Neste dia, um caminhão militar israelense colide com um carro local matando os quatro passageiros e ferindo mais sete palestinos.
A rádio divulga a informação como um "acidente" a mais, porém, a população de Jabalya, cansada dos atropelamentos "acidentais" impunes e suspeitando que o "acidente" seja uma retaliação pela morte de dois colonos judeus dois dias antes em Gaza, reage mal.
A tensão aumenta depressa e durante o funeral das vítimas, a população se revolta espontaneamente contra os soldados da IDF que ocupam seu campo de refugiados, na Faixa de Gaza.
A tensão aumenta depressa e durante o funeral das vítimas, a população se revolta espontaneamente contra os soldados da IDF que ocupam seu campo de refugiados, na Faixa de Gaza.
Os soldados da IDF atiram na passeata,
mas suas balas não surtem o efeito calmante desejado,
muito pelo contrário.
O oficial em comando fica impressionado com a reação inesperada, pede reforços, o comandante do setor subestima o levante e diz "Não se preocupe. Ao anoitecer voltarão todos para casa e no dia seguinte a calma, como sempre, voltará a reinar."
Contra estes prognósticos, no dia seguinte a população não se acalma.
A maioria do homens não vai trabalhar, mas fica ativa, rebelada,
e os universitários percorrem as ruas de Gaza chamando à revolta.
Afim de impor sua superioridade militar à população desarmada, os soldados desfilam tanques e armas a fim de dissuadir os insurretos; são surpreendidos com uma chuva de pedras, com jovens que sobem em seus veículos militares e com coquetéis molotov que incendeiam um de seus artefatos bélicos.
Subestimando o levante, no dia 10 de dezembro, Yitshak Rabin, então Ministro da Defesa, voa para Nova Iorque e deixa o noviço Yitzhak Shamir encarregado de lidar com o "probleminha" que acha ser restrito ao campo de refugiados de Jabalya e à cidade de Gaza.
Rabin descarta a preocupação dos estadunidenses com revolta grave nos Teritórios Ocupados.
Quando vê, junto com o mundo, as imagens televisivas da dimensão do "acidente" e a quantidade de jovens mortos e feridos por seus soldados em poucas horas, opta pela pela saída de sempre.
Ele a julga improvável, e põe-se a fazer a que veio: comprar equipamento militar.
Quando vê, junto com o mundo, as imagens televisivas da dimensão do "acidente" e a quantidade de jovens mortos e feridos por seus soldados em poucas horas, opta pela pela saída de sempre.
Dá entrevista coletiva dizendo o que quer que acreditem. Nesse dia, que o Irã e a Síria, os dois maiores inimigos de Israel, estavam por trás daquilo que viam na telinha. Enquanto isso Shamir, em Tel Aviv, acusa a OLP de fomentar desordem.
A desinformação vai contra a opinião de todos os especialistas dos Serviços de Informação ocidentais.
Desconsideram o responsável imediato, o "acidente" de trânsito,
O Iron Fist era uma política de estrangulamento moral e econômico.
Estes argumentam que o levante é espontâneo, mas os dois isralenses não voltam atrás às acusações de ingerência externa e continuam a caçar com sofreguidão ainda mais intensa os membros da OLP.
Desconsideram o responsável imediato, o "acidente" de trânsito,
e o mediato, a política Iron Fist - Punho de Ferro,
que desde 1985 vêm aplicando nos Territórios Ocupados.
O Iron Fist era uma política de estrangulamento moral e econômico.
Um modelo de integração econômica forçada e rápidas construções de invasões em forma de colônias judias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
O Ministro da Fazenda, Gad Ya'acobi, até admitiu que esta política era um "processo de anexação de facto".
das regulamentações arbitrárias de acesso à mesquita e às igrejas, os adultos e nós crianças nem nos preocupamos mais com a potência bélica do ocupante e nos armamos com as pedras da nossa terra."
Conta um dos revoltados que tinha 13 anos na época.
De fato, segundo o Comitê de Segurança da ONU, vinte anos de ocupação militar, repressão e desapropiação de água, terra, lar, foram causas diretas do levante espontâneo chamado Intifada.
Palestinos de todas as idades e de todos os meios sociais, jovens, comerciantes, operários, mulheres, crianças, participaram das manifestações de massa, dos boicotes, das greves - sobretudo de impostos, em protesto à ocupação militar de suas terras e para exigir independência nacional.
Palestinos de todas as idades e de todos os meios sociais, jovens, comerciantes, operários, mulheres, crianças, participaram das manifestações de massa, dos boicotes, das greves - sobretudo de impostos, em protesto à ocupação militar de suas terras e para exigir independência nacional.
A rebelião que Rabin começou achando "irrelevante" duraria seis anos.
Passa de Jabalya a Khan Younès, Bourej, Nuseirat até atingir toda
a Faixa de Gaza e concomitantemente, a Cisjordânia.
Assim começou a Intifada, palavra árabe que significa revolta
e que virou adjetivo de rebeldia contra injustiças mais ou menos oficializadas.
Ela foi caracterizada pela desobediência civil e manifestações contra a dominação do ocupante.
Fizeram greves e se recusaram a pagar os impostos exigidos por Israel
sem contrapartida de compensação econômica e representação política.
A resistência ativa à ocupação foi protagonizada pelos jovens.
Apedrejavam os tanques e bloqueavam ruas com barricadas para que os tanques não passassem.
As mulheres representaram papel importante nas cidades,
por isto foram trinta por cento das vítimas que tombaram.
