Após a formalização do acordo de governo de união, apesar de algumas escaramuças entre o Fatah e o Hamas, as coisas caminharam em calma relativa na Faixa de Gaza até o dia 05 de março.
Nesse dia, membros do Comitê de Resistência popular, ligado ao Hamas, atiraram no carro de um policial do Fatah que recusou integrar a nova polícia dirigida pelo Hamas. E em um quartel, militantes dos dois partidos brigaram por discordarem da administração e controle do local.
Nesse dia, membros do Comitê de Resistência popular, ligado ao Hamas, atiraram no carro de um policial do Fatah que recusou integrar a nova polícia dirigida pelo Hamas. E em um quartel, militantes dos dois partidos brigaram por discordarem da administração e controle do local.
No dia 10 de março, apesar dos Acordos da Meca, os afrontamentos entre as duas facções continuaram na Faixa de Gaza e um militante do Hamas acabou sendo morto e sete feridos. Suspeitou-se que tivesse sido "obra" de Mohammed Dahlan para minar os acordos inter-partido que estavam em bom caminho.
No dia 15 o presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas aprovou o ministério do primeiro ministro Ismail Haniyeh e tudo parecia quase resolvido. O maior desafio era conseguir resolver o problema de segurança na Faixa de Gaza e encarar a crise econômica gerada pelo bloqueio de fundos e de mercadoria.
Ou melhor, o maior desafio era Israel "aceitar" este governo de união constituído de 25 ministros - 11 do Hamas, 6 do Fatah, 7 independentes/tecnocratas, 1 comunista.
No dia seguinte à formação do governo palestino, o primeiro ministro francês, Dominique de Villepin, aproveitou uma palestra em Harvard, nos EUA, para interceder em favor deste esforço da OLP (Organização pela Libertação da Palestina, que engloba a Resistência inteira) e para advogar a retomada das ajudas internacionais à Palestina com "projetos de cooperação para criar um verdadeiro desenvolvimento. "Temos de ajudar Mahmoud Abbas e dar uma chance aos partidários da paz facilitando as evoluções no seio do Hamas", disse. No mesmo dia seu ministro das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, enviou um telegrama cumprimentando Ziad Abu-Amr, seu homólogo no novo governo palestino, e aproveitou para lhe pedir a libertação do soldado israelense Gilad Shalit - Ehud Olmert e seu ministro das Relações Exteriores não receberam nenhum telegrama pedindo a libertação dos 9.344 palestinos detidos em suas masmorras, 385 deles, menores; mas é a velha história dos dois pesos e duas medidas e do valor seletivo da vida.
Apesar desta falta de coragem, a França comportou-se melhor do que os demais. Convidou Ziad Abu-Amr - formado em literatura na Universidade de Damasco e doutorado em Ciências Políticas na Universidade de Georgetown, em Washington - para visitar Paris e defender sua causa.
A Inglaterra, por sua vez, continuou fiel aos Estados Unidos. Disse que autorizaria os contatos diplomáticos só com os ministros do Fatah, hierarquizando de cara seus valores. Tony Blair mal escondia suas simpatias israelenses; foi e continua sendo um dos advogados mais dissimulados da ocupação e um empecilho à emancipação palestina. No fim de seu mandato de Primeiro Ministro da Inglaterra, viraria emissário oficial do Quarteto. Desde então, tenta mais paliar os efeitos da ocupação do que contestá-la ou terminar com ela.
Quanto a Washington, ainda com George W. Bush no comando, voltou a ameaçar não suspender as sanções impostas após a vitória do Hamas, caso as três condições do Quarteto, impostas para dar problema, não fossem respeitadas ao pé da letra.
Do lado oficial, o coordenador das Nações Unidas para o Oriente Médio Albert de Soto, presente na cerimônia, evocou a importância do passo que a Palestina estava dando "na direção certa".
A Noruega, não-membro da União Europeia, fez o que os demais países influentes deveriam ter feito, restabeleceu imediatamente suas relações com a ANP. Seu vice-ministro das Relações Exteriores, Raymond Johansen, chegou a deslocar-se até Gaza para encontrar Ismail Haniyeh.
