos. Sem defesa da brutalidade.
Nós no Brasil temos delegacias que recebem e defendem as que criam coragem de denunciar. Mas mesmo assim, quantas sofrem caladas, como se as criminosas fossem elas e não os degenerados que as atacam?
A maioria dos países não tem a sorte que temos de aceder à lei com facilidade, embora esta não possa evitar os ataques.
No ano passado uma pesquisa internacional revelou cifras alarmantes nos Estados Unidos. Uma mulher sobre cinco que nascem em solo estadunidense está condenada a ser estuprada pelo menos uma vez durante sua vida.
E pior ainda do que esta estatística é saber que 80 por cento destas mulheres são agredidas por conhecidos.
No ano passado uma pesquisa internacional revelou cifras alarmantes nos Estados Unidos. Uma mulher sobre cinco que nascem em solo estadunidense está condenada a ser estuprada pelo menos uma vez durante sua vida.
E pior ainda do que esta estatística é saber que 80 por cento destas mulheres são agredidas por conhecidos.
A estatística mundial é pior ainda. Uma sobre três mulheres, em um ou outro momento da vida, será estuprada ou espancada pelo simples fato de ser do sexo femínimo.
No fim de 2012 e no início de 2013, dos milhões de casos não denunciados ou não punidos, três casos de violência foram bastante mediatizados e despertaram atenção até masculina para o problema.
Primeiro em Los Engeles, nos EUA, onde uma jovem de 20 anos foi estuprada em um transporte público. Depois em Delhi, na India, onde uma moça de 23 anos sofreu estupro coletivo.
E em janeiro deste ano, na capital dos Estados Unidos, o estupro de uma moça foi filmado pelas câmeras do estacionamento em que o crime foi cometido.
E em janeiro deste ano, na capital dos Estados Unidos, o estupro de uma moça foi filmado pelas câmeras do estacionamento em que o crime foi cometido.
Nos Estados Unidos as escolas enfrentam problemas graves de agressões sexuais. Atualmente, dois estudantes menores, jogadores de futebol americano da escola, vão ser julgados em março por estuprarem uma colega de 16 anos. E o pior da tragédia é que tiveram a ousadia de filmar, fazer comentários e postar em redes sociais.
E não são os únicos a postarem comentários degradantes e misóginos em seus twitters e outras redes sociais, impunemente.
No Exército as soldadas também são alvos de perseguições e de estupros tanto nos quarteis quanto nos campos de batalha.
Na Inglaterra, já houve 86 denúncias de agressões sexuais.
Nos Estados Unidos, 20 por cento das soldadas já reclamaram de terem sido estupradas por soldados ou oficiais.
Este número só engloba as que ousam denunciar. Pois o temor de serem marginalizadas impera e a maioria prefere ficar calada, pois um dos raros casos que chegaram a julgamento terminou em humilhação pública para a soldada que ousou dar queixa do superior hierárquico. Andrea Werner no final acabou sendo acusada de adultério embora fosse solteira e seu agressor casado...
Este número só engloba as que ousam denunciar. Pois o temor de serem marginalizadas impera e a maioria prefere ficar calada, pois um dos raros casos que chegaram a julgamento terminou em humilhação pública para a soldada que ousou dar queixa do superior hierárquico. Andrea Werner no final acabou sendo acusada de adultério embora fosse solteira e seu agressor casado...
Uma ironia, se o problema não fosse tão grave.
Com estes exemplos é compreensível que as soldadas se submetam às agressões caladas.
E nos campos de combate... Enfim, nas guerras é pior ainda. As mulheres são sempre as maiores vítimas.
O estupro é uma arma suja usada por todos os soldados do mundo.
Há uns mais civilizados, mas globalmente, é raro o batalhão que não abrigue pelo menos um estuprador, que, no final das contas, os militares acabam defendendo mesmo quando condenam o ato.
É como se a guerra revelasse a besta, o animal selvagem adormecido quando está em família, no país de origem.
Em terras estrangeiras, quantas destas ovelhas se desgarram e viram lobos à cata de presa feminina que sacie o quê, quem sabe?
É como se certos homens vivessem inseguros de sua virilidade, e além de matar os adversáriosno campo de batalha, precisarem estuprar, humilhar, dominar a mãe, irmã, esposa do defunto ou do prisioneiro.
Talvez este procedimento só acabe quando o mundo e os homens forem realmente civilizados. Bem, mas aí nem guerra vai ter mais.
Em terras estrangeiras, quantas destas ovelhas se desgarram e viram lobos à cata de presa feminina que sacie o quê, quem sabe?
É como se certos homens vivessem inseguros de sua virilidade, e além de matar os adversáriosno campo de batalha, precisarem estuprar, humilhar, dominar a mãe, irmã, esposa do defunto ou do prisioneiro.
Talvez este procedimento só acabe quando o mundo e os homens forem realmente civilizados. Bem, mas aí nem guerra vai ter mais.
O estuprador "social", que em uma festa, em uma ruela, em um carro, estupra uma conhecida, uma colega, não é pior do que o soldado que estupra a mulhera, a filha, a mãe alheia.
Mas este que comete o crime em casa pode ser preso, julgado, punido pelo mal que faz.
Este blog de hoje é para o homem que já levantou a mão contra uma mulher, que não parou sua investida sexual quando ouviu um Não, que acha que mulher de saia, de bem com a vida está em busca de perigo, de arruaça, enfim, de ser estuprada.
Que pense duas vezes na mulher que o pôs no mundo. E se o alvo fosse ela?
E se o alvo fosse ele?
Que São Valentino e Nossa Senhora iluminem os caminhos destes predadores para que respeitem as mulheres que amam e que este respeito atinja todas nós e nos proteja dos maus instintos deles.
Um abraço nos outros homens, certamente leitores deste blog, que valorizam a mulher e sabem que somos seu esteio e só queremos ser felizes, e a felicidade deles.
Al Jazeera: Sexual violence in the US Army
ABC Network: Sexual Assault in the Military
Trailer do Documentário: The Invisible War
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