Jerusalém esteve em constante estado de sítio.
Todo cidadão palestino tinha o carro minuciosamente controlado,
era despido, revistado,
e 400 mil carteiras de identidade foram confiscadas.
Um dos mentores da resistência pacífica foi Moubarak Awad, um psicólogo que tinha aberto um Centro de Não-Violência em Jerusalém.
Ele criou e pôs em prática cerca de 120 métodos de ação que iam do boicote de cigarros e refrigerantes à recusa de pagamento de impostos, em uma cadeia de várias etapas que culminariam com a ruptura completa do sistema imposto nos Territórios Ocupados.
Ele criou e pôs em prática cerca de 120 métodos de ação que iam do boicote de cigarros e refrigerantes à recusa de pagamento de impostos, em uma cadeia de várias etapas que culminariam com a ruptura completa do sistema imposto nos Territórios Ocupados.
A reação de Tel Aviv à ameaça de perda de terreno e de renda fiscal levou à mudança recorde de leis e regras para que as novas atingissem os palestinos em massa e minassem a insurgência cívica.
Dentre elas, toques de recolher em todas as cidades da Faixa de Gaza e em 80% da Cirsjodânia; fechamento de todas as escolas, universidades e ONGs humanitárias; demolição de várias casas e prédios administrativos; expulsão de 140 supostos dirigentes da Intifada e outras medidas pontuais.
Dentre elas, toques de recolher em todas as cidades da Faixa de Gaza e em 80% da Cirsjodânia; fechamento de todas as escolas, universidades e ONGs humanitárias; demolição de várias casas e prédios administrativos; expulsão de 140 supostos dirigentes da Intifada e outras medidas pontuais.
O já baixo padrão de vida dos palestinos, devido às restrições de cultivo e produção, caiu mais 40%. Água, eletricidade e telefone eram cortadas frequente e aleatóriamente; as estradas entre as cidades eram bloqueadas para os cidadãos não poderem locomover-se nem vender o fruto de seu trabalho e as licenças de exportação só eram renovadas para os que furavam a greve e concordavam em pagar os impostos que o conquistador cobrava.
Foi assim que Tel Aviv empurrou pais de família desesperados a colaborar com o Mossad.
Na Galileia, os palestinos residentes em Israel, sobreviventes da Naqba, acabam se solidarizando com seus compatriotas dos Territórios Ocupados.
Também fazem greves de consumo e fiscal, passeatas, coletas de fundos e de sangue para os feridos do outro lado da Linha Verde.
O Movimento vai crescendo e ganhando solidariedade da Esquerda israelense e de Nazaré inteira.
A maior cidade palestino-cristã da Galileia, começa a imprimir os panfletos enviados para a Cirjordânia e seus moradores oferecem contribuições financeiras à OLP e põem seus telefones à disposição do intercâmbio entre Jerusalém e Tunis, quando o Shin Beth (SNI isralense) corta as linhas telefônicas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Para estes palestinos a Intifada foi um marco em seu comportamento e em sua orientação política.
De fato, após 20 anos de ocupação militar brutal, a Intifada começou no dia 09 de dezembro de 1987. Foi o jeito dos palestinos dizerem Basta! De lembrarem os israelenses do que David Ben Gurion, o primeiro governante de Israel, disse em 1938: "A people which fights against the usurpation of its land will not tire so easily."
primeiro ministro de
Além de terem sido despojados de sua terra natal e expulsos de seus lares em 1948 para ceder lugar aos imigrantes judeus que invadiam seu país, haviam sido desprezados e rejeitados pela 'comunidade internacional' como se não existissem.
Eram vítimas de um processo de colonização (arquitetado pelo barão de Rotchcshild e seus comparsas) no qual sua própria existência como povo era negada e seus direitos à auto-determinação foram usurpados.
O projeto sionista estava em andamento com o apoio de instituições e governos poderosos que minavam na base as resoluções das Nações Unidas que defendiam os direitos inalienáveis dos palestinos.
Israel já estava armado até os dentes e terminando sua bomba atômica, mas não contava com a determinação de um povo usurpado armado apenas de pedras e estilingues contra seus tanques, uzis e bulldozers.
Assim começou o que foi chamado "War of stones".
A causa da Primeira Intifada é atribuída à morte de quatro palestinos causada por um veículo israelense armado em um checkpoint na Faixa de Gaza e o assassinato posterior de Hatem Abu Sissi de 17 anos por um oficial da IDF durante uma passeata.
Contudo, estes atos de violência individuais e os que o precederam foram apenas a gota que fez derramar a água do copo do sofrimento impotente de 20 anos de ocupação. Foi uma demonstração unida de luta política pela auto-determinação.
Um geração inteira de palestinos só tinha conhecido a vida sob as botas do ocupante. Tinham crescido sendo tratados como seres inferiores prisioneiros em sua própria terra natal e explorados como mão-de-obra barata. Seus salários eram a metade do de um israelense que fazia o mesmo trabalho e pagavam mais imposto, dispunham de quase nenhuma seguridade de trabalho, de saúde e social. Muitos palestinos não obtinham carteira de trabalho e muitos dos que a tinham não conseguiam que suas carteiras fossem assinadas.
O que queriam era ficar livres da tirania israelense e viver normalmente, como nos outros países, e resistiam à força usada contra eles diariamente, individualmente.
Além da exploração e da humilhação quotidianas, viam suas terras serem confiscadas ilegalmente para serem dadas a imigrantes judeus com portes de arma, inclusive metralhadora, protegidos pelos soldados da IDF quando a usavam para aterrorizar os nativos.