A Noruega, não-membro da União Europeia, fez o que os demais países influentes deveriam ter feito, restabeleceu imediatamente suas relações com a ANP. Seu vice-ministro das Relações Exteriores, Raymond Johansen, chegou a deslocar-se até Gaza para encontrar Ismail Haniyeh.
Porém, os apoios da França, com o presidente Jacques Chirac em fim de mandato, e da Noruega, não passaram de gotas, grossas, mas gotas, no mar de apoio incondicional a Israel liderado pelos EUA- mesmo este agindo descaradamente fora da lei expandindo suas colônias/invasões ilegais na Cisjordânia.
Euronews, No Comment: IDF em ação em Belém (10/05/2007)
No dia 17 de março, dia em que o novo governo foi empossado em cerimônia simultânea em Gaza e Ramallah, Israel condenou esta tentativa de conciliação ao fracasso quando declarou que não negociaria com este governo de união "em nenhuma circunstância".
E os Estados Unidos assinariam embaixo.
Outros estavam otimistas. No dia 18, o rei Abdullah da Jordânia ligou para Mahmoud Abbas e para Ismail Haniyeh e os cumprimentou com entusiasmo pelo feito. E aproveitou para dizer que esperava que "the new government would work for achieving a settlement based on UN resolutions and the Arab peace plan. And that it would lead to the establishment of an independent Palestinian state and bring about peace and stability throughout the region."
Os dois líderes palestinos estavam até entusiasmados com a reaproximação e o Hamas estava até comedido em suas declarações. Ao apresentar ao Parlamento seu programa de governo, o Primeiro Ministro disse que a coalizão pretendia estabelecer um Estado da Palestina dentro da fronteira de 1967 e reafirmou o direito dos palestinos resistirem à ocupação, mas acrescentou que buscaria negociar paz com Israel.
A abordagem das fronteiras de 1967 (invadidas paulatinamente por civis e militares israelenses que ilegalmente cercearam a liberdade dos palestinos e cercaram suas cidades) foi mal-vista em Israel, em Washington e em Londres. E a não verbalização do reconhecimento do Estado de Israel (condição sine qua non imposta pelo Quarteto) gerou reação imediata dos Estados Unidos que correu em socorro de seu afilhado.
Por incrível que pareça, parte das condições do Quarteto era que o novo governo palestino reconhecesse o Estado de Israel (sem nenhuma obrigação de Israel "autorizar" a criação do Estado da Palestina nas fronteiras de 1967 como previam os Acordos de Oslo) e que renunciasse, unilateralmente, à violência, esem contrapartida israelense. Ou seja, as condições do Quarteto impunha que o novo governo FAtah e Hamas se submetesse à ocupação de braços cruzados e deixasse as águas da limpeza étnica rolarem até não ter mais jeito.
O Quarteto não deu nenhum crédito aos esforços que os palestinos demonstraram. Só focou na parte que julgava negativa. Quanto a Israel, recusou a mão estendida. Em vez de Ehud Olmert responder que concordava em encarar Ismail Haniyeh em uma mesa de negociações, reiterou seu desprezo ao Hamas.
A Noruega manteve sua posição assim mesmo.
O mês de abril passaria com a união nacional em um frágil equilíbrio e com repressão e ataques pontuais israelenses na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, como mostra o vídeo abaixo.
O mês de abril passaria com a união nacional em um frágil equilíbrio e com repressão e ataques pontuais israelenses na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, como mostra o vídeo abaixo.
Euronews: No Comment IDF em ação em Hebron (07/05/2007)
Apesar da ameaça constante que pairava sob os palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, a Autoridade Palestina, nas mãos do Fatah, não manteve a união com o Hamas para combater o ocupante que era o inimigo comum. Preferiu apostar nas promessas do Quarteto e ceder às pressões deste.
As promessas enganosas feitas a Mahmoud Abbas e a ambição de Mohammad Dahlan fizeram com que apesar da Conciliação na cúpula, a população vivesse um mês de maio atribulado devido a escaramuças esporádicas na Faixa.
As promessas enganosas feitas a Mahmoud Abbas e a ambição de Mohammad Dahlan fizeram com que apesar da Conciliação na cúpula, a população vivesse um mês de maio atribulado devido a escaramuças esporádicas na Faixa.