Além disso, tudo o que se referia à Palestina era destruído, a palavra 'palestina' foi apagada dos livros escolares e todos os produtos locais foram remarcados como israelenses.
Literatura, arte, música e outras atividades que lembrassem consciência nacional eram atacados e universidades eram fechadas de maneira intermitente para perturbar o aprendizado dos universitários. A repressão da identidade cultural palestina teve o efeito contrário, de levar a um movimento clandestino de resistência que acabou sendo exprimido através da Intifada.
Israel tentou manipular os eventos inúmeras vezes para que uma "new leadership" suplantasse a OLP (Organização para Libertação da Palestina), em vão. O objetivo era limitar o controle palestino de seu próprio destino, após a revolta contra a artimanha da "Civil Administration" em 1976, contra os acordos de Campo David em 1979-80 e contra a sugerida confederação com a Jordânia.
No processo de controle, milhares de palestinos foram deportados no intuito de estrangular a resistência e em 1987 havia 4.700 prisioneiros políticos palestinos presos em Israel (200 mil haviam sido detidos durante períodos curtos ou longos desde 1967) e os palestinos se davam conta que não tinham nenhuma instância imparcial que os escutasse justamente, sobretudo no tocante ao confisco de terra, água e colônias.
Sentindo sua identidade cultural com risco de ser aniquilada, não foi surpreendente que quisessem chacoalhar das costas o fardo da ocupação.
A primeira intifada foi a da desobediência civil em massa - boicote de produtos israeleneses, recusa de pagamento de imposto, estabelecimento de postos de saúde nacionais, organização de serviços sociais, greves, passeatas e confrontamento desarmado.
As táticas usada surpreenderam Israel e chamaram a atenção da comunidade internacional, até então alheia e indiferente ao que se passava nos territórios palestinos ocupados.
As televisões captaram as imagens de meninos jogando pedras contra tanques e sem querer, derrubaram com estas imagens o mito que a hasbara israelense propagava - a fledgling Israel struggling to survive against the mighty Arab world. Suddenly, ou seja, um frágil Israel lutando para sobreviver em um mundo árabe inóspito e poderoso.
De repente, o mundo inteiro viu que a verdade era totalmente diferente: Israel, the most powerful military force in the Middle East, was facing down defenseless teenagers. Ou, seja, as forças armadas mais poderosas do Oriente Médio estavam combatendo adolescentes indefesos.
Até então, apesar das denúncias de Albert Einstein e hannah Arendt, Israel construíra através da hasbara uma imagem de vítima que nem os cadáveres palestinos que horripilaram o mundo em 1982 nos campos de refugiados de Sabra e Shatila no Líbano haviam mudado.
Quando a Intifada catapultou a luta dos palestinos aos holofotes da mídia, a imagem esquizofrência que Israel se dava de conquistador e vítima foi desmascarada por fotos de soldados atirando em meninos segurando pedras. A situação piorou quando o então ministro da defesa Yitshak Rabin (que acabou passando à história como bonzinho por causa da farsa de Oslo!) ordenou aos oldados "to break the bones" dos jovens palestinos. Em quatro anos sua ordem foi cumprida à risca. Mais de mil rapazes foram assassinados e mais do triplo fora aleijada.
No exterior, o que marcou foram as pedras.
No interior, foram os panfletos. Como a Intifada não tinha líder, era este o meio de comunicação dos eventos. Shaul Mishal e Reuben Aharoni contam: “In the absence of an official and prominent local leadership, leaflets became a substitute leadership during the intifada. Their influence was felt everywhere as they informed the people of where to go and what to do and what had been achieved. Messages of upcoming strikes, boycotts and specific campaigns made the rounds and gave the people a sense of unity of purpose. This was also a time when symbolism became very important to the national movement and the Palestinian flag and its colors were incorporated even in clothing and embroidery. When so much else was restricted in their lives, the Palestinians had found novel ways to resist nonviolently, which had Israel searching for ways to respond."
Outros contam, "To quell the Intifada, Israel resorted to punishing the Palestinian population en masse. Ordinary civilians found themselves without freedom to pursue even the most routine daily activities. Curfews were ordered for weeks on end and thousands of Palestinians were arrested. With the closure of schools and universities, education effectively became illegal and teachers and students had to resort to “underground” classes. Homes were demolished without warning, olive trees and agricultural crops were destroyed, vital water supplies were redirected to Israel and then water usage restricted so severely, people had to queue with containers for hours to buy back their own water."
A outra estratégia dos ocupantes foi a deportação a fim de amputar famílias e separar a população que se unia pela primeira vez para dizer Não. Ze’ev Schiff e Ehud Ya’ari admitiram que “This was a sharp psychological turnabout for a public that had discovered what it could do — and how to exploit the enemy’s weaknesses.”
Pois é, não havia dúvida que o movimento deu aos palestinos a consciência de seu poder, apesar de saberem que pouco conseguiriam de sua rebelião. Sobretudo as mulheres, que criaram comitês de apoio aos homens nos bastidores. "While the stones were no match for Israel’s impressive arsenal", disse um oficial da IDF, "The essence of the intifada is not in the actual level of activity, but in the perception of the population … the sense of identity, direction and organization." A Intifada atraiu também a atenção da mídia internacional que até então só focalizava na resistência da OLP no exílio. O colega Thomas Friedman comentou então que “the presence of the foreign media really forced Israelis to look at the true brutality of their occupation.” Enfim, até Israel encontrar meios menos visíveis, o projeto Israel e a hasbara, para dominar a opinião pública internacional e posar de vítima.
De fato, após 20 anos de ocupação militar brutal, a Intifada começou no dia 09 de dezembro de 1987. Foi o jeito dos palestinos dizerem Basta! De lembrarem os israelenses do que David Ben Gurion, o primeiro governante de Israel, disse em 1938: "A people which fights against the usurpation of its land will not tire so easily."
primeiro ministro de
Além de terem sido despojados de sua terra natal e expulsos de seus lares em 1948 para ceder lugar aos imigrantes judeus que invadiam seu país, haviam sido desprezados e rejeitados pela 'comunidade internacional' como se não existissem.
Eram vítimas de um processo de colonização (arquitetado pelo barão de Rotchcshild e seus comparsas) no qual sua própria existência como povo era negada e seus direitos à auto-determinação foram usurpados.
O projeto sionista estava em andamento com o apoio de instituições e governos poderosos que minavam na base as resoluções das Nações Unidas que defendiam os direitos inalienáveis dos palestinos.
Israel já estava armado até os dentes e terminando sua bomba atômica, mas não contava com a determinação de um povo usurpado armado apenas de pedras e estilingues contra seus tanques, uzis e bulldozers.
Assim começou o que foi chamado "War of stones".
A causa da Primeira Intifada é atribuída à morte de quatro palestinos causada por um veículo israelense armado em um checkpoint na Faixa de Gaza e o assassinato posterior de Hatem Abu Sissi de 17 anos por um oficial da IDF durante uma passeata.
Contudo, estes atos de violência individuais e os que o precederam foram apenas a gota que fez derramar a água do copo do sofrimento impotente de 20 anos de ocupação. Foi uma demonstração unida de luta política pela auto-determinação.
Um geração inteira de palestinos só tinha conhecido a vida sob as botas do ocupante. Tinham crescido sendo tratados como seres inferiores prisioneiros em sua própria terra natal e explorados como mão-de-obra barata. Seus salários eram a metade do de um israelense que fazia o mesmo trabalho e pagavam mais imposto, dispunham de quase nenhuma seguridade de trabalho, de saúde e social. Muitos palestinos não obtinham carteira de trabalho e muitos dos que a tinham não conseguiam que suas carteiras fossem assinadas.
O que queriam era ficar livres da tirania israelense e viver normalmente, como nos outros países, e resistiam à força usada contra eles diariamente, individualmente.
Além da exploração e da humilhação quotidianas, viam suas terras serem confiscadas ilegalmente para serem dadas a imigrantes judeus com portes de arma, inclusive metralhadora, protegidos pelos soldados da IDF quando a usavam para aterrorizar os nativos.
Além disso, tudo o que se referia à Palestina era destruído, a palavra 'palestina' foi apagada dos livros escolares e todos os produtos locais foram remarcados como israelenses.
Literatura, arte, música e outras atividades que lembrassem consciência nacional eram atacados e universidades eram fechadas de maneira intermitente para perturbar o aprendizado dos universitários. A repressão da identidade cultural palestina teve o efeito contrário, de levar a um movimento clandestino de resistência que acabou sendo exprimido através da Intifada.
Israel tentou manipular os eventos inúmeras vezes para que uma "new leadership" suplantasse a OLP (Organização para Libertação da Palestina), em vão. O objetivo era limitar o controle palestino de seu próprio destino, após a revolta contra a artimanha da "Civil Administration" em 1976, contra os acordos de Campo David em 1979-80 e contra a sugerida confederação com a Jordânia.
No processo de controle, milhares de palestinos foram deportados no intuito de estrangular a resistência e em 1987 havia 4.700 prisioneiros políticos palestinos presos em Israel (200 mil haviam sido detidos durante períodos curtos ou longos desde 1967) e os palestinos se davam conta que não tinham nenhuma instância imparcial que os escutasse justamente, sobretudo no tocante ao confisco de terra, água e colônias.
Sentindo sua identidade cultural com risco de ser aniquilada, não foi surpreendente que quisessem chacoalhar das costas o fardo da ocupação.
A primeira intifada foi a da desobediência civil em massa - boicote de produtos israeleneses, recusa de pagamento de imposto, estabelecimento de postos de saúde nacionais, organização de serviços sociais, greves, passeatas e confrontamento desarmado.
As táticas usada surpreenderam Israel e chamaram a atenção da comunidade internacional, até então alheia e indiferente ao que se passava nos territórios palestinos ocupados.
As televisões captaram as imagens de meninos jogando pedras contra tanques e sem querer, derrubaram com estas imagens o mito que a hasbara israelense propagava - a fledgling Israel struggling to survive against the mighty Arab world. Suddenly, ou seja, um frágil Israel lutando para sobreviver em um mundo árabe inóspito e poderoso.
De repente, o mundo inteiro viu que a verdade era totalmente diferente: Israel, the most powerful military force in the Middle East, was facing down defenseless teenagers. Ou, seja, as forças armadas mais poderosas do Oriente Médio estavam combatendo adolescentes indefesos.
Até então, apesar das denúncias de Albert Einstein e hannah Arendt, Israel construíra através da hasbara uma imagem de vítima que nem os cadáveres palestinos que horripilaram o mundo em 1982 nos campos de refugiados de Sabra e Shatila no Líbano haviam mudado.