No dia 17 houve um novo cessar-fogo rompido uma hora após ser anunciado. Um militante do Hamas foi morto em um combate relâmpago, em outro, morreram dois membros do Fatah e um do Hamas sofreu ferimento grave.
No dia seguinte, os dois lados se afrontaram em Gaza onde disseram na época que policiais de Dahlan atiraram na Universidade Islâmica com a mesma justificativa que Israel usava para bombardear quando lhe dava vontade. Que o Hamas usava o campus como base militar.
A situação estava piorando, mas a gota d'água foi um ataque israelense que matou três combatentes do Hamas que lançavam foguetes em Israel. As suspeitas logo caíram em Dahlan que teria informado o Shin Bet (um "FBI" israelense que age na Palestina) onde estava a base de lançamento.
A luta foi intensificada e muita gente morreu em combate ou bala perdida. Nos últimos cinco meses, mais de 90 haviam perdido a vida.
O Hamas levava a melhor, talvez por seus combatentes serem mais disciplinados e por receberem adesões crescentes por causa do comportamento ambíguo de Dahlan, suspeitado de colaborar com o ocupante. Dahlan deveria representar o Fatah na Faixa, mas na verdade visava o poder, simplesmente, e com a ajuda de Israel e dos EUA. E de Gaza iria certamente a Ramallah puxar o tapete de Abu Mazen, que ainda não enxergava a víbora que havia alimentado.
O Hamas levava a melhor, talvez por seus combatentes serem mais disciplinados e por receberem adesões crescentes por causa do comportamento ambíguo de Dahlan, suspeitado de colaborar com o ocupante. Dahlan deveria representar o Fatah na Faixa, mas na verdade visava o poder, simplesmente, e com a ajuda de Israel e dos EUA. E de Gaza iria certamente a Ramallah puxar o tapete de Abu Mazen, que ainda não enxergava a víbora que havia alimentado.
Enquanto isso, Israel continuava suas ações arbitrárias. No dia 23 de maio, soldados da IDF invadiram a casa do ministro da Educação Nasser Shaer, do Hamas, em Nablus, na Cisjordânia, pela segunda vez. Ele seria solto só no dia 17 de julho após assinar um documento em que renunciava à sua participação no Hamas e a "qualquer organização ilegal". Ilegal, em termos israelenses, é a resistência.
Na noite de sexta-feira, dia 25 para o sábado 26 de maio, a IDF invadiu a casa de outro ministro palestino em uma cidadezinha perto de Jenine enquanto a família dormia. Desta vez foi Wasfi Kabha, que ocupava um cargo semelhante ao nosso chefe da Casa Civil.
A França foi o único país da Uunião Europeia que condenou estas operações militares israelenses de sequestro de ministros que visavam desestabilizar a trégua relativa e o governo de união nacional.
Os protestos da França, em transição de governo, não bastariam.
Quanto ao Fatah, por causa do apoio explícito de Washington e Tel Aviv a Dahlan, o partido passou a ser visto na Faixa de Gaza como cúmplice do ocupante e não mais como um concidadão e aliado. Nessas condições, o confronto entre as facções era inevitável. O combate fratricida final que Bush, Olmert e Blair fomentaram deixaria feridas difíceis de cicatrizarem. Ficaria conhecido como Batalha de Gaza, que veremos na próxima etapa.
Quanto ao Fatah, por causa do apoio explícito de Washington e Tel Aviv a Dahlan, o partido passou a ser visto na Faixa de Gaza como cúmplice do ocupante e não mais como um concidadão e aliado. Nessas condições, o confronto entre as facções era inevitável. O combate fratricida final que Bush, Olmert e Blair fomentaram deixaria feridas difíceis de cicatrizarem. Ficaria conhecido como Batalha de Gaza, que veremos na próxima etapa.
A IDF em ação no campo de refugiados Balata em março, em Nablus
Idem em abril, no dia 12
Idem em maio, no dia 25
Enquanto isso, em Bil'in,
os palestinos continuavam a resistir ao muro da vergonha em março
Em abril, a IDF atingiu a irlandesa Mairead Maguire, prêmio Nobel da Paz em 1976
David Frost entrevista Mustafá Barghouti,
Ministro das Relações Exteriores do governo palestino de união
18/05/2007 (14')
Sami Zeidan talks to Khaled Meshaal, presidente do Hamas
I
II
The planned deal concerns living people. They are being treated like goods, for which the officials of the two sides are bargaining, as if they were a piece of land or a load of fruit.