Quando a Intifada catapultou a luta dos palestinos aos holofotes da mídia, a imagem esquizofrência que Israel se dava de conquistador e vítima foi desmascarada por fotos de soldados atirando em meninos segurando pedras. A situação piorou quando o então ministro da defesa Yitshak Rabin (que acabou passando à história como bonzinho por causa da farsa de Oslo!) ordenou aos oldados "to break the bones" dos jovens palestinos. Em quatro anos sua ordem foi cumprida à risca. Mais de mil rapazes foram assassinados e mais do triplo fora aleijada.
No exterior, o que marcou foram as pedras.
No interior, foram os panfletos. Como a Intifada não tinha líder, era este o meio de comunicação dos eventos. Shaul Mishal e Reuben Aharoni contam: “In the absence of an official and prominent local leadership, leaflets became a substitute leadership during the intifada. Their influence was felt everywhere as they informed the people of where to go and what to do and what had been achieved. Messages of upcoming strikes, boycotts and specific campaigns made the rounds and gave the people a sense of unity of purpose. This was also a time when symbolism became very important to the national movement and the Palestinian flag and its colors were incorporated even in clothing and embroidery. When so much else was restricted in their lives, the Palestinians had found novel ways to resist nonviolently, which had Israel searching for ways to respond."
Outros contam, "To quell the Intifada, Israel resorted to punishing the Palestinian population en masse. Ordinary civilians found themselves without freedom to pursue even the most routine daily activities. Curfews were ordered for weeks on end and thousands of Palestinians were arrested. With the closure of schools and universities, education effectively became illegal and teachers and students had to resort to “underground” classes. Homes were demolished without warning, olive trees and agricultural crops were destroyed, vital water supplies were redirected to Israel and then water usage restricted so severely, people had to queue with containers for hours to buy back their own water."
A outra estratégia dos ocupantes foi a deportação a fim de amputar famílias e separar a população que se unia pela primeira vez para dizer Não. Ze’ev Schiff e Ehud Ya’ari admitiram que “This was a sharp psychological turnabout for a public that had discovered what it could do — and how to exploit the enemy’s weaknesses.”
Pois é, não havia dúvida que o movimento deu aos palestinos a consciência de seu poder, apesar de saberem que pouco conseguiriam de sua rebelião. Sobretudo as mulheres, que criaram comitês de apoio aos homens nos bastidores. "While the stones were no match for Israel’s impressive arsenal", disse um oficial da IDF, "The essence of the intifada is not in the actual level of activity, but in the perception of the population … the sense of identity, direction and organization." A Intifada atraiu também a atenção da mídia internacional que até então só focalizava na resistência da OLP no exílio. O colega Thomas Friedman comentou então que “the presence of the foreign media really forced Israelis to look at the true brutality of their occupation.” Enfim, até Israel encontrar meios menos visíveis, o projeto Israel e a hasbara, para dominar a opinião pública internacional e posar de vítima.
Enquanto isto, o Shin Bet aproveitava a zizania e a carência que se agravava nos Territórios Ocupados para distribuir propina aos pais de família incapacitados de alimentar os filhos para que dedo-durassem o que vissem para a repressão ser eficiente e mais dissuasiva.
Isto resultou na execução intra-comunitária de cerca de mil delatores.
Por outro lado, o Mossad (serviço secreto de Israel) continuava a agir em outras paragens.
Perseguiu os membros da OLP em todos os lugares, e em Tunis, em abril de 1988, matou à queima-roupa, em casa, de madrugada, na frente da esposa e do filho, Abu Jihad, um dos líderes da OLP e seu responsável militar.
A notícia deste assassinato dito "preventivo" logo chegou à Cisjordânia revoltando ainda mais os insurgentes e os aproximando de Arafat.
A OLP engajou-se então quanto e como pôde na Intifada.
A OLP engajou-se então quanto e como pôde na Intifada.
No final deste mesmo ano de 1988, na noite do dia 14 para 15 de novembro, na Argélia, Yasser Arafat foi eleito Presidente do Estado da Palestina pelo Conselho Nacional Palestino reunido em Alger e a OLP reconheceu de facto o Estado de Israel.
No dia 15, do outro lado do Jordão, o rei Houssein, temendo que a Intifada atravessasse o rio e conquistasse seus súditos, ainda mais depois da declaração de Ariel sharon que a Jordânia era o "lar nacional dos palestinos", tomou uma decisão que há anos adiava.
No dia 15, do outro lado do Jordão, o rei Houssein, temendo que a Intifada atravessasse o rio e conquistasse seus súditos, ainda mais depois da declaração de Ariel sharon que a Jordânia era o "lar nacional dos palestinos", tomou uma decisão que há anos adiava.
Nesse dia, o rei Houssein assinou o documento que transferia a Cisjordâni - que assim era chamada por ser considerada uma "extensão" da Jordânia - ao povo palestino e portanto, ao comando do seu recém "eleito" presidente, Yasser Arafat.
No ano seguinte, em plena Intifada, Yasser Arafat retorna à Assembleia das Nações Unidas. Mas não a Nova Iorque, pois os Estados Unidos negaram-lhe visto de entrada, levando a ONU a realizar uma Assembleia extraordinária em Genebra.
As televisões do mundo inteiro mostravam os jovens palestinos mortos e feridos estendidos nas calçadas e a opinião pública internacional pedia contas a seus dirigentes nacionais, que por sua vez, como em 1974 após o Setembro Negro, achavam que dos males, a OLP era o menor e que era melhor ter um interlocutor com quem discutir e negociar do que não ter como aceder a um povo insurreto incontrolável.
Desde o discurso de Arafat em 1974 que a OLP - criada pelo presidente egípcio Nasser em 1964 e que Arafat preside desde 1969 - encarnava para o mundo a vontade de viver do povo palestino e Yasser Arafat - nascido em Jerusalém, presidente da União dos estudantes palestinos no Cairo e co-fundador do grupo de resistência Fatah - era reconhecido, contra o gosto de Tel Aviv, seu único representante legítimo.
Após o famoso discurso que gerou as Resoluções em que a ONU se solidarizava claramente com a causa palestina, não tinha havido nenhuma evolução concreta e Israel se mostrara mais preocupado em combater a OLP do que cumprir as leis internacionais.
Sob o pretexto que Arafat não havia reconhecido o Estado de Israel.
Em dezembro de 1988 este argumento foi esvaziado pela reformulação da Carta da OLP e do Fatah, e sobretudo das explícitas declarações conciliatórias de Yasser Arafat. Muitos resistentes discordaram do que consideraram uma abdicação a seus direitos integrais, como mostra o vídeo abaixo.
Arafat, que desde jovem era chamado de "ancião" como tratam os sábios, era um sonhador. Como todos os palestinos que carregam dia e noite a chave da casa que tiveram de abandonar na Naqba.
Só que Arafat era um sonhador pragmático.
Embora todos os palestinos devessem ter direito de viver em seu país, ele falou nos dois Estados sem abordar a questão controvertida da volta dos refugiados.
Sabia que Israel e os Estados Unidos jamais concordariam com o retorno dos cinco milhões de palestinos que deixariam Israel com uma população inferior ao vizinho do lado.
Então, contra a esperança dos milhões de concidadãos destituídos de lar e direitos básicos, deixou o assunto de lado.
Em junho no Kremlin, em longa conversa com Arafat, Mikhail Gorbatchev havia aconselhado o líder da OLP, como havia feito o presidente da Tunísia, Bourguiba, anteriormente, a reconhecer o Estado de Israel nas fronteiras legais.
Nas palavras de Gorbatchev, "os elementos indispensáveis para o estabelecimento da paz e da boa vizinhança no Oriente Médio são o direito dos Palestinos à autodeterminação e o reconhecimento do Estado de Israel e sua segurança."
Arafat escutou a mensagem e fez um discurso que lhe foi fiel do começo ao fim.
Com ênfase em sua vontade de estabelecer uma paz fundada no Direito Internacional, citando as Resoluções 181 (29 de novembro 1947, a Assembleia Geral aceita, apesar da oposição da Liga Árabe e dos palestinos, a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, no antigo protetorado britânico da Palestina, com Jerusalém sob mandato internacional), 242 (22 de novembro 1967, o Conselho de Segurança pede a retirada de Israel dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias e "o reconhecimento da soberania, integridade territorial e independência política de todos os Estados da região e seu direito a viver em paz"), 338 (22 de outubro 1973, o Conselho de Segurança pede o cessar-fogo aos participantes da Guerra do Yom Kippur (quando Síria e Egito atacaram Israel) e o cumprimento da Resolução 242 do Conselho de Segurança) e rejeita toda forma de terrorismo.
Aproveitando a nova postura de Arafat, no dia 23, o papa João-Paulo II o recebe no Vaticano. Lá seu convidado demonstra devoção a "Nosso Senhor Jesus Cristo, palestino, já que nascido em Belém".
(Ao retornar à Palestina Arafat fará questão de assistir a todas as missas de Natal na Igreja da Natividade.)
Em 1990 é a vez do presidente francês François Mitterrand convidá-lo a Paris.
Com a condição de Arafat reafirmar publicamente que a OLP descartava sua Carta, em que afirmava que a luta armada era a única via de libertação da Palestina.
Sua vontade será satisfeita ao pé da letra.
Nesse ínterim, embora Ronald Reagan tivesse reconhecido em seu mandato a autoridade da OLP e de Arafat, o lobby sionista voltou a acumular sucessos, conseguindo convencer mais de sessenta senadores a enviar ao secretário de estado James Baker, então sob as ordens do novo presidente George Bush, uma carta se opondo ao Visto de entrada de Arafat para que retorne à ONU, em Nova Iorque.
O desmantelamento da União Soviética e da divisão de poder internacional tira logo a aura emergente da OLP e dá golpe duro em Yasser Arafat, enfraquecido com a Nova Ordem Mundial da supremacia absoluta dos EUA.
A proteção dos Territórios Ocupados que Arafat havia solicitado à ONU em Genebra jamais será efetivada.
E mais tarde ele seria alvo da fúria estadunidense e das monarquias petroleiras do Golfo por cometer um erro diplomático crasso condenando a Operação Desert Storm e declarando apoio ao povo iraquiano. Pagaria caro.
Mas o extremismo sionista tinha mais uma vez virado os holofotes para Jerusalém e na Europa a opinião pública estava dividida.
Em outubro de 1990, um grupo de judeus que se autodenominavam Temple Trustees - Protetores do Templo, haviam anunciado uma marcha em direção à Mesquita al-Aqsa, alegando que esta tinha de ser destruída para a cosntrução do terceiro templo hebraico.
Duzentos mil simpatizantes se dirigiram a Jerusalém e a IDF bloqueou as estradas de acesso dos palestinas à cidade, bloquearam a porta da mesquita e proibiram a entrada dos fiéis que lá estavam.