In their own eyes, and in the eyes of their spouses, parents and children, they are not goods. They are life itself.
Immediately after the signing of the Oslo agreement in 1993, "Gush Shalom" publicly called on the Prime Minister, Yitzhak Rabin, to free all the Palestinian prisoners.
The logic was simple: they are in reality prisoners-of-war. They did what they did in the service of their people, exactly like our own soldiers. The people who sent them were the chiefs of the Palestinian Liberation Organization (PLO) with whom we have just signed a far-reaching agreement. Is there any sense in signing an agreement with the commanders, while their subordinates continue to languish in our jails?
When one makes peace, prisoners-of-war are expected to be released. In our case, this would not only be a sign of humanity, but also of wisdom. These prisoners come from all the towns and villages. Sending them home would release an outburst of joy all over the occupied Palestinian territories. There is hardly a Palestinian family that does not have a relative in prison.
If the agreement is not to remain just a piece of paper, we said, but be imbued with content and spirit - there is no wiser act than this.
Unfortunately, Rabin did not listen to us. He had many positive traits, but he was a rather closed person, devoid of imagination. He was himself a prisoner of narrow "security" concepts. For him, the prisoners were goods to be traded for something. True, before the founding of Israel he himself had been held in detention by the British for some time, but, like many others, he was incapable of applying the lessons of his own experience to the Palestinians.
We considered this a fateful matter as far as the peace efforts were concerned. Together with the unforgettable Faisal Husseini, the adored leader of the Palestinian population of East Jerusalem, we organized a demonstration opposite the Jneid prison in Nablus. It was the largest joint Israeli-Palestinian demonstration ever. More than ten thousand people took part.
In vain. The prisoners were not released.
Fourteen years later, nothing has changed. Prisoners have been released after completing their sentence, others have taken their place. Every night, Israeli soldiers capture a dozen or so new "wanted" Palestinians.
At any one time, there are some 10,000 Palestinian prisoners, male and female, from minors to old people.
All our governments have treated them as goods. And goods are not given away for nothing. Goods have a price. Many times it was proposed to release some prisoners as a "gesture" to Mahmoud Abbas, in order to strengthen him vis-à-vis Hamas. All these suggestions were rejected by Ariel Sharon and Ehud Olmert.
Now, the security services oppose the prisoner exchange deal for the release of the soldier Gilad Shalit. And not because the price - 1400 in exchange for 1 - is exorbitant. On the contrary, for many Israelis it seems quite natural that one Israeli soldier is worth 1400 "terrorists". But the security services raise much weightier arguments: if prisoners are released for a "kidnapped" soldier, it will encourage the "terrorists" to capture more soldiers.
At least some of the released prisoners will return to their organizations and activities, and that will result in more bloodshed. Israeli soldiers will be obliged to risk their lives in order to arrest them again. And there is something else lurking in the background: some of the families of Israelis killed in attacks, who are organized in a very vociferous lobby connected with the extreme right, will raise hell. How could this pitiful government, devoid of any public standing, withstand such pressure?
For each of these arguments, there is a counter-argument.
Not releasing the prisoners leaves the "terrorists" with a permanent motivation to "kidnap" soldiers. After all, nothing else seems to convince us to release prisoners. In these circumstances, such actions will always enjoy huge popularity with the Palestinian public, which includes many thousands of families that are waiting for the return of their loved ones.
From a military point of view, there is another strong argument: "Soldiers are not left in the field". This is held as a sacred maxim, a mainstay of army morale. Every soldier must know that if he or she is captured, the Israeli army will do everything, but everything, to get him free. If this belief is undermined, will soldiers be as ready to take risks in battle?
Furthermore, experience shows that a high proportion of released Palestinian prisoners do not return to the cycle of violence. After years in detention, all they want is to live in peace and devote their time to their children. They exercise a moderating influence on their surroundings.