Estes foram atacados de helicópteros com gás lacrimogêneo e combatidos a bala.
Trinta e cinco minutos mais tarde, 33 corpos jaziam sem vida nos paralelepípedos e 850 pessoas estavam atingidas de ferimentos mais ou menos graves.
As instâncias internacionais se encontravam em um impasse.
O aperto era a indecisão entre aderir à aversão dos EUA e Israel aos direitos internacionais da Palestina e a necessidade de resolver o problema que viam como crucial nas boas relações com os países árabes e com sua própria opinião pública, chocada com a repressão da Intifada.
Neste estado de ânimo, em 1991, a Espanha se ofereceu para sediar uma conferência em sua capital, patrocinada oficialmente pels Estados Unidos, a fragmentada União Soviética e a Organização das Nações Unidas.
Mas oficiosamente, ficou logo claro que eram os EUA que davam as cartas.
George Bush chegou fortalecido por sua vitória no Iraque e Gorbatchev enfraquecido pelo tiro no pé que havia dado derrubando o Muro de Berlin, que aos olhos de Bush era uma derrota da União Soviética na Guerra Fria entre os dois países, desde o fim da Segunda Guerra.
E portanto, o perdedor seria incapaz de defender a causa que prezava.
Quanto a Yasser Arafat, fragilizado por sua aliança com o derrotado Iraque, preferiu não desperdiçar a oportunidade, mesmo Israel tendo conseguido conservá-lo longe dos debates.
Aliás, Israel aceitou a Conferência porque sabia que Yasser Arafat estava suficientemente fraco para ser aceito como "parceiro da paz".
Os convidados à Conferência de Madri foram Israel, Síria, Líbano, Jordânia e os palestinos eram representados por residentes de Cisjordânia, Gaza e Jordânia. Nenhum representante dos refugiados.
Yasser Arafat não ficou totalmente por fora. Durante a conferência, os delegados se comunicaram com ele por telefone.
Yasser Arafat não ficou totalmente por fora. Durante a conferência, os delegados se comunicaram com ele por telefone.
A Conferência se restringia a abrir diálogo entre as partes e os participantes não tinham nenhum poder de impor soluções ou assinar tratados.
Apenas inaugurar discussões bilaterais para negociações futuras.
O primeiro ministro de Israel Yitzhak Shamir bateu na tecla da expulsão dos judeus (sem mencionar a dos muçulmanos) da Espanha e do holocausto judeu;
os palestinos presentes reconheceram os pecados da Alemanha nazista mas perguntaram porque tinham de pagá-los, falaram no êxodo palestino de 1948 e 1967 e o sofrimento da ocupação;
os libaneses lembraram os 16 anos de guerra civil e as duas invasões da IDF; os sírios reivindicaram as colinas do Golan que os israelenses haviam capturado em 1967.
Os israelenses criticaram o não reconhecimento árabe da Resolução 181 de 1947 em que a ONU estabelecia a divisão da Palestina (sem que ninguém retrucasse que Israel foi bem além da fronteira pré-estabelecida).
Ficou claro que cada um queria defender sua causa, mas debater que é bom, nada.
Os israelenses queriam paz, mas queriam conservar muita parte da terra que cabia aos palestinos.
E para os palestinos a recuperação da terra que lhes cabia era condição sine qua non para a paz.
Shamir alterou-se e disse que abordar a questão "território" levaria rapidamente a um impasse, e no final das contas deixou a mesa por causa do sabbath - embora este possa ser quebrado se uma vida estiver em perigo; e no caso, eram milhares.
No final das contas, a Conferência de Paz foi mesmo uma descarga de dolências em que cada um despejou seus desejos e suas mágoas.
Abdel Shafi, chefe da delegação palestina, foi o mais sóbrio e sábio.
O único que pareceu escutar os demais, além de defender sua causa sem exaltar-se.
(Aliás, foi graças a Shafi - médico criador do "Crescente Vermelho" na Faixa de Gaza- que Arafat conseguiu convencer todas as facções palestinas a concordarem em participar da Conferência. Ele era a única figura pública realmente respeitada por todos, devido à sua imparcialidade e à devoção aos palestinos como um todo.)
Em Madri defendeu a solução dos dois Estados e de israelenses e palestinos viverem lado a lado como parceiro iguais.
"Mutualidade e reciprocidade têm de substituir dominação e hostilidade."
Ele insistiu que qualquer acordo interino tinha de incluir o gelo das colônias. "O processo de colonização é incompatível com o processo de paz. A construção de colônias representam consolidação da ocupação enquanto que o processo de paz é o fim da ocupação."
Acabou solicitando que os territórios palestinos, inclusive Jerusalém Oriental, fossem tratados do mesmo jeito e que um acordo interino fosse ligado a um estatuto específico final.
Foi mais ou menos ouvido, embora nada ficasse definido. Julgou que a Conferência em si tinha sido um começo para que o debate continuasse e chegasse a um Acordo de direito e de fato.
Apenas inaugurar discussões bilaterais para negociações futuras.
O chefe da delegação palestina, Abdul Shafi, cumprimentando a delegação israelense |
os palestinos presentes reconheceram os pecados da Alemanha nazista mas perguntaram porque tinham de pagá-los, falaram no êxodo palestino de 1948 e 1967 e o sofrimento da ocupação;
os libaneses lembraram os 16 anos de guerra civil e as duas invasões da IDF; os sírios reivindicaram as colinas do Golan que os israelenses haviam capturado em 1967.
Os israelenses criticaram o não reconhecimento árabe da Resolução 181 de 1947 em que a ONU estabelecia a divisão da Palestina (sem que ninguém retrucasse que Israel foi bem além da fronteira pré-estabelecida).
Ficou claro que cada um queria defender sua causa, mas debater que é bom, nada.
Os israelenses queriam paz, mas queriam conservar muita parte da terra que cabia aos palestinos.
E para os palestinos a recuperação da terra que lhes cabia era condição sine qua non para a paz.
Shamir alterou-se e disse que abordar a questão "território" levaria rapidamente a um impasse, e no final das contas deixou a mesa por causa do sabbath - embora este possa ser quebrado se uma vida estiver em perigo; e no caso, eram milhares.
No final das contas, a Conferência de Paz foi mesmo uma descarga de dolências em que cada um despejou seus desejos e suas mágoas.
Abdul Shafi com seu vice, Saeb Erekat |
O único que pareceu escutar os demais, além de defender sua causa sem exaltar-se.
(Aliás, foi graças a Shafi - médico criador do "Crescente Vermelho" na Faixa de Gaza- que Arafat conseguiu convencer todas as facções palestinas a concordarem em participar da Conferência. Ele era a única figura pública realmente respeitada por todos, devido à sua imparcialidade e à devoção aos palestinos como um todo.)
Em Madri defendeu a solução dos dois Estados e de israelenses e palestinos viverem lado a lado como parceiro iguais.
"Mutualidade e reciprocidade têm de substituir dominação e hostilidade."
Ele insistiu que qualquer acordo interino tinha de incluir o gelo das colônias. "O processo de colonização é incompatível com o processo de paz. A construção de colônias representam consolidação da ocupação enquanto que o processo de paz é o fim da ocupação."
Shafi de volta a Jericó com a deputada Hanan Ashrawi, após a Conferência |
Foi mais ou menos ouvido, embora nada ficasse definido. Julgou que a Conferência em si tinha sido um começo para que o debate continuasse e chegasse a um Acordo de direito e de fato.
Um dos fatos marcantes da Conferência foi a recusa de George Bush de comentar as Resoluções 242 e 338 da ONU.
Estas, como lembrei acima, exigem a retirada das forças armadas israelenses dos territórios palestinos ocupados em conflitos passados e o respeito da soberania, integridade territorial e independência política de todos os Estados da área e seus direitos de viver em paz em fronteiras seguras e determinadas.
Incrível que o homem que acabara de mandar meio milhão de soldados para forçar o Iraque a desocupar um pedaço do Koweit invadido há semanas, tivesse a "coragem" de no tocante às décadas de ocupação israelense da Palestina responder simplesmente:
"It's not my intention to go back to years of differences."
"It's not my intention to go back to years of differences."
Apesar dos pesares, a Intifada despertou o mundo para a causa palestina, e em Israel, a população entendeu que não dormiria sossegada enquanto o Likud estivesse no governo.
Enquanto o lobby sionista sacudia Bill Clinton em Washington para atordoá-lo, os israelenses viam que para pôr fim à Intifada que os apavorava tinham de mudar de tática.
Então resolveram dar uma chance ao Partido Trabalhista e a seu candidato, Yitzhak Rabin. General cansado de guerra, tinha aprendido as lições dos erros de seu primeiro mandato, da Intifada, e começava a desejar negociar.
(Infelizmente, não com o senhor Abdel Shafi e com Yasser Arafat, mas só com Arafat, pois sabia que Shafi tinha a determinação inabalável da generosidade e além disto, estava por cima, não tinha nenhum passivo bélico e atraía simpatia de gregos e troianos.)
Rabin não era um santo. Era um militar pragmático.
A Intifada deve tê-lo lembrado da frase que David Ben Gurion pronunciou em 1938: Um povo que luta contra a usurpação de sua terra não se cansa facilmente.
Começaria então, em 1992, uma aproximação secreta entre os lados.
No início Shari fazia parte.
Depois seria descartado.
A discussão seria entre Rabin e Arafat, em reunião de cúpula na Escandinávia, um ano mais tarde.
Enquanto isto, o Hamas resistia à sua maneira aos tanques e aos caças, com atentados artesanais.
Documentário Al Jazeera: Stories from the Intifada
II
I
Facts sheet published by the Intitute for Middle East Understanding (IMEU), an independent non-profit organization that provides journalists with quick access to information about Palestine, as well as expert sources, both in the USA and in the Middle East. INTIFADA.
A Intifada na Faixa de Gaza
Filme: Casamento na Galileia
De Michel Khleif
Conta a dificuldade de um palestino de Nazaré para conseguir autorização das autoridades israelenses para celebrar o casamento da filha segundo sua tradição
Filme : O casamento de Rana - Um dia comum em Jerusalém
De Hany Abu-Assad
Produção ítalo-palestina
Mostra os efeitos da ocupação através de uma estória de amor inusitada
Documentário : Crianças do Fogo (Aftal Jebel Nar)
De Mai Masri
Produção libanesa de 1990
Mostra a volta da cineasta palestina Mai Masri a Nablus, sua cidade natal, onde ela descobre uma nova geração de combatentes: as crianças da Intifada
"This is my homeland no one can kick me out."
Yasser Arafat
Reservistas da IDF, Forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence sobre a Intifada
Shovrim Shtika - Breaking the Silence sobre a Intifada
Reservista da IDF Breaking the Silence
Lista de produtos das colônias a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Lowkey: http://youtu.be/GO5Cay6GUkM.