And as for the thirst for revenge of the families of "terror victims" - woe to a government that gives in to such emotions, which, of course, exist on both sides. The political argument goes both ways. There is pressure from the "terror victims" - but there is even stronger pressure from the family of the captured soldier.
In Judaism, there is a commandment called "ransom of prisoners". It arose from the reality of a persecuted community dispersed across the world. Every Jew is obliged to make any sacrifice and pay any price for the release of another Jew from prison. If Turkish pirates captured a Jew from England, the Jews of Istanbul paid the ransom for his release. In today's Israel, this obligation still holds.
Public meetings and demonstrations are now being held for the release of Gilad Shalit. The organizers do not say openly that the aim is to push the government to accept the exchange deal. But, since there is no other way to get him back alive, that is the message in practice.
One cannot envy the members of the government who find themselves in this situation. Caught between two bad options, the natural tendency of a politician like Olmert is not to decide at all and postpone everything. But this is a third bad option, and one which carries a heavy political price.
The strongest emotional argument voiced by the opponents of the deal is that the Palestinians are demanding the release of prisoners with "blood on their hands". In our society, the words "Jewish blood" - two words beloved by the Right - are enough to silence even many on the Left.
But that is a stupid argument. It is also mendacious.
In the terminology of the Security Service, this definition applies not only to a person who himself has taken part in an attack in which Israelis were killed, but also to anyone who thought about the action, gave the order, organized it and helped to carry it out - prepared the weapons, conveyed the attacker to the scene, etc.
According to this definition, every soldier and officer of the Israeli army has "blood on his hands", along with many politicians.
Somebody who has killed or wounded Israelis - is he different from us, the Israeli soldiers past and present?
When I was a soldier in the 1948 war, in which tens of thousands of civilians, fighters and soldiers on both sided perished, I was a machine-gunner in the Samson's Foxes commando unit. I fired thousands of bullets, if not tens of thousands. It was mostly at night, and I could not see whether I hit anybody, and if so - who. Do I have blood on my hands?
The official argument is that the prisoners are not soldiers, and therefore they are not prisoners-of-war, but common criminals, murderers and their accomplices.
That is not an original argument. All colonial regimes in history have said the same. No foreign ruler, fighting an uprising of the oppressed people, has ever recognized his enemy as legitimate fighters. The French did not recognize the Algerian freedom fighters, the Americans do not recognize the Iraqi and Afghan freedom fighters (they are all terrorists, who can be tortured and held in abominable detention centers), the South African apartheid regime treated Nelson Mandela and his comrades as criminals, as the British did to Mahatma Gandhi and the fighters of the Hebrew underground in Palestine. In Ireland, they hanged the members of the Irish underground, who left behind moving songs ("Shoot me like an Irish soldier / Do not hang me like a dog; / For I fought for Ireland's freedom / On that dark September morn…")
The fiction that freedom-fighters are common criminals is necessary for the legitimation of a colonial regime, and makes it easier for a soldier to shoot people. It is, of course, twisted. A common criminal acts in his own interest. A freedom fighter or "terrorist", like most soldiers, believes that he is serving his people or cause.
One paradox of the situation is that the Israeli government is negotiating with people who themselves have served time in Israeli prisons. When our leaders speak about the need to strengthen the "moderate" Palestinian elements - they mainly mean these.
That is a feature of the Palestinian situation, which I doubt the existence of in other occupied countries. People who have spent five, ten and even twenty years in Israeli prisons, and who have every reason in the world to hate our guts, are quite open to contact with Israelis.
Since I know some of them, and some of them have become close friends, I have wondered many times about this... Of course, my Palestinian friends hate the Israeli occupation. But they do not hate all Israelis, just for being Israelis. In prison, most of them have learned good Hebrew and listened to Israeli radio, read Israeli newspapers and watched Israeli TV. They know that there are all kinds of Israelis, just as there are all kinds of Palestinians. Israeli democracy, which allows members of the Knesset to vilify their prime minister, has made a deep impression on them. When the Israeli government showed a readiness to negotiate with Palestinians, the best partners were to be found among these ex-prisoners.
That is also true for the prisoners that are to be released now. If Marwan Barghouti is released, he will be a natural partner in any peace effort.
I shall be very happy when both he and Gilad Shalit are free."
Uri Avnery, 14/04/2007